Capacidade mundial de energias renováveis aumentará 50% até 2024


Os diversos tipos de energias renováveis no mundo em 2018 e a previsão de sua capacidade para 2024 (AFP)

As energias renováveis verão um aumento de 50% em sua capacidade mundial até 2024, impulsionadas, sobretudo, por pequenas unidades solares, um aumento “animador”, mas insuficiente para substituir as energias fósseis, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE).

Após uma estagnação em 2018, devido às novas orientações orçamentárias na China, o setor voltou a disparar, com um crescimento de dois dígitos previsto para 2019, segundo o relatório “Renováveis 2019” da AIE.

Para os próximos cinco anos, a agência prevê um aumento de 1,2 mil gigawatts de novas capacidades, ou seja, o equivalente à capacidade elétrica atual dos Estados Unidos.

Graças às políticas governamentais e à queda dos custos, as energias renováveis passarão de 26% a 30% da produção de eletricidade mundial, atrás do carvão (cerca de 34%). “Estamos em um momento de transição”, resume o diretor da AIE, Fatih Birol. As energias “solar e eólica estão no centro das transformações do sistema energético”. Mas “serão necessários mais esforços”, para o clima, a qualidade do ar ou o acesso à energia.

O organismo prevê um crescimento “espetacular” (60% da progressão das renováveis) no setor solar fotovoltaico, sobretudo no nível das instalações “descentralizadas”, em comparação com as grandes usinas solares. Trata-se de todos os dispositivos colocados em residências, empresas ou supermercados, capazes de produzir sua própria energia.

Em muitos países, os custos de produção destas instalações caíram até o ponto de ser mais baixos que os preços de venda cobrados pelos fornecedores de eletricidade. E a AIE estima que cairão ainda mais, de 15% a 35% antes de 2024.

China, União Europeia, Estados Unidos e Índia serão afetados, mas também África e vários países da Ásia, onde esses dispositivos representarão “um primeiro acesso à eletricidade para cerca de 100 milhões de pessoas nos próximos cinco anos”, disse à imprensa Paolo Frankl, responsável do âmbito das renováveis na AIE.

“Crescimento meteórico”

Estes sistemas funcionam especialmente bem nas fábricas e comércios, ativos durante o dia, quando se chega ao máximo nível potencial da energia solar.

No nível de particulares também, onde o número de telhados equipados com estas instalações teria que dobrar, até cerca de 100 milhões antes de 2024, segundo a AIE. Ou seja, 6% da superfície de telhados disponível. Lideram a lista Austrália, Bélgica, Califórnia, Holanda e Áustria.

“Um crescimento tão meteórico, fora dos círculos dos fornecedores de energia tradicionais, transformará a forma como produzimos e consumimos eletricidade”, adverte Fatih Birol.

“Seu desenvolvimento tem que ser bem administrado, de modo a garantir rendimentos estáveis para a manutenção das redes, conter os custos de integração ao sistema e distribuir de forma igualitária os custos entre os consumidores”, continua.

Estes sistemas “dão muito poder aos produtores de energia individuais”, resume, mas também “dão aos cidadãos uma forma de contribuir ao combate contra o aquecimento climático”.

Outro setor promissor é a energia eólica marinha, que atualmente produz apenas 0,3% da eletricidade mundial. “Não é nada, mas o potencial é enorme na Europa, Estados Unidos e China”, afirmou Birol.

As energias hidráulica e eólica terrestre também seguirão uma tendência ao aumento. As margens de progresso são imensas, enquanto as emissões de CO2 das energias fósseis, a primeira causa do aquecimento climático, não parecem diminuir.

Em relação aos deslocamentos, apesar dos veículos elétricos, a eletricidade verde representará em 2024 apenas 10% das energias renováveis utilizadas nos transportes (o resto provém dos agrocombustíveis, e tendo em conta que a eletricidade é de origem fóssil em grande parte dos países), destaca a AIE, que defende uma maior regulação e medidas de apoio. “A desconexão entre as declarações dos governos (sobre o clima) e o que acontece na vida real é uma grande preocupação”, alerta Birol.

AFP

Geógrafo dissemina uso de aquecedor solar em BH


Pensando em aproveitar e disseminar o potencial de energia solar do Brasil, o geógrafo e educador Rafael Xavier, oferece cursos de como fazer um aquecedor solar de baixo custo, que foi desenvolvido pela ONG Sociedade do Sol.

Ele fez os cursos da ONG em São Paulo, tornou-se monitor e multiplica a tecnologia por Belo Horizonte. Até o momento, 3 mil pessoas já receberam seus cursos, que pode ser feito por qualquer um, sem necessidade de habilidade prévia e dura apenas 8h.

O objetivo de Rafael Xavier é levar um aquecedor solar de baixo custo para todas as moradias do país. A tecnologia utiliza a energia do sol e é construída com materiais baratos, utilizando técnicas simples de construção, como furo, colagem, pintura e montagem.

Para saber como fazer o curso e tornar-se um usuário ou multiplicador do aquecedor solar de baixo custo, basta entrar em contato com a ONG Sociedade do Sol. Se preferir encarar o desafio sozinho, eles ainda oferecem tutoriais para construir o aquecedor em casa.

Benefícios dos aquecedores solares.

Para cada m2 de coletores de energia solar, 55m2 deixam de ser inundados. Essas áreas normalmente tem alto potencial agrícola. Além disso, 1m2 de coletor instalado economiza 215 m3 de lenha, 73 litros de gasolina e 66 litros diesel.

Fonte: Catraca Livre (http://catracalivre.com.br/bh/sustentavel/indicacao/geografo-dissemina-uso-de-aquecedores-solares-em-bh/ )

Uma ilha 100% energia renovável


Uma ilha 100% energia renovável, artigo de José Eustáquio Diniz Alvesebook

 

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[EcoDebate] O mundo precisa superar a era dos combustíveis fósseis e avançar na revolução da energia renovável. O Acordo de Paris, aprovado na COP-21, fala da descarbonização da economia e no avanço das energias renováveis. Livros, como o de Lester Brown e colegas “The Great Transition Shifting from Fossil Fuels to Solar and Wind Energy” encaram com otimismo da transição da energia fóssil e nuclear para as “energias limpas”, a partir do fortalecimento da produção de energia solar, eólica e outras fontes renováveis.

