ONU pede adaptação da agricultura para evitar fome por mudança climática


Terra

A ONU chamou a atenção na sexta-feira para que sejam empreendidas ações urgentes que permitam adaptar a agricultura às mudanças do clima no planeta e evitar que este fenômeno cause mais crises de fome em um mundo onde quase 800 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer.

Já que o Dia Mundial da Alimentação cairá este ano no próximo domingo, as agências das Nações Unidas em Roma aproveitaram a jornada desta sexta-feira para destacar que a agricultura e a alimentação terão que passar por adaptações por causa das mudanças climáticas.

Também se reuniram na capital italiana os representantes de 50 cidades para impulsionar um pacto em favor de políticas alimentares sustentáveis.

Durante a cerimônia central, o diretor da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, afirmou que as secas não podem ser evitadas, mas que é possível impedir que elas levem a crises de fome “se forem tomadas as medidas apropriadas”.

Diante de fenômenos naturais extremos cada vez mais frequentes, como o último furacão Matthew que destruiu parte do Haiti, Graziano indicou que a adaptação e a mitigação dos efeitos da mudança climática são “fundamentais”, especialmente para os pequenos agricultores, que necessitam ter acesso às inovações tecnológicas e aos programas sociais, entre outros recursos.

Calcula-se que mais de 80% da população que passa fome vive em países que sofrem desastres naturais e degradação ambiental.

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, considerou que, assim como a imigração, a pobreza e a fome são questões políticas que devem ser abordadas com “valores” e sem cair nos “egoísmos nacionais”.

Precisamente, o papa Francisco afirmou em mensagem lida pelo observador permanente da Santa Sé na FAO que as instituições nacionais e internacionais devem agir com “solidariedade” para garantir uma distribuição justa dos alimentos, “até quando a lógica do mercado segue outros caminhos”.

“Da sabedoria das comunidades rurais podemos aprender um estilo de vida que pode ajudar a nos defendermos da lógica do consumo e da produção a qualquer custo”, disse o papa, que denunciou o abandono que sofrem muitos camponeses, pescadores e criadores de gado afetados pela mudança climática.

Justo quando faltam algumas semanas para a próxima cúpula do clima em Marrakech, no Marrocos, a princesa deste país, Lalla Hasnaa, insistiu que agora os países devem cumprir o pacto que assinaram no ano passado em Paris e ajudar o continente africano a desenvolver sua agricultura e a melhorar sua segurança alimentar.

Além disso, os presentes no ato destacaram a necessidade de se erradicar a fome no mundo todo com medidas concretas e, assim, cumprir com um dos objetivos incluídos na agenda para o desenvolvimento sustentável estabelecida pela comunidade internacional para 2030.

Com políticas destinadas a reduzir o esbanjamento de alimentos, melhorar a nutrição da população e fomentar a agricultura urbana, cerca de 130 cidades de todo o mundo se uniram para desenvolver um pacto que foi assinado no ano passado em Milão, explicou o prefeito desta cidade italiana, Giuseppe Sala.

Responsáveis de quase 50 dessas cidades se reuniram em Roma para seguir trocando experiências em forma de rede.

Sala detalhou alguns esforços que estão sendo realizados para que os refeitórios escolares da cidade sejam abastecidos com alimentos produzidos em áreas próximas, para que as grandes cadeias possam redistribuir os excedentes de comida e para que haja água potável e alimentos saudáveis para todos.

Nas cidades, que ocupam apenas 3% da superfície terrestre, vive mais da metade da população mundial, o que influi fortemente no comércio de alimentos e na cadeia produtiva.

Fonte: ecoinformação

‘O tempo está acabando’, alerta ONU diante de novo recorde nas emissões de CO2 no hemisfério norte


Foto: PNUMA

Diante do novo patamar atingido, no hemisfério norte, pelas médias de concentração do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera – 400 partes por milhão (ppm) em abril, segundo divulgado da Organização Meteorológica Mundial (OMM) –, as Nações Unidas alertaram que o tempo para reduzir as emissões e controlar o aquecimento da terra “está acabando”. Esse patamar possui um significado científico e simbólico, e reforça a evidência de que a queima de combustíveis fósseis e outras atividades humanas são responsáveis pelo contínuo aumento dos gases responsáveis pelo aquecimento de nosso planeta.

