Desmatamento pode prejudicar frigoríficos e exportações do Brasil, diz agência


Os efeitos do desflorestamento continuam sendo um desafio para o país (Pixabay)

A agência de classificação de riscos Fitch afirmou na quarta-feira (6) que o desmatamento na Amazônia pode causar danos de reputação a frigoríficos brasileiros e levar à redução das exportações de carnes do país.

Para a Fitch, os efeitos do desflorestamento no maior bioma do país e a eficácia da sustentabilidade no setor continuam sendo um desafio para o Brasil.

A agência disse crer que amplas normas ambientais melhoram os perfis de crédito das empresas da área de proteínas, acrescentando que as consequências dos incêndios na Amazônia colocaram sob holofotes os setores ambiental, social e de governança dessas companhias.

Apesar do alerta ambiental, as exportações de carne do Brasil acumulam fortes ganhos em 2019, estimuladas especialmente pela forte demanda da China, que enfrenta um grave surto de peste suína africana.

Reuters/Redação São Paulo

A sustentabilidade nas empresas começa pelos líderes


Não há empresa brasileira líder em seu setor que não leve sustentabilidade a sério. As grandes companhias colocam o assunto na estratégia do negócio e não o encaram apenas como um conjunto de “práticas verdes”.

Para Ricardo Voltolini, especialista em Sustentabilidade, entre estas companhias há uma característica comum: a liderança engajada. A variável mais importante para que a sustentabilidade deixe de ser um conjunto de práticas e se transforme em estratégia é a liderança. A inclusão da sustentabilidade como prioridade ainda é feita de cima para baixo. Quando a sustentabilidade passa a fazer parte da cultura da empresa, o funcionário passa a pensar a melhor maneira (o jeito mais sustentável) de fazer o que faz.

                           

Para divulgar e discutir as práticas das empresas sustentáveis, Voltolini criou a Plataforma Liderança Sustentável. O movimento que reúnirá durante cinco anos, exemplos de 50 empresas que são cases de sucesso em sustentabilidade. 

Em seu terceiro ano, o movimento traz sempre dez CEOs para contarem suas experiências em um evento anual. Cada um tem 12 minutos para contar seu case de sucesso, sem deixar de lado os perrengues enfrentados para atingir os bons resultados. Depois, os depoimentos são reunidos em um livro. “A intenção é que as histórias inspirem e eduquem mais gente”, diz Voltolini.

Este ano, o tema da Plataforma Liderança Sustentável foi gestão. Presidentes de empresas contaram como estão inserindo a sustentabilidade na estratégia do negócio. As companhias participantes foram Even, Duratex, Itaipu Binacional, Itaú, Renova, Samarco, Santander, Schneider Electric, Unilever e Votorantim.

As empresas que participam da plataforma são escolhidas com base em nomes levantados por especialistas em sustentabilidade. Todos são estudados em detalhes pela equipe do movimento antes de terem o nome aprovado. Quem não é sustentável de verdade, fica fora.

Além do evento e do livro, a plataforma inclui ainda portal, videopalestras, encontros regionais, workshops, estudos, artigos e conteúdos para educadores que trabalham com o tema da sustentabilidade em escolas de negócio e universidades como Fundação Dom Cabral, Fundação Getúlio Vargas e Escola Politécnica da USP.

Fonte: Época Negócios

A sustentabilidade de hoje e a sustentabilidade de amanhã nas empresas


Sustentabilidade é um processo de melhoria contínua.
 
Foi exatamente com essa frase que iniciei minha visita à Fábrica da Fiat em Betim, Minas Gerais, há duas semanas. Na ocasião participei do Circuito das Águas com o intuito de conhecer o programa que reutiliza impressionantes 99,4% da água da fábrica. A verdade é que aquela visita se mostrou muito além de uma empresa que faz excelente gestão de recursos hídricos. Falemos disso no decorrer do texto.
 
Em 2008, quando recém-saída da área de responsabilidade social e na transição para sustentabilidade, já batia na tecla de que sustentabilidade não era uma área isolada na empresa, mas um processo a ser trabalhado por todas as áreas. Inclusive, em 2012, escrevi um white paper sobre o assunto, que está disponibilizado em meu slideshare para quem se interessar:http://pt.slideshare.net/sustentavel1/sustentabilidade-30-email.
 
Mas de volta à visita à Fábrica da Fiat, antes de conhecer o processo de gestão de recursos hídricos, tive a oportunidade de visitar outros setores e verificar como cada área tem sua responsabilidade com metas de sustentabilidade. Para isso, há pontos focais que são responsáveis pela coleta e reporte dos indicadores, que são devidamente monitorados e controlados junto à área de meio ambiente.
 
Se pesarmos do ponto de vista de tempo presente, gestão da sustentabilidade dentro dos processos da empresa é o que tem de melhor a ser feito. E o mais interessante é que você empodera os colaboradores por não precisar ser da área de sustentabilidade para fazer sustentabilidade de verdade.
 
