Branqueamento já atinge recifes de corais mais ao sul do planeta


O branqueamento dos corais é um fenômeno de enfraquecimento que se traduz por uma descoloração, provocada pelo aumento da temperatura da água. (AFP/Arquivos)

Os corais situados mais ao sul do planeta foram afetados durante o verão austral pelo fenômeno do branqueamento – anunciaram pesquisadores australianos nesta quarta-feira (3), alertando mais uma vez para o impacto do aquecimento global. Os corais próximos à costa da Ilha de Lord Howe, cerca de 600 quilômetros ao leste de Sidney, haviam permanecido a salvo até então dos graves episódios de branqueamento registrados em 2016 e 2017. Nos últimos meses, porém, foram afetados por este fenômeno, devido a um aumento da temperatura da água.

O branqueamento dos corais é um fenômeno de enfraquecimento que se traduz por uma descoloração. É provocado pelo aumento da temperatura da água, que faz os corais expulsarem de seu interior as algas simbióticas que lhe dão sua cor e seus nutrientes.

Os recifes coralinos podem ser recuperados, se a água esfriar, mas também podem morrer, se o fenômeno persistir. “É muito preocupante constatar o branqueamento em um recife situado tão ao sul”, declarou à AFP Bill Leggat, professor associado da Universidade de Newcastle.

“É mais uma prova de que nenhum lugar do mundo está livre do aquecimento global”, acrescentou. Leggat e outros pesquisadores australianos e americanos constataram que cerca de 90% dos corais das águas costeiras da Ilha de Lord Howe sofreram branqueamento. Os recifes mais profundos do parque marinho, que, como a Grande Barreira de Coral está incluída na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, “ainda parecem gozar de boa saúde” e visivelmente escaparam do branqueamento.

Leggat atribuiu este fenômeno ao aumento global das temperaturas ligado ao aquecimento global, assim como a condições próprias desta zona que registrou temperaturas particularmente altas para a região neste verão. Os pesquisadores voltarão ao local nos próximos meses para comprovar se o branqueamento é irreversível.

Com uma extensão de 345.000 quilômetros quadrados e situada bem mais ao norte do que a Ilha de Lord Howe, a Grande Barreira de Coral registrou quatro episódios graves de branqueamento nos últimos 20 anos: em 1998, 2002, 2016 e 2017.

AFP