“Isso deve servir para chamar a atenção sobre os constantes aumentos dos níveis de gases de efeito estufa que provocam as mudanças climáticas. Se quisermos preservar o nosso planeta para as gerações futuras, precisamos de medidas urgentes para parar novas emissões desses gases retentores de calor”, disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, nesta segunda-feira (26). “O tempo está se esgotando.”

Os níveis de CO2 na atmosfera no hemisfério norte já haviam alcançado a marca das 400 ppm em abril de 2012, mas esta é a primeira vez que a média mensal como um todo ultrapassou o patamar. Neste ritmo, a agência prevê que a média anual também ultrapasse a marca em 2015 ou 2016.

“O tempo está acabando”, disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. “Isso deveria servir como mais um alerta para o constante aumento da concentração dos gases que estão influenciando a mudança climática.” No momento, a ONU lidera os esforços pela obtenção de um compromisso legal e global sobre o clima até o fim do ano.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou uma cúpula do clima para o dia 23 de setembro com participação de líderes de governos, empresas e sociedade civil para discutir este e outros assuntos urgentes ligados às mudanças climáticas.

Fonte: ONU BR

COP25 entra em semana decisiva sem sinais de ação ambiciosa


Conferência de imprensa de jovens ativistas pelo clima (AFP)

A segunda semana da 25ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas começa em Madri nesta segunda-feira, com uma enorme lacuna entre as expectativas dos defensores do clima e as intenções dos países mais emissores de gases de efeito estufa.

Os jovens gritam sua raiva, o chefe da ONU repete os avisos cada vez mais preocupantes, mas na COP25 os sinais de uma resposta ambiciosa dos países mais responsáveis pelas mudanças climáticas são fracos.

A lacuna até “cresceu”, estima Jennifer Morgan, diretora do Greenpeace Internacional. “A paralisia dos governos é incrivelmente perturbadora”.

Desta forma, nenhum dos grandes emissores deve fazer um anúncio significativo sobre suas ambições. Obviamente, nem os Estados Unidos que formalizaram sua retirada do pacto climático no próximo ano, nem a China, a Índia, o Japão ou mesmo a União Europeia, que concentra todas as esperanças.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, foi mais claro do que nunca na abertura desta COP. “Esperamos um movimento profundo da maioria dos países do G20, que representam três quartos das emissões globais”, disse aos cerca de 200 signatários do Acordo de Paris, pedindo em particular o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis e descarbonização de setores-chave da energia e transporte.

Mas o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento a um máximo de +2 graus, prevê que os Estados revisem seus compromissos de redução de emissões somente em 2020, enquanto a maioria deles se concentra na COP26 em Glasgow.

“O grande evento será a COP26, mas não podemos esperar mais”, insistiu a jovem ativista climática Greta Thunberg, que chegou a Madri na sexta-feira e arrastou milhares de manifestantes pelas ruas.

A cinco dias para o final da reunião, “os sinais não são bons”, comentou Alden Meyer, da Union for Concerned Scientists, observadora de longa data das negociações climáticas.

Para China, Índia ou Japão, “se decidirem agir, será mais próximo da COP26”, disse. Quanto à UE, é em Bruxelas que ações podem ser adotadas em uma cúpula na quinta e sexta-feira.

“Recuo”

Enquanto isso, cerca de 70 países comprometidos em aumentar suas ambições de reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2020 se reúnem em Madri na quarta-feira.

Novos membros poderiam se unir a essa aliança, que representa apenas 8% das emissões globais, mas nenhum grande emissor, prevê Alden Meyer.

Neste contexto, muitos contam com o engajamento do setor privado. Um grupo de mais de 600 investidores institucionais que administram cerca de US$ 37 trilhões pediu nesta segunda-feira o fim do carvão e mais ambições dos Estados.

Mas para as regiões na linha de frente dos impactos já devastadores das mudanças climáticas, tudo isso está longe de ser suficiente.