Sem dúvida houve ganhos tecnológicos recentes e fundamentais, pois o preço dos painéis solares fotovoltaicos (PV) declinaram 99% nos últimos quatro décadas, a partir de 74 dólares por watt em 1972 para menos de 70 centavos de dólar por watt em 2014. Entre 2009 e 2014, os preços de painéis solares caíram por três quartos, ajudando as instalações globais de PV crescerem 50% ao ano. Ao longo da última década, a capacidade mundial de energia eólica cresceu mais de 20% ao ano, devido ao aumento impulsionado por características atraentes, pelas políticas públicas de apoio à sua expansão e por custos decrescentes. Na China, a produção de eletricidade a partir de centrais eólicas já ultrapassa aquelas a partir de usinas nucleares, enquanto o uso de carvão chegou ao pico (Brown, 2015).

Mas há uma ilha em que as energias renováveis se tornam hegemônicas. A ilha de El Hierro, que fica no arquipélago das Canárias, pertencente à Espanha, pretende abastecer com energia elétrica proveniente de fontes totalmente renováveis todas as suas necessidades. No centro do projeto, está a construção de uma central hidrelétrica.

Reportagem de Karina Ninni e Afra Balazina (2011) mostra que a central inclui um parque eólico, depósitos superior e inferior para água, tubulações e duas estações, uma de bombeamento e outra hidrelétrica. Quando o vento for suficiente, a central produzirá eletricidade com base no parque eólico. Se não houver vento, a energia virá da água. O parque terá uma potência de 11,5 MW, enquanto a demanda dos 10,7 mil habitantes da ilha é de cerca de 7 MW.

Segundo a empresa Gorona del Viento El Hierro: “O excedente de energia eólica será usado para bombear água entre o tanque inferior e o superior. Em tempos de escassez de vento, a água acumulada a 700 metros de altura descerá pelas tubulações até o reservatório inferior, e a eletricidade será produzida com energia da água”.

Assim, a central hidroeólica visa eliminar a dependência exclusiva das fontes intermitentes, como a eólica e a solar. A hidrelétrica acoplada ao sistema eólico e solar funciona como forma de armazenamento de energia potencial. Em caso de emergência, El Hierro poderá utilizar motores a diesel para garantir a energia necessária. O próximo passo é garantir que toda a frota de carros use exclusivamente energia elétrica e renovável até 2020.

Não resta dúvidas que o projeto de El Hierro é uma fonte inspiradora para a economia internacional e a mudança da matriz energética. Mas seria ilusão fazer apologia da tecnologia e apostar todas as fichas de que o desenvolvimento sustentável seria o caminho inevitável para conciliar os avanços materiais e o meio ambiente. Como alertou Ted Trainer, no livro, “Renewable Energy Cannot Sustain a Consumer Society”, a sociedade atual, assentada no triângulo indústria-riqueza-consumismo, é insustentável e injusta, envolvendo taxas de utilização de recursos per capita que são impossíveis de atingir e universalizar para toda a população, ainda que utilizando energia renovável.

Portanto, os investimentos em energia eólica, solar, hidroeólica e hidrosolar devem vir acompanhados de uma mudança no modelo de produção e consumo que degrada a natureza e aumenta a pegada ecológica. O mundo precisa se livrar dos combustíveis fósseis, mas também precisa caminhar rumo ao decrescimento das atividades antrópicas, renovando o estilo de desenvolvimento consumista que tem colocado tantas pressões sobre o meio ambiente e a biodiversidade. A mudança da matriz energética é um primeiro passo. Mas a construção de uma civilização ecológica e ecocêntrica é um sonho ainda muito distante e que vai requerer muitos esforços.

Referências:

ALVES, JED. A revolução da energia renovável e suas limitações. Ecodebate, RJ, 03/07/2015

ALVES , J. E. D. 100% energia renovável, Rio de Janeiro, Cidadania & Meio Ambiente, n. 54, v. X, p. 6-10, 2015. (2177-630X) http://pdf.ecodebate.com.br/rcman54.pdf

ALVES, JED. Energia renovável com baixa emissão de carbono, RJ, Cadernos Adenauer 3, 2014
http://www.kas.de/wf/doc/15610-1442-5-30.pdf

Cadernos Adenauer 3/2014: Eficiência Energética, RJ, 2014, ISBN 978-85-7504-190-1

Karina Ninni e Afra Balazina. A primeira ilha autossuficiente, Estadão, SP, 28/09/2011

Lester Brown et al. The Great Transition Shifting from Fossil Fuels to Solar and Wind Energy, Earth Policy Institute, 2015

Lauren Frayer. Tiny Spanish Island Nears Its Goal: 100 Percent Renewable Energy, September 28, 2014

TRAINER, Ted. Renewable Energy Cannot Sustain a Consumer Society, Springer 2007

 

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

 

in EcoDebate, 20/04/2016

 

Minas Gerais negocia fábrica para placas e células fotovoltaicas


Minas Gerais poderá ter a primeira unidade industrial nacional de produção de placas e células fotovoltaicas. As tratativas foram intensificadas com a presença de autoridades, empresários e técnicos durante visita à França. O vice-governador do estado, Alberto Pinto Coelho, compôs comitiva formada por autoridades e empresários que desde na semana passada estiveram na Região de Rhõne-Alpes, internacionalmente reconhecida pela produção de conhecimento na área de energia renovável, microeletrônica e nanotecnologia.

                                      

O vice-governador destacou que a viagem a França além de ampliar o conhecimento no setor de energias renováveis, marca e intensifica as relações econômicas do estado de Minas Gerais com aquele país.

“Saímos daqui com a expectativa de ser instalada em Minas uma unidade industrial, com transformação de tecnologia, que irá fabricar placas e células fotovoltaicas. A fábrica será, ainda, capaz de beneficiar silício. Este será um enorme salto para a economia mineira”, enfatizou Alberto Pinto Coelho.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, que integra a comitiva, caso o investimento se concretize, Minas Gerais entrará na condição de protagonismo nessa área.

