Questão econômica é desafio para lei que restringe uso de plástico na Europa e no Brasil


A poluição por plástico tem uma característica importante já que há fronteira quando o assunto é oceano. (Pixabay)

Por Patrícia Almada
Repórter DomTotal

Problema global, o uso excessivo de plástico é um dilema enfrentado por governos de diversos países e, embora seja apontado há anos por organizações ambientais, fez soar um sinal de alerta nas Nações Unidas que, na 4ª Assembleia do Meio Ambiente, realizada em março, em Nairóbi, no Quênia, fechou um acordo provisório para, a partir de 2030, acabar com a poluição marinha por plásticos.

A preocupação é tamanha que estimativas apresentadas durante a edição de 2016 do Fórum Mundial de Davos apontam que os oceanos abrigarão mais detritos que peixes em 2050. Além disso, o sistema de produção, utilização e descarte de plásticos gera prejuízo entre US$ 80 a US$ 120 bilhões por ano com perda de embalagens plásticas.

O avanço dos plásticos nos oceanos também foi tema de reunião dos 28 países da União Europeia, incluindo o Reino Unido. Foi aprovado, recentemente, uma legislação que visa banir produtos plásticos descartáveis. A medida proíbe o uso de materiais descartáveis para os quais já existem alternativas menos poluentes no mercado, como canudos, copos, cotonetes, talheres e pratos. A legislação deve entrar em vigor em toda a União Europeia em 2021. Os produtos incluídos na proposta representam mais de 70% do lixo marinho, cujos materiais são encontrados em tartarugas, peixes, golfinhos e aves.

Para o professor de Direito Ambiental Internacional, André de Paiva Toledo, a medida é importante, mas não suficiente para eliminar a presença de plásticos do meio ambiente. Contudo, ele considera que a decisão pode servir de exemplo para outros países, como o Brasil.

“É um processo paulatino e não comum. Não significa que o plástico será extinguido de maneira absoluta. É possível que o Brasil e outros países se inspirem nessas normas criadas pela União Europeia. Acho interessante o fato de a legislação padronizar os 28 Estados-membros, pois um dos grandes desafios do plástico é ser um material economicamente interessante, que traz vantagens para as empresas que o utilizam. Então, ao determinar a substituição do plástico por outros materiais, é uma medida que tende a criar um empecilho concorrencial para as empresas”,  afirma.

Para André, a decisão da União Europeia visa também a não concorrência desleal dentro do mercado europeu. Porém, a concorrência desses agentes econômicos europeus em relação a outros continentes, onde o plástico ainda não é proibido, pode gerar resistência por parte dos europeus do ponto de vista de disputa de mercado global.

Concorrência de mercado e direito

A legislação aprovada pela União Europeia, de acordo com André, passa por uma análise econômica, pois o plástico é matéria prima e base de bens e mercadorias, tornando alguns produtos mais baratos e gerando acessibilidade. “O número de pessoas que consomem produtos plásticos é maior em virtude dos menores custos de produção na comparação com outros materiais. Se o mercado exige que o fornecedor apresente um produto com determinadas características, é claro que isso tende a forçar o setor produtivo a se adaptar aos consumidores”.

O professor ressalta que, às vezes, não há opção para algumas empresas, pois alguns fornecedores só utilizam plástico.

“Aí entra a força e o papel do poder regulamentador dos Estados, de maneira geral, por meio do direito, obrigando o setor produtivo a se adequar antes de haver uma modificação no padrão dos consumidores. Mas isso, evidentemente, se constrói por meio da opinião pública, do trabalho dos ambientalistas, por meio do trabalho que a ONU faz de alertar para o grau de poluição dos mares. Portanto, temos essa vertente mais política e jurídica que podem contribuir para o fim da utilização do plástico”.

De acordo com André, a poluição por plástico tem uma característica importante já que não há fronteira quando o assunto é oceano. “O mar é uma integralidade e diversos países são banhados por ele. Então, quando um determinado plástico, recipiente ou produto chega ao mar, ele se uniformiza”.