“Algumas partes influentes dificultam os esforços para responder à emergência climática”, disse Janine Felson, representante do grupo dos 44 Estados insulares.

“Vimos recuos de nossos parceiros desenvolvidos” em matéria de “perdas e danos”, lamentou Sonam P. Wangdi, que preside o grupo dos Países Menos Avançados.

De acordo com um relatório recente do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, as famílias rurais de Bangladesh gastam US$ 2 bilhões por ano para reparar os danos causados por ciclones e outros eventos extremos.

AFP

Entender os responsáveis pelas mudanças de hoje é se preparar para o futuro


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Desde o lançamento do 4º Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007, aumentaram as evidências de que os impactos das mudanças recentes no clima ocorrem em todos os continentes. A conclusão é do rascunho final da segunda parte do 5º relatório do IPCC, lançado em 30/03, que trata dos impactos e vulnerabilidades das mudanças climáticas na sociedade.

Apesar disso, ainda há um fosso no conhecimento de como certas partes do mundo são influenciadas pelas alterações do clima, revela o capítulo 18 da publicação, que trata da detecção e atribuição dos impactos observados.

Uma das principais autoras desse capítulo, a professora brasileira Maria Assunção Silva Dias, da Universidade de São Paulo (USP), falou com exclusividade ao Planeta Sustentável. Especialista em geociência, a pesquisadora atua principalmente em temas ligados à Amazônia, chuvas, precipitação e tempestades.

O que fazem os estudos de detecção e atribuição de impactos da mudança do clima?
Primeiro, é feita a análise dos dados e a medição de temperatura, chuvas e outros fatores. Está aumentando ou diminuindo? É preciso atribuir essa mudança a uma causa: é devida ao aquecimento global, à mudança do uso da terra local, à poluição do ar, é influenciada pela indústria, ou acontece porque são feitas obras de engenharia?

O aumento do nível do mar, por exemplo, é uma grande polêmica. O fenômeno é observado em alguns locais, mas quanto disso é devido ao aquecimento global ou à quantidade enorme de obras na orla marítima, que afundou o chão e o mar ficou mais alto?

A questão toda é atribuir a causa, ou seja, dizer de quem é a responsabilidade pela mudança. É isso o que o capítulo 18 faz. Em diversas áreas – por exemplo, agricultura, recursos hídricos, ecossistemas, corais marítimos, – a primeira pergunta que deve ser feita é: houve mudança? Se a resposta for positiva, pergunta-se: quem é o responsável?

Avaliar isso na agricultura é complicado. Houve uma evolução enorme das variedades cultivadas. O caso da soja é um exemplo: em meados do século 20, era uma planta de latitudes altas e médias, não era uma espécie tropical. A Embrapa foi a grande responsável pela revolução que adaptou a soja aos trópicos, o que tornou o País um grande produtor de soja. Houve uma mudança incrível na produção. Mas qual é a causa? É porque está mais quente? Mais morno? Ou as variedades introduzidas explicam basicamente toda a mudança?

O capítulo 18 fala basicamente disso: se é possível dizer que o aquecimento global e o aumento de CO2 na atmosfera são os responsáveis ou há outra razão para a variabilidade observada.

Por que é importante detectar e atribuir os impactos do clima?
Porque, quando a gente fala em olhar para o futuro e ver o que vai acontecer, na verdade nos perguntamos: o que podemos fazer para enfrentar possíveis mudanças? Se as mudanças aconteceram no clima e foram provocadas pelo aquecimento global, por causa dos gases que aumentam a temperatura, então o que deveríamos fazer é diminuir a emissão desses gases.

Ou seja, a ação que tomaremos para nos adaptar ou para reduzir os extremos climáticos no futuro depende do entendimento das causas das mudanças de hoje. Se conseguirmos entender isso, nos prepararemos para o futuro.

Fonte: Planeta Sustentável

Rafael Loyola: Biogeografia da Conservação


Nesta entrevista, o professor do Laboratório de Biogeografia da Conservação da Universidade Federal de Goiás Dr. Rafael Loyola fala sobre modelagem e distribuição de espécies em função de mudanças climáticas.

