Dez motivos para a estrada do Colono não passar


           

O manifesto “10 fatos sobre a estrada do Colono e o Parque Nacional do Iguaçu” foi lançado em setembro, por onze instituições, entre elas Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF e Sociedade de Pesquisa e Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). A iniciativa é uma tentativa de evitar a aprovação do Projeto de Lei 7.123/2010, do deputado federal Assis do Couto (PT/PR), que agora tramita no Senado como Projeto de Lei da Câmara, nº 61 de 2013 e pretende reabrir a estrada que corta ao meio o Parque Nacional.

O documento alerta para o risco de o Parque Nacional do Iguaçu perder a designação de Sítio do Patrimônio Mundial Natural, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Para as organizações que se opõem ao projeto, a abertura da estrada é um crime ambiental que não irá representar benefícios aos municípios do entorno. Se aprovada, a construção da rodovia vai ameaçar a integridade do parque, segundo essas organizações. Para os críticos, a iniciativa abriria também um precedente para alterar gravemente a estrutura de outras Unidades de Conservação no país.

Apesar das críticas, o projeto já foi aprovado por deputados federais e agora está na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado. A proposta ainda precisa passar por outras duas comissões, do Meio Ambiente e de Desenvolvimento Regional e Turismo, mas não precisa ir a plenário. Se aprovada no Senado, só um veto da presidente Dilma Roussef poderá salvar o Parque Nacional do Iguaçu desse golpe.

O Parque Nacional do Iguaçu foi criado em 1939. Em 1999, devido à reabertura ilegal da estrada, a Unesco chegou a listar o Iguaçu entre os patrimônios ameaçados. Dois anos depois, quando foram tomadas medidas para fechar a via, o parque saiu desta lista. Em 2003, uma decisão judicial deixava a impressão de que a ideia de abrir a estrada estaria definitivamente fora de questão. Não foi o que aconteceu.

Pela proposta, a velha picada vai se transformar em rodovia e dividir em duas partes o Parna do Iguaçu. Ela será considerada como Estrada Parque, classificação que deveria oferecer algum atrativo turístico, como cachoeiras ou montanhas. Não é o que acontece no caminho dentro do Parque do Iguaçu. A não ser que o turista goste de apreciar a variedade de espécies de árvores da Mata Atlântica ou contar com a sorte de se deparar com algum bicho, ele vai ter de se contentar com uma monótona paisagem da floresta do início ao fim do trajeto.

O argumento a favor seria encurtar o caminho entre os municípios paranaenses Serranópolis e Capanema. Mas um estudo produzido pela socióloga Maria de Lourdes Urban Kleinke indica que uma rodovia cortando o parque não levará benefícios econômicos para a região. "Os municípios do entorno têm elevados e crescentes índices sociais, então nada justifica dizer que por conta do fechamento da estrada eles tiveram prejuízos econômicos", afirma. Ela questiona também o argumento de que o parque é uma barreira para famílias que vivem nos municípios da região. De acordo com a socióloga, as distâncias não são tão grandes e as estradas que já existem permitem o contato.

O Parque Nacional do Iguaçu é um dos remanescentes preservados mais importantes da Mata Atlântica. A estrada corta justamente a área considerada intangível, ou seja, que deve ser protegida integralmente, pelo fato de manter espécies ameaçadas, como a onça-pintada. A estimativa é de que existam de seis a (no máximo) dezoito indivíduos da espécie em todo o parque. E agora, políticos tentam colocar uma estrada no caminho delas.

Fonte: http://www.oeco.org.br/

Laísa Mangelli