Então fui lá fazer o Circuito das Águas. Uma estação de tratamento moderníssima, com técnicas de tratamento super inovadoras. Não sou muito entendida da área, mas me chamou atenção a utilização do processo de osmose reversa. Graças a ele e ao sistema MBR, a Fiat saltou de 92% no reuso da água para 99,4% em 2010. E o que isso significa? Praticamente a eliminação da captação da água da rede pública e uma economia equivalente ao consumo de uma cidade de 30 mil habitantes!
 
Se não bastasse todo o encantamento que tive com os processos produtivos da Fiat e a sustentabilidade de hoje posta em prática em sua plenitude, veio a cerejinha do bolo. E aí meu olho brilhou de verdade: a visão de futuro.
 
Há um bom tempo venho batendo na tecla de que num futuro não tão longínquo, mais do que processos, a sustentabilidade vai impactar o modelo de negócios das empresas. Sem exceção, independente do setor. Umas vão sofrer mais, outras menos, mas todas sofrerão. E ai de quem não estiver preparada.
 
Pois bem, durante o almoço tive a oportunidade de conversar com um designer que trabalha na área de pesquisa da Fiat. Não, ele não é um designer que projeta carros mais eficientes, que consomem menos matéria prima ou carros mais leves que podem consumir menos combustível. Ele é um cara que trabalha na área de pesquisa tentando entender o comportamento das cidades daqui a 10, 20 anos e o papel do automóvel nesse novo cenário. Ou seja, a visão de futuro que uma montadora precisa ter.
 
Em cidades cada vez mais urbanizadas e inchadas, falar de sustentabilidade do setor automotivo apenas pela perspectiva de processos é falar basicamente da sustentabilidade de hoje. Mas acontece que o hoje já não é suficiente. Afinal, o que poderemos esperar a partir desse único olhar de sustentabilidade dentro de processos? Carros ultra eficientes gerando ecoengarrafamentos!
 
Pensar o papel do automóvel em cidades que caminham para o baixo carbono, pensar o papel do carro dentro de um contexto de transporte de alta capacidade ou de transportes não motorizados, pensar o papel do carro pela perspectiva dos seus impactos, sociais, ambientais e econômicos é fundamental.
 
Por isso, falar de sustentabilidade de uma empresa automobilística no longo prazo é ir muito além de processos; é falar da transição para uma empresa de mobilidade. Só que, somado a isso, é preciso não demonizar o automóvel, que tem papel importantíssimo dentro do sistema econômico dos países, principalmente de um país como o Brasil.
 
Assim, diante de uma visão bem ampla, saí da visita na fábrica da Fiat com a certeza de que, mais do que pensar em vilões, cabe a todo setor automobilístico contribuir para a construção e o planejamento de cidades melhores, onde carros, ônibus, três, metrôs e bicicletas e cidadãos caminham em perfeita harmonia.
Fonte: Um olhar sustentável sobre o mundo empresarial 

Desafio urgente: a responsabilidade socioambiental das empresas


   Já se deixou para trás o economicismo do Nobel, Milton Fridman, que, no Time de setembro de 1970, dizia: “a responsabilidade social da empresa consiste em maximizar os ganhos dos acionistas”. Mais realista é Noam Chomsky: “As empresas é o que há de mais próximo das instituições totalitárias. Elas não têm que prestar esclarecimento ao público ou à sociedade. Agem como predadoras, tendo como presas as outras empresas. Para se defender, as populações dispõem apenas de um instrumento: o Estado. Mas, há, no entanto, uma diferença que não se pode negligenciar: enquanto, por exemplo, a General Electric não deve satisfação a ninguém, o Estado deve regularmente se explicar à população” (em Le Monde Diplomatique Brasil, n. 1, agosto 2007, p. 6).

                  

   Já há décadas que as empresas se deram conta de que são parte da sociedade e que carregam a responsabilidade social no sentido de colaborarem para termos uma sociedade melhor.

   Ela pode ser assim definida: A responsabilidade social é a obrigação que a empresa assume de buscar metas que, a meio e longo prazo, sejam boas para ela e também para o conjunto da sociedade na qual está inserida.

   Essa definição não deve ser confundida com a obrigação social que significa o cumprimento das obrigações legais e o pagamento dos impostos e dos encargos sociais dos trabalhadores. Isso é simplesmente exigido por lei. Nem significa a resposta social: a capacidade de uma empresa de responder às mudanças ocorridas na economia globalizada e na sociedade, como, por exemplo, a mudança da política econômica do governo, uma nova legislação e as transformações do perfil dos consumidores. A resposta social é aquilo que uma empresa tem que fazer para se adequar e poder se reproduzir.

   Responsabilidade social vai além disso tudo: o que a empresa faz, depois de cumprir com todos os preceitos legais, para melhorar a sociedade da qual ela é parte e garantir a qualidade de vida e o meio ambiente? Não só o que ela faz para a comunidade, o que seria filantropia, mas o que ela faz com a comunidade, envolvendo seus membros com projetos elaborados e supervisionados em comum. Isso é libertador.