Além de Biogeografia e Macroecologia, o laboratório desenvolve pesquisa em planejamento sistemático para definir prioridades de conservação em ampla escala.

Utilizando diversos grupos taxonômicos, o biólogo explica como adequar a rede de Unidades de Conservação do Brasil em resposta às alterações decorrentes de mudanças climáticas na distribuição das espécies.

 

Assista:

 

Fonte: Biologia da Conservação

Entenda a segunda parte do 5º. relatório do IPCC


 

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O IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas da ONU) divulgou neste domingo, em Yokohama no Japão, a segunda parte do 5º Relatório de Avaliação sobre as Mudanças Climáticas Globais que trata dos impactos, vulnerabilidade e adaptação, conforme publicamos aqui.

 

Se a primeira parte do relatório, que tratava sobre ciência do clima, demostrava que o aquecimento global sem precedentes é um fato e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são a principal causa, o segundo relatório mostra que as alterações do clima provocadas por este aquecimento (eg. aumento do nível do mar, acidez dos oceanos e redução da extensão e espessura do gelo nos polos) já estão causando impactos significativos para a vida das pessoas e o ambiente natural tais como perda de produtividade agrícola, aceleração da extinção e deslocamento de espécies, ampliação de danos à infraestrutura e economia por extremos de chuva e seca.

 

O painel de cientistas alerta ainda para o fato de os impactos se agravarem, intensificarem e ampliarem nas próximas décadas caso não tenhamos sucesso em reduzir drasticamente as emissões de GEE.

 

A quantidade de documentação científica disponível para revisão neste 5º relatório do Grupo 2 do IPCC dobrou em relação ao relatório anterior, permitindo aos cientistas aumentar de forma considerável o nível de confiança nos dados do relatório.

 

Este estudo é mais uma peça da mais extensa, completa e profunda revisão do estado da ciência do clima já produzido e deve ser revista e considerada pelos tomadores de decisão nos setores público e privado para que se estabeleçam ações para mitigar as emissões e adaptar as nossas atividades, negócios, infraestrutura e todos aspectos de nossas vidas.

 

A seguir as principais mensagens do Relatório do Grupo II do IPCC:

 

OS IMPACTOS JÁ OBSERVADOS

Nas ultimas décadas, as mudanças climáticas causaram impactos nos sistemas naturais e humanos em todos os continentes e em todos os oceanos. Os impactos nos ecossistemas são mais fortes e abrangentes atualmente, já os impactos nos humanos são mais difíceis de isolar de outros fatores.

 

A figura abaixo mostra os tipos de impactos observados na América Latina. O relatório traz a descrição de impactos para todos os continentes e oceanos. Clique na imagem para ampliar.

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– Em muitas regiões, mudanças na precipitação e no derretimento de neve e gelo estão alterando o sistema hidrológico, alterando a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos;

 

– Várias espécies terrestres, aquáticas e marinhas alteraram sua distribuição geográfica, rotas migratórias, calendário biológico, abundância e até mesmo sua interação com outras espécies, em resposta às mudanças do clima. Os fitoplanctons, por exemplo, têm se deslocado cerda de 400 km por década em busca de águas mais frias;

 

– O impacto das mudanças climáticas sobre a produtividade das principais culturas agrícolas tem sido principalmente negativo, ainda que certas culturas possam até se beneficiar em algumas regiões temperadas. Em geral, os ganhos anuais de produtividades da atividade agrícola caíram de 2% para 1% nas últimas duas décadas. Para algumas culturas, como a do milho, a produtividade já esta caindo;

 

– O impacto das mudanças climáticas observado sobre ocorrência e características de doenças em humanos ainda é pequeno se comparado com outros fatores de estresse e estudos nesta área. Então, precisam ser aprofundados.

 

A NOSSA VULNERABILIDADE

O grau de vulnerabilidade e exposição aos impactos das mudanças climáticas derivam de fatores não climáticos muito comumente relacionados às desigualdades do processo de desenvolvimento. Estas diferenças são determinantes para entendermos os riscos de sermos mais ou menos atingidos pelas mudanças climáticas.