“Existe até um paralelo em relação à poluição atmosférica. Uma vez que os poluentes chegam à atmosfera, eles não se restringem a um determinado território ou espaço. Eles se globalizam. Por isso, a poluição do plástico é um problema global, que tem sido enfrentado internamente pelos países e internacionalmente”, explica.

Brasil

Do âmbito interno, o Brasil tem dado alguns passos para a redução de materiais plásticos, como sacolas, banidas de supermercados em várias cidades. No Senado, vários projetos tratam o tema e tentam restringir o uso de diferentes materiais plásticos.

“O Brasil possui projetos esparsos para reduzir a utilização de alguns plásticos. Esses projetos estão em andamento no Congresso Nacional. Há iniciativas estaduais, como um projeto famoso no Rio de Janeiro, uma legislação municipal, que proibiu a utilização de canudos e copos plásticos. Há também uma lei do Distrito Federal que tem esse propósito da redução de copos, talheres e canudos de plástico”, conta o professor.

Sacolas plásticas em Belo Horizonte

Os interesses econômicos são um importante limitador para se colocar em prática as decisões de restrição do uso de plástico. Um exemplo é a polêmica envolvendo sacolas plásticas em Belo Horizonte.

A Lei Municipal 9.529 /2008, de autoria do vereador Arnaldo Godoy (PT), proibiu, em 2011, o uso de sacolas plásticas feitas de derivados do petróleo. A medida reduziu, naquela época, em 85% o uso das embalagens. Muitas foram substituídas por sacolas biodegradáveis, mais caras e de menor impacto ambiental.

A legislação municipal foi questionada por fabricantes de sacolas e donos de supermercados. Em 2014, a Lei Estadual 21.412 sobrepôs à norma de 2011, como explica o professor.“Houve um conflito de normas (municipal e estadual) e, aparentemente, o setor de embalagens está levando a melhor nessa disputa, que é política. Quando se tem interesses econômicos envolvidos, essas são transformadas em linguagem política. Então, atualmente, em Belo Horizonte, temos o retorno das sacolinhas plásticas que atende a interesses, evidentemente”, diz André.

Apesar de considerar a lei municipal importante, André ressalta que “é uma questão muito marginal”. “A sacola plástica tem importância no total de plástico, mas é uma parte que não traz grandes impactos e repercussões no que diz respeito ao combate efetivo do plástico”, explica.

Questão ambiental

André lembra que toda poluição por plástico que chega aos mares tem como origem fontes terrestres. Há uma interação direta entre mar e terra feita pela existência dos cursos das águas. O lixo produzido, pelo fato de não passar pelo devido tratamento no âmbito terrestre, permanece no ambiente e, pela força da própria natureza, é carregado para os mares.

“Temos danos ambientais sérios que atingem a própria biodiversidade marinha. O mais grave também é que esse plástico entra na cadeia alimentar humana. O homem ainda é muito dependente da proteína pesqueira. Uma vez que esses peixes se contaminam com uma série de plásticos nos mares, esse material acabam voltando para o homem que utilizou o resíduo anteriormente”, alerta.

André explica que, para reduzir o uso excessivo de plástico, é preciso investir em tecnologia. “Além do papel do mercado consumidor para exigir que essa adequação se faça e dos Estados, no exercício do seu poder de regulamentação e soberania na determinação de uma norma jurídica, temos um terceiro elemento que é o financiamento e apoio ao desenvolvimento tecnológico. O plástico precisa ser substituído por outros materiais que sejam mais interessantes do ponto de vista ambiental. Portanto, não podemos esquecer o papel da ciência e tecnologia nessa questão”, conclui.

Aquecimento global pode provocar queda na produção de cerveja


No pior caso, regiões do planeta onde a cevada é tradicionalmente plantada – como Canadá, Europa, Austrália e Ásia – vão enfrentar mais períodos de seca e ondas de calor. (Free-Photos/ 9114 imagens)

Para além do aumento das temperaturas médias, da elevação do nível do mar, da desertificação da Floresta Amazônica, o aquecimento global pode trazer outra consequência nefasta que não havia ainda sido detectada pelos cientistas: vai faltar cerveja.