   Nos últimos anos, no entanto, graças à consciência ecológica despertada pelo desarranjo do sistema-Terra e do sistema-vida surgiu o tema da responsabilidade socioambiental. O fato maior ocorreu no dia 2 de fevereiro do ano de 2007 quando o organismo da ONU, que congrega 2.500 cientistas de mais de 135 países, o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), após seis anos de pesquisa, deu a público seus dados. Não estamos indo ao encontro do aquecimento global e de profundas mudanças climáticas. Já estamos dentro delas. O estado da Terra mudou. O clima vai variar muito, podendo, se pouco fizermos, chegar até a 4-6 graus Celsius. Esta mudança, com 90% de certeza, é androgênica, quer dizer, é provocada pelo ser humano, melhor, pelo tipo de produção e de consumo que já tem cerca de três séculos de existência e que hoje foi globalizado. Os gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono e o metano, são os principais causadores do aquecimento global.

   A questão que se coloca para as empresas é esta: em que medida elas concorrem para despoluir o planeta, introduzir um novo paradigma de produção, de consumo e de elaboração dos dejetos, em consonância com os ritmos da natureza e a teia da vida e não mais sacrificando os bens e serviços naturais.

   Esse é um tema que está sendo discutido em todas as grandes corporações mundiais, especialmente depois do relatório de Nicholas Stern (ex-economista-senior do Banco Mundial), do relatório do ex-vice-presidente dos USA Al Gore, “Uma verdade incômoda”, e dos várias Convenções da ONU sobre o aquecimento global. Se a partir de agora não se investirem cerca de 450 bilhões de dólares anuais para estabilizar o clima do planeta, nos anos 2030-2040 será tarde demais e a Terra entrará numa era das grandes dizimações, atingindo pesadamente a espécie humana. Uma reunião de julho de 2013 da Agencia Internacional de Energia (AIE) enfatizava que as decisões têm que ser tomadas agora e não em 2020. O ano 2015 é nossa última chance. Depois será tarde demais e iríamos ao encontro do indizível.

   Estas questões ambientais são de tal importância que se antepõem à questão da simples responsabilidade social. Se não garantirmos primeiramente o planeta Terra com seus ecossistemas, não há como salvar a sociedade e o complexo empresarial. Portanto: é urgente a responsabilidade socioambiental das empresas e dos Estados.

Por Leonardo Boff (Filósofo, teólogo, escritor e comissionado da Carta da Terra).

* Publicado originalmente no site Adital

Fonte: Envolverde

Gente e ambiente: sinônimos de qualidade


 

“O supermercado, em parceria com o fornecedor, deve conscientizar o consumidor sobre os produtos. Educá-lo para que saiba o que e porque ele o está adquirindo”, Julio Erthal, executivo da Sustentax

Discutir sustentabilidade está na moda tanto dentro das empresas quanto na mídia. Diferentes estudos apontam que o consumidor está disposto a pagar mais por um produto sustentável. Varejistas dizem ter práticas ambientais. Afinal, será que varejo e cliente sabem o que realmente significa ser sustentável e como usar desta prática?

Pensando nisso, a Associação Brasileira da Indústria, Equipamentos e Serviços Para o Varejo (ABIESV) realizou o 10º Backstage do Varejo – Sustentabilidade e Gestão de Ativos. O evento aconteceu na quarta-feira, dia 14, e contou com a presença de 40 representantes varejistas.

Os palestrantes foram Julio Erthal, executivo da empresa Sustentax, Katia de Assis, superintendente de Serviços Hospital Albert Einstein, Marcelo Nakamura, Diretor Executivo Connect The Dots, e Andrea Vaine, presidente do Grupo Brasileiro de Serviços (GAS).

Quem dá início ao encontro é Julio Takano, presidente da ABIESV e sócio diretor da Kawara Takano – Soluções para o Varejo. Em entrevista, ele fala da maneira de conscientizar os varejistas sobre sustentabilidade criando novos termos técnicos.

“A prevenção e a manutenção preventiva, e não corretiva, ajudam na sustentabilidade do negócio. Numa loja de roupas, por exemplo, o departamento de compras é chamado de setor produtivo, nós, de ‘setor improdutivo’, porque somos despesa. Imagina uma rede aonde os ganhos no final do ano são de 3% e você ainda pode economizar 10% disso. Aí o mundo se volta pra sustentabilidade de negócio”, afirma Julio.

Seguindo este pensamento, Julio Erthal é o primeiro palestrante do evento. “Sustentabilidade do varejo existe quando o negócio é rentável e tem perenidade. O varejista precisa atrair o cliente e garantir melhor experiência de compra”. O momento crucial é sobre os diferenciais competitivos para o varejo baseados na tríade: aprazibilidade, oferta consciente e valor agregado.

“A aprazibilidade é a sensação de bem-estar proporcionada por um ambiente agradável”. Este sentimento descrito por Julio é ligado à loja, não ao produto. Ele pode – e deve – ser transmitido ao consumidor, para que ele volte por sentir-se bem, mesmo sem a intenção de comprar, e ao funcionário, para que ele tenha maior produtividade.

Oferta consciente é a disponibilização de informação sobre os produtos disponibilizados, independente do segmento ao qual ele faz parte. “As empresas focam na origem e deixam de lado o benefício que o item pode fazer ao consumidor. Qualidade, saúde, toxicidade são itens que devem ser explicados ao cliente. O varejista tem a responsabilidade de informar”.