 

O relatório completo, com suas mais de duas mil páginas é recheado de exemplos de impactos relacionados a extremos climáticos recentes como ondas de calor, secas, enchentes, ciclones, incêndios florestais que revelam a vulnerabilidade e exposição de muitos ecossistemas e da infraestrutura humana para lidar com a variabilidade climática atual.

 

Outra constatação importante é que os conflitos violentos aumentam a vulnerabilidade às mudanças climáticas, pois a infraestrutura, as instituições, o capital social e disponibilidade dos recursos naturais são necessários à adaptação aos impactos. E este é um processo que pode se retroalimentar uma vez que estes impactos podem exacerbar situações de conflito.

 

A EXPERIÊNCIA COM ADAPTAÇÃO

Apesar do tom contundente e que fala dos impactos, riscos e vulnerabilidades às mudanças climáticas, o relatório ao tratar da adaptação apresenta elementos para a construção de uma visão mais otimista.

 

É destacado que, ao longo da história, indivíduos, comunidades e sociedades têm se ajustado para se adaptar a mudanças nas condições, variabilidade e extremos climáticos com variados graus de sucesso. A diferença para o processo atual é que os impactos em escala global atingem uma proporção muito maior em um intervalo relativamente pequeno de tempo (algumas décadas).

 

O relatório indica que a adaptação, ainda que de forma limitada, está começando a ser incorporada nos processos de planejamento, especialmente ao analisar opções tecnológicas. Por outro lado, a percepção da importância das tecnologias sociais, arranjos institucionais e adaptações ecossistêmicas cresceram na última década.

 

O relatório descreve dezenas de politicas e casos de adaptação como recuperação e ampliação de ecossistemas de mangue para proteção da costa no Pacífico, instalação de diferentes sistemas de alerta de eventos extremos, programas de pesquisa em adaptação climática de culturas agrícolas, entre outros. Quase um cardápio para planejadores do setor público e privado!

 

OS RISCOS DE IMPACTOS FUTUROS

A avaliação dos riscos de impactos futuros derivados das mudanças climáticas é a parte mais complexa do relatório. O risco de impacto é resultado da interação de três fatores principais:
– a ameaça em questão (ex. aumento do nível do mar; seca severa etc),
– o grau de exposição do ambiente ou população (ex. proximidade ao local da ameaça) e
– o grau de vulnerabilidade (ex. acesso a infraestrutura disponível para enfrentar períodos de seca).

 

A exposição e a vulnerabilidade podem ser alterados ao longo do tempo de acordo com as condições econômicas e sociais, decisões de investimentos e até como consequência de conflitos. Este sistema dinâmico é representado no relatório pela figura abaixo. Clique nela para ampliar.

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Para lidar com esta complexidade de forma didática, desde o 3º relatório do IPCC, as informações de risco são organizadas a partir do conjunto de cinco Razões para Preocupação (RFCs – do termo em inglês – reasons for concern):

(i) Sistemas únicos e ameaçados;
(ii) Eventos climáticos extremos;
(iii) Distribuição de impactos;
(iv) Impacto global agregado e
(v) Eventos singulares de larga escala (ou causadores de pontos de ruptura irreversíveis).

 

A figura abaixo mostra, do lado esquerdo, os cenários mais otimista e mais pessimista para a trajetória de aquecimento global (resultado do relatório do Grupo 1 sobre ciência do clima) e o aumento do risco nas cinco dimensões de RFCs. Clique na imagem para ampliar.

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Os cientistas do IPCC também apresentam análise detalhada dos riscos relacionados a diferentes setores/temas como recursos hídricos, ecossistemas terrestres, sistemas marinhos, zona costeira, produção de alimentos, áreas urbanas, áreas rurais, economia, serviços, saúde humana, segurança e pobreza. E aqui não há boa noticia!

 

O quadro abaixo ilustra os principais riscos e o potencial de adaptação para a América Latina. A mesma informação é apresentada no relatório para todas as regiões do planeta. Clique na imagem para ampliar.

