Óleo no litoral do Nordeste ‘parece criminoso’, diz Bolsonaro


Manchas de óleo são vistas na Praia da Sabiaguaba, em Fortaleza (CE). (KLEBER GONÇALVES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Por Pedro Fonseca

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (8) que o petróleo que atingiu praias do Nordeste parece ter sido despejado criminosamente na região, uma vez que se fosse resultado de vazamento de um navio afundado o fluxo seria constante.

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“É um volume que não está sendo constante. Se fosse de um navio afundado estaria saindo ainda óleo. Parece que o mais fácil, o que parece, é que criminosamente algo foi despejado lá”, disse Bolsonaro a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, em declaração transmitida ao vivo pelo YouTube por um apoiador do presidente.

Bolsonaro afirmou que a investigação a respeito da possível origem do óleo é “reservada”, e que não pode acusar nenhum país para evitar criar um problema caso as primeiras informações não se confirmem posteriormente.

Na véspera, Bolsonaro afirmou que o governo já sabe que o petróleo que atingiu as praias do Nordeste não é produzido ou vendido no Brasil e que já “tem no radar” o possível país de origem do óleo.

As misteriosas manchas de petróleo, encontradas no litoral do Nordeste desde o início do mês passado, têm se espalhado pelas costas de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, onde chegaram mais recentemente.

As manchas já ameaçam 600 filhotes de tartarugas marinhas que nasceram nas praias de Sergipe e Bahia, que têm sido retidos em seus ninhos para não haver contato com o óleo, disse um representante do Projeto Tamar, organização não governamental que atua pela preservação da espécie.

Segundo Bolsonaro, as manchas são uma espécie de piche. “A densidade é um pouquinho maior que a densidade da água salgada, então não fica na superfície, fica submerso, esse é outro problema que nós enfrentamos lá”, afirmou.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que estava ao lado de Bolsonaro na saída do Alvorada, afirmou que o governo está trabalhando simultaneamente na limpeza dos locais afetados e na investigação para descobrir a origem do óleo.

“Esse fluxo de óleo foi para a costa, depois a maré trouxe de volta para o mar, depois voltou para a costa novamente, depois trouxe de volta, é um movimento que tem ido para a costa e voltado”, disse.

“O nosso papel é agir rápido para retirar aquilo que está em solo e também aprofundar a investigação para descobrir a origem, e isso está sendo feito sob a ordem do presidente para a gente responder o mais rápido possível, e tecnicamente”, afirmou.

Petrobras

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a companhia está atuando para minimizar os impactos do vazamento de óleo que tem chegado a praias da região Nordeste, mas negou que o petróleo tenha origem nas atividades da empresa. Ele citou a atuação de equipes da petrolífera em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

“Até ontem, colhemos 133 toneladas de resíduo oleoso nessas praias. Analisamos 23 amostras recolhidas e nenhuma é de óleo proveniente de exploração ou comercialização pela Petrobras. Esse é um fenômeno estranho e não dá sinais de retroceder, é um verdadeiro desastre”, enfatizou, em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. O tema da sessão na comissão é “o fechamento da Petrobras na Bahia e o desmonte da Petrobras no Nordeste”.

Castello Branco, no entanto, negou que haja qualquer tipo de desmonte da empresa na região. “Não há fechamento ou desmonte da Petrobras no Nordeste”, rebateu, ao iniciar sua fala.

Reuters / Agência Estado / Dom Total