Em meio a necessidade de explicar ao consumidor sobre os produtos, Julio mostra a diferença entre ecológico, verde e sustentável. “Ser ecológico é preservar o ambiente o mais intacto possível; verde são os menores impactos ambientais, saúde humana, como por exemplo, as geladeiras com selo Procel; e sustentabilidade é desejável, não faz mal a saúde e é acessível”.

E o terceiro da tríade: valor agregado. “É a relação custo x benefício. Preço, qualidade, atendimento, comodidade e economia de tempo são os itens que fidelizam os clientes”.

Sustentabilidade em gestão de estrutura e manutenção predial
Ser sustentável na gestão de estrutura está ligado a uma expressão algébrica de dois termos: manutenção predial – gente, gestão e tecnologia – e sustentabilidade – meio ambiente, economia e o homem.

Segundo Marcelo Nakamura, diretor executivo da Connect The Dots – empresa de gestão em infraestrutura e manutenção – a manutenção predial está ligada, diretamente, à produtividade, qualidade e sustentabilidade. “O tripé, gente, gestão e tecnologia garante o foco em preventivas, retroalimentação do processo”. E garante, “gestão sustentável é prática possível”.

A primeira fase do tripé – gestão – é o processo de qualidade: plano de manutenção, gestão de ocorrência com visão do antes e depois e procedimentos operacionais, além de gestores preparados e pró-ativos, planejamento e logística. A terceira parte – tecnologia – é baseada em software de gestão através de serviço, acesso web e móbile, plano de manutenção, ocorrências, relatórios e indicadores.

A segunda parte – gente – é como a base do tripé. “Profissionais bem treinados técnica e legalmente, programas de incentivo ao ensino especializado e superior, bem remunerados e motivados trabalham melhor”, afirma Nakamura. O diretor executivo comenta que salários acima da base sindical, planos de saúde, seguros, bonificação por resultado e plano de desenvolvimento individual são diferenciais aplicáveis e que geram um resultado positivo ao colaborador e à empresa.

Prática sustentável – Case
A superintendente de serviços do Hospital Albert Einstein, Kátia de Assis, apresentou a prática realizada no setor de rouparia e tecidos fornecidos aos pacientes.  “Passamos a reutilizar tecidos danificados: lençóis rasgados são transformados em fronhas, toalhas manchadas são cortadas, devidamente higienizadas e voltam como panos para o centro cirúrgico”, conta.

O hospital mobilizou funcionários e o fornecedor dos tecidos, “o plástico que envolve o material é recolhido pelo fornecedor e transformado em bobinas, os uniformes são produzidos de acordo com a atividade desenvolvida por cada colaborador. Desta forma, houve uma economia de R$260mil para a instituição”, declara Kátia.

GAS
O Grupo de Administradores de Serviços existe desde 1983 e é formado por 33 empresas tomadoras de serviços, é informal e sem fins lucrativos. As metas do GAS são desenvolver indicadores, gerar conteúdo referencial e fortalecer o grupo no mercado para estímulo.

“Incentivar, viabilizar e ser reconhecido pelas práticas responsáveis sociais e sustentáveis são os objetivos dos Facility Managers do grupo”, explica  Andreia Vaine da Costa, presidente do grupo. “São realizadas 11 reuniões ao ano para discutir práticas mundiais que podem se estabelecer. Cada empresa participante do Grupo sedia o espaço para uma reunião”.

O grupo é formado por colabores de empresas como a Natura, GE, Hospital Albert Einstein, Alergan, C&A, Dupont, Unilever, Novartis, Santander, Redecard, Tam e Pepsico.

Fonte: Consumidor Consciente

Por que as empresas dão tanto valor aos relatórios de sustentabilidade?


      

Quem acompanha esse blog sabe que não sou lá muito fã de relatórios de sustentabilidade.  É claro que acho que deve haver uma prestação de contas pública a respeito das ações de sustentabilidade. Mas acho que relatório é nada mais do que isso. Prestação de contas. Ponto.

Acontece que para muitas empresas, o relatório ganhou um protagonismo que, para mim, não faz o menor sentido. Em tese, repito, ele é apenas a prestação de contas daquilo que foi feito. DAQUILO QUE FOI FEITO. Relatório não passa da ponta final de todo um processo de gestão de sustentabilidade. Por que tanto cuidado com o final se o meio e o início são, simplesmente, relegados a um segundo plano?
 
Sinceramente acho que pouco deveria importar a metodologia de coleta de dados (sério, isso é simples demais para a montanha de dificuldade que as empresas dizem ter nessa ação) ou em qual versão GRI o relatório é baseado. Mais sinceramente ainda, é um documento que pouca gente lê. Sem contar que a forma como os indicadores são reportados hoje não despertam nenhum interesse do mercado financeiro.
 
Conheço empresas que cobram R$ 200.000,00 (e muitas vezes até mais) para escrever um relatório. ESCREVER. Conheço empresas que mal fazem sustentabilidade e criaram uma gerência de GRI. GERÊNCIA. Com direito a analistas e suporte de consultoria. Conheço universidade que criou linha de pesquisa de mestrado/doutorado para GRI. Imaginem, sofrer que nem um cão num mestrado para no final escrever uma dissertação sobre a importância de relatar o que as empresas fingem que fazem para um mercado que finge que acredita.
 