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GERENCIAR RISCOS E CONSTRUIR RESILIÊNCIA

O relatório é categórico em afirmar que a forma mais efetiva de reduzir os riscos é evitar o aquecimento, ou, em outras palavras, reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

 

Mesmo que tenhamos sucesso em reduzir drasticamente as emissões, ainda teremos riscos importantes de impacto derivados das emissões históricas acumuladas e, portando, é preciso gerenciar estes riscos e aumentar a resiliência dos ambientes e sociedade.

 

O relatório propõe princípios e recomendações para ações de adaptação efetivas e, em ultima instância, indica que o aumento de nossa resiliência aos riscos climáticos está diretamente ligado à nossa capacidade de tomar decisões que aumentem nosso espaço de manobra entre as pressões sociais e as pressões do meio físico.

 

Foto: Balazs Gardi/Creative Commons

Texto por Tasso Azevedo

Fonte: Planeta Sustentável

Há pouca preparação para conter mudanças climáticas e seus efeitos, aponta relatório do IPCC


No entanto, ainda há tempo para fazer com que impactos não sejam tão severos

 

 

Seres humanos e o meio ambiente já estão sentindo os efeitos das mudanças climáticas e, caso atitudes não sejam tomadas, o pior cenário pode ser catastrófico. A má notícia é que ainda estamos pouco preparados para efetuar essas alterações nos modelos de reprodução social que afetam o planeta. Essas são, resumidamente, as principais novidades divulgadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) na segunda parte do seu quinto relatório, batizado de "Sumário para Formuladores de Políticas" e que veio a público no último domingo.

 

Os pesquisadores partem do pressuposto de que o mundo já está pagando o preço pelas emissões ocorridas desde a Revolução Industrial, mas afirmam que há possibilidades de os danos serem amenizados. O relatório prevê cenários para os casos mais otimistas e pessimistas. Mas quanto mais tempo as medidas demorarem para serem tomadas, mais problemas ocorrerão – e podem ser irreversíveis.

 

Cenários

Caso não sejam freadas as emissões de CO2 e de demais gases do efeito estufa, o nível do oceano pode aumentar até 82 cm em 2100. Mas caso medidas sejam tomadas, ele pode aumentar "apenas" 26 cm. Já a alta de temperatura pode variar de 2,6ºC a 4,8ºC, até 2100. As geleiras do Ártico podem ser derretidas de 46% a 94%, novamente até 2100.

 

Onde estão os problemas?

Mas além de estimar os danos máximo e mínimo, o relatório também tenta ser mais concreto com relação aos efeitos das mudanças climáticas nos ecossistemas e na vida humana. O infográfico abaixo é a melhor expressão desse esforço. Nele, são mostrados em que medida incêndios, inundações, problemas com a produção de alimentos, entre outros aspectos, foram causados como reflexo das alterações no clima até os dias atuais.

 

 

Foco no humano

Desta vez, as previsões também dão conta de possíveis conflitos que podem ser causados devido aos efeitos climáticos, como falta de segurança alimentar, aumento de preço dos alimentos e escassez de água – crises que já começam a aparecer nos dias de hoje e que podem afetar principalmente a população pobre de países tropicais, como o Brasil.

 

Amazônia e América do Sul

Talvez a melhor notícia seja a de que o risco de savanização da Amazônia diminuiu mesmo com a possibilidade de grande aumento de temperatura. Isso não significa que o bioma não sofra riscos – eles podem ocorrer principalmente devido à mudança no regime de chuvas, mas mesmo que haja mudança na vegetação, não será uma savanização. A América do Sul, de modo geral geral, sofre riscos de chuvas excessivas, com deslizamentos e enchentes, além de mais dias secos e mais calor.

Para acessar o documento (em inglês), clique aqui.

Fonte: ECycle

Encontro: Mudanças Climáticas e o Litoral de SP


O evento "Encontro: Mudanças Climáticas e o Litoral de SP", nos próximos dias 2 e 3 de abril, em Iguape, Litoral Sul de São Paulo, contará com a presença de especialistas em mudanças climáticas e dinâmica costeira.

 

O encontro faz parte do Projeto Mudanças Climáticas e o Futuro das Comunidades do Litoral Sul Paulista, desenvolvido pela Iniciativa Verde que conta com apoio do Instituto HSBC Solidariedade.