Em estudo publicado na “Nature Plants”, pesquisadores da Universidade da California e outras instituições dos Estados Unidos revelam que o recrudescimento das secas levará a um declínio significativo do cultivo de cevada – o principal ingrediente da cerveja – e, consequentemente, a uma queda na produção. E o que é ainda pior: as cervejas disponíveis custarão muito mais caro.

Os modelos econômicos usados no trabalho indicam um grande potencial de aumento significativo dos preços, principalmente nos países onde o consumo é grande, como o Brasil. Enfrentar um calorão sem poder tomar uma cerveja bem gelada pode parecer um luxo. Mas pode também ser um problema sério.

“O mundo está diante de muitos impactos das mudanças climáticas que podem, inclusive, ameaçar a sobrevivência; gastar um pouco mais para comprar cerveja pode parecer uma bobagem na comparação”, afirmou o coautor do estudo, Steven Davis, especialista em sistemas terrestres da Universidade da Califórnia, em nota oficial sobre o estudo. “Mas existe, definitivamente, um apelo cultural à cerveja, e não poder tomar uma gelada no fim de mais um dia quente pode ser terrível.”

Ele explicou que o grupo analisou diferentes cenários baseado nos níveis de queima de combustíveis fósseis e emissões de dióxido de carbono (que contribuem para o efeito estufa). No pior caso, regiões do planeta onde a cevada é tradicionalmente plantada – como Canadá, Europa, Austrália e Ásia – vão enfrentar mais períodos de seca e ondas de calor, levando a uma declínio do cultivo que pode variar de 3% a 17%.

“Se os atuais níveis de emissões de CO2 forem mantidos já teremos esse pior cenário”, explicou o coautor Nathan Mueller, também especialista em sistemas terrestres da UCI. “Nosso estudo mostra que até mesmo uma elevação mais modesta das temperaturas médias do planeta fará aumentar as secas e ondas de calor nas regiões de plantio de cevada.”

Apenas 17% da produção mundial de cevada é usada na indústria cervejeira. A maior parte do que é plantado é usado para a alimentação do gado. Segundo os pesquisadores, isso impõem um novo conflito para as próximas décadas: será que os produtores de cevada vão priorizar a fome dos animais ou a sede dos humanos?

Os cientistas estimaram ainda que os preços devem subir mais nos países mais ricos e que amam cerveja, como Bélgica, Canadá, Dinamarca e Polônia. Nos países mais pobres, como o Brasil e a China, o consumo deve cair por conta da alta do preço.

“Nossos estudos mostram que nos eventos climáticos mais severos, o estoque de cerveja deve cair em cerca de 16%”, disse o pesquisador. “No futuro, as condições climáticas e o preço podem fazer com que a cerveja seja um produto fora do alcance para centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.”

Agência Estado

Concursos de pesquisa e redação oferecem bolsas de estudo e grandes prêmios


Atenção amantes de pesquisa e da redação: o período para a realização dos Concursos Grafar-Ecos e Redige-Ecos, do Movimento Ecos, está chegando! As atividades, em formatos de redação e pesquisa, têm o objetivo de estimular o pensamento crítico em relação à natureza e ao isolamento social, bem como suas consequências, por meio do tema “Aspectos econômicos, sociais, ambientais e afetivos enfrentados pelas famílias em tempos de pandemia”.

Os melhores trabalhos receberão prêmios como smartphones, smartwacthes, caixas de música portátil, kits de higiene para a escola, kits influenciador digital e bolsas de estudos de até 100% os cursos de Engenharia Civil e Ciência da Computação da EMGE e para o curso de Direito da Dom Helder.

Se interessou? Saiba como participar:

Grafar-Ecos

Para concorrer no Concurso Grafar-Ecos, primeiramente é necessário estar matriculado em uma instituição de ensino de Belo Horizonte e Região Metropolitana, ser estudante do 1º ao 3º ano do ensino médio e ter um professor orientador que irá realizar o concurso na sua escola e inscreve os três finalistas na Plataforma Ecos.

