Obama diz que chegou a hora de tratar das mudanças climáticas


O presidente americano, Barack Obama, prometeu fazer das mudanças climáticas uma prioridade de seu segundo mandato, em seu discurso de posse, esta segunda-feira, dominado por uma linguagem enérgica.

 

"Nós, o povo dos Estados Unidos, ainda acreditamos que as obrigações que temos como americanos não se centram apenas em nós, mas na posteridade de todos. Continuamos respondendo à ameaça das mudanças climáticas sabendo que, se não agirmos, trairemos nossos filhos e as gerações futuras", disse Obama a uma multidão de centenas de milhares de pessoas.

 

Aos pés do Capitólio, sede do Congresso e onde os republicanos são maioria na Câmara de Representantes, o presidente admitiu que o caminho "será longo e às vezes difícil", mas respondeu diretamente a alguns céticos.

 

"Alguns ainda negarão as conclusões preocupantes da ciência, mas ninguém pode evitar o impacto devastador de incêndios pavorosos, secas catastróficas e tempestades mais potentes", acrescentou.

 

Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases causadores do efeito estufa no mundo, depois da China, e Obama tem feito da indústria sustentável um de seus principais objetivos.

 

"Os Estados Unidos não podem resistir a esta transição, devemos liderá-la", afirmou.

 

"Assim manteremos nossa vitalidade econômica e nosso tesouro nacional: nossos bosques e vias fluviais, nossas colheitas e nossos cumes nevados", disse. "Assim preservaremos o nosso planeta", emendou.

 

Com temperaturas que bateram recordes no país e a lembrança da desolação causada pela supertempestade Sandy, Obama e os democratas pensam que chegou o momento de tratar do tema, após deixá-lo em suspenso durante o primeiro mandato.

 

As tentativas de legislar foram consideradas caras demais pelos republicanos nos últimos quatro anos.

 

Dois representantes opositores, David McKinley e Morgan Griffith, publicaram recentemente um artigo no jornal Washington Times em que acusaram o governo de "destruir todo um estilo de vida" nas regiões mineiras, onde a extração de carvão foi uma importante atividade econômica durante décadas.

 

Alden Meyer, especialista do assunto em Washington, membro da auto-denominada União de Cientistas Preocupados, qualificou de histórica a menção do presidente, mas destacou que as dificuldades persistem no Congresso.

 

O mais provável é que Obama siga o caminho de seu primeiro mandato e dite medidas executivas, que não dependem de aprovação do Poder Legislativo, avaliou.

 

"Não acho que diante da atual divisão no Congresso haja muitas possibilidades de ação no próximo ano ou no seguinte, mas isso poderia mudar na última parte de seu segundo mandato porque claramente está crescendo a preocupação do público", disse.

 

Um plano que Obama apoiou para iniciar um sistema de compra e venda de emissões, como já ocorre na União Europeia, fracassou no Senado em 2010, apesar de a Câmara alta contar com maioria democrata.

 

Outros especialistas propõem criar um imposto, como já acontece na Austrália, que permitiria aos Estados Unidos reduzir suas emissões de gases e, ao mesmo tempo, sua dívida.

Fonte: AFP