“Eu diria que esta viagem é definitiva. A participação do Governo de Minas e também do governo federal têm sido fundamental. E, agora, nesta viagem à França as presenças aqui do vice-governador Alberto Pinto Coelho, assim também como a do Ministro Fernando Pimentel, e de representantes do BNDES, BDMG, Cemig e CPFL, assim como outros, são importantes para dar ainda mais segurança aos investidores e aumentar as expectativas de que Minas será pioneira neste tipo de indústria no Brasil”, afirmou o presidente da CNI, Robson Andrade.

Centros de referência – Durante três dias autoridades mineiras e nacionais, empresários e técnicos visitam centros de pesquisas, inovação e laboratórios de energia renovável nas cidades de Chamberry e Grenoble, como o Instituto Nacional de Energia Solar (INES), centro de referência no domínio da energia solar e primeiro instituto para este fim na França, se tornando uma instituição pioneira na Europa.  Os trabalhos desenvolvidos no instituto abrangem a inovação em tecnologias de energia solar, armazenamento de energia, mobilidade solar e edifícios energeticamente eficientes.

Foram visitados também o Laboratório de Inovação para tecnologias de novas energias e nanomateriais (Liten) e o Laboratório de Eletrônica e Tecnologia da Informação (Leti).  O primeiro trabalha para apoiar os esforços da França na diversificação da sua matriz energética através do uso mais  eficiente das energias renováveis. Dessa forma, o laboratório atende as necessidades energéticas de transportes e habitação, auxiliando as empresas francesas no ganho de vantagens competitivas no mercado. Já o segundo foca sua atividade em micro e nanotecnologias e suas aplicações, sistemas e componentes de comunicação sem fio,
biologia e saúde, imagem e Micro-Nano Systems (MNS).

A comitiva também se reuniu com a empresa ECM Technologies, que atua com engenharia na indústria automotiva, aeronáutica, tratamento térmico comercial, indústrias eletrônica e fotovoltaica, e com a empresa CEIS, consultoria em estratégia e gestão de risco com foco na área de energia.

         

Energias de Minas – Minas Gerais caminha para se consolidar como centro de referência na produção de energia limpa no país, com o Programa Mineiro de Energia Renovável – Energias de Minas. Lançado em agosto deste ano, o programa cria incentivos para estimular a implantação de novos empreendimentos no setor e, com isso, aumentar a participação de energias renováveis na matriz energética mineira. O “Energias de Minas” integra a estratégia do Governo de Minas de atrair investimentos para a chamada Nova Economia.

Pelo decreto que instituiu o Program “Energias de Minas”, os empreendimentos de energia gerada a partir das fontes solar, eólica, biomassas, biogás e hídrica proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), deverão ter condições diferenciadas. Entre outros incentivos, o decreto prevê tratamento tributário diferenciado para a produção, em Minas, de componentes e ferramentais utilizados na geração de energia renovável (painéis solares, geradores e aerogeradores eólicos, inversores etc).

Os empreendimentos poderão contar ainda com linhas de financiamento de longo prazo oferecidas pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Outro ponto relevante é o apoio à pesquisa e à capacitação técnica para o atendimento à demanda.

Investimentos privados – A expectativa é que o Programa “Energias de Minas” viabilize  investimentos de empresas da cadeia produtiva do setor interessadas em se instalar em Minas. Várias delas já manifestaram interesse ao Governo de Minas em investir no estado.

A Lei nº 20.824, de 31 de julho de 2013, prevê a desoneração do ICMS para vários equipamentos destinados à geração desse tipo de energia elétrica, bem como isenção total do ICMS relativo ao fornecimento da energia gerada pelo prazo de 10 anos, contado da data de início da operação da usina geradora, com recomposição anual, gradual e proporcional, nos cinco anos seguintes, de modo que a carga tributária original somente se restabeleça a partir do décimo sexto ano. Também há previsão de benefício fiscal para o microgerador e o minigerador de energia elétrica.

Ganhos econômicos e ambientais – Além de ambientalmente correto, o incentivo à energia renovável contribui ainda para a geração distribuída de energia elétrica, forma em que a produção ocorre de maneira descentralizada, próximo aos centros de consumo e com menores impactos ambientais e menores perdas nos sistemas de transmissão.

Em 2010, o Atlas Eólico do estado identificou um potencial estimado em 40 GigaWatts (GW) no Estado, sendo que os pontos mais propícios estão localizados na região Norte e no Triângulo Mineiro. Neste ano, a companhia lançou um Atlas Solarimétrico, que aponta os locais mais promissores para instalação de usinas de energia solar no Triângulo Mineiro, no Noroeste e no Norte de Minas.

Já está em fase final de elaboração mapa que irá identificar o potencial do Estado na geração de energia por meio das biomassas.

O desenvolvimento do Programa Mineiro de Energia Renovável – Energias de Minas conta com as participações das Secretarias de Desenvolvimento Econômico (Sede), de Fazenda (SEF), de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Sedvan), do Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), do BDMG e das concessionárias de distribuição de energia elétrica.

Fonte: Ambiente Energia

Cinco usinas eólicas iniciam operação no Rio Grande do Norte


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Entre novembro de 2014 e novembro de 2015 a capacidade instalada do setor cresceu 56,9% em relação aos 12 meses anteriores
Foto: Otávio Nogueira/ Flickr/ (cc)

Um total de cinco usinas eólicas, localizadas no município de Bodó, Rio Grande do Norte, foi autorizado a iniciar operação comercial a partir do dia 30 de janeiro de 2016. Com a permissão por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cerca de 150.000 KW de capacidade instalada de geração a partir dos ventos serão acrescentados ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A autorização foi publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) de segunda-feira, 1º de fevereiro.

A lista de unidades geradoras autorizadas à operação comercial conta com cinco usinas do complexo eólico Calango, sendo elas UEE Calango 1, 2, 3, 4 e 5. Cada empreendimento recebeu autorização para operar 15 unidades geradoras, com 2.000 KW cada, totalizando 30.000 KW.