A pesquisa que cada participante deve elaborar tem duas partes:

1ª parte – Pesquisa contextualizada – produção do Fanzine: refere-se ao desenvolvimento do tema de interesse do pesquisador nas diversas áreas do conhecimento.

2ª parte – “Agir Residencial”: o pesquisador descreverá uma ação/atividade que gostaria de realizar ou já realiza em sua residência.

Fica a cargo dos professores da escola para selecionar os três melhores trabalhos e inscrevê-los até o dia 8 de outubro, na Plataforma Ecos. O resultado do grande vencedor será revelado no evento de encerramento do Movimento Ecos 2021.

Redige-Ecos

Para concorrer no Concurso Redige-Ecos, também é necessário estar matriculado em uma instituição de ensino de Belo Horizonte e Região Metropolitana, ser estudante do 1º ao 3º ano do ensino médio e ter um professor orientador para coordenar o concurso na sua escola e inscrever os três finalistas na Plataforma Ecos.

Nesta atividade você desenvolverá uma redação dissertativa-argumentativa, de 20 a 30 linhas, sobre o tema citado anteriormente. Os quesitos de avaliação seguem aqueles utilizados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O professor orientador deverá escolher apenas os três melhores trabalhos para serem inscritos na Plataforma Ecos até o dia 30 de setembro. O vencedor também será revelado no evento de encerramento do Movimento Ecos 2021.

Os dois concursos são promovidos pela Dom Helder e EMGE, através do Movimento Ecos e tem o objetivo de difundir a educação socioambiental. Durante a pandemia, o projeto preparou atividades para auxiliar as escolas e os estudantes durante os trabalhos remotos.

Onda de calor incomum nos EUA assusta


Crianças brincam em fonte pública na tentativa de aplacar o calor. (AFP)

Uma onda de calor incomum para a estação atual está fazendo o começo do outono parecer verão em grande parte do sul e do leste dos Estados Unidos, e os meteorologistas previram na quarta-feira (2) que as temperaturas podem chegar perto de 40 graus.

Washington alcançou 36 graus no final da tarde, segundo o Serviço Meteorológico Nacional (NWS), superando o recorde mensal anterior da cidade, de 32 graus em 5 de outubro de 1941.

Em outubro, as temperaturas em alguns lugares podem ser bastante mais altas que o normal, disse o NWS, enquanto um quarto do país experimentará registros superiores a 30 graus. Escolas dos estados de Ohio e Maryland que carecem de ar condicionado estão mandando as crianças para casa mais cedo ou fechando suas portas.

Segundo o Weather Channel, Atlanta pode bater seu recorde histórico de outubro, de 35 graus, na quinta-feira (3). Espera-se um alívio no fim da semana à medida que se aproxime uma frente fria.

Os Estados Unidos também experimentaram nesta semana temperaturas extremas na outra ponta da escala, quando o estado de Montana ficou coberto de camadas de neve de até 1,20 metro. Às 8h de quarta-feira (2) em Billings, a maior cidade de Montana, a temperatura era um pouco superior a 1 grau.

AFP

Corpo encontrado por bombeiros em Brumadinho está intacto e com identidade no bolso


O trabalho incansável do Corpo de Bombeiros em Brumadinho, na Grande BH, continua dando resultados (Adriano Machado/Reuters)

O corpo localizado nessa quarta-feira (3) por equipes de bombeiros soterrado na lama da Vale  em Brumadinho, na Grande BH,  estava praticamente intacto. Além disso, um documento de identidade foi encontrado no bolso da calça, o que possibilitou localizá-lo entre os nomes da lista de pessoas ainda desaparecidas.

O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Belo Horizonte. A Polícia Civil fará a identificação para confirmar se a identidade pertence mesmo à pessoa encontrada.

Histórico

No dia 25 de janeiro, uma barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, localizada em Brumadinho, se rompeu, atingindo a área administrativa da empresa e a comunidade da Vila Ferteco. Até o momento, o incidente deixou ao menos 246 mortos e 23 desaparecidos.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a tragédia em Brumadinho aprovou na terça-feira (2), relatório que pede indiciamento de 14 pessoas, entre eles o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman. O relatório também pede o indiciamento da própria mineradora e da Tüv Süd, empresa alemã responsável por auditar a área.

