As controvérsias do flúor na água potável


Por Caroline Machado
Repórter DomTotal

 

A qualidade da água é essencial para o bem estar humano e para o meio ambiente como um todo. Pensando nisso é que frequentemente acontecem debates sobre o assunto como o II Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu nos dias 12 e 13 de setembro em Belo horizonte (MG), realizado pela Escola Superior Dom Helder Câmara.

Neste contexto, o Conselho de Odontologia de São Paulo faz um alerta em relação à água que se consome no Estado. Pesquisa realizada no primeiro semestre deste ano mostra que falta flúor na água que abastece metade dos municípios avaliados. A quantidade encontrada nas amostras está abaixo do recomendado por uma lei federal. Segundo o Conselho de Odontologia, a falta de flúor na água é um risco para a saúde da população.
 


Por outro lado, novos estudos realizados nos Estados Unidos indicam que o uso excessivo de flúor pode ter efeito contrário, ou seja, ser prejudicial à saúde das pessoas.

Histórico

Em 1975 o governo brasileiro promulgou ao Ministério da Saúde (MS) a competência para elaborar normas e verificar o padrão de potabilidade da água para consumo humano. Desde então, as empresas responsáveis pela distribuição de água potável em território brasileiro devem seguir uma série de legislações, normas e padrões sobre o ajuste da concentração de flúor nas águas de sistemas públicos de abastecimento para a ingestão humana.

Este ajuste, chamado de fluoretação de água, é uma tecnologia de Saúde Pública recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por todas as entidades odontológicas e de saúde coletiva do Brasil. Sua finalidade é reduzir a incidência de cáries dentárias, especialmente no período de formação dos dentes, que vai da gestação aos 15 anos de idade, aponta o MS. Porém, o assunto ainda gera muitas controvérsias entre os pesquisadores do tema.

Novo olhar

Os EUA foram os pioneiros nos estudos sobre a ingestão de flúor pela população através da água potável. Hoje, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos consideram a prática como uma das dez maiores realizações da saúde do século 20, juntamente com as vacinas e o planejamento familiar. No entanto, as atitudes do país, que deu início a prática, podem sofrer alterações. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) o atual limite de fluoreto na água potável deveria ser diminuído por causa dos altos riscos à saúde, tanto para crianças como para adultos.

Para o odontologista Vinícius César Araujo não há benefícios na adição de flúor à água. “O fluoreto não está presente apenas na água tratada, mas também em alimentos, bebidas e produtos de higiene bucal. Desta maneira é praticamente impossível medir nossa ingestão diária para atender os limites recomendados pelo MS”, afirma o dentista.
 


Segundo a Portaria 518 do Ministério da Saúde o valor máximo permissível de ingestão diária de flúor é de 1,5 mg/l. Entretanto Araujo alega que não há um nível de consumo universalmente aceito, “nenhum nível aumenta a proteção contra as cáries ao mesmo tempo que diminui o risco de outras doenças como a osteoporose”, destaca.

Em meio às controvérsias da fluoretação de água e a Lei Federal elaborada pelo MS, Araujo indica uma saída para que a população brasileira não faça o consumo exagerado de fluoretos. “O mais indicado é evitar o uso de pastas de dente com flúor, já que a água é essencial a nossa sobrevivência”, conclui o odontologista.

Fonte: Redação DomTotal