Um gás versátil


 

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Por preconceito ou puro desconhecimento, aqui no Brasil o biogás costuma ser esquecido quando o assunto é energia renovável. O fato de ser produzido a partir de resíduos vegetais ou dejetos animais contribui para a imagem de fonte de energia de “segunda categoria”. Quando o assunto é sustentabilidade agrícola, no entanto, nenhuma outra fonte garante as mesmas vantagens. Principalmente se a produção do biogás for feita por microgeradores conectados em geração distribuída, conforme defende o engenheiro agrônomo especializado em Ciências do Solo, Cícero Bley Júnior, atual superintendente de Energias Renováveis da Itaipu Binacional.

Cícero é autor do livro Biogás, a Energia Invisível, publicado neste primeiro semestre de 2014, graças a uma parceria entre o Planeta Sustentável (Editora Abril), o Centro Internacional de Energias Renováveis com ênfase em Biogás (CIBiogás) e a Itaipu Binacional.

No livro de 138 páginas, o especialista faz um pequeno histórico da produção de biogás no Brasil, compara esta com as demais fontes de energias renováveis, propõe um modelo racional de integração à rede nacional de eletricidade e estima um potencial energético considerável: 37 milhões de megawatts por ano, equivalente a um terço da energia gerada pela Itaipu Binacional. Desse total, um terço poderia ser produzido com resíduos de alimentos e dejetos de suínos, aves ou bovinos e dois terços viriam do setor sucroalcooleiro.

O biogás é versátil: pode ser usado como fonte de energia térmica, elétrica ou como combustível. Mas as suas melhores qualidades – do ponto de vista da sustentabilidade agrícola – estão nos “efeitos colaterais”: produzir biogás numa propriedade rural significa deixar de queimar ou jogar fora resíduos de colheita (reduzir o desperdício), deixar de despejar dejetos em cursos d´água (reduzir a poluição hídrica) e reduzir a emissão de gases do efeito estufa (77,8 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente por ano ou 7% da meta brasileira até 2020). Também significa produzir biofertilizante tratado, de alta qualidade. E aquecer incubadoras, matrizeiras e berçários dos diversos animais criados. E reduzir custos. E aumentar a eficiência dos processos agroindustriais de beneficiamento ou transformação.

Trata-se, enfim, de uma fonte de energia local e firme, capaz de servir tanto a produtores isolados como na composição de um sistema nacional mais seguro. Sem contar que o clima tropical é ideal para a produção de biogás porque tem alta biodiversidade de microrganismos para digerir a matéria orgânica e calor o ano inteiro.

Se esses argumentos não bastam, Cícero Bley Jr ainda dedica diversas páginas ao relato das experiências incentivadas pela Itaipu Binacional no estado do Paraná, como a pioneira Granja Colombari, em São Miguel do Iguaçu; o Condomínio de Agroenergia de Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon; a fazenda Star Milk, de Céu Azul e diversas cooperativas de Itaipulândia, Matelândia, Serranópolis, Assis Chateubriand e Terra Roxa. Todos já produzem biogás e alguns já vendem o excedente para a empresa paranaense de eletricidade, a Copel.

Cícero Bley Jr. irá autografar Biogás, a Energia Invisível em 15/05, durante o evento AgriSustenta, uma realização do Planeta Sustentável na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em Piracicaba (SP).

A versão e-book já pode ser adquirida no sites do iba.

Texto por Liana John

Fonte: Planeta Sustentável

Biogás como solução para os resíduos sólidos


Entrevista especial com Joachim Werner Zang

 

“Com a construção de novos aterros, como está previsto na legislação, podemos incluir sempre uma captação de biogás e, nesse sentido, será possível tratar o lixo hospitalar, por exemplo. Só em Goiânia calculamos, seis anos atrás, uma capacidade de 3,5 megawatts de energia elétrica que pode ser produzida através de biogás de resíduos oriundos do aterro”, diz o pesquisador. 

Foto: atitudessustentaveis.com.br

Apesar do potencial energético para produzir biogás, o Brasilainda investe pouco nesta fonte energética. Os motivos são claros: “o desconhecimento da tecnologia e a falta de necessidade”, já que 70% da energia produzida no país é oriunda de hidrelétricas, explica Joachim Zang, em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone.