 

O objetivo principal do projeto é apoiar as comunidades da região para conseguirem enfrentar a difícil realidade que se apresenta com o agravamento dos efeitos resultantes do aquecimento global e o consequente aumento dos níveis do mar e dos fenômenos climáticos extremos. Tais mudanças colocam em risco a população e seus meios tradicionais de moradia e subsistência.

 

Assim, o evento identificará as maiores vulnerabilidades e as respectivas medidas que deverão ser tomadas para enfrentar o problema. Entidades da região estão convidadas a mandar representantes que poderão fazer suas considerações, tirar suas dúvidas e definir ações. As conclusões vão contribuir para a elaboração do Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas para o Lagamar que está em discussão pelo Grupo Setorial de Coordenação do Gerenciamento Costeiro do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape e Cananeia.

 

1º dia (2 de abril)

18h até 21h – Debate: Mudanças Climáticas no Lagamar – Mesa de discussão com Humberto Rocha (modelagem em mudanças climáticas, Insituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférias da Univerdade de São Paulo) e Célia Gouveia (vulnerabilidade costeira, Insitituto Geológico, Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo) em mudanças climáticas e dinâmica costeira. 
Local: Auditório da Escola Técnica Engenheiro Agrônomo Narciso de Medeiros (ETEC) de Iguape (Rodovia Casemiro Teixeira, Km 51,5). Com coffee break de boas-vindas para todos.

 

2º dia Encontro: Mudanças Climáticas e o Litoral Sul de SP (3 de abril)

Local: Pousada Recanto das Aves (Estrada do Icapara, Km 3,5 – Iguape).
9h00 até 13h30 – Discussão das Vulnerabilidades: apresentação dos resultados levantados e analisados pelo projeto e discussão (em grupos).
13h30 até 17h – As propostas de adaptação: apresentação e debate das propostas (em grupos).

 

Mais informações aqui: http://www.iniciativaverde.org.br/comunicacao-artigos-e-noticias-detalhes.php?cod=218

 

Fonte: Mobilize

Seminário Fórum Clima 2013


O Fórum Clima – Ação Empresarial sobre Mudanças Climáticas é um exemplo de como a iniciativa privada tem contribuído para o avanço da agenda de clima em nosso país. Criado para acompanhar os compromissos da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas, o Fórum Clima é composto por empresas e organizações que acreditam que o setor empresarial pode dar contribuição decisiva para a necessária transição mundial para uma economia de baixo carbono; aproveitando novas oportunidades de negócios e ao mesmo tempo reduzindo significativamente os impactos negativos das mudanças climáticas globais sobre o planeta. O grupo conta com a participação de 17 empresas e duas organizações apoiadoras. O Instituto Ethos é responsável pela secretaria executiva do projeto.

                               

Local: CNI
Endereço: Rua Surubim, 504 – 9º andar | Brooklin Novo (trav. Av Luis Carlos Berrini)
Data: 17 de dezembro de 2013
Hora: 8h30 às 13h
Site: www.forumempresarialpeloclima.org.br

 

Fonte: Plurale

‘Rebelião Internacional’ contra mudanças climáticas toma cidades do mundo


Ativistas pelo clima do grupo Extinction Rebellion protestam em Nova York, com sangue falso no touro de Wall Street. (Mike Segar/Reuters)

Militantes do movimento ecologista de desobediência civil Extinction Rebellion (XR) iniciaram ações no mundo todo, de Sydney e Nova York a Londres e Paris, para protestar contra a falta de ação ante as mudanças climáticas. O XR nasceu no final de 2018 no Reino Unido por iniciativa de um grupo de ativistas e acadêmicos que estimulam a desobediência civil não violenta. Hoje diz ter 500 grupos em 72 países.

Os protestos que devem durar duas semanas, estão programadas, sob o nome “Rebelião Internacional”, ações em 60 cidades do planeta, entre elas Madri, Viena, Amsterdã, Buenos Aires, México, Rio de Janeiro e Bogotá.