Agência Estado/Redação

Empresas são obrigadas a declarar a destinação de resíduos industriais


Santa Catarina, por exemplo, é pioneiro no desenvolvimento e no uso do chamado MTR Eletrônico (Manifesto de Transporte de Resíduos), um projeto concebido e desenvolvido em parceria com Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluente (Abetre), que obriga as empresas a declarar a geração, o transporte e o destino do seus resíduos.

Por ser feito de maneira online, a ferramenta permite o acompanhamento quase que em tempo real de todas as etapas da cadeia de resíduos sólidos no estado, incluindo a geração, o armazenamento, o transporte e o tratamento e disposição final, mesmo quando a origem ou destino dos rejeitos for fora do estado em questão.

A ferramenta registra os resíduos gerados no território catarinense e destinados dentro ou fora do estado, além daqueles gerados em outras localidades e destinados em Santa Catarina.

O sistema declaratório do IMA está em operação desde junho de 2015 e funcionou em caráter voluntario até abril de 2016, quando passou a ser obrigatório para os geradores de resíduos industriais e assemelhados (resíduos comerciais e de serviços). A partir de maio de 2017, passou a ser obrigatório também parta os resíduos de serviços de saúde (RSS).

Em 12 meses, a plataforma registrou a movimentação de cerca de 5 milhões de toneladas de resíduos industriais, que receberam tratamento adequado. Atualmente, possui 40 mil empresas cadastradas, de 21 estados brasileiros, entre geradores, transportadores e destinadores. A média de emissões de MTR ao ano chega a 500 mil.

Outros estados

O sucesso da plataforma em Santa Catarina levou os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul a implantarem o mesmo sistema. Com o apoio da Abetre e do IMA, a tecnologia está sendo replicada, de forma gratuita, nessas regiões. O próprio IBAMA estuda auxiliar a implantação da ferramenta em âmbito nacional nos demais estados.

O sistema unifica o modelo de declaração das empresas geradoras de resíduos – antes feito de maneira isolada e sem um critério único – e facilita o desenvolvimento de políticas públicas mais efetivas nos estados.

“O principal avanço é a segurança do gerador com relação a destinação correta e, sobretudo, a prevenção de passivos e crimes ambientais. Também assegura a rastreabilidade dos resíduos e a confiabilidade dos documentos comprobatórios da destinação final efetuada”, comenta Carlos Fernandes, presidente da Abetre.

Obrigatoriedade no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul

Recentemente, o governo do Rio de Janeiro tornou obrigatória a declaração de geração, transporte e destinação de resíduos para as empresas fluminenses e para as companhias que pretendem levar seus resíduos para dentro do estado.

Trata-se da Resolução 79 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Conema), que aprova a Norma Operacional 35 do Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA-RJ), que prevê a obrigatoriedade do sistema declaratório de resíduos industriais e comerciais.

O mesmo aconteceu com o Rio Grande do Sul. Desde julho deste ano, todas as empresas geradoras serão obrigadas a declarar no site da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (FEPAM) a movimentação e o destino final de seus resíduos.

Entre as vantagens práticas do novo modelo, estão o fim da geração de talonário em papel, o fim da cobrança de taxas para emissão das autorizações e maior segurança para as empresas.

“Vale lembrar que o sistema declaratório é uma obrigação legal do poder público, estabelecida pela PNRS e também por diversas leis estaduais. O MTR Eletrônico é o único instrumento capaz de dar eficácia à fiscalização pelos órgãos ambientais. Sem essa ferramenta de informações, as autoridades ficam apenas na dependência de denúncias e flagrantes no local”, aponta Fernandes.

