Estudo vê fundo do mar como possível origem do óleo que afeta NE; Marinha contesta


As manchas de óleo foram identificadas inicialmente no início de setembro Foto (VEETMANO PREM/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Por Pedro Fonseca e Ricardo Brito

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA – As manchas de petróleo que atingem o litoral do Nordeste brasileiro desde setembro podem ter origem em um grande vazamento abaixo da superfície do mar, afirmou um pesquisador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), após três semanas de processamento de dados.

O pesquisador Humberto Barbosa, do Lapis, identificou um “enorme vazamento de óleo, em formato de meia lua, com 55 quilômetros de extensão e 6 quilômetros de largura, a uma distância de 54 quilômetros da costa do Nordeste”, localizado no sul da Bahia, de acordo com comunicado publicado nessa quarta-feira (30) no site da instituição.

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As medidas da mancha citadas no estudo compreendem uma área com tamanho semelhante à da cidade de Fortaleza. Essa possibilidade citada no estudo, contudo, foi contestada nessa quarta-feira (30) pelo comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, que apontou como causa mais provável do derrame alguma embarcação que navegava pela costa do país.

Em entrevista à Globonews, o almirante disse que não há indicação de vazamento no fundo do oceano, até porque o governo tem a confirmação de que o petróleo não é brasileiro, e sim venezuelano.

Segundo o Lapis, foi identificado um padrão característico de manchas de óleo no oceano que pode explicar a origem da poluição que atingiu o litoral do Nordeste, com base em imagens do satélite Sentinel-1A, da Agência Espacial Europeia (ESA). O laboratório disponibilizou reproduções das imagens em sua página na internet.

“Ontem tivemos um grande impacto, pois pela primeira vez, encontramos um assinatura espacial diferenciada. Ela mostra que a origem do vazamento pode estar ocorrendo abaixo da superfície do mar. Com isso, levantamos a hipótese de que a poluição pode ter sido causada por um grande vazamento em minas de petróleo ou, pela sua localização, pode ter ocorrido até mesmo na região do Pré-Sal”, disse Barbosa no comunicado do laboratório.

O petróleo do pré-sal é mais leve do que o registrado em outras áreas do Brasil, e o polígono dessa importante região produtora está nas bacias de Campos e Santos, principalmente.

Ao ser confrontado com as declarações do comandante da Marinha, Barbosa disse não poder “dizer com 100% de certeza (que o petróleo veio do fundo do mar) não, mas não posso descartar isso também não”.

“A gente não é conclusivo, não pegou uma imagem aleatória, há um processo de análise de imagens que o próprio laboratório fez”, comentou. Mas ele questionou: “Por que as imagens do Sentinel não têm sido usadas antes, em vez de dizer que o fenômeno que ocorreu não é associado ao vazamento?”

As manchas de óleo foram identificadas inicialmente no início de setembro, e já atingiram praias ao longo de mais de 2 mil quilômetros desde então.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Petrobras , o óleo encontrado nas praias brasileiras é venezuelano, e o governo investiga se navios que passaram pelo litoral brasileiro seriam responsáveis pelo incidente.

“É como a montagem de um quebra-cabeça, com peças muito dispersas, que são as manchas muito espalhadas pelas correntezas no Litoral do Nordeste do Brasil, principalmente nas faixas costeiras. De repente, você encontra uma peça-chave, mais lógica, foi o que ocorreu ontem ao encontrar essa imagem. Foi a primeira vez que observamos, para esse caso, uma imagem de satélite que detectou uma faixa da mancha de óleo original, ainda não fragmentada e ainda não carregada pelas correntezas”, disse Barbosa.

Origem

O sul da Bahia como possível origem de um eventual vazamento foi questionado por um especialista ouvido, que não descartou a possibilidade de o petróleo vir do fundo do mar.

O professor da Faculdade de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), engenheiro ambiental e oceanógrafo, David Zee, disse achar improvável que o petróleo que atinge as praias do Nordeste tenha origem no sul da Bahia, uma vez que as correntes marítimas no local apontado seguem na direção sul e o petróleo pesado que tem alcançado as areias do Nordeste foram até o Maranhão.

“Essa possibilidade que esse ponto tenha sido a origem do problema é muito remota, para não dizer impossível… o petróleo foi até o Maranhão, teria que ter feito a curva no Brasil”, disse Zee.

Já o pesquisador da Ufal argumentou que desde a segunda quinzena de abril até agosto os ventos oceânicos na região, alísios, seguem do Sudeste em direção ao Nordeste e “também fazem uma espécie de dobra, contornando o litoral do país”, o que explicaria a possibilidade de um eventual vazamento subir para o norte.