Eles contam com o apoio de Greta Thunberg, a adolescente sueca que inspirou os protestos de estudantes em defesa do meio ambiente. Pedem que se declare “emergência climática” e que os governos estabeleçam para 2025 o objetivo de alcançar a neutralidade nas emissões de gases causadores do efeito estufa.

Sua principal forma de protesto consiste em bloquear acessos, seja de tráfego, seja aos prédios, às vezes dando-se as mãos para formar correntes humanas, ou simplesmente sentando no chão. Participam destes atos centenas de “voluntários prontos para serem detidos”.

Em Nova York, cerca de 200 manifestantes se reuniram no Battery Park para realizar uma “procissão fúnebre” até Wall Street, onde jogaram sangue falso na icônica estátua do touro, Charging bull. “Precisamos de imagens como esta para conseguir a atenção das pessoas”, disse James Comiskey, de 29 anos, enquanto participava da marcha carregando um caixão feito de papelão. Cerca de 30 manifestantes foram presos. No Canadá, dezenas de pessoas bloquearam estradas em Toronto, Halifax e Edmonton.

Prisões na Europa

Um total de 215 pessoas foram presas em Londres, onde os manifestantes bloquearam muitas ruas e protestaram em vários pontos próximos ao Parlamento e à sede do governo, em um ambiente festivo.

Dançando ao ritmo de tambores, centenas de ativistas, muitos com crianças pequenas, se reuniram perto de Downing Street com cartazes que diziam “O futuro pertence à próxima geração”.

“Há muito mais policiais e claramente vão tentar impedir que o Extinction Rebellion ocupe o lugar durante dias”, disse um ativista, Mike Buick, fabricante de móveis de 40 anos, comparando esta ação com as realizadas em abril, quando o XR manteve a capital britânica colapsada durante 11 dias de protestos que resultaram em mais de 1,1 mil prisões.

Paris se somou ao protesto global bloqueando uma ponte e uma plataforma sobre o Sena. “Nossos governos não fazem nada, ou mentem”, disse uma jovem de 27 anos que participava da mobilização e se identificou como Aurora.

Em Madri, cerca de 200 jovens fantasiados e maquiados para representar catástrofes naturais como a “desertificação”, “as inundações” ou “os incêndios” se reuniram em frente ao Ministério para a Transição Ecológica, onde instalaram barracas com a intenção de acampar.

Chegou a hora de realizar “medidas de pressão muito mais contundentes, só uma revolução global, maciça, e com a desobediência civil não violenta pode gerar as mudanças necessárias para nossa sobrevivência”, afirmou Mabel Moreno. Mais de 90 manifestantes foram detidos em Amsterdã, informou a polícia da cidade holandesa, onde os ativistas afirmavam sua determinação de lutar contra a inação.

Em Viena a polícia também prendeu 75 pessoas por bloquearem uma das principais artérias do centro da cidade. “Vamos tentar fazer isto a semana inteira, o ano inteiro, enquanto eles (o governo) não agirem”, disse Shirleen Chin, de 34 anos. “Acreditam que isto não é normal, mas vai se tornar a nova normalidade”, acrescentou.

Em uma manhã gelada, também centenas de manifestantes se reuniram na “grande estrela” de Berlim, uma das principais rotatórias da cidade, equipados com mantas e sacos de dormir. E no parque entre o Parlamento alemão e a sede do governo foi instalado um “acampamento climático” que durante a semana organizará grupos de trabalho e reuniões de informação.

Também no hemisfério sul

Muitos países africanos participavam também com mobilizações, como na Cidade do Cabo, na África do Sul, onde meia centena de pessoas marcharam pelo centro com um grande cartaz amarelo que dizia “Emergência climática ecológica”, e os manifestantes deitaram no chão simulando estar mortos. “Fazemos isso para sublinhar a ameaça de extinção se não mudarmos nossos hábitos”, afirmava Jade Vester, estudante de 20 anos.

Marcando o início da “Rebelião Internacional”, na Austrália os ativistas se reuniram na escadaria do Parlamento em Melbourne, antes de desfilarem pelas ruas da cidade. E em Wellington, a capital neozelandesa, vários militantes se acorrentaram a um carro rosa, o que provocou perturbações no centro.

AFP