No dia 31 de janeiro, a usina eólica Ventos de Santa Joana VII, situada no município de Simões, Piauí, também recebeu permissão para iniciar operação comercial. A usina adicionará mais 28.900 KW de capacidade instalação de geração ao sistema elétrico.

A capacidade de geração de energia eólica no Brasil deverá passar dos atuais 8,7 mil megawatts (MW) para 24 mil MW nos próximos oito anos. A estimativa do governo, que consta no Plano Decenal de Expansão de Energia, é que em 2024 o parque eólico brasileiro deverá responder por 11,5% de toda a energia gerada pelo país. Até o fim de 2016, a capacidade instalada deve chegar a 11 mil MW, segundo projeções da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica).

A energia produzida com a força dos ventos é a que apresenta o maior crescimento no país. Entre novembro de 2014 e novembro de 2015 a capacidade instalada do setor cresceu 56,9% em relação aos 12 meses anteriores, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. No ano passado, foram inauguradas mais de 100 usinas eólicas no país, com investimentos de R$ 19,2 bilhões. Atualmente, existem 349 usinas eólicas instaladas no Brasil, a maioria na região Nordeste.

Fonte: EcoD

Projeto: o barco-jardim que limpa a água dos rios


Imagine um jardim flutuante em formato de baleia que é capaz de limpar a água dos rios por onde passar. Esse é o conceito do projeto Physalia, de Vincent Callebaut, um misto de barco e pequeno ecossistema autossuficiente, que usa energia do sol e reduz a poluição via filtro biológico.

                             

A limpeza da água é realizada porque o exterior do barco é coberto de TiO2 (Dióxido de Titânio) que reage com os raios ultravioletas para despoluir o rio.

                              

O projeto do barco tem um teto coberto por jardim e placas solares. Toda a energia é gerada por fontes renováveis. A água adicional é bombeada até os jardins, que funcionam como filtros biológicos para purificar a água.

Fonte: Catraca Livre

Energia renovável emprega milhões no mundo


Energia Renovável Emprega 7,7 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo novo relatório IRENA 
 

O emprego na indústria de energia renovável aumentou em mais de um milhão de empregos no último ano

Nova York, EUA, 19 de maio de 2015  – Mais de 7,7 milhões de pessoas no mundo estão agora empregados pela indústria de energia renovável, de acordo com um novo relatório divulgado hoje pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). Isto representa um aumento de 18 por cento a partir da figura de 6,5 milhões do ano passado. O relatório, Energia Renovável e Jobs – Revisão Anual 2015, também fornece um first-ever estimativa global do número de postos de trabalho apoiados por grandes hidrelétricas, com uma estimativa conservadora de um 1,5 milhão de empregos diretos adicionais em todo o mundo.

"A energia renovável continua a afirmar-se como um grande empregador global, gerando fortes benefícios econômicos e sociais em todo o mundo", disse IRENA Director-Geral Adnan Amin Z.. "Esse aumento está sendo impulsionada, em parte, pelo declínio dos custos de tecnologia de energia renovável, o que cria mais postos de trabalho na instalação, operação e manutenção. Esperamos que esta tendência de alta continue como o caso de negócio para as energias renováveis ​​continua a fortalecer ".

Como nos anos anteriores, o emprego de energia renovável é moldada por mudanças regionais, realinhamentos da indústria, a crescente concorrência e os avanços nas tecnologias e processos de fabricação. Empregos no setor de energia renovável estão cada vez mais sendo criado na Ásia, com cinco dos 10 países com os trabalhos de energia mais renováveis ​​agora localizadas na região (China, Índia, Indonésia, Japão e Bangladesh). Como resultado, mesmo com trabalhos de continuação do crescimento, a União Europeia e os Estados Unidos agora representam 25 por cento dos empregos globais de energia renováveis, em comparação com 31 por cento em 2012.

Os 10 países com os maiores números de emprego de energias renováveis ​​são a China, Brasil, Estados Unidos, Índia, Alemanha, Indonésia, Japão, França, Bangladesh e Colômbia. A indústria solar PV é o maior empregador de energia renovável em todo o mundo, com 2,5 milhões de empregos, seguido de biocombustíveis líquidos, com 1,8 milhões de empregos e de energia eólica, que ultrapassou um milhão de postos de trabalho pela primeira vez este ano. O aumento do emprego se espalha por todo o espectro de energia renovável com energia solar, eólica, biocombustíveis, biomassa, biogás e de pequenas centrais hidroeléctricas todos os aumentos vendo no emprego.

"Se continuarmos a investir nas energias renováveis ​​e os seus múltiplos benefícios económicos, ambientais e sociais, emprego em energias renováveis ​​vai continuar a subir", disse Amin. "A pesquisa de IRENA estima que duplicar a quota das energias renováveis ​​no cabaz energético global até 2030, resultaria em mais de 16 milhões de empregos em todo o mundo."

– See more at: http://www.irena.org/News/Description.aspx?NType=A&mnu=cat&PriMenuID=16&CatID=84&News_ID=407#sthash.8oEpRwRw.dpuf

Fonte: IRENA

Rio Grande do Norte: um polo de negociação energética?


Rio Grande do Norte: um polo de negociação energética? Entrevista especial com Ângelo Magalhães da Silva

 

“Por mais que exista um crescimento de energias renováveis no país, o acesso a essa energia não é garantido nos municípios produtores, porque o valor dessa energia é elevado e as comunidades que se localizam próximo das empresas não recebem benefícios”, afirma o sociólogo.

 

Foto: revistanegocios.net.br
 

A expansão dos parques eólicos do litoral do Rio Grande do Norte para os municípios do interior do estado está associada ao custo da terra, “porque a instalação de parques eólicos na região litorânea é mais cara para as empresas, justamente porque elas têm de disputar capitais com o setor turístico. É por essa razão que elas passaram a investir no interior, onde as terras não são utilizadas para investimentos do turismo”, dizÂngelo Magalhães da Silva, que está pesquisando as contradições socioeconômicas da produção de energia eólica no estado.

