Mudança climática ameaça vestígios arqueológicos na Groenlândia


Imagem divulgada em 21 de agosto de 2016 pelo Museu Nacional da Dinamarca do sítio arqueológico de Kangeq, na Groenlândia (Museo Nacional de Dinamarca/AFP/Arquivos)

A mudança climática, perigosa para os ecossistemas, ameaça também a história. Na Groenlândia, o aquecimento afeta vestígios arqueológicos, alguns de milhares de anos. A mudança climática, com aumento de temperaturas e mudanças nas precipitações “pode gerar a perda de elementos-chave como a madeira arqueológica, os ossos e DNA antigos”, segundo estudo publicado na revista Nature. Estes elementos costumavam estar protegidos pela baixa temperatura dos solos.

Um grupo, liderado por Jørgen Hollesen, estudou, a partir de 2016, sete diferentes sítios no oeste e no sul deste imenso território ártico, em torno a sua capital Nuuk. Além dos elementos orgânicos, como cabelo, penas, conchas e restos de corpos, também há ruínas de antigos acampamentos vikings.

Segundo as projeções utilizadas no estudo e realizadas a partir de diferentes cenários de aquecimento, a temperatura poderia aumentar até 2,6 graus gerando “um aumento da temperatura do solo, e uma temporada de degelo mais longa” explica Hollesen, especialista em arqueologia ambiental.

“Nossos resultados mostram que dentro de 80 anos, 30 a 70% da fração arqueológica de carbono orgânico (encontrado nos vestígios) poderia desaparecer”, diz. Assim, estão em perigo estes elementos, únicas provas da vida dos primeiros habitantes da Groenlândia, a partir de 2,5 mil anos antes de Cristo.

Há mais de 180 mil sítios arqueológicos em todo o Ártico. No Alasca, centenas de artefatos antigos emergiram do permafrost, a camada de solo congelada até agora, que tende a derreter como consequência da mudança climática.

AFP