EcoDebate

Movimento Ecos apresenta Projeto Socioambiental para instituições


Na manhã do último sábado (7), o Movimento Ecos realizou o lançamento do Projeto Socioambiental 2022, no auditório da Dom Helder e EMGE. O projeto é desenvolvido em parceria com a Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), e tem como coordenador-geral o professor Francisco Haas, com auxílio dos professores Luiz Chaves, José Cláudio Junqueira e Larissa Martins.

O evento marcou o reinício das atividades do Ecos, e a mesa de abertura contou com o professor Francisco, Paulo Stumpf, reitor da Dom Helder, e Geniana Faria, representando a SEE/MG. Todos destacaram a importância de consolidar a parceria em vista de uma educação ambiental sustentável. Geniana disse: “É interessante pensar que, depois de passar por dois anos de pandemia, o número de escolas participantes no projeto só aumenta. Isso mostra que realmente é um projeto que a comunidade escolar abraçou.”

Para 2022, o Movimento Ecos possui desafio de voltar às atividades presenciais socioambientais para mais de 300 instituições públicas, privadas, municipais e estaduais do Ensino Médio. A ideia é levar a temática da educação ambiental na perspectiva da sustentabilidade, fazendo com que ela seja cada vez mais parte das discussões. Para que as habilidades e competências aconteçam, é de importância imprescindível que cada instituição parceira tenha ao menos um professor participando do projeto.

Seguindo a programação, no painel 2, foram apresentados a cooperação técnica e a estrutura do Movimento Ecos. O professor Francisco relembrou que, no último ano, 210 escolas se credenciaram mesmo em tempo de pandemia e aderiram à proposta das atividades socioambientais.

No painel 3, os participantes puderam conhecer as diretrizes, o regulamento para credenciamento das escolas ao Movimento Ecos e os editais que terão ao longo do ano. No primeiro semestre serão dois editais, do Concurso de Redação e da Pegada Ambiental. No segundo semestre serão outros dois editais. Nesse ano, o Ecos também irá dialogar com o Campeonato Estadual de Matemática (CEM), cujo tema é ESG, uma sigla em inglês que significa Ambiental, Social e Governança, e as inscrições iniciam em junho. O último edital será de Festival de Dança, grande espetáculo da 9ª Caminhada Ecológica, que já tem data para o dia 25 de novembro. Além disso, ao final do ano, será divulgado o resultado do processo seletivo de bolsas para as escolas que se credenciaram no projeto do Ecos. Serão sorteados também prêmios simbólicos e uma viagem à Nasa.

Ao final, todos os representantes das instituições saíram muito empolgados com os trabalhos e ideias que terão com os estudantes. Maria Ester Costa, professora da Escola Estadual Elpidio Aristides de Freitas, disse que “foi um evento muito convidativo, nos propôs a um repensar ambiental e coletivo. Tem um potencial de engajamento muito grande, uma revolução começando no ambiente da sala de aula.”

O Movimento Ecos é importante para que os estudantes finalizem o 3º ano do Ensino Médio e consigam levar a discussão e a temática sustentável para a vida. O professor Francisco finalizou: “O principal é que os professores e diretores que vieram estão animados nesse retorno. Demonstraram um grande interesse nas atividades práticas e isso é muito importante. Estamos muito animados para esse reinício.”

Movimento Ecos: Um Projeto Socioambiental


Por Amanda Rodrigues e Elmo Júlio de Miranda

O Movimento Ecos surgiu de uma preocupação em relação a questões sociais e ambientais no ano 2000. Um grupo de integrantes da Fundação Movimento Direito e Cidadania, atual mantenedora da Dom Helder Escola de Direito, idealizou um projeto que já propunha e organizava ações no campo socioambiental, baseando-se em iniciativas comprometidas com a melhoria das relações entre grupos sociais. Desde então, o Ecos passou a ter caráter de obra social, despertando e interagindo com comunidades, em especial escolas, interessadas nas diversas realidades e dificuldades no contexto da sustentabilidade.

A partir de 2010 houve a ampliação do projeto e a propagação das ações que o interiorizaram como parte da especialização do recém-criado mestrado da Dom Helder, sendo escrita a literatura de intenção pelo reitor, o professor Paulo Umberto Stumpf. O momento inaugural, em evento realizado em fevereiro de 2011, contou com a presença de representantes da sociedade civil, de personalidades e da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, então no exercício do seu cargo.

