Butão será o primeiro país do mundo que só permitirá agricultura orgânica


                   

 

Butão, um país com cerca de 750 mil habitantes, se tornará, antes de 2020, o primeiro do mundo que produzirá todos os seus alimentos com práticas de agricultura ecológica. O ministro da agricultura, Pema Gyamtsho, que também é agricultor, anunciou essa medida ao mundo na Cúpula Sobre o Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu na capital indiana, Nova Delhi. Ele também declarou que o desejo do país é exportar alimentos naturais para China, Índia e outros vizinhos continentais.

Nesta data estará proibido o uso de pesticidas e agrotóxicos químicos e os agricultores butaneses utilizarão em seu cultivo somente adubos orgânicos naturais, obtidos de seu gado. Grande parte da agricultura do país já é orgânica por conta do alto custo dos produtos artificiais e para a manutenção da qualidade do solo.

O ministro ainda advertiu para os efeitos nocivos dos componentes químicos nos valores nutricionais de frutas e legumes e na contaminação das águas subterrâneas. Para que o prazo seja cumprido, a intenção do governo é aumentar as terras irrigadas e usar variedades de alimentos imunes a pragas.

A medida adotada pelo Butão, além de preservar a natureza e seus recursos, ainda se mostra visionária quanto à possibilidade viável de se alimentar uma nação com uma agricultura orgânica e conscientemente ambiental. Tendo em vista que o efeito será em cascata, pois uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos e venenos, não afeta a saúde, pelo contrário, promove-a. Assim, haverá diminuição considerável de doenças por meio da alimentação, sem contar que uma lavoura orgânica não contamina o solo e águas, o que promove e preserva a biodiversidade local.

Fonte: Brasil de Fato

Laísa Mangelli

Dia Mundial da Alimentação: do campo para a sala de aula


Esta semana está marcada pelo Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro. A ativista Esther Vivas faz uma reflexão importante para a ocasião.

 

                                           

“Menino, de onde vem o leite?”, lhe perguntam. “Da Tetra Pak”, responde. Quantas vezes você já ouviu esta piada? A distância entre o campo e o prato, entre a produção e o consumo, apenas aumentou nos últimos anos. E os mais novos, com frequência, nunca puseram os pés em uma horta, viram uma galinha ou se aproximaram de uma vaca. Alimentar-se não se trata de apenas ingerir alimentos, mas também saber de onde eles vêm, o que nos fornecem, como foram feitos. A educação também envolve ensinar a comer e comer bem. E isso é precisamente o que fazem as cantinas escolares ecológicas, que recentemente começaram a aparecer por aqui.

O interesse em comer direito, bem e com justiça chega, aos poucos, às mesas das escolas. Refeições que buscam mais que a ingestão calórica necessária, uma alimentação orgânica e de proximidade. Se trata de aproveitar espaços que permitam, como nenhum outro, a interação entre estudantes, educadores, cozinheiros e, em um segundo nível, com famílias, professores e agricultores, para recuperar não só o saber e o sabor dos alimentos, mas também, aprender e valorizar o trabalho que está por trás da produção, na agricultura, e por trás do fogão, na cozinha.

As cantinas escolares ecológicas têm uma vertente educativa e nutricional, ao defender a economia social e solidária e o território. Alimentos orgânicos, sim, mas de proximidade. Uma aposta imprescindível em um contexto de crise que, por um lado, dá uma saída econômica à pequena agricultura, que tenta viver dignamente no campo, incentivando alguns canais de comercialização alternativos e uma venda direta e, por outro, oferecendo uma alimentação saudável e ecológica para os menores, em um contexto em que aumenta a pobreza e a subnutrição.

Na Catalunha, 40% das crianças fazem a principal refeição do dia, o almoço, nos centros educativos. Incorporar esses valores às cantinas escolares deveria ser uma prioridade, e os custos econômicos não podem ser o argumento para não fazê-lo. Integrar a cozinha aos refeitórios dos centros permite um maior controle sobre a alimentação dos pequenos, e se compramos alimentos de proximidade, sazonais e diretamente com o agricultor, podemos reduzir custos. Do campo, passando pelas cozinhas das escolas e até o prato dos alunos, transparência, qualidade e justiça, esse é o desafio. E a administração pública deveria estar comprometida com esta finalidade. Investir em uma boa alimentação na sala de aula é investir no futuro.

