Brasil aposta no futebol para promover energia solar


Por Ulisses Almeida Nenê

O Brasil é um país de grande potencial em energia solar. Tem valores de radiação solar melhores que o sul da Espanha. Santa Catarina, região brasileira com menor índice de insolação, tem média cerca de 30% a 40% maior do que as áreas mais ensolaradas da Alemanha, atual líder mundial nessa modalidade de produção de energia. Mesmo assim, a opção ainda engatinha no Brasil, onde a parcela da produção fotovoltaica na matriz energética não chega a 1%.

Depois de uma crise nacional de eletricidade em 2001, quando o fornecimento elétrico foi fortemente prejudicado pela falta de chuvas e o consequente esvaziamento de represas das hidrelétricas, o governo brasileiro se esforça para diversificar a matriz energética do país para enfrentar o grande aumento previsto na demanda.

De acordo com o relatório World Energy Outlook, divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo energético brasileiro deve aumentar 78% entre os anos de 2009 e 2035. A energia solar, entretanto, tem sido deixada à sombra.

Energia hídrica ainda domina

"Isso tem uma razão muito simples", afirma Mauro Passos, presidente do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Há um potencial hidráulico quase inesgotável, que vem sendo explorado já há 40, 50 anos." Ele lembra que a tecnologia para produção de eletricidade a partir da água já conta com uma vasta gama de projetos e estudos consolidados no Brasil. Cerca de 80% da energia elétrica consumida no país são produzidos por hidrelétricas.

Ele frisa que isso se reflete também nas posições do governo. "A história energética do país foi toda calcada em hidrelétricas, tanto a engenharia, como as universidades e indústrias se envolveram junto com esse segmento, o que o tornou muito competitivo, dificultando a entrada de outro segmento", explica. Atualmente, só existem no país oito parques de produção fotovoltaica, na maioria, projetos-pilotos ou de pesquisa. É um número irrisório, se comparado às mais de 980 centrais hidrelétricas.

 

Impulso recente

Entretanto, o especialista ressalta que nos últimos três ou quatro anos vem ocorrendo um grande impulso no ramo de energia solar brasileiro. "Arrisco a dizer que há uma visível simpatia da opinião pública em relação à energia solar que irá influir em decisões de médio longo prazo do planejamento energético do país", opina.

Para Johannes Kissel, coordenador de Energias Renováveis coordenador Energias Renováveis do escritório brasileiro da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão), os custos de geração de energia solar baixaram muito nos últimos cinco anos. "Mas a energia fotovoltaica ainda não consegue competir no mercado livre de energia com outras fontes", comenta. Desde 2009, a GIZ colabora em diversos projetos brasileiros de energia renovável, como parte de acordos governamentais entre Brasil e Alemanha. No segmento solar, uma das atividades da instituição é apoiar parceiros brasileiros na realização de projetos-pilotos.

Fonte: Eco Agência