Tão logo, já em 2011, a coordenação do Movimento Ecos sugeriu a definição de ações extensivas e continuadas, iniciando parcerias oficiais, primeiramente com as escolas públicas estaduais da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG. O objetivo era ampliar e difundir ações que pudessem ser uma ferramenta a mais de ensino e aprendizagem na busca de soluções no espaço escolar e no seu entorno, principalmente aqueles ligados à sustentabilidade em geral.

Em 2013 eram mais de vinte escolas participando e desenvolvendo projetos relacionados às temáticas de água, energia, resíduos sólidos, implementação de áreas verdes, incentivo ao cultivo em espaços para plantio de hortas orgânicas, além de eventos ligados a arte e cultura.

A persistência, continuidade e ampliação do projeto…

O número de escolas participantes cresceu juntamente com as propostas, que passaram a contar cada vez mais com profissionais especializados. Mesmo em um período extensivo de greve na educação mineira, no ano de 2014, o Movimento continuou a propor atividades que possibilitaram o intercâmbio e desenvolvimento de ações ainda naquele ano. As metodologias propostas foram capazes de promover auxílio ao corpo docente, em recuperação de conteúdos letivos como pesquisas e oficinas práticas. Além dessas atividades, foram realizados eventos que oportunizaram às escolas apresentarem a sua cultura e a criatividade dos seus alunos.

O prêmio em 2017 pela dedicação e compromisso com a Educação Ambiental

A consagração do Movimento Ecos veio em 2017, quando reconhecido como o melhor projeto do ano, recebendo o “Prêmio de Talentos Hugo Werneck”, pelos trabalhos prestados em prol da Educação Ambiental. Esse reconhecimento esclarece à sociedade em geral acerca das propostas e da dinamização eficaz do projeto em busca de melhorias ambientais e sociais para todos.

O reconhecimento da parceria e o convênio oficial firmado com a Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE/MG)

Em 2018 a SEE/MG firmou convênio oficial com Ecos, reconhecendo os resultados positivos adquiridos pelas escolas parceiras. O convênio condicionou a ampliação, não somente do número de escolas, mas na melhoria nas dimensões estruturais do projeto, com a diversificação das categorias ambientais, envolvendo trânsito urbano inteligente e processo de reaproveitamento dos resíduos, incluindo papel e rejeitos de várias naturezas.

O Movimento Ecos 2020

Hoje o Ecos, vinculado às instituições de ensino superior Dom Helder Escola de Direito e EMGE Escola de Engenharia, já conta com cerca de 150 escolas parceiras, dentre públicas e privadas, e, mesmo em ocasião do difícil quadro de pandemia causado pela Covid-19, o Movimento não parou. Pelo contrário, o projeto passa a ter um papel que ultrapassa as fronteiras de seu compromisso, recriando e estruturando condições em prol das comunidades escolares, mirando-se sempre na ampliação dentro dos processos educativos, ainda que em isolamento social.

Com o comprometimento de sempre e com a parceria da SEE-MG e o apoio dos gestores, professores, educadores e dos jovens estudantes, a caminhada em prol da vida e da preservação de todas as ambiências continua. Assim, na trajetória do Ecos todos os atores sociais são importantes, sendo que as ações e atividades valorosas realizadas até então serão abordados na próxima edição da matéria. Fique ligado e conheça mais.

Juntos podemos!

Ativistas são presos em protesto no Palácio do Planalto


Membros do Greenpeace protestam contra óleo nas praias do Nordeste em frente ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira (23) (Greenpeace/Instagram/Reprodução)

O Greenpeace realizou protesto nesta quarta-feira (23), em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, contra a política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PSL). Os manifestantes colocaram tinta preta no asfalto para simbolizar o óleo derramado nas praias do Nordeste. Também espalharam madeira queimada, que teria sido recolhida de locais de extração ilegal na Amazônia.