O pesquisador esclarece que o biogás, implantado naAlemanha há 20 anos, seria uma solução adequada não só como fonte de energia, mas para resolver outro problema ambiental brasileiro: a quantidade de lixo produzido e mal armazenado. Zang menciona que “segundo o Ministério do Meio Ambiente, o país produz mais ou menos 300 milhões de toneladas de resíduos da agroindústria, por ano (…) e cem milhões de toneladas de lixo orgânico domiciliar”.

Esse total de 400 milhões de toneladas de resíduos orgânicos, assinala, “poderia ser aproveitado, desde que separado devidamente de outros materiais, na produção de biogás ou na produção de condicionador de solo ou biofertilizante. Essas seriam maneiras de reaproveitar os resíduos, ao invés de simplesmente deixá-los depositados em algum lugar”.

Embora atualmente o Brasil não esteja aproveitando o biogás para garantir o abastecimento de energia, como a exemplo da Alemanha há duas décadas, o país “tem a grande chance de dar o salto tecnológico que a Alemanha deu há mais de 20 anos”, destaca o pesquisador.

Zang menciona ainda que o biogás contribui para amenizar os problemas relativos às mudanças climáticas e ao aquecimento global. “Do ponto de vista ecológico do aquecimento global, essa política também é muito boa, porque os resíduos orgânicos depositados em aterro sanitário vão gerar biogás de qualquer jeito, pois o biogás é gerado quando a matéria orgânica, sob condições favoráveis, acima de 20 graus célsius, e na ausência de oxigênio é transformada por um consórcio de microrganismos que produzirão biogás”, pontua.

E acrescenta: “O lixo municipal tem cerca de 65% de matéria orgânica, e se conseguirmos separar esses resíduos orgânicos e produzir biogás, será excelente para o país, porque vai diminuir os custos de depósito e não vamos gerar tantos resíduos. Pelo contrário, vamos gerar dois produtos, ou seja, primeiro o biogás, que dá para produzir energia e segundo um fertilizante orgânico, diminuindo assim a necessidade de importação dessas grandes quantidades de fertilizantes minerais, mais de 21 milhões de toneladas em 2013.”. 

Joachim Zang é doutor em Ciências Naturais na Área de Geociências da Johannes Gutenberg Universität Mainz, reconhecido pela Universidade de Brasília – UnB. É professor de Química Tecnológica e do Mestrado em Tecnologias de Processos Sustentáveis do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG. Responsável noIFG pela cooperação com a Agência de Cooperação Alemã GIZ e pelo intercâmbio do IFG com a Universidade de Ciências Aplicadas de Trier, Alemanha (Hochschule Trier), apoiado pelo DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico), e outras instituições de pesquisa e do ensino superior na Alemanha, como o Centro Alemão de Pesquisa em Biomassas DBFZ, a universidade de Rostock, a Universidade de Mainz e o centro de pesquisa Jülich (FZ Jülich)Leibniz Centre for Agricultural Landscape Research (ZALF), o Instituto Fraunhofer, o grupo de biotecnologia CLIB2021, entre outros. Atua juntamente com a Escola de Agronomia da UFG e LANAGRO/GO nos projetos de cooperação bilateral PURESBIO e i-NoPa com a Alemanha.

Confira a entrevista.

Foto: www.xing.com

IHU On-Line – Como se dá a produção de biogás no Brasil atualmente e qual é a participação do biogás na matriz energética brasileira?

Joachim Werner Zang – Hoje no Brasil temos um grande potencial de produção de biogás e ele já está sendo produzido na área de tratamento de efluentes, ou seja, há muito biogás produzido, mas ele ainda não é aproveitado. De todo modo, há chance de se desenvolver mais biogás por conta do movimento iniciado pelo governo brasileiro em parceria com a Agência de Cooperação Alemã GIZ e o Ministério das Cidades.

IHU On-Line – Quais as razões de se produzir pouco biogás no Brasil?

Joachim Werner Zang – As razões são o desconhecimento da tecnologia e a falta de necessidade, porque o Brasil tem muitas fontes de energia, sendo que mais de 70% da energia elétrica é produzida pelas usinas hidrelétricas.

Por outro lado, hoje o Brasil enfrenta problemas com o tratamento de resíduos, inclusive com o lixo domiciliar. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o país produz mais ou menos 300 milhões de toneladas de resíduos das agroindústrias, por ano. Adicione a esse valor cem milhões de toneladas de lixo orgânico domiciliar produzidas anualmente. Dá um total de 400 milhões de toneladas de resíduos orgânicos que poderiam ser aproveitadas na produção de biogás ou na produção de condicionador de solo e fertilizante. Essas seriam maneiras de reaproveitar os resíduos, ao invés de simplesmente deixá-los depositados em algum lugar.