 

Segundo ele, na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Linepor telefone, a expansão dos parques eólicos para os municípios pobres também está associada a um “falso discurso” de aumento de empregos e superação da dependência de arrecadação dos munícipios do estado e da União. Contudo, alerta, “depois de 10 anos de produção de energia renovávelno litoral, não houve melhora no ritmo das arrecadações, ou seja, não estamos vendo transformações significativas desses investimentos nos municípios produtores”. Segundo ele, ao longo da última década, não foram produzidos ou divulgados dados que comprovem “mudanças nas condições deacessibilidade aos bens públicos como saúde, educação, alteração da infraestrutura dos municípios” em função dos investimentos de energia eólica nesses municípios.

Ângelo Magalhães da Silva frisa ainda que a população dos municípios não é beneficiada com a produção de energia e tampouco tem acesso à energia mais barata. “Toda essa energia ingressa no sistema nacional de energia e é comprada por empresas que têm participação na própria produção de energia. Então, é uma energia renovável, mas não há nenhum retorno dessa energia para as funções sociais que estão ligadas à sua consolidação, ou seja, as comunidades não recebem um barateamento da energia renovável”. Segundo ele, também não existem dados que indiquem o consumo dessa energia. “O discurso é de que a energia que as pessoas estão utilizando é a do parque eólico, mas não há como constatar isso através de dados a fim de verificarmos, porque depois que a energia entra na rede ela é distribuída, ficando difícil localizar o real destino dela. O maior consumidor interno da energia eólica não é quem precisa, são as empresas que usam o mercado de energia como elemento de competitividade. A energia eólica é cara porque a sua produção se dá em função dos mecanismos de regulação do mercado, ou seja, via os leilões realizados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa, os quais não visam o beneficiamento da população, mas a negociação nos mercados de energia”, conclui.

Ângelo Magalhães da Silva é licenciado e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. É doutor em Ciências Sociais na área de Política, Desenvolvimento e Sociedade pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da mesma universidade. É ainda professor adjunto de Sociologia da Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA.

Confira a entrevista.

 

Foto: fatosedados.blogspetrobras.com.br
 

IHU On-Line – O que suas pesquisas têm verificado sobre os parques eólicos instalados em 18 municípios do Rio Grande do Norte?

 

Ângelo Magalhães da Silva – Essa pesquisa foi aprovada peloConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e envolve duas universidades, aUniversidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e aUniversidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, e oito pesquisadores. Nosso objetivo é compreender quais são osimpactos socioeconômicos dos parques eólicos e já temos algumas constatações. Entre elas, constatamos uma relação entre os governos municipais, as comunidades e as empresas de energia eólica, a qual revela uma associação entreeconomias pobres e estruturas produtivas modernas. Por exemplo, estamos percebendo que há um avanço, ou seja, uma interiorização da produção de energia eólica no Rio Grande do Norte, a qual já ocupa também uma parte significativa do litoral setentrional do Rio Grande do Norte, que faz uma conexão com o litoral do Ceará. Mas essa expansão da energia eólica vem sendo insuficiente para o projeto de expansão da energia eólica no estado. Então, o setor empresarial vem descobrindo, no interior do Rio Grande do Norte, osmunicípios pobres que ficam mais do lado agreste do estado, ou seja, estão descobrindo terras devolutas, terras sem propriedade formal, terras improdutivas e assentamentos que podem ser negociados. Nesse sentido, está havendo umamigração da energia eólica do litoral para o interior, porque a instalação de parques eólicos na região litorânea é mais cara para as empresas, justamente porque elas têm de disputar capitais com o setor turístico. É por essa razão que elas passaram a investir no interior, onde as terras não são utilizadas para investimentos do turismo.

Inicialmente, quando as empresas passaram a investir em energia eólica no estado, tinham um discurso de que era preciso investir no litoral, porque lá havia vento e as condições necessárias para garantir a produção da energia. Mas esse é um discurso falacioso, porque a energia eólica não vive exclusivamente de vento, mas de um pacote de elementos de competitividade, que envolvem a condição da terra, os mecanismos de mercado, que no caso brasileiro são os leilões, e também – esse é um fato novo que estamos analisando – da deficiência tributária dos municípios em que as empresas se instalam.

“No RN não há desdobramento de cadeias econômicas do ponto de vista da criação de empresas locais”

 

10 anos de investimentos em energia eólica

discurso das empresas para produzir energia eólica no interior enfatiza a maior arrecadação dos municípios para suprirem as dependências do Estado e da União. As empresas argumentam que, com os parques eólicos, haverá empregos. Mas no Rio Grande do Norte, depois de 10 anos de produção de energia renovável no litoral, não houve melhora no ritmo das arrecadações, ou seja, não estamos vendo transformações significativas desses investimentos nos municípios produtores. O que percebemos ainda é que há uma dependência dos municípios com relação às transferências governamentais e da União. Não temos ainda nenhum dado que comprove que as mudanças nas condições de acessibilidade aos bens públicos como saúde, educação, alteração da infraestrutura dos municípios, ocorrem em função dos investimentos de energia eólica nesses municípios.

Além disso, há um dado que deve ser revelado: por mais que exista um crescimento de energias renováveis no país, oacesso a essa energia não é garantido nos municípios produtores, porque o valor dessa energia é elevado e as comunidades que se localizam próximo das empresas não recebem benefícios. O que se percebe é que as aproximações que as empresas fazem com as famílias mantêm aquele discurso antigo que já percebemos no Nordeste: de que a saída para o desemprego e para a falta de crescimento está em dispor as terras das comunidades para as grandes empresas. Esse discurso do crescimento e da responsabilidade das empresas com as comunidades não se efetiva, porque há empregabilidade no período de instalação dos parques, e há uma transferência dos recursos tributários durante a instalação dos parques, mas depois desse processo o que se vê nos municípios produtores de energia renovável é o aumento da criminalidade, de doenças transmissíveis como HIV, elitização do acesso à terra, falta de mobilidade populacional.

