Novembro de 2019, o segundo mais quente em 140 anos


Avião no céu de Sydney, Austrália, em 4 de dezembro de 2019 (AFP)

Novembro de 2019 foi o segundo mais quente já registrado na Terra desde 1880, depois de novembro de 2015, anunciou nesta segunda-feira a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), confirmando outro ano de recordes de calor.

O serviço europeu Copérnico repassou uma estimativa um pouco diferente, mas confirmando a mesma tendência, e considerou que neste mês esteve entre os três meses de novembro mais quentes, junto com o de 2015 e o de 2016. Segundo o NOAA, a temperatura média do mundo em novembro de 2019 foi 0,92 grau mais alta do que a média do século 20 de 12,9 graus.

Mês após mês, e especialmente em julho, o ano de 2019 acumulou vários registros históricos e nessa etapa o segundo ano mais quente desde 1880, segundo os americanos. Assim, se constatou que 2016 continua sendo o mais quente em média (+ 1,01 grau em comparação com a média do século 20).

A organização meteorológica mundial informou no começo de dezembro que 2019 estaria entre os três anos mais quentes registrados desde 1850 e que encerra uma década de “calor excepcional”.

AFP

Década de 2010 destinada a ser a mais quente já registrada


Incêndio no Pará (Brasil) em 27 de agosto de 2019 (AFP/Arquivos)

Um estimativa divulgada pela ONU em um relatório anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM), alerta que a atual década (2010-2019) está destinada a ser a mais quente já registrada na história. O relatório constata a aceleração das consequências da mudança climática e que as temperaturas globais superaram nos primeiros 10 meses do ano em 1,1 graus a média da era pré-industrial (1850-1900).

No relatório apresentado por ocasião da Conferência sobre o Clima da ONU (COP25), a organização prevê ainda que 2019 será o “segundo ou terceiro ano mais quente” desde 1850, quando os registros sistemáticos começaram a ser feitos.

“2016, que começou com um episódio de El Niño de intensidade excepcionalmente forte, continua sendo o ano mais quente”, afirma o documento. Cada uma das últimas quatro décadas foi mais quente que a anterior.

Além disso, as emissões provocadas pelo homem devido, por exemplo, aos combustíveis fósseis, a construção de infraestruturas, o aumento dos cultivos e o transporte provavelmente contribuirão para um novo recorde de concentração de dióxido de carbono, o que aumentará o aquecimento, afirmou a OMM.

Os oceanos, que absorvem parte dos gases do efeito estufa, continuam registrando temperaturas recordes e uma acidificação maior, o que ameaça os ecossistemas marinhos dos quais bilhões de pessoas dependem para alimentação ou trabalho.

Em outubro, o nível do mar também alcançou um recorde, alimentado sobretudo pelas 329 bilhões de toneladas de gelo derretido na Groenlândia em um ano.

Até 22 milhões de deslocados

Milhões de pessoas já sofrem as consequências da mudança climática, o que evidencia que esta não é apenas uma ameaça para as futuras gerações.

No primeiro semestre de 2019 mais de 10 milhões de pessoas foram deslocadas dentro de seus países, segundo o Observatório de Situações de Deslocamento Interno.

Deste total, sete milhões o fizeram por causas relacionadas com fenômenos meteorológicos extremos como tempestades, inundações e secas, um número que pode alcançar 22 milhões para o conjunto do ano.

“Mais uma vez, em 2019, os riscos ligados ao tempo e ao clima afetaram duramente”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

“As ondas de calor e as inundações que antes aconteciam uma vez por século estão se tornando eventos regulares”, advertiu.

Em 2019 foram registradas secas na América Central e Austrália, ondas de calor na Europa e Japão, assim, como supertempestades no sudeste da África e incêndios devastadores no Brasil e na Califórnia (EUA).

Taalas destacou que a pluviometria mais irregular, somada ao crescimento demográfico, representará “desafios consideráveis em termos de segurança alimentar para os países mais vulneráveis”.

Em 2018, a tendência decrescente da fome no mundo foi revertida, com mais de 820 milhões de pessoas afetadas.

Ao ritmo atual, a temperatura poderia aumentar até 4 graus ou 5 graus no fim do século.

E inclusive se os países respeitarem seus compromissos atuais de redução das emissões, o aumento poderia superar 3 graus, enquanto o Acordo de Paris prevê limitar o aquecimento a menos de 2 graus e, de modo ideal, a 1,5 graus.

Na COP25 de Madri, que começou na segunda-feira com o objetivo de estimular a luta contra o aquecimento global, os Estados “não têm desculpas para bloquear os avanços nem recuar quando a ciência mostra que é urgente atuar”, reagiu Kat Kramer, da ONG Christian Aid.

AFP

2013 é sexto ano mais quente da história — e vem mais calor


Temperatura global do ano de 2013 é consistente com a tendência de aquecimento de longo prazo, diz Organização Meteorológica Mundial (OMM)

2013 ficou entre os dez anos mais quentes desde que os registros modernos começaram em 1850, informou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), nesta quarta-feira (5).

Ao lado de 2007, o ano passado foi considerado o sexto mais quente, com temperatura média da superfície global cerca de 0,50 ° C acima da média de 1961-1990, e 0,03 °C a cima da média registrada entre 2001 e 2010.

Treze dos 14 anos mais quentes já registrados na história ocorreram no século 21. Os recordes são de 2010 e de 2005, com temperaturas globais cerca de 0,55 ° C acima da média, seguido por 1998, marcado por um evento excepcionalmente forte de El Niño.

Os eventos El Niño e La Niña são os principais motores da variabilidade natural do clima. Mas o que causou surpresa na OMM é que, em 2013, nenhum dos dois fenômenos foram registrados.

Século febril

É bom preparar os bisnetos para lidar com o calorão. "A temperatura global para o ano de 2013 é consistente com a tendência de aquecimento de longo prazo", disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.

"A taxa de aquecimento não é uniforme, mas a tendência é inegável. Dadas as quantidades recordes de gases de efeito estufa na nossa atmosfera, as temperaturas globais continuarão a subir para as gerações vindouras", disse Jarraud.

"A nossa ação – ou inação – para reduzir as emissões de dióxido de carbono e outros gases que retêm o calor irão moldar o estado do nosso planeta para nossos filhos, netos e bisnetos", disse Jarraud.

A temperatura da superfície é uma das variáveis de tempo e clima mais familiares e consistentemente medidas, e tem conexão direta com as mudanças climáticas a longo prazo. Mas é apenas parte de um quadro muito mais amplo.

Ainda neste mês, a OMM divulgará o Estatuto do Clima em 2013, que trará mais detalhes de temperaturas regionais, precipitação, inundações, secas, ciclones tropicais, a cobertura de gelo e do nível do mar.

Fonte: Exame.com