IHU On-Line – Qual é o potencial energético do biogás, considerando o lixo produzido no país?

Joachim Werner Zang – O nosso grupo de pesquisa internacional está discutindo e testando diferentes tecnologias para a produção de biogás. A tecnologia mais simples de aproveitamento do biogás faz uma purificação preliminar, tira enxofre e água e faz uma queima do biogás para cogeração de energia elétrica e calorífica. Essa é a grande diferença: se é feita uma cogeração com aproveitamento de calor, aproveita-se até 80% da energia, se é realizada só a produção de energia elétrica, aproveita-se somente até 40% da energia. Mas no Brasil ainda não temos a urgência de utilizar biogás como energia calorífica para aquecimento, como se faz na Europa, mas o calor poderia ser aproveitado em processos industriais.

 

"No Brasil ainda não temos a urgência de utilizar biogás como energia calorífica para aquecimento, como se faz na Europa"

IHU On-Line – Mas no Brasil não há tanto investimento em biogás por falta de tecnologia ou por falta de necessidade de ter mais uma fonte energética?

 

Joachim Werner Zang – Não falta tecnologia; ela já existe. Falta conhecimento; temos de transferir essa tecnologia. Sou alemão e para mim é mais fácil cooperar e fazer parcerias de pesquisa com institutos alemães e outros países europeus, como a França e a Finlândia, no projeto “No-Waste”, financiado pela Comissão Europeia. Já temos parcerias com oCentro Alemão de Pesquisa de Biomassa em Leipzig, com várias universidades, como a universidade de Rostock, de Trier, com empresas líderes do ramo, como a Schaumann Biotechnology, que têm conhecimento profundo dessa tecnologia e disposição de dividir suas pesquisas conosco. Diante disso, o Brasil tem a grande chance de dar o pulo tecnológico que a Alemanha precisava e deu há mais de 20 anos. A Alemanha hoje tem quase 8 mil usinas industriais de biogás, enquanto o Brasil tem em torno de 20 usinas com uma capacidade de 19 MW produzindo cerca de 0,06% da energia elétrica. De todo modo, temos de lembrar que a Alemanha também começou nessa faixa há 20 anos: no início dos anos 1990 tinha cerca de cem usinas e hoje tem quase 8 mil usinas fornecendo cerca de 15% da energia elétrica calorifica que o país necessita.

IHU On-Line – Todo o lixo produzido na Alemanha é revertido em biogás?

Joachim Werner Zang – Não, nem todo o lixo é revertido em biogás. A Alemanha tem uma estratégia bem diferente de lidar com o lixo em comparação ao Brasil. Hoje, o lixo não é mais depositado; o lixo que não dá para ser aproveitado de outra forma, ou seja, que não pode ser utilizado na produção de biogás ou reciclado, é queimado. Todos os aterros sanitários lá estão fechados e aqueles que ainda existem servirão para produção de biogás nos próximos 20, 30 anos, fornecendo cerca de 0,5% de energia elétrica. Nos próximos 50 anos, com certeza, poderemos produzir biogás com muita facilidade nos aterros sanitários do Brasil para produzir energia elétrica e calorífica.

IHU On-Line – Tendo em vista a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, promulgada em 2010, qual a expectativa em relação ao aumento da produção de biogás no país?

Joachim Werner Zang – A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi bem pensada, mas a realização dela será o grande desafio. No que se refere ao tratamento de esgoto, por exemplo, esse esgoto gera um lodo primário que tem grande capacidade na geração de biogás. Na cidade de Goiânia, por exemplo, temos 90 toneladas de lodo por dia para produzir biogás e fertilizantes. O tratamento microbiano de água também pode gerar biogás.

Na Alemanha — permita que eu faça as comparações, porque elas são importantes para vislumbrarmos o que está sendo feito —, a maioria das estações de tratamento de esgoto (ETE’s) são em cidades a partir de 40, 50 mil habitantes que produzem a própria energia elétrica, contribuindo assim com quase 1% da produção de energia elétrica; muitos inserem a energia na rede a partir do tratamento de esgoto. Esse é um processo muito interessante, o qual poderíamos adotar no Brasil para suprir uma boa parte da energia elétrica das ETE’s no país. Geralmente asETE’s são operadas por empresas públicas ou público-privadas.

