Exploração de gás de folhelho amplia impactos socioambientais


O WWF-Brasil ressalta que exploração do gás de folhelho no Brasil, conhecido popularmente como gás de xisto, traz enormes riscos de impactos ambientais e sociais e ameaça de contaminação e uso excessivo nossas águas. A entidade também avalia que o contínuo aumento do investimento em combustíveis fósseis no país pode contribuir para o aumento da temperatura global.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou em 28 de novembro a 12ª Rodada de Licitações para Concessão de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural. O leilão permitiu pela primeira vez a exploração de gás de folhelho por fraturamento hidráulico no país.

Todavia, Governo Federal e ANP leiloaram os blocos desacatando parecer do Ministério Público Federal que recomendava a retirada do gás de folhelho da rodada, até que estudos mais conclusivos sobre seus impactos socioambientais fossem realizados. Também ignoraram os alertas da comunidade científica, de órgãos públicos e da sociedade civil organizada sobre os riscos da extração do gás através do fraturamento hidráulico.

Dos 240 blocos que foram a leilão, 72 foram arrematados, sendo 49 adquiridos pela Petrobras e os demais pelas empresas Geopark, Trayectoria Oil Gas, Alvo Petro, Cowan Petroleo e Gás.

Localizados no Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná e São Paulo, os blocos ofertados e adquiridos no leilão estão próximos ou sobre os principais aquíferos (reservatórios subterrâneos de água) brasileiros e também de parques nacionais e outras unidades de conservação, territórios indígenas e de quilombolas, assentamentos rurais e fazendas. Isso eleva o potencial de impactos e conflitos socioambientais e econômicos.

Os blocos arrematados no Paraná e em São Paulo, pela Petrobras e pela Petra Energia, estão sobrepostos aos aquíferos Serra Geral, Furnas, Bauru-Cauiá e Guarani. Esse último é reconhecido como uma das maiores reservas de água potável do mundo e se estende aos países vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai. A contaminação de águas superficiais e subterrâneas está entre os principais impactos da exploração do gás de folhelho.

Para sua extração, é utilizado o fraturamento hidráulico, a injeção de enormes quantidades de água sob pressão (15 milhões de litros por poço), com areia e sustâncias químicas. Essa técnica está associada a vazamentos e à contaminação das águas subterrâneas e superficiais e do solo em todos os países onde é usada.

Por conta dos riscos e impactos socioambientais comprovados da exploração do gás de folhelho, países como França, Alemanha, Uruguai, Estados Unidos (o estado de Nova Iorque) e China (algumas regiões) proibiram sua exploração. Nos Estados Unidos a técnica é largamente utilizada e há uma série de denúncias de contaminação de aquíferos e águas superficiais próximas aos poços e usinas. Lá, nos estados do Texas e da Pensilvânia, muitas cidades estão sem água potável e fazendeiros tentam, em vão, reverter os prejuízos causados pela contaminação das águas.

“O Brasil tem aumentado investimentos em combustíveis fósseis, na contra mão do necessário maior investimento em energias descentralizadas mais limpas e mais sustentáveis, como a solar, a eólica e a de biomassa, que podem tornar nossa matriz energética descentralizada e com menor impacto socioambiental”, comentou a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília de Brito.

Energia limpa – Previsto para 13 de dezembro, o chamado 2º Leilão de Energia A-5/2013 disponibilizará 687 empreendimentos de geração, somando mais de 21 mil megawatts (mais informações no atalho ao lado). A boa novidade é a ampla participação da fonte eólica, ampliando sua competitividade e fatia na matriz nacional, a presença de energia solar, equivalente a oferta de termelétricas a carvão.

“Esse leilão mostra claramente que o Brasil tem todas as condições para diversificar sua matriz com fontes mais limpas e reduzir impactos sociais e ambientais provocados, por exemplo, pela insistência na geração de energia no modelo de grandes barragens. Falta vontade política para tornar esse potencial uma realidade e colocar o país na vanguarda global no uso de fontes alternativas renováveis não convencionais”, ressaltou Maria Cecília.

Retirado do Site: http://www.wwf.org.br