Mudanças climáticas exigem ação urgente


 

           

Para reduzir o aquecimento global, cada país teria de fazer investimentos equivalentes a 0,06% de seu PIB. É pouquíssimo, em especial se considerarmos a gravidade das mudanças climáticas e suas consequências. Todo o mundo será afetado, em especial as nações mais pobres, e poderá haver graves riscos à segurança alimentar, além do surgimento de novos bolsões de miséria.

Os alertas feitos na recente apresentação do relatório-síntese do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), na Dinamarca, tornam decisivas as próximas negociações, que precisam ir além de acordos bilaterais, como o recém-firmado por China e EUA, que é importante, mas insuficiente.

O entendimento e a adoção de providências são impreteríveis, pois o fenômeno, se não for controlado logo, aumentará a probabilidade de impactos severos, invasivos e sem volta para os ecossistemas.

Foi instigante a ponderação feita pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na apresentação do documento do IPCC, de que se não forem tomadas as providências necessárias, a oportunidade de manter o aumento da temperatura global abaixo da meta de 2ºC não será mais possível em menos de dez anos.

O novo relatório, considerado o mais abrangente sobre o tema, mostra que, mesmo cessando as emissões de carbono de imediato, ainda levaria um bom tempo para normalizar a situação do clima.

Em contrapartida, é alentadora a conclusão dos especialistas de que há boas condições para se concretizar um planeta mais sustentável, com ações rápidas e uso de tecnologias e ferramentas já disponíveis.

Todos concordam que as energias renováveis, cada vez mais competitivas economicamente, são soluções indispensáveis. Isso reafirma a importância do Brasil na luta contra as mudanças climáticas, o que deve colocar o etanol, o biodiesel, os biocombustíveis em geral, e a hidroeletricidade dentre as pautas prioritárias do país nos próximos anos.

Independentemente do pré-sal, é preciso olhar com muita atenção para as demais fontes energéticas presentes em nossa generosa natureza.

Por outro lado, é prudente salientar uma ressalva feita pelo secretário-geral da ONU, que não recebeu a devida atenção: as nações mais pobres e vulneráveis, as maiores vítimas do aquecimento global, são as que menos contribuíram para potencializar o problema.

É justa, por isso, a proposta que vem sendo defendida pelo Brasil, de que o acordo a ser firmado na 21ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP 21), em Paris, em novembro de 2015, considere as ações já realizadas e estabeleça metodologia para quantificar e qualificar as responsabilidades anteriores pelas emissões de carbono.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que concorda com essa posição e espera que ela seja acolhida, participa oficialmente das COPs desde 2009.

A federação defende ainda que as decisões ligadas à agropecuária garantam a segurança alimentar e os sistemas produtivos, mas sem medidas disfarçadas que permitam a adoção de barreiras ao comércio. Além de engajada à agenda internacional, a entidade realiza ações para contribuir com a sustentabilidade ambiental, social e econômica da indústria.

O relatório-síntese do IPCC é taxativo: a inércia custará muito caro à humanidade. As soluções existem e permitem a continuação do desenvolvimento econômico. É essencial, porém, a vontade de mudar.