"Não falta tecnologia; ela já existe. Falta conhecimento; temos de transferir essa tecnologia"

O lixo municipal no Brasil tem cerca de 6065% de matéria orgânica, e se conseguirmos separar esse lixo e fazer a produção de biogás, será excelente para o país, porque vai diminuir os custos de depósito e não vamos gerar tantos resíduos. Pelo contrário, vamos gerar dois produtos, ou seja, primeiro o biogás, que dá para produzir energia, e segundo um fertilizante orgânico, diminuindo assim a necessidade de importação dessas grandes quantidades de fertilizantes minerais, mais de 21 milhões de toneladas em 2013. Do ponto de vista ecológico do aquecimento global, essa política também seria muito boa, porque o lixo orgânico depositado em aterro sanitário vai gerar biogás de qualquer jeito, pois o biogás é gerado quando a matéria orgânica, sob condições favoráveis, acima de 20 graus célsius e na ausência de oxigênio é transformada por um consórcio de microrganismos que produzirão biogás. Nesse sentido, todos os lixões brasileiros estão contribuindo bastante para o aquecimento global.

Mas com a construção de novos aterros, como está previsto na legislação, podemos incluir sempre uma captação de biogás e, nesse sentido, será possível tratar o lixo hospitalar aproveitando o calor da cogeração de energia a partir desse biogás, por exemplo. Só em Goiânia calculamos, seis anos atrás, uma capacidade de 3,5 megawatts de energia elétrica que pode ser produzida através de biogás de resíduos oriundos do aterro. 

IHU On-Line – O senhor está apontando vantagens em relação à produção de biogás. Há, por outro lado, desvantagens nesse tipo de energia?

Joachim Werner Zang – Em relação às desvantagens, novamente quero citar o caso da Alemanha, porque lá eles cometeram um grande erro, o qual não precisamos reproduzir no Brasil. Na Alemanha, 60% do material que entra na usina de biogás é milho, neste caso a planta inteira. Então, usam uma planta que pode ser nutricional para produzir biogás. Houve muitas discussões sobre essa questão, mas no Brasil não podemos reproduzir isso. Nesse sentido, a política brasileira quer que a produção de biogás seja feita apenas a partir dos resíduos, os quais temos o suficiente.

Ainda em relação às desvantagens, precisamos de investimento. Se queremos aproveitar biogás da queima, esse investimento é médio, mas se queremos purificar esse biogás para um combustível, temos de ter tecnologia de purificação — existem empresas no mercado que estão dominando essa energia —, porque é preciso purificar o biogás para metano puro, já que biogás é uma mistura de cerca de 60% de metano e de 40% de dióxido de carbono e outros gases. Tem de retirar o dióxido de carbono e alguns outros gases, porque ninguém quer transportar dióxido de carbono junto para queimar somente o metano depois. Outra desvantagem é o fato de que algumas usinas de biogás no Brasil não funcionam direito; falta investimento em pesquisa. Nesse sentido, temos de investigar bastante o processo de produção do biogás para manter um processo eficiente. Para isso, precisamos formar uma geração de técnicos, tecnólogos, mestres, engenheiros e pesquisadores que dominem essa tecnologia.

IHU On-Line – O biogás tem alguma implicação nas mudanças climáticas, já que é composta essencialmente de metano e dióxido de carbono, ou o tratamento dos gases é suficiente para não gerar problemas ambientais?

Joachim Werner Zang – Implicação climática tem quando o biogás for liberado direto, ou seja, sem tratamento, na atmosfera. O metano é 23 vezes mais problemático para o aquecimento global e para o efeito estufa do que o dióxido de carbono. Então, se não tiver aproveitamento de biogás, o melhor é queimá-lo e transformá-lo assim em dióxido de carbono. Todo o CO2 liberado com a queima do biogás foi incorporado durante o crescimento das plantas. Então, se aproveitarmos o esquema do biogás, estamos na realidade favorecendo a atmosfera.

IHU On-Line – Em que consiste o projeto brasileiro-alemão de produção de biometano? Pode nos explicar em que consiste o biometano e quais suas vantagens em relação à gasolina, por exemplo?