E aí pergunto: para que tanto investimento, não apenas financeiro, mas principalmente de tempo, de esforço, de estratégia corporativa para um mero relatório de sustentabilidade? Será que ele é mais importante do que colocar em prática a sustentabilidade dentro de uma empresa?
 
Não, não é!
 
O que acontece é que preocupadas basicamente com reputação e de olho no que seus pares fazem, as empresas investem na construção de relatórios que beiram a ficção. Sim, porque o que se tem hoje são relatórios que contam uma história onde acidentes não acontecem, onde conflitos sociais são problemas de fácil solução, onde fauna e flora não são impactadas pelas operações industriais, onde as emissões não contribuem para as mudanças climáticas e, principalmente, onde as externalidades são apenas externalidades.
 
 
E com um monte de livros de ficção (sim, relatórios com mais de 80 páginas em tamanho A4 são livros, convenhamos!) publicados anualmente, as empresas vão fingindo que fazem sustentabilidade. Não, elas não fazem. Muito longe disso. Inclusive empresas com relatórios impecáveis são verdadeiramente insustentáveis.
 
Acho que está na hora de sairmos da fase de enrolação e amadurecermos de fato a sustentabilidade dentro das empresas. O ano de 2013 foi particularmente ruim para quem é da área, seja pelas muitas demissões, seja (para quem trabalha com consultoria) pela falta de projetos estratégicos (sempre aquele basicão de condicionantes ambientais/sociais) e seja, principalmente, pela (falta de) profundidade do discurso de sustentabilidade corporativa. O fato é que, passado o oba-oba da Rio+20, nós regredimos. E regredimos feio.
 
Mas como não costumo desistir no meio do caminho e muito menos me entregar ao que é mais fácil, proponho, aproveitando que 2014 ainda está no início: que tal pararmos de pensar um pouquinho em relatórios, GRIs, G4 e afins e começarmos a praticar sustentabilidade corporativa de gente grande? 

Texto por: Julianna Antunes

Foto: Reprodução
Fonte: http://www.sustentabilidadecorporativa.com/2014/01/por-que-as-empresas-dao-tanto-valor-aos.html#ixzz2sjeaofmy

 

Tomando a decisão sustentável


                   

 

Cada vez mais as empresas discutem a sustentabilidade, mas exatamente o quê elas querem dizer? Embora muitas pessoas definam práticas sustentáveis como aquelas que beneficiam a sociedade, a sustentabilidade corporativa é reduzida, frequentemente, à minimização de danos ao meio ambiente. Assim, as empresas têm adotado medidas como a redução de materiais e do consumo de energia, e o uso de artigos reciclados.

 

As empresas não têm enfrentado muitas dificuldades para mudar suas práticas para se tornarem socialmente mais responsáveis. A redução da quantidade de energia e materiais utilizados na fabricação de um produto gera significativas economias de custo. Como resultado, a grande maioria das empresas tem alterado sua cadeia de suprimentos e operações para tirar proveito desta “fruta de fácil colheita”.

 

A iniciativa “ecomaginação” da General Electric é um bom exemplo de como uma empresa pode tornar a si mesma, e a seus consumidores, mais sustentável ao impulsionar o crescimento econômico. Estas inovações incluem motores a gás natural, baterias de sódio e sistemas de captação de carbono, que minimizam os impactos no meio ambiente enquanto aumentam a eficiência.

 

Outro exemplo é a garrafa plástica de água “Eco-Fina”, da Aquafina, produzida com 50% menos plástico e que, consequentemente, tem metade do peso. A Aquafina teve economias não só nos custos dos materiais, mas também nas despesas com transporte, restringindo, portanto, as emissões de CO2.

 

A sustentabilidade além da rentabilidade

Há empresas que não dão a importância devida às práticas sustentáveis, considerando a sustentabilidade como sinônimo de rentabilidade. Mas o que acontece quando elas precisam ir um pouco além? Quando chegar o momento, elas estarão dispostas a tomar decisões mais difíceis e dispendiosas que beneficiarão a sociedade? Se tomarmos como base a escolha recente da J.P. Morgan Chase & Co., de não mais participar do mercado de empréstimo estudantil nos EUA, os sinais não são promissores.

 

No início de 2013, um relatório da FICO destacou crescentes quantidades de empréstimos e taxas de inadimplência no mercado norte-americano de empréstimos estudantis. De acordo com Andrew Jennings, diretor de análise e laboratórios da FICO, “esta situação é simplesmente insustentável”. Embora a afirmação não seja surpreendente a princípio, ela representa uma tendência crescente no discurso corporativo de equiparar sustentabilidade e rentabilidade. Se algo que é essencial para beneficiar a sociedade, como o financiamento da educação, deixa de ser rentável, isto significa que o setor privado simplesmente deve abandoná-lo?