Segundo a organização não governamental (ONG), 17 ativistas foram detidos pela Polícia Militar do Distrito Federal e levados à delegacia. O Greenpeace havia informado anteriormente que foram 23 presos, mas corrigiu o número. Em frente ao Planalto, foram postas placas com as mensagens “Pátria queimada, Brasil”, “Um governo contra o meio ambiente” e “Brasil manchado de óleo”.

O protesto mobilizou tropas da PM, além da equipe de segurança do Palácio do Planalto. O trânsito em frente à sede do governo foi bloqueado. Segundo o Greenpeace, a tinta utilizada é uma mistura não tóxica de tapioca maisena e anilina.

Por volta de 9h45, a entidade aceitou levar os manifestantes para o outro lado da via e liberar o tráfego para carros em frente ao Planalto. Mas disse que manteria a instalação com tinta e madeira. “Esse protesto é contra a política ‘antiambiental’ e de desmonte da gestão e proteção ambiental promovida por este governo”, disse Thiago Almeida, porta-voz de clima e energia do Greenpeace.

O governo Bolsonaro tenta contornar as críticas sobre a demora para agir contra o avanço do óleo. Na segunda-feira (21), o presidente em exercício, general Hamilton Mourão (PRTB), anunciou que o Exército reforçaria a limpeza das praias e admitiu que a medida era uma forma de dar “mais visibilidade” às ações do governo.

“O governo precisa colocar em prática de maneira efetiva e eficiente o plano nacional de contingência, que tanto demorou para acionar. E, claro, encontrar o ponto de origem para procurar causa e punir”, disse o porta-voz do Greenpeace.

O protesto foi feito durante viagem do presidente Bolsonaro à Ásia. O general Mourão está no Palácio do Planalto. Segundo os manifestantes, o protesto sem a presença de Bolsonaro foi uma coincidência.

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal informou que cerca de 30 ativistas participaram do protesto e levaram troncos de árvores e tinta preta misturada com óleo e amido de milho para frente do Palácio do Planalto.

“Os manifestantes foram encaminhados à 5ª DP e poderão responder pela Lei 9.0605/98, a qual dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”, diz a nota.

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, ironizou o protesto do Greenpeace em frente ao Palácio do Planalto. “Vou convidar o Greenpeace para ajudar a recolher o óleo lá (no Nordeste) em vez de jogar aqui”, disse Mourão.

O general declarou não ser contra protestos, mas defendeu limites para não atrapalhar o tráfego de carros. “Democracia é isso. Única coisa que penso é que poderia fazer protesto sem bloquear o trânsito”, disse.

Salles: ‘ecoterroristas’

Nas redes sociais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticou a ação do Greeapeace. “Não bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público”, escreveu Salles.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, também ironizou o protesto. “Nunca se importaram com o que dizem se importar realmente. Se animam somente com outra coi$a e estão dificultando para eles! Fácil entender tudo que está acontecendo nesse caso”, publicou o filho de Bolsonaro.

Agência Estado

Segundo estudo, El Niño liberou quatro vezes mais CO2 na Amazônia


Doug Morton/NASA

El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial.

A reportagem foi publicada por Portal Amazonia, 08-10-2018.

A revista acadêmica ‘Philosophical Transactions of the Royal Society B’ publicou um artigo que aponta uma grande emissão de dióxido de carbono (Co2) por parte dos incêndios registrados na Amazônia. Elaborado pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido, o estudo mostra uma relação entre as queimadas que aconteceram entre 2015 e 2016, na região Amazônica, causados pelo fenômeno El Niño, e o aumento de até quatro vezes do CO2.

Segundo o professor, Kieran Withey, o principal autor do estudo, os incêndios descontrolados nas florestas tropicais úmidas durante secas extremas são uma fonte importante e pouco quantificada de emissões de CO2. A equipe analisou mais de 6 milhões de hectares, ou seja, cerca de 0,2% da Amazônia brasileira.

Ainda de acordo com os pesquisadores, os incêndios catalogados emitiram mais de 30 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, ou seja, um número quatro vezes maior que o esperado.

Entenda

El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus.

IHU