Joachim Werner Zang – Na cooperação Brasil-Alemanha tem vários projetos, mas neste caso trata-se de um projeto intergovernamental com a agência de cooperação alemã GIZ e o Ministério das Cidades, especialmente sobre biogás a partir de tratamento de efluentes e biogás derivado de resíduos de aterros sanitários. A Alemanha está apoiando as pesquisas realizadas no Brasil e o dinheiro utilizado para o desenvolvimento das pesquisas é oriundo de fundos de clima europeus, ou seja, entre outros, de créditos de carbono. Então, empresas que não investiram o suficiente, ou não conseguiram diminuir suficientemente a emissão de CO2, pagam taxas ou projetos para outros países através do Protocolo de Kyoto. Esse dinheiro e o de outros fundos europeus são aproveitados para ajudar no desenvolvimento de pesquisa e tecnologia no Brasil, porque o país produz centenas de milhões de toneladas de resíduos por ano, que podem fazer uma grande diferença nas mudanças climáticas.

biometano é uma fonte renovável de energia, que podem ser visto como praticamente inesgotável tendo em vista a vida humana. Alguns podem argumentar que o carvão e o petróleo também são renováveis em alguma medida, mas considerando os milhões de anos necessários para a sua formação, não são vistos como renováveis. Nesse sentido, o biogás é considerado realmente renovável porque não gera mais CO2, o qual já foi consumido pelas plantas. Em relação à gasolina, tem grandes vantagens. O ciclo completo de geração de biogás é igual ao etanol, que é 90% renovável.

"Todos os lixões brasileiros estão contribuindo bastante para o aquecimento global"

IHU On-Line – Qual têm sido a aceitabilidade e o uso do biometano na Europa?

Joachim Werner Zang – O biometano está em fase inicial de implantação naAlemanha; ainda há poucas frotas que o utilizam. Mas essa é uma questão política e, nesse sentido, o país está oferecendo subsídios e garantias para que o biometano seja utilizado. A grande vantagem do biogás, por exemplo, além da energia renovável, é que ele é produzido no local, então não precisa transportá-lo de um local a outro. Nesse sentido, não há necessidade de gastar energia, por exemplo, para que um caminhão leve a gasolina a vários locais do país.

IHU On-Line – Como vê a atuação do Brasil em encontrar alternativas energéticas? O país está avançando ou ainda há dificuldades em pensar alternativas energéticas pelo fato de o país dispor de muitos recursos naturais?

Joachim Werner Zang – No Brasil não havia, nas últimas décadas, a necessidade de procurar alternativas energéticas, mas agora estamos observando a escassez de água, os problemas de fornecimento de energia, e então o foco dos governos federal e estaduais é procurar alternativas e soluções. A dificuldade é que nem sempre há leis municipais, estaduais ou federal que obriguem, por exemplo, que cada nova casa construída tenha aquecimento solar para água. Se tivesse uma lei, resolveria um problema em relação à energia.

De todo modo, tem a energia solar, que funciona muito bem, mas temos de pesquisar ainda sobre o sistema fotovoltaico, porque quando a placa solar aquece o rendimento cai pela metade. Em relação à energia eólica, o desempenho é fantástico em algumas regiões do Brasil, porque poderia ter energia dia e noite, se houver vento, mas em outras regiões não, e, portanto, também trata-se de uma energia flutuante. Energia de biomassa dá para controlar desde a queima até o armazenamento, então é possível fazer um mix de energias alternativas que podem substituir as energias fósseis na produção de energia elétrica, devido à escassez de água e à falta de chuva nos últimos anos. Então, precisamos de um mix de hidrelétricas, energia eólicaenergia solarenergia de biomassa e ainda outras energias alternativas que poderíamos pesquisar.

Biogás pode tornar município paranaense autossuficiente em energia elétrica


Por Fabiula Wurmeister, do G1 PR, em Foz do Iguaçu

Entre Rios do Oeste, município do Paraná com 4 mil habitantes, poderá se tornar, em 2014, o primeiro do país a se tornar autossuficiente em energia elétrica, térmica e automotiva obtida com biogás. A bioenergia será produzida com dejetos de animais de criação e esgoto. Considerado um problema aos municípios de economia baseada na pecuária, os dejetos dos 130 mil suínos criados na cidade passarão a ser tratados como matéria prima e totalmente aproveitados. O assunto é um dos temas do 2º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, que está sendo realizado em Foz do Iguaçu e conta com a participação de representantes de 58 países.

A ideia de aproveitar os dejetos começou a ser testada com a implantação do Condomínio Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, também no oeste. A experiência reúne 33 famílias de agricultores e aproveita o próprio potencial da região, comum a outras regiões do estado. Um levantamento feito por Itaipu mostra que, só no Paraná, “130 dos 395 municípios apresentam condições para usufruir desta riqueza”, aponta o superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley.