Cantinas escolares que levam os princípios da soberania alimentar para as escolas, e não só na teoria, mas, o que é mais importante, na prática. Soberania alimentar, que nos permite recuperar a capacidade de decidir sobre o que comemos, que aposta na agricultura camponesa, local e agroecológica e que devolve aos agricultores e consumidores, e neste caso às crianças, o controle e o conhecimento sobre sua alimentação.

Esther Vivas
do blog esthervivas.com
Traduzido por Natasha Ísis, do Canal Ibase

Foto: Reprodução/Internet

Fonte: Canal Ibase.

Agricultura orgânica, fonte de segurança alimentar


Agricultura orgânica, fonte de segurança alimentar, artigo de Roberto Naime

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[EcoDebate] É fato consensual que alimentos isentos de poluentes ou contaminantes químicos tendem a ser mais saudáveis e propiciar melhor qualidade de vida. Cada vez mais se identifica relação intrínseca entre a agricultura e a saúde das populações consumidoras. As sistemáticas de cultivo das lavouras acabam por interferir radicalmente na qualidade do solo e no equilíbrio da planta. E ao final da cadeia alimentar, as plantas interferem na qualidade de vida tanto do homem quanto dos animais,, geradores de proteínas, que constituem elos intermediários da cadeia alimentar antrópica.

Produtos hortifrutigranjeiros convencionais, e que podem ser consumidos “in natura” exibem frequente contaminação pelo uso exagerado ou indevido de agrotóxicos e adubos químicos sintéticos. Produtos de origem animal, também são produzidos com uso intensivo de hormônios, vacinas e de substâncias antibióticas.

Os alimentos industrializados também podem não ser saudáveis, pois podem sofrer métodos de beneficiamento como refinação, inclusão de aditivos ou corantes, e ainda conservantes, que quando usados indevidamente podem vir a ocasionar danos à saúde das pessoas. Ninguém deseja criar atmosfera de alarmismo, completamente desnecessária, mas que parece que se abdicou ou se negligencia situações de equilíbrio e homeostase ecossistêmica, disto não há dúvidas.

Somente com a utilização de alimentos sadios, a saúde de todos os organismos será preservada. Em medicina é conhecida a expressão de que as pessoas expressam o que determina seu consumo. A agricultura orgânica se desenvolve e se imagina que possa representar a base futura de uma produção familiar, artesanal e comprometida socialmente. Que busque parâmetros de racionalidade na produção de alimentos. A busca a exploração de sistemas agrícolas diversificados, economia no consumo de energia, preservação da biodiversidade, maior densidade de áreas verdes, tudo isto contribui para tornar e manter a paisagem com características mais harmoniosas, integradas e em equilíbrio.

A produção orgânica, tanto por empreendimento familiar como por conceito empresarial, se enquadra nas melhores concepções da ciência agroecológica e da qualidade de vida, materializando abordagem de prevenção da manutenção da saúde corporal, dentro de um enfoque altamente social e ambiental.

A segurança alimentar pode ser muito mais adequadamente implantada, dentro de enfoque da agricultura orgânica, que busca além de manter o equilíbrio ecossistêmico, configurar situação de máxima homeostase e aproveitamento das condições propiciadas pelos meios naturais.

Alimentos orgânicos conseguem mobilizar melhor as condições de terrenos e paisagens harmonizados. Estas culturas vegetais, tem mais vitaminas e sais minerais, pois provém de um solo mais rico e equilibrado em todos os nutrientes. Também apresentam maior teor de matéria a seca, tendo por isso maior valor nutricional. São alimentos mais saborosos, pois mantém os ácidos orgânicos de forma não nitrogenada, o que ocorre preferencialmente em frutas e hortaliças, principalmente consumidas em condição considerada “in natura”.

Os dados oficiais registram de 12 a 15 mil unidades de produção orgânica certificada em todo o país. Ainda predominam unidades familiares, mas são cada vez mais proeminentes e destacados os empreendimentos empresariais que adotam estas concepções, certamente influenciados e até induzidos pelas crescentes demandas de mercado, viabilizadas pelo grau de conscientização das populações. E pelo contexto geral de valorização da questão ambiental.