 

Thasunda Duckett, diretora executiva de empréstimos estudantis da J.P. Morgan Chase, afirmou que o maior banco norte-americano está se retirando do setor de empréstimos estudantis dos EUA porque “simplesmente não vemos este como um mercado no qual podemos crescer de modo significativo”. Segundo recentes relatórios da FICO, o próprio mercado está em expansão, porém, sua rentabilidade está em queda. De forma semelhante, o US Bancorp parou de aceitar pedidos de empréstimo estudantil em março do ano passado, assim como bancos norte-americanos menores também estão debandando do mercado.

 

O aumento dos pedidos de empréstimos estudantis pode ser atribuído à situação econômica dos EUA e aos custos de ensino cada vez maiores. Mas com os empréstimos federais Stafford limitados a US$ 31 mil e os custos da educação em crescimento devido ao aumento da demanda, onde os estudantes poderão obter empréstimos adicionais para cobrir suas necessidades se não for junto aos bancos privados? À medida que famílias de baixa renda enfrentam maior dificuldade para financiar suas casas e, agora, para educar seus filhos, a decisão por parte dos bancos de abandonar o mercado seria a mais “sustentável” ou simplesmente a mais rentável? E com base em qual perspectiva de tempo a rentabilidade está sendo avaliada?

 

Pensando no futuro

Algumas empresas e indústrias como um todo são obrigadas a expandir suas perspectivas de tempo visando à rentabilidade. O setor farmacêutico é um bom exemplo. Seus produtos exigem um custo inicial significativo e enfrentam riscos elevados de fracasso, mas resultam em soluções que beneficiam, em muito, a sociedade. Embora a indústria de medicamentos seja alvo de muitas críticas, ela oferece pistas sobre como os ganhos em curto prazo podem ser sacrificados visando à rentabilidade no longo prazo para promover a sustentabilidade.

 

A noção de “capital paciente” é proeminente na área do desenvolvimento internacional, no qual os investimentos são feitos com um panorama de 10, 20 ou até 50 anos, assim como na emergente área de operações bancárias sustentáveis. Estes bancos, que surgiram dos movimentos de investimento socialmente responsáveis e de microfinanciamentos, estão voltados para o investimento em empresas e organizações que visam beneficiar a sociedade. O Triodos Bank, sediado na Holanda, investe apenas em iniciativas sustentáveis, avaliando como beneficiarão a sociedade antes de determinar sua viabilidade financeira. O banco também aboliu os bônus para assegurar que os funcionários (ou “colegas de trabalho”, como são chamados no Triodos) não sejam financeiramente incentivados a tomar decisões não sustentáveis.

 

Foco na sociedade, não mais no lucro

A mudança de uma perspectiva com foco no lucro para uma com foco na sociedade exige noções de tempo mais longos, assim como produtos e modelos de negócios inovadores. As empresas geralmente inovam rapidamente se for para aumentar sua rentabilidade no curto prazo, como pudemos ver no desenvolvimento de títulos hipotecários e derivativos que levaram à crise financeira global. No entanto, as empresas precisam agora começar a focar inovações que realmente beneficiem a sociedade. Ao ampliar o período para se obter retornos de investimento e priorizar a sustentabilidade em detrimento da rentabilidade, as empresas passam a promover um futuro promissor para si mesmas e para as sociedades ao seu redor.

 

 

 

Por Francisco Szekely, professor de Leadership and Sustainability da Sandoz Family Foundation e diretor do Global Center for Sustainability Leadership (CSL) no IMD.

 

 

 

 

Fonte: Ideia Sustentável

Dez empresas são donas de 73% das sementes de todo o mundo


           

Podem as grandes multinacionais agroquímicas se converterem nos donos dos alimentos que a Terra produz? Podem essas mesmas empresas transformar a natureza e suas sementes em sua exclusiva propriedade privada?

A resposta provoca espanto: Sim! Por esse motivo, a fonte dos alimentos do planeta em que vivemos está hoje em risco. Dez empresas agroquímicas são donas de 73% das sementes que existem no mercado internacional.Devido à sua difusão em grande escala, em alguns países já desapareceram 93% das variedades tradicionais de várias sementes.

Somente no México, 1.500 variedades de milho estão em perigo de extinção, em decorrência das práticas comerciais e legais introduzidas pela Monsanto e outras nove empresas agroquímicas no mercado agrário desse país.É duro acreditar nisso, mas estas empresas estão privatizando as origens da natureza.

A FAO afirma que essas práticas estão prejudicando a agricultura sustentável, destruindo a diversidade biológica e substituindo as variedades nativas por plantas geneticamente modificadas e vulneráveis às doenças.Um relatório publicado pela revista NationalGeographic descreve este desastre:

. Em 1903, as principais variedades de milho existentes no mercado alimentar do mundo eram 307; hoje restam apenas 12 variedades.

. As de repolho eram 544; hoje restam apenas 28.

. As de alface eram 497; hoje restam apenas 36.

. As de tomate eram 408; hoje restam apenas 79

. As de beterraba eram 288; hoje restam apenas 17.

. As de rabanete eram 463; hoje restam apenas 27.

. As de pepino eram 285; hoje restam apenas 16.

Este processo de degradação da natureza é simples e ao mesmo tempo perverso. Quando uma destas multinacionais chega a um país, quase sempre amparada por uma cláusula de um tratado de livre comércio, a lógica simples da natureza é substituída por um encadeamento diabólico de procedimentos legais e comerciais, iniciado nos bancos.