Estrutura econômica moderna e suas condições ambíguas

O que vemos é uma estrutura econômica moderna que opera em condições sociais ambíguas e desiguais. Por isso o discurso de que a energia eólica é barata e de que seremos autossuficientes em energia eólica não revela as contradições que ocorrem nos municípios, porque eles continuam pobres. Esse discurso de atrair os projetos de energia eólica para os municípios não revela que a terra, nesses municípios, será mais cara, que a especulação imobiliária será crescente.

terra é o principal fator que faz com que as empresas migrem para o interior e é isso que determina o impacto da energia eólica. Percebemos que essas empresas têm estratégias diferentes para se instalarem, de acordo com a condição do uso da terra: quando elas se deparam com assentamentos de camponeses, a negociação exige mais habilidade das empresas, porque estão lidando com grupos organizados. Mas quando a estratégia consiste em comprar terra de camponeses ou de uma família que tem casa na cidade e uma pequena fazenda no interior, o discurso é diferente: de um lado, argumentam que é preciso regularizar a terra para vendê-la e, de outro, junto com a prefeitura, dizem que a terra não é propriedade das famílias e deve ser desapropriada para o uso da energia renovável.

O que ocorre no Rio Grande do Norte é uma clássica manifestação de acumulação de capital realizada pelas empresas, governos municipais e camponeses ou proprietários. Ou seja, são formas antigas de acumulação que ganham características novas no capitalismo moderno através da especulação, da espoliação fundiária e da despossessão da terra.

Desdobramentos econômicos

No aspecto econômico, no Rio Grande do Norte não há desdobramento de cadeias econômicas do ponto de vista da criação de empresas locais para atender os quase 90 parques eólicos que existem. Ou seja, não há nenhum desdobramento desses parques na criação de novas empresas nos municípios, não há a criação de uma dinâmica de serviços e comércios em função desses parques, que poderiam transformar a vida das pessoas que vivem nesses municípios. Ao contrário, essa energia, que é moderna e competitiva, tem sua manutenção feita por empresas que são de fora dos municípios. A estrutura física dos cata-ventos é composta não por uma gestão municipal, mas porque alguns municípios são ricos em calcário e por conta disso conseguem produzir a estrutura do cata-vento, mas a estrutura tecnológica do aerogerador vem de fora. Somente no Ceará há um desdobramento desse tipo de investimento, e lá já surgiram empresas competitivas, modernas, que são resultado do investimento em energia eólica e fotovoltaica, que deram uma nova dinâmica ao estado do Ceará.

“O discurso de que a energia eólica é barata e de que seremos autossuficientes em energia eólica não revela as contradições que ocorrem nos municípios”

IHU On-Line – Como funciona a instalação dos parques em relação ao uso da terra? Os proprietários arrendam as terras ou elas são compradas pelas empresas?

Ângelo Magalhães da Silva – Eles arrendam as terras e recebem de 2 a 5 mil reais por cata-vento instalado, mensalmente, dependendo da área em que cada parque será instalado. Então, a negociação de compra e venda depende da infraestrutura que existe próximo aos parques, como por exemplo, estradas, rodovias federais, distribuição de gás, turismo. Com isso estou querendo dizer que as negociações variam de acordo com a localização das terras e ascondições de competitividade que envolvem a condição fundiária da terra. Esse valor de 2 a 5 mil dá-se em função do tamanho da terra, da condição dela, do fato de ela estar regulamentada ou ser uma terra devoluta, em função da condição morfológica, se permite mais ou menos vento, em função da proximidade com a comunidade, etc.

Os parques de energia eólica estão cada vez mais próximos das comunidades, ou seja, de onde as pessoas moram. A literatura mostra que o impacto dos parques gera descaracterização na migração das aves, morte das aves, além de ruído, mas nada disso é levado em consideração durante a construção dos parques. Ao contrário, se diz que eles não têm ruídos, e o principal discurso das empresas se dá na comparação da produção de energia eólica com energias que poluem de forma absurda. Esse tipo de comparação não pode ser feito porque estamos falando de uma energia que tem outras finalidades e que ocupa um território em outras condições. O impacto, nesse caso, é social.

IHU On-Line – Quais as condições nefastas desses parques?

Ângelo Magalhães da Silva – Durante a instalação, primeiro, a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis – o que já consta em pesquisas de mestrado -, depois, desemprego gerado após a instalação dos parques. Outro fator negativo é a dependência parcial que os munícipios passam a ter, durante a instalação, da tributação de circulação de qualquer mercadoria. Durante o processo de manutenção da energia, o município não tem nenhum controle sobre a arrecadação, ou seja, dos tributos que derivam da comercialização da energia eólica. Outro fato diz respeito ao crescimento da especulação imobiliária nos municípios que têm energia eólica. Além disso, temos dados compartilhados pelo Ministério Público e pelas procuradorias de meio ambiente, da invasão de 20% de área de preservação ambiental permanente. Tenho dados que não posso divulgar agora, de empresas que estão respondendo a processos judiciais porque seus parques eólicos estão instalados em áreas de preservação ambiental. No polo Costa Branca, que fica no litoral setentrional, num território que envolve cinco municípios, já há 20% de área de preservação permanente ocupada, sendo que essas áreas não podem ser ocupadas para atividades econômicas.

Outro problema é o seguinte: para onde irão, depois de 20 ou 30 anos, os resíduos sólidos desses equipamentos dos cata-ventos? Essas torres irão virar sucata e as paisagens que hoje são bonitas vão virar centros de sucatas. Como as empresas se responsabilizarão por isso? As empresas não têm uma prática sociocorporativa e ambiental nas regiões em que estão instaladas. Elas se aproximam das escolas e das famílias com um discurso de que a energia eólica é fundamental, se apropriando de duas grandes instâncias que são estratégicas para o grande capital: a escola e a família. Pela escola, fazem o trabalho de alienação e convencimento de que é possível e necessário que se legitime a energia renovável e, pelas famílias, as convencem a disponibilizarem suas terras para o uso de energia eólica. É uma falta de conscientização, que não tem nenhuma responsabilidade social.