Os produtos orgânicos são mais caros ainda porque além dos cuidados artesanais, demandam delicados procedimentos para manutenção das condições de equilíbrio ecossistêmico, essenciais para a consolidação das variáveis naturais dentro de condições indispensáveis para a obtenção de resultados satisfatórios. E também porque existe uma percepção de que os consumidores estão dispostos a remunerar melhor os atributos que consideram mais adequados nos produtos alimentícios, principalmente hortifrutigranjeiros, produzidos pelos sistemas orgânicos.

Agricultura orgânica não deve ser considerada um modismo qualquer em contexto de evidenciação ambiental. Mas a satisfação de anseio que pode levar a uma alimentação de melhor qualidade, dentro de cenário de maior equilíbrio ecossistêmico e homeostase ambiental.

Por isso se sustenta tanto que é necessário alcançar uma nova autopoiese sistêmica, que evidencie e patrocine novas formas de produção, relacionamento e cultivo e celebração de vida. O conjunto de organizações sociais, seja por uma motivação externa explícita, seja por relações internas ou implícitas, sempre desenvolve mecanismos de equilíbrio capazes de manter e patrocinar condições de vida em equilíbrio.

Mesmo que às vezes pareça que o “sistema” seja um ente distante e posicionado em trincheira oposta, isto não é verdade. “Sistemas” sintetizam a melhor resolução das variáveis de vida, mas sempre, é claro, salvaguardando os maiores interesses das partes interessadas que expressam hegemonia social.

Referências:

www.portalorganico.com.br

www.agricultura.gov.br

www.pensamentoverde.com.br

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 29/10/2015

DINAMARCA SÓ TERÁ AGRICULTURA ORGÂNICA


Dinamarca está se preparando para ter uma agricultura totalmente sustentável. Este é um dos projetos que o atual governo tem intenção de por em prática a de transformar a agricultura dinamarquesa em 100% orgânica

A primeira meta, a ser alcançadaaté 2020 é a de se duplicar a quantidade atual de terra cultivada organicamente. Atualmente, a Dinamarca já é o país com maiordesenvolvimento e amplitude docomércio de produtos orgânicos. E em 2015 pretende investir mais de 35 milhões de euros para ampliar a agricultura biológica.

A agricultura biológica na Dinamarca está à frente de seu tempo. São já quase 25 anos de existência e aplicação de leis sérias de proteção à natureza, às águas, ao uso de defensivos e outros produtos agrícolas, sendo que 97% da população conhece o seu significado e importância. É um verdadeiro recorde, assim como o fato de que a despesa total de alimentos do país é composta por 8% apenas de produtos certificados. E desde 2007, a exportação de produtos orgânicos na Dinamarca aumentou em 200%.

Com essa ótica, a Dinamarca hoje se propõe trabalhar em duas frentes diferentes: uma delas visa aumentar a quantidade de terras agrícolas que usem agricultura biológica e o outro, estimular uma maior demanda para os produtos de origem comprovadamente orgânica e sustentável.
Assim, serão privilegiados os produtores que quiserem investir na conversão de suas terrasda agricultura convencional para a orgânica e biodinâmica e os projetos que visem o desenvolvimento de novas tecnologias para a promoção da sustentabilidade no campo.
Neste contexto já está em marcha, nas prefeituras locais, a ocupação de áreas antes baldias, com produção de hortaliças sazonais, de forma orgânica.

Como primeiro objetivo, o país pretende oferecer às escolas, cantinas e hospitais, até um 60% de alimentos de origem orgânica. Atualmente essas instituições públicas nacionais servem 800 mil refeições por dia. A mesma política, de servir só refeições de origem orgânica, já está sendo ampliada para os ministérios dinamarqueses em suas cantinas.

Na educação já está sendo prevista uma reforma do sistema atual para incluir cursos de nutrição, alimentação saudável e agricultura natural.

Em suma, o país inteiro, com todas suas instituições, marcha junto paratransformar-se em uma região livre de agrotóxicos, onde a alimentação saudável é assunto de estado.Um bom exemplo, desde que a realidade no campo não seja “apagada” pela propaganda enganosa da indústria alimentícia.

Fonte: Greenme