Ártico experimentou em 2019 seu segundo ano mais quente desde 1900


A costa da Groenlândia, fotografada de uma aeronave da NASA em 30 de março de 2017 (GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP)

Relatório publicado nesta semana afirma que o Ártico experimentou em 2019 seu segundo ano mais quente desde 1900, levando temores sobre o baixo gelo marinho no verão e o aumento do nível do mar.

O Polo Norte está esquentando duas vezes mais rápido que o resto do planeta desde os anos 90, um fenômeno que os climatologistas chamam de amplificação do Ártico, e os últimos seis anos foram os mais quentes da região.

A temperatura média durante o período entre outubro de 2018 e setembro de 2019 foi 1,9 grau Celsius acima da média de 1981-2010, de acordo com o boletim anual da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa).

A cobertura de gelo marinho no final do verão, medida em setembro de 2019, foi a segunda mais baixa no registro de satélites de 41 anos, junto com os dados de 2007 e 2016, informou o relatório anual.

“O ano de 2007 foi um divisor de águas”, disse Don Perovich, professor de engenharia de Dartmouth e coautor do relatório.

“Em alguns anos há um aumento, em alguns anos há uma diminuição, mas nunca tínhamos retornado aos níveis de antes de 2007”, acrescentou.

O ano até setembro de 2019 foi superado apenas pelo período equivalente em 2015-16 – o mais quente desde 1900, quando os registros começaram.

No mar de Bering, entre a Rússia e o Alasca, os dois últimos invernos registraram uma cobertura máxima de gelo marinho inferior à metade da média de longo prazo.

O gelo também é mais fino, o que significa que os aviões não podem mais pousar com suprimentos para os moradores de Diomede, uma pequena ilha no Estreito de Bering, que agora depende de helicópteros, menos confiáveis.

O gelo espesso também é vital para os habitantes locais que viajam de moto e guardam seus barcos ou caçam focas e baleias.

À medida que o gelo se forma no final do outono, os habitantes ficam isolados a maior parte do ano.

O gelo ancorado ao fundo do mar é cada vez mais raro, e é nesse gelo que pescadores e caçadores armazenam seus equipamentos.

“No norte do Mar de Bering, o gelo marinho costumava estar presente conosco oito meses por ano. Hoje, podemos ver apenas três ou quatro meses com gelo”, escreveram os residentes indígenas em um ensaio incluído no relatório.

Não é apenas o gelo marinho que está recuando, de acordo com o relatório: o gelo na Groenlândia também está derretendo.

Para o resto do mundo, esse derretimento é medido pelo aumento do nível do mar. A cada ano, o derretimento da Groenlândia eleva o nível do mar global em 0,7 milímetros.

AFP