Compra responsável


Mecanismos para a fiscalização do corte de árvores, o plantio monitorado e a preservação do recurso natural transformam o mercado

                

*Esta matéria integra o Dossiê Madeira, da edição de Novembro de 2014 da revista Arquitetura e Construção 

Até o fim dos anos 90, a extração da madeira era artesanal e o desmatamentoimperava. A virada do século despertou não só um olhar para a preservação como também impulsionou o surgimento de órgãos responsáveis pela criação de regras para o corte das nativas e oreflorestamento. "Essas atitudes não eliminaram a retirada ilegal, mas provocaram um novo comportamento na cadeia produtiva", explica Fabíola Zerbini, secretária executiva do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil), instituição que certifica a origem controlada. 

Nos últimos dois anos, a entidade lançou campanhas de conscientização. "Grandes empresas, como a Camargo Corrêa, a Odebrecht e a Tecnisa, adotaram políticas de compra de toras certificadas", comemora Fabíola. A elaboração e a revisão das normas técnicas também ganharam importância. "Estabelecer parâmetros para as obras com essa matéria-prima é uma forma de contribuir para seu uso racional", afirma Paulo Roberto Pupo, superintendente executivo da Associação da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).

ESPÉCIES NATIVAS
Para comercializar produtos de origem controlada e de manejo, é necessário, primeiramente, que o explorador comprove a autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), com nota fiscal e documento de origem florestal (DOF). Depois disso, há os órgãos certificadores como o Sistema de Certificação Florestal Brasileiro do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Cerflor) e o FSC Brasil, cujos selos garantem a sustentabilidade em toda a cadeia

ESPÉCIES CULTIVADAS
Também regulamentado pelo Ibama e pelos órgãos certificadores, o reflorestamento em áreas degradadas do Centro-Sul brasileiro surgiu como maneira de suprir a demanda da indústria de papel e celulose. Ainda hoje, a maior parte da produção se volta para esse segmento, mas há tendência de crescimento na cultura do eucalipto e do pínuspara a construção civil. Outra variedade mais recente, a teca, é totalmente reservada ao mercado residencial (obras e mobiliário). "O preconceito sobre a durabilidade dos edifícios de madeira reflorestada diminuiu nos últimos anos com a evolução da tecnologia de tratamento", conta o engenheiro Flavio C. Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM). 

No final de 2013, a aprovação da norma NBR 16.143, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT ), sobre o modo correto de aplicar preservadores no material, foi o passo decisivo para a ABPM criar o selo Qualitrat. "Quem o recebe são as usinas de tratamento que preenchem requisitos de qualidade e legalidade de seus produtos", completa Flavio.

PROCURE PELO SELO
Conheça abaixo algumas das espécies que você encontra com o carimbo do FSC Brasil no mercado – em produtos que vão de toras a lâminas

– Cumaru – lâminas de 0,6 x 30 cm e 3,30 m de comprimento valem R$ 20 cada uma;
– Eucalipto – toras podem ser compradas com diâmetro entre 10 e 15 cm e 3 m de comprimento por R$ 60 cada uma;
– Muiracatiara – é achada em pranchas de 4 m de comprimento e 6 x 29 cm, por R$ 265 cada uma;
– Maçaranduba – o m³ de vigas de tamanhos variados sai por R$ 1.550;
– Garapa – O m³ de madeira aparelhada (livre de rebarbas) custa R$ 6 mil;
– Pínus – o metro da prancha de 4 x 30 cm vale R$ 32,45 e;
– Ipê – a madeira carrega o carimbo nos assoalhos com réguas de 15 cm de largura e 4,50 m de comprimento. Por R$ 200 o m²

Fonte: Planeta Sustentabilidade