A partir do momento em que a empresa agroquímica abre as suas operações comerciais em um país, os bancos se negam a financiar os camponeses que continuarem semeando as variedades tradicionais. Só dão empréstimos aos que aceitarem cultivar variedades transgênicas patenteadas.

Os bancos também não oferecem assistência técnica para quem não utilizar as suas sementes. Quando chega a época de colheita, as redes de supermercados não compram outras que não sejam as variedades de produtos transgênicos certificados com suas patentes. Depois da colheita, os agricultores não podem conservar as suas sementes.

Os contratos os obrigam a destruí-las. Para voltar a semeá-las, deverão comprar novas sementes patenteadas. Do contrário, são denunciados e submetidos a longos e onerosos processos judiciais.

Os resultados deste encadeamento asfixiante são dramáticos. Somente na Índia, milhares de camponeses se suicidaram desde 1990, e o seu número disparou até chegar a 15 mil camponeses por ano, desde 2001, pressionados por dívidas impagáveis e por embargos judiciais.

Para tragédias como estas, é importante incluir as catástrofes ecológicas provocadas pelo uso em grande escada de agrotóxicos altamente nocivos visando a controlar as pragas nos cultivos transgênicos. Um dos agrotóxicos produzidos pela Monsanto está acabando com milhões de abelhas em vários países da Europa.

Em lugar de suspenderem a venda de seus venenos, a empresa está desenvolvendo em seus laboratórios abelhas robóticas para polinizarem as plantas. Se este projeto for levado adiante, os agricultores europeus não só terão que pagar à Monsanto pelas sementes patenteadas e pelos agrotóxicos, também terão que pagar pelas abelhas…

Se o mundo continuar governado por esta lógica abusiva, as grandes multinacionais agroquímicas vão acabar patenteando como propriedade privada até o livro da Gênese, onde a Monsanto será a criadora de toda a “vida” na Terra.

 

Fonte: mst.org.br ; mma.gov.br 

Laísa Mangelli

Os valores e o papel do líder para a cultura da sustentabilidade


Por Marise Barroso

Fala-se muito em sustentabilidade corporativa nos dias de hoje, mas são poucas as empresas que têm a gestão da sustentabilidade no seu DNA, no seu dia a dia operacional.

Para que realmente se viva a sustentabilidade em toda a organização, ela deve fazer parte da visão, da missão e da estratégia integral do negócio, estando presente na tomada de decisão no mais alto nível e estendendo-se a toda a organização.

A sustentabilidade deve permear cada uma das grandes e pequenas decisões da empresa.

Gerar e manter uma cultura empresarial de sustentabilidade requer um grande esforço e real convicção de toda a empresa e especialmente de seus líderes, já que a responsabilidade coletiva e individual é muito maior ao mensurar resultados econômicos, sociais e ambientais derivados dessa cultura.

E para poder passar de um grau de melhoramento contínuo a um patamar de inovação e geração de valor real através da cultura de sustentabilidade, faz-se necessário alinhar toda a organização por meio de valores compartilhados, por um propósito comum que só será alcançado por uma estratégia de negócio e um plano de metas que seja de conhecimento de todos os colaboradores.

Sustentabilidade, Desenvolvimento Organizacional e Comunicação Corporativa andam necessariamente de mãos dadas por esse caminho.

Nesse caminho, pelo qual falamos de prosperidade para toda a cadeia de valor da empresa e não mais de lucro, o papel dos líderes é fundamental, pois eles são o principal canal de comunicação e exemplo para seus liderados na posta em marcha da estratégia e do agir com integridade.

Os líderes empresariais têm uma enorme responsabilidade nas mãos, especialmente nos dias de hoje, em que o planeta nos avisa que já não pode resistir ao atual padrão de consumo da população.

O verdadeiro líder sempre poderá optar por exercer sua influência em benefício de um mundo melhor e das futuras gerações por meio de sua atuação em uma empresa, pois dele depende o exemplo, o estímulo a um consumo mais consciente, as renúncias ao que não é ético, mesmo que isso lhe custe o “estar líder” em uma determinada organização.

A verdade nua e crua é que, durante a jornada profissional e pessoal de cada um de nós como líderes empresariais, certamente mais cedo ou mais tarde nos faremos algumas perguntas: eu estou fazendo tudo o que está em minhas mãos para propiciar aos mais jovens e às futuras gerações um ambiente mais próspero, mais justo e menos violento do que eu pude desfrutar?

Eu estou medindo o meu sucesso pela quantidade de bens que consigo acumular ou pela quantidade de pessoas que educo e apoio para que tenham uma vida mais digna? Eu passo o meu tempo reclamando dos governos ou me engajo com outros líderes para transformar o meu país? A resposta a essas perguntas será, sem dúvida, o nosso legado

Fonte: Ideia Sustentável

Pressão pública leva grandes empresas de alimentos a melhorar suas políticas


 
A mobilização de centenas de milhares de pessoas fez com que nove das dez maiores empresas de alimentos e bebidas em todo o mundo melhorassem políticas de compras com impactos sociais e ambientais em suas cadeias de fornecimento ao longo dos últimos doze meses, declara a Oxfam, organização não governamental internacional que combate a pobreza.