Mas Zee, da Uerj, tal como Barbosa, da Ufal, não descarta que a mancha observada pela universidade alagoana tenha origem em um vazamento por meio de exsudação natural ou de uma plataforma que esteja produzindo na região. “A grande questão é que agora todos estão olhando para o mar e descobrindo mazelas”, afirmou.

Zee ressaltou que a mancha apontada nas imagens da Ufal não parecem ter vindo de um navio em movimento, linha de investigação seguida pela Marinha.

Reuters / Dom Total

Dizem que Minas não tem mar…


Por Willio Campos

O Brasil tem um território de 8.514.876 quilômetros quadrados. Sua extensão litoral conta com um total de 7.367 quilômetros, banhados pelo Oceano Atlântico. Minas Gerais, por estar no centro do território, assim como outros tantos estados federados, não possui um centímetro sequer banhado pelo oceano. Mas engana-se quem diz que Minas não tem mar.

Se apegarmos a um conceito de que mar é uma grande quantidade de água salgada que banha a maior parte do nosso planeta, realmente Minas não tem mar.

Mas, quando tratamos de linguagem e comunicação, a coisa não funciona bem assim. A linguagem humana não possui característica binária pré-constituída, ou seja, “é ou não é”.

Como sistema complexo de comunicação, a linguagem humana representa um universo extremamente diversificado de significação para um mesmo símbolo. Tomamos como exemplo uma simples imagem presente no cotidiano: manga. Uma fruta, uma parte de uma roupa, ou mesmo um verbo, são variações significativas de um mesmo tema.

Há ainda uma certa vagueza, que também se coloca como prejuízo de compreensão. Ainda que consideremos manga como fruta, essa mesma palavra tem capacidade de representar todas as mangas do mundo? Certamente não. Já que, no universo das frutas, há tipos de mangas diferentes. Quem visita um hortifrúti, sabe bem: manga espada, manga tommy, manga haden, manga palmer e assim vai…

Palavras são sinais (signos) que apresentam significações diferentes. A comunicação e a linguagem não se limitam ao posicionamento de signos em uma frase (o que se diz), mas vai além. Há o lado semântico (o que se quer dizer) e pragmático (porque se quer dizer) que compõem, de modo muito equalizado, o que se comunica.

“Uma chuva que cai do céu” (o que se diz) pode representar muito mais do que a informação física de evaporação da água, sua condensação em nuvens e a precipitação de gotas. Afinal, toda chuva cai do céu.

“Uma chuva que cai do céu” no sertão árido brasileiro, no foco de uma queimada ou em um calor escaldante, tem significado de um presente, uma dádiva (o que se quer dizer) por representar uma necessidade às exigências do momento ou do lugar (porque se quer dizer).

Se significados distintos valem para manga ou chuva, por que não valeriam para mar?

Um mar de transformação foi instalado pela onda que o EcoDom causou.

Transborda ações e emoções no cotidiano de cada escola, dando um ressignificado às coisas. O lixo se transforma em luxo, bastando o olhar artístico que cada escola se esforçou em ter para desenhar um novo vestuário para a Concurso de Fotografia Garota e Garoto Ecodom. O óleo usado se transforma em recurso, aumenta o caixa da escola, financia melhoramentos e transformações. O que se desperdiçava, como um pouco de água de um bebedouro, passa a ser captado e reutilizado nas necessidades emergentes.

Um mar de ações foi realizado pela onda que o EcoDom causou.

A ação transforma o espaço e as relações. Mudam-se os hábitos. Mudam-se as culturas. Mudam-se os significados. Descarte e desperdício dão lugar à reciclagem e à consciência sustentável, evidenciando que a escola é espaço de formação e transformação humana de jovens e adultos.

Um mar de esperança é criado, pela onda que o EcoDom causou.

O despertar de uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional também é efeito dessa onda, já que o EcoDom oferece aos seus integrantes a oportunidade de continuar seus estudos em faculdade de ponta, que tem como meta a excelência em tudo que faz.

As inscrições estão chegando ao fim e o vestibular já se aproxima, mas sabemos que o projeto ainda não, pois ainda temos a 5ª tarefa em aberto e as finais artísticas da Dança EcoDom e do Concurso de Fotografia Garota e Garoto EcoDom, sem falar na grande Caminhada Ecológica.

Nessa caminhada, a onda será contagiante, pois, como falava um grande compositor dessas terras de mar de montanhas: um mais um é sempre mais que dois.

Sim, Minas tem mar. Um mar de excelência. Sabemos que, quando queremos, conseguimos mudar muita coisa.

Sim! O EcoDom é um mar e, juntos, podemos!

Edição – Equipe EcoDom