A responsabilidade social que as empresas realizam nos município se limita a encontros com as escolas, que são convidadas a visitarem os parques. O discurso da empresa é o de dizer que a energia renovável irá gerar renda no município, e que o emprego e a renda serão permanentes, quando na verdade crescem os empregos informais e sazonais durante a instalação dos parques. Ao mesmo tempo essa dinâmica esconde os efeitos posteriores da instalação dos parques: a diminuição do emprego e o aumento da especulação imobiliária.

 

“Empresas estão respondendo a processos judiciais porque seus parques eólicos estão instalados em áreas de preservação ambiental”

IHU On-Line – Há possibilidade de gerar empregos em função da manutenção dos parques? O que dificulta a criação de uma rede econômica que preste esse tipo de serviço na região?

Ângelo Magalhães da Silva – O maior índice de empregabilidadese dá na instalação do parque. Até aí parcialmente ocorre uma intervenção municipal, mas a manutenção posterior não é feita por empresas do município, e sim por empresas internacionais que não têm sede no Rio Grande do Norte, que vêm para o estado e em um mês fazem a manutenção de todos os parques. Depois disso, o acompanhamento dos parques é feito por um número muito reduzido de engenheiros.

Em contrapartida, as empresas dizem que não absorvem a mão de obra local para fazer a manutenção permanente dos parques, porque ela não é qualificada. Mas temos, no Rio Grande do Norte e no Nordeste, diversas universidades que formam engenheiros de energia. Mas os polos preferem contratar empresas que têm expertises e estão instaladas fora do Estado. A manutenção dos parques não é feita pelo conhecimento produzido localmente. No Ceará, ao contrário, isso já acontece, porque eles estão mais avançados.

Apesar disso, o que permitiu a presença da energia eólica no Rio Grande do Norte foi a estrutura logística já existente e criada pelo petróleo, pelo turismo, por uma estrutura produtiva primária que facilitou o acesso das empresas ao litoral.

Outra questão polêmica é o destino dessa energia: ela não é destinada ao consumo local, comunitário, e tampouco se fala em reduzir o preço da energia para municípios em que a energia é gerada; ao contrário, toda essa energia ingressa no sistema nacional de energia e é comprada por empresas que têm participação na própria produção de energia. Então, é uma energia renovável, mas não há nenhum retorno dessa energia para as funções sociais que estão ligadas à sua consolidação, ou seja, as comunidades não recebem um barateamento da energia renovável. Ao invés disso, trata-se de uma energia que se torna muito cara e não consegue ser moderna ou dinâmica para as populações que precisam de uma energia mais barata.

Não há nenhum dado que indique que uma parte desses municípios consuma energia eólica. O discurso é de que a energia que as pessoas estão utilizando é a do parque eólico, mas não há como constatar isso através de dados a fim de verificarmos, porque depois que a energia entra na rede ela é distribuída, ficando difícil localizar o real destino dela. O maior consumidor interno da energia eólica não é quem precisa, são as empresas que usam o mercado de energia como elemento de competitividade. A energia eólica é cara porque a sua produção se dá em função dos mecanismos de regulação do mercado, ou seja, via os leilões realizados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa, os quais não visam o beneficiamento da população, mas a negociação de energia nos mercados de energia.

O Brasil é um mercado promissor de energia eólica porque seu consumidor é intracorporativo, ou seja, se produz energia eólica barata e quem vai consumir essa energia são as grandes corporações, as empresas que compram energia no mercado de energia, mas essa energia não é destinada à sociedade.

“O discurso da empresa é o de dizer que a energia renovável irá gerar renda no município, e que o emprego e a renda serão permanentes, quando na verdade crescem os empregos informais e sazonais durante a instalação dos parques”

IHU On-Line – Como se dá a distribuição dessa energia na rede?

Ângelo Magalhães da Silva – Ela entra na rede elétrica pelo operador nacional, mas pode ser adquirida pelas empresas que compram energia elétrica no mercado. O mercado de energia elétrica no Brasil é um mercado aberto, livre de concorrência e regulado parcialmente pelos leilões. Por exemplo, uma empresa que trabalha com produção de cana-de-açúcar pode comprar uma parcela de gigawatts dos Parques Eólicos, ou os Parques podem produzir energia e distribuir diretamente da fonte do parque nas bolsas de ações; é uma negociação empresarial.

O que quero dizer é que as comunidades, os 18 municípios que estamos estudando, estão formalmente envolvidos com a atividade de energia renovável. Esses municípios não sofreram alterações na sua estrutura produtiva e muito menos na distribuição e no consumo de energia que é resultado da expansão da energia eólica. Ao contrário, o que resulta da energia eólica nos municípios é uma redefinição do mercado de terras, em que se beneficia a parcela da população que tem terras. Alguns municípios têm suas receitas acrescidas, mas por um tempo muito exíguo, muito pequeno, e mesmo aqueles municípios que têm parcialmente suas receitas elevadas pela energia renovável não demonstram, segundo as nossas pesquisas, mudanças. Ao contrário, são 18 municípios pobres que continuam dependentes das transferências governamentais. Ou seja, a atuação das corporações que fabricam energia não se desdobra em questões econômicas locais.

Não tem sido possível regular essa situação porque não há cultura ou movimento político que determine o controle da produção dessa energia e tampouco a forma como ela deve ser utilizada. Em outros países, na Espanha, por exemplo, há um controle da energia e da água pelo Estado, pelas comunidades e pelas empresas que produzem energia. No Brasil, ao contrário, temos uma falta de consciência política sobre o que é energia renovável, o que é sustentabilidade, e após a concessão e a contratação da terra para produção de energia renovável, a comunidade fica à mercê do ritmo dessas energias.

Um dado interessante: é sabido que a produção de petróleo é feita através dos cavalos mecânicos, que geram uma área de devastação já medida pela própria Petrobras. O sistema de energia eólico é muito parecido, porque cria uma área devastada que, em seu somatório, chega a ser bastante elevada – não tenho o dado de área devastada porque ainda estamos analisando. Mas essa área passa a ser de uso privado, é feito o cercamento das terras e são criadas novas vias de acessos, as quais são de uso exclusivo para a empresa que produz energia eólica.