A avaliação do primeiro ano do ranking de políticas empresariais da campanha Por trás das Marcas, lançado pela organização em 26 de fevereiro de 2013, mostrou que algumas empresas líderes do setor alimentício fizeram grandes avanços para a melhoria de políticas de compras de matérias primas envolvendo toda a cadeia de fornecimento, com impacto nos direitos à terra, direitos das mulheres e na redução das emissões de carbono. Mas, de maneira geral, as “Dez Grandes” evoluíram pouco como grupo, desmotivadas sobretudo por empresas que não demonstram interesse ou vontade de mudar.

 
 
Por trás das Marcas é um ranking que classifica as “Dez Grandes” de acordo com suas políticas sobre transparência (origem de suas matérias primas), gênero (situação das mulheres produtoras), trabalhadores (condições de trabalho), agricultores impactados, acesso a terras, à água e impactos no clima. Nove delas melhoraram no decorrer dos últimos doze meses. A General Mills, dona das marcas Haagen-Dazs e Nature Valley, entre outras, foi a única exceção, caindo para a última posição.
 
 
As três empresas com melhor desempenho – a Nestlé (1o lugar), a Unilever (2o lugar) e a Coca-Cola (3o lugar) – alcançaram suas posições com as melhores margens, respectivamente 10, 14 e 13%. A ABF, Associated British Foods (9o lugar) e a Kellogg’s (8o lugar) melhoraram significativamente, com 8 e 6%, respectivamente. As empresas com desempenho mediano– a Danone (6o lugar, empatado), a Mars (6o lugar, empatado), a Mondelez (4o lugar, empatado) e a PepsiCo (4o lugar, empatado) – também melhoraram, mas pouco, e precisam fazer muito mais.  
 
 
Para Simon Ticehurst, diretor da Oxfam no Brasil, “essas mudanças nas políticas são um primeiro passo rumo a melhores práticas e menos fome, menos pobreza e menos danos ambientais, impactando as comunidades envolvidas na cadeia de fornecimento das empresas do setor alimentício”.
 
Prioridade a mulheres e direito à terra
 
 
Em 2013, Por Trás das Marcas concentrou suas ações de mobilização pública especialmente nos temas terras e gênero, questões até então amplamente ignoradas pelas “Dez Grandes”. Em março, a Oxfam fez campanha para que a Mars, a Mondelez e a Nestlé, gigantes do chocolate, mudassem suas políticas e ajudassem a acabar com a desigualdade enfrentada por mulheres no campo – com sucesso.
 
 
Em outubro, apontamos para a Coca-Cola, a Pepsi e a ABF práticas que colaborariam com o fim das apropriações injustas de terras em suas cadeias de suprimento. A Coca-Cola, em particular, agiu rápido, e anunciou globalmente uma nova política de tolerância zero à apropriação injusta de terras. A ABF também aderiu a novas políticas, que começam a abordar a questão. A Oxfam está em diálogo com a Pepsi para obter um comprometimento semelhante.
 
 
“A maioria das Dez Grandes está na direção certa, agora que centenas de milhares de consumidores e investidores que controlam trilhões em ativos estão exigindo que o modo tradicional de conduzir os negócios seja repensado”, diz Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam Internacional.
 
 
“Algumas empresas mostraram liderança, mas outras parecem precisar ser empurradas. Vai levar tempo para reverter 100 anos de história, em que se dependeu de terra e mão-de-obra baratas, com um alto custo socioambiental, para se produzir em massa a lucros astronômicos. Foi dada a largada para a corrida rumo ao topo, e há tanto líderes quanto retardatários muito bem identificados.”
 
 
Novas políticas de seis das Dez Grandes endossam o princípio da Consentimento Livre Prévio e Informado, que ajuda a garantir que as comunidades locais sejam consultadas e deem seu consentimento antes de que as terras utilizadas por elas possam ser vendidas ou utilizadas em grandes empreendimentos.
 
 
Sete empresas já assinaram também os Princípios de Empoderamento da Mulher, da ONU, um compromisso de alto nível para que empresas melhorem as condições das mulheres impactadas por seus negócios. As três maiores empresas de cacau – Nestlé, Mondelez e Mars – lançarão, em maio de 2014, um plano de ação detalhado para lidar com a desigualdade de gênero em suas cadeias de suprimento. Oito empresas melhoraram suas políticas com impacto no clima, principalmente por meio de uma divulgação mais ampla sobre suas emissões de carbono e os riscos relacionados a mudanças climáticas.
 
Empresas estão preocupadas com a opnião do consumidor
 
 
“A grande lição do primeiro ano de Por trás das Marcas é que as empresas respondem de maneira rápida e eficaz quando os consumidores exigem métodos de produção mais responsáveis. Nas cadeias de suprimento, já vemos produtores e comerciantes agrícolas começando a melhorar suas práticas para não perder negócios com as “Dez Grandes”, suas maiores compradoras. Precisamos que números ainda maiores de consumidores se manifestem.”
 
 
 

Ranking completo em: http://www.behindthebrands.org/pt-br/ranking

 

Fonte: ImaFlora