O projeto de saneamento desenvolvido pela Plataforma de Energias Renováveis de Itaipu em Entre Rios do Oeste será financiado nesta primeira fase pelo Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) e desenvolvido em parceria com a prefeitura. Serão destinados R$ 14 milhões para a estruturação de 63 das 93 propriedades rurais onde são criados suínos e gado de leite. 

Os dejetos produzidos pelos animais criados nestas propriedades inicialmente selecionadas podem produzir 12 mil metros cúbicos de biogás por dia (m³/dia), volume suficiente para atender toda a demanda dos prédios públicos da cidade, incluindo as escolas, e suprir a iluminação pública. Com a sobra, de mais de 40%, será possível ainda abastecer com energia térmica a maior olaria do município, substituindo o uso de lenha. A segunda fase do projeto será destinada à implantação do serviço de coleta de esgoto.

O biogás produzido nas propriedades deverá ser transportado por um gasoduto até uma central de aproveitamento. Nessa central, ele poderá ser convertido em energia elétrica, térmica e em gás natural renovável (GNR) usado como combustível de veículos. O biogás também pode substituir o gás de cozinha e a lenha utilizada na secagem de grãos. A economia pode passar de R$ 385 mil por ano.

Sustentabilidade

“Além do mau cheiro, os dejetos dos animais produzem gases do efeito estufa e podem contaminar o solo e a água”, destacou Bley ao lembrar que o problema pode se transformar em uma solução ambientalmente correta e lucrativa. “A geração distribuída a partir de energias primárias, como biogás, garante sustentabilidade ao desenvolvimento local e ajuda na redução da poluição hídrica e atmosférica.”

Matéria originalmente publicada em: http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2013/10/com-biogas-cidade-consegue-autossuficiencia-em-energia-eletrica.html

Fonte: Cidades Sustentáveis

Cursos Em Energias Renováveis


Cursos Em Energias Renováveis – Biogás

 
Data: 13/07/2015 das 18:00:00 às 18:00:00
Estão abertas novas turmas para cursos sobre energias renováveis 
Capacitação ocorrerá integralmente a distância e pode indicar soluções para a crise energética 

O CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis–Biogás) e o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH) abrem inscrições para dois cursos sobre fontes renováveis de energia, seus benefícios e formas de implantação deste tipo de tecnologia. 

A primeira turma disponibilizada será a de Gestão Territorial Aplicada à Água e Energia, com inscrições abertas até 10 julho. A capacitação é direcionada à análise de um território e na capacidade que ele tem em aproveitar suas fontes renováveis de energia, considerando os aspectos socioeconômicos e ambientais do local e as possíveis alternativas para o desenvolvimento. 

Outro curso oferecido é o de Atualização em Energias do Biogás. Seu conteúdo é focado em conceitos e aprendizados para a geração de eletricidade, biocombustível, energia térmica e biofertilizante por meio da transformação de dejetos de animais e resíduos industriais. A inscrição segue até 20 de julho. 

O objetivo das capacitações, que são realizadas integralmente a distância, é atualizar profissionais e estudantes interessados nos temas e compartilhar, com participantes brasileiros e de toda América Latina e África, os trabalhos desenvolvidos pela instituição. “Em um cenário de crise energética, proporcionar conhecimento sobre novos caminhos para resolver esse desafio é um dever das instituições de pesquisa e desenvolvimento engajadas no assunto”, diz o diretor-presidente do CIBiogás , Rodrigo Régis de Almeida Galvão. 

Para inscrever-se, acesse www.cibiogas.org/eadcursos ou entre em contato pelo e-mail contatoead@cibiogas.org ou telefone (45) 3576-7437. Desde 2011, os cursos já capacitaram 700 pessoas, de mais de nove países.

Serviço 
Gestão Territorial Aplicada à Água e Energia – Inscrições até 10 de julho. 
Atualização em Energias do Biogás – Inscrições até 20 de julho. 
Acesse www.cibiogas.org/eadcursos e saiba mais. 

Sobre o CIBiogás 
O CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis–Biogás) é uma instituição científica, tecnológica e de inovação. A empresa é formada por 16 instituições que desenvolvem e/ou apoiam projetos relacionados às energias renováveis, contando com um laboratório de biogás e com 11 unidades de produção de biogás no Brasil.

Endereço:

EAD – Integralmente a distância – Integralmente a distância 
CEP: Integralmente a distância – Integralmente a distância

Fonte: (O) eco