Nós ainda não conseguimos detectar quais são essas famílias envolvidas nesse processo e como estão lidando com isso, mas há uma coerção sutil por parte das empresas, que necessitam de fazendas, terras e áreas ambientalmente protegidas, há uma coerção das empresas perante as prefeituras e há uma coerção entre empresa e prefeitura com relação às famílias.

Outro dado é que essa contratação de terras para uso da energia eólica impõe limites à produção agrícola dos camponeses, ou seja, no momento em que se instala a energia eólica, há um contrato entre os participantes que diz que não será possível desenvolver atividades econômicas na área, ou seja, não poderá desenvolver a agricultura de subsistência, a pecuária, a caprinocultura, nem desenvolver outra atividade paralela sem a autorização da empresa. Portanto, há um processo claro de despossessão e espoliação. Acredito que essas questões ligadas ao Rio Grande do Norte serão expandidas como estratégias corporativas para o Nordeste.

“A contratação de terras para uso da energia eólica impõe limites à produção agrícola dos camponeses”

 

IHU On-Line O senhor mencionou que foi verificado um aumento no índice dos casos de HIV. Qual a relação entre a instalação dos Parques Eólicos e o aumento dos índices da doença?

Ângelo Magalhães da Silva – Essa informação consta numa pesquisa de mestrado de um aluno do Observatório, que constatou, segundo entrevistas com moradores dos municípios locais do litoral, que após a instalação dos parques eólicos o índice de HIV cresceu. Essa é uma informação que não está baseada num dado oficial, porque foi obtida através de entrevistas com líderes locais, assistentes sociais, pedagogos e as comunidades. Há informações correntes que a transmissão do HIV foi feita através de um trabalhador infectado, que trabalhava no parque eólico e veio de fora do estado, e ele teria transmitido a doença para alguns moradores locais.

Além disso, as pesquisas mostram que o índice de gravidez entre jovens é muito alto e crescente. As entrevistas que esse mestrando fez com membros dos postos de saúde local revelam também um crescimento das doenças infectocontagiosas. Nós ficamos muito espantados com esses dados, mas tivemos de relativizá-los, porque ainda não sabemos se essas doenças infectocontagiosas estão se expandindo para os 18 municípios. Com certeza há um impacto nas condições de saúde pública local nas cidades, que já são decadentes. O que se verifica, de fato, é um crescimento da violência, com roubos de carros e motos, porque a dinâmica da instalação envolve uma logística muito rápida na cidade.

Por Patricia Fachin

Fonte: IHU

China será a maior potência em energia renovável em 2035


 

                 china-renovaveis
País vai ultrapassar EUA, União Européia e Japão combinados

A China deverá em 2035 gerar mais eletricidade de energia renovável do que EUA, União Européia e Japão juntos, de acordo com relatório divulgado ontem pela Agência Internacional de Energia (AIE).

Em seu World Energy Outlook, a agência afirma ainda que as fontes renováveis – eólica, solar, hidroelétrica e biomassa – somarão mais de 30% de toda a oferta mundial, ultrapassando o gás natural e se igualando ao carvão como principal fonte.

A energia eólica e a solar fotovoltaica terão ganhos especialmente grandes, ajudando a fazer com que renováveis respondam por quase meta do aumento de geração global de energia nas próximas duas décadas.

Mas as emissões de carbono da produção de energia devem aumentar 20% no período. No entanto, afirma a AIE, “a combinação certa de políticas e tecnologias está provando que as ligações entre crescimento econômico, demanda de energia e emissões ligadas ao setor podem ser enfraquecidas.”

Apesar deste otimismo, estes dados indicam que as temperaturas médias globais irão avançar no longo prazo, acima do máximo de 2Cº, considerado um limite seguro.

“Como fonte de dois terços das emissões globais, o setor de energia será crucial para determinar que as metas da mudança do clima sejam ou não cumpridas,” diz a agência, de acordo com a Bloomberg.

Foto: JF Marrero/Creative Commons

Fonte: Planeta Sustentável

Incentivos para solar e eólica na pauta


                                                           

 

Da Agência Câmara – A Câmara analisa o Projeto de Lei 5539/13, do deputado Júlio Campos (DEM-MT), que concede incentivos fiscais à instalação de usinas de produção de energia com a utilização de fontes solar ou eólica. “Trata-se de geração de energia limpa e renovável, cuja matéria prima é inesgotável e abundante, além de, obviamente, gratuita”, ressalta o autor.

 

A proposta desonera do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Importação (II) os bens de capital e o material de construção utilizados para a implantação desse tipo de atividade, da mesma forma que atualmente ocorre no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infra-Estrutura (Reidi) em relação à contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins.

 

Adicionalmente, estabelece a depreciação acelerada, em um quinto do tempo previsto na legislação do Imposto de Renda, para os bens adquiridos com esse mesmo intuito. O projeto altera a Lei 11.488/07, que cria o Reidi.

 

Aumento do uso de energia – Campos destaca que a Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, projeta um aumento de mais de 70% na utilização de energia elétrica no Brasil na próxima década.

 

“O cenário de demanda crescente e escassez de recursos naturais impõe ao gestor público a busca por novos modelos de produção de energia, preferencialmente por processos que não causem danos ao meio ambiente”, destaca.

 

Segundo ele, o governo federal optou pelo acionamento de usinas termoelétricas, “que envolvem altos custos de geração de energia e sérios prejuízos ambientais”.

 

Na visão do deputado, “o estímulo à produção de eletricidade pelo aproveitamento da luz solar ou da força dos ventos não é apenas necessidade, mas obrigação para o desenvolvimento de qualquer plano racional de expansão da oferta desse insumo no país”.

 

Tramitação – De caráter conclusivo, o projeto será analisado pelas comissões de Minas e Energia; de Finanças e Tributação (inclusive quanto ao mérito); e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

 

Íntegra do PL-5539/2013

 

Fonte: Ambiente Energia