A indústria automobilística pode amargar o fechamento de 2014 em queda. Mesmo com a renúncia fiscal de R$ 1,6 bilhões concedida com a redução de IPI, a previsão é de que o setor feche o ano sem crescimento e com uma queda estimada de 10%. A estratégia de encarar o Brasil como um mercado ilimitado começa a dar sinais de fraqueza.

O editorial da Folha de S. Paulo de hoje aponta que enquanto países como o México se firmam como mercados exportadores de automóveis, o Brasil foca quase que exclusivamente no mercado interno. Além disso, os carros aqui produzidos não contam com tecnologia de ponta e não têm aceitação global. Um dos fatores a ser destacado é que agora que a discussão sobre carros mais eficientes tem se tornado central, com países estabelecendo metas de eficiência energética mais rigorosas, os carros brasileiros ainda encontrariam barreiras caso tivéssemos o foco em exportação.

A rentabilidade da operação das montadoras do país, no entanto, ainda é maciça. O mesmo editorial aponta que de 2010 a maio de 2014, essas mesmas montadoras submeteram às suas sedes cerca de US$ 16 bilhões em lucros. O desafio do aquecimento global é de todos e cabe à industria investir nas melhores tecnologias onde quer que operem. Em outros mercados fora do Brasil, essas montadoras terão que obrigatoriamente produzir carros mais eficientes.

É inaceitável que essas adaptações não sejam trazidas para o Brasil – atualmente quarto mercado consumidor do mundo. Carros que consomem menos combustível podem ser benéficos não só aos consumidores e ao meio ambiente – mas também às contas do país. O Brasil não é um pátio sem fim para escoamento de carros com tecnologia defasada.

Para saber mais sobre a campanha do Greenpeace por carros mais eficientes e limpos, clique aqui.

por Iran Magno, do Greenpeace

* Publicado originalmente no site Greenpeace.

(Greenpeace)