Sete dicas para pensar a mobilidade de seu evento


                                        

Ao escrever este texto lembrei-me da vez que fui a um evento (que discutia sustentabilidade) de bicicleta. Chegando lá – num edifício na região da Av. Paulista -, não tinha lugar para estacionar a bike e muito menos lugar para me trocar. Consegui um cantinho pra magrela e acabei no vestiário dos funcionários do prédio que, neste caso, era apertado, escuro e quente… enfim, local impróprio (e não só para mim) que não me deu a chance de me resfriar e nem me trocar para o evento confortavelmente.

Não pense, no entanto, que esta é a exceção, mas não pretendo ficar apenas na reclamação, pois a realidade só se transforma quando queremos fazer melhor e na área de mobilidade, podemos fazer… muito melhor.

O tema mobilidade será capital nas eleições majoritárias no ano que vem, afinal, as manifestações que vivemos desde junho 2013 tiveram como estopim um protesto para melhorias no transporte público que é caro, mal planejado e mal utilizado. No entanto, ao pensar em eventos, a mobilidade é chave, tanto no acesso ao local do evento quanto dentro do evento.

Neste post, abordarei apenas a mobilidade externa, deixando para uma outra hora a mobilidade interna que envolvem outros fatores como os objetivos comerciais dos organizadores e dos expositores.

Podemos pensar no tema da mobilidade externa simplesmente em como garantir acesso ao maior número de pessoas, ignorando custos aos usuários, conforto e impactos ao meio ambiente.

Em São Paulo, cidade que atrai dirariamente milhares de pessoas parar eventos de todos os tipos, a tradição é colocar um empresa manobrista e pronto. O participante que se vire para chegar e sair.

Mas hoje, e principalmente pensando no público que se interessa pelos temas de sustentabilidade, isto não basta. É preciso ir além, pois planejar este lado pode transformar o seu evento. É preciso não só levar em consideração os impactos ambientais (existem empresas especializadas que calculam o quanto um evento emite apenas pelo meio de transporte escolhido) do próprio evento, mas é necessário saber qual o impacto local, no conforto e na agenda dos frequentadores e usar este quesito como uma oportunidade de ensinar.

Abaixo uma pequena check list na hora de escolher o local de seu evento:

  1. Acesso por transporte público – a principal fonte de emissão de CO2 em um evento vem do transporte dos frequentadores, portanto eliminando isso já uma ajuda ao planeta. É preciso porém ter bom senso e adequar a seu público. Portanto verifique a distância de estações de metrô ou trans urbanos; existência de linhas de ônibus adequadas para seu público e a distância de pontos de táxi. Ao optar por transporte público pense sempre em quanto tempo e como é o trajeto do evento até os principais pontos de acesso à rede de transporte coletivo.
  2. Acesso de cadeirantes e deficientes – apesar de ser lei, muitos locais são mal planejados neste quesito, com rampas mal colocadas, elevadores distantes e espaços impróprios dentro dos auditórios. É sempre bom verificar se atendem à regulamentação.
  3. Minivans (shuttles) – Quem opta oferecer acesso pelo transporte público, já está acostumado a oferecer este serviço, que se complementa muito bem com outros meios. É preciso ter cuidado, no entanto, com a comunicação e horários.
  4. Evite horários de pico – Em grandes centros, os horários de início e término de um evento pode fazer toda a diferença na decisão dos seus clientes, e, é claro, no impacto local. Afinal, ao optar por meios alternativos de transportes, começar uma hora mais tarde ou terminar uma hora mais cedo pode fazer a diferença. Evite os horários de pico, principalmente no final de um evento, 15 minutos pode fazer e diferença, numa cidade como São Paulo, entre ficar duas horas ou meia nora no trânsito e muitos ônibus andam quase vazios fora de horário de pico nos grandes centros urbanos.
  5. Estacionamento para bicicletas – verifique a possibilidade de um estacionamento para bicicletas. Evite que o estacionamento seja escondido em lugares inadequados. E comunique esta opção.
  6. Vestiário – Ofereça um vestiário com armário, não só para os ciclistas, mas para todos que necessitam trocar de roupas ou guardar objetos pessoais.
  7. Espaço para estacionamento – No final, alguns sempre irão de carro. Garanta, portanto, que haja estacionamentos regularizados perto e que não confundem seu direito de atividade comercial com o de dominação do bairro. Pense no impacto que o estacionamento para seu evento possa causar no bairro e trânsito local.

Estas sugestões podem parecer óbvias, mas em geral não são adotadas. Quando se fala no público que busca se informar sobre sustentabilidade, no entanto, estamos falando de um público crítico que busca e aprecia inovações e modos diferentes de fazer as coisas.

Ah, no final da história, tive que esperar uns 20 minutos após sair do vestiário quente pare meu corpo se resfriasse.

Alexandre Spatuzza

Fonte: Agenda Sustentabilidade