Ativistas ambientais são presos na Rússia


Em protesto pacífico no Ártico, ativistas do Greenpeace são presos pela Guarda Costeira Russa

            

No dia 18 de Setembro, o navio do Greenpeace fazia um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico, no Mar Pechora, na costa Russa. Na tentativa de conscientizar as gigantes petrolíferas de preservar o gelo ártico, tão importante no equilíbrio ambiental do planeta. A Guarda Costeira Russa invadiu o navio Arctic Sunrise e levou todos os trintas ativistas presos sem nenhuma acusação legal. No momento do embarque dos oficiais russos, o navio Arctic Sunrise do Greenpeace rondava a plataforma Prirazlomnaya, da Gazprom, mantendo a distância limite de três milhas náuticas para águas internacionais, o que prova a ilegalidade da ação, já que o navio estava na Zona Econômica Exclusiva da Rússia (EEZ, em inglês), onde é garantida a livre circulação de embarcações estrangeiras. Utilizando helicópteros, os ativistas foram levados sob a mira de armas letais e aprisionados no navio da Guarda Costeira Russa. Entre os presos, está a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, de 31 anos, que integra o Greenpeace desde 2006.

                Sobre o ocorrido, Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, comentou: “Essa ação ilegal mostra exatamente quão longe a Rússia está disposta a ir para defender a exploração de petróleo no Ártico. Pedimos ao presidente Vladimir Putin que freie as ações violentas de sua polícia marítima, uma vez que nossos protestos pacíficos nunca requisitaram tal nível de agressão. Ativismo não é crime.”

                Segundo Bem Ayliffe, coordenador da campanha Polar do Greenpeace, “A Guarda Costeira da Rússia ameaçou nossos ativistas apontando armas de fogo, e disparou onze tiros de aviso na direção do nosso navio, ou seja, quem é a verdadeira ameaça à região? Se a Guarda Costeira quer proteger o meio ambiente, ela deveria parar de agir como uma escolta particular da Gazprom. A perfuração em busca de petróleo no Ártico representa um grave risco ambiental à região. Para isso, o Greenpeace protesta pacificamente para expor ao mundo como as grandes petrolíferas como Gazprom, Rosneft, ExxonMobil e Shell, em parceria com o governo russo, pretendem transformar uma das últimas regiões intocadas do mundo em puro negócio.”

                Todos os trinta ativistas seguem presos, a Justiça Russa decretou a prisão por dois meses de dois dos ativistas sob a alegação de inquérito criminal para apurar se a ação pode ser classificada como pirataria, o fotógrafo free-lancer Denis Sinyakov e Roman Dolgov estão mantidos no distrito de Leninsky, em Mursmansk (noroeste da Rússia). Até o fechamento dessa matéria não há informações sobre o julgamento dos outros 28 ativistas, que estão detidos em diferentes lugares ao redor de Murmansk.

          A exploração do petróleo no Ártico pode ter conseqüências irreparáveis, como vazamentos de óleo no mar, contaminação tóxica do ecossistema, além de destruir o que resta do gelo, levando a extinção os animais que o habitam, e pior, o degelo no topo do mundo reflete muito do calor do Sol de volta para o espaço, mantendo assim nosso planeta resfriado. Mais de 300 mil pessoas ao redor do mundo já se manifestaram contra o Governo Russo enviando mensagens pedindo a liberação dos ativistas.

Foto: Greenpeace

Laísa Mangelli

Ártico experimentou em 2019 seu segundo ano mais quente desde 1900


A costa da Groenlândia, fotografada de uma aeronave da NASA em 30 de março de 2017 (GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP)

Relatório publicado nesta semana afirma que o Ártico experimentou em 2019 seu segundo ano mais quente desde 1900, levando temores sobre o baixo gelo marinho no verão e o aumento do nível do mar.

O Polo Norte está esquentando duas vezes mais rápido que o resto do planeta desde os anos 90, um fenômeno que os climatologistas chamam de amplificação do Ártico, e os últimos seis anos foram os mais quentes da região.

A temperatura média durante o período entre outubro de 2018 e setembro de 2019 foi 1,9 grau Celsius acima da média de 1981-2010, de acordo com o boletim anual da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa).

A cobertura de gelo marinho no final do verão, medida em setembro de 2019, foi a segunda mais baixa no registro de satélites de 41 anos, junto com os dados de 2007 e 2016, informou o relatório anual.

“O ano de 2007 foi um divisor de águas”, disse Don Perovich, professor de engenharia de Dartmouth e coautor do relatório.

“Em alguns anos há um aumento, em alguns anos há uma diminuição, mas nunca tínhamos retornado aos níveis de antes de 2007”, acrescentou.

O ano até setembro de 2019 foi superado apenas pelo período equivalente em 2015-16 – o mais quente desde 1900, quando os registros começaram.

No mar de Bering, entre a Rússia e o Alasca, os dois últimos invernos registraram uma cobertura máxima de gelo marinho inferior à metade da média de longo prazo.

O gelo também é mais fino, o que significa que os aviões não podem mais pousar com suprimentos para os moradores de Diomede, uma pequena ilha no Estreito de Bering, que agora depende de helicópteros, menos confiáveis.

O gelo espesso também é vital para os habitantes locais que viajam de moto e guardam seus barcos ou caçam focas e baleias.

À medida que o gelo se forma no final do outono, os habitantes ficam isolados a maior parte do ano.

O gelo ancorado ao fundo do mar é cada vez mais raro, e é nesse gelo que pescadores e caçadores armazenam seus equipamentos.

“No norte do Mar de Bering, o gelo marinho costumava estar presente conosco oito meses por ano. Hoje, podemos ver apenas três ou quatro meses com gelo”, escreveram os residentes indígenas em um ensaio incluído no relatório.

Não é apenas o gelo marinho que está recuando, de acordo com o relatório: o gelo na Groenlândia também está derretendo.

Para o resto do mundo, esse derretimento é medido pelo aumento do nível do mar. A cada ano, o derretimento da Groenlândia eleva o nível do mar global em 0,7 milímetros.

AFP

Rússia descobre cinco novas ilhas no Ártico após derretimento de geleiras


Soldados russos na base militar da ilha de Kotelny, no Círculo Polar Ártico (AFP/Arquivos)

A Marinha russa anunciou, nesta terça-feira (22), a descoberta de cinco novas ilhas que emergiram em meio ao derretimento de geleiras no Ártico.

As ilhas foram cartografadas em uma expedição realizada em agosto e setembro. Estavam escondidas sob geleiras, disse o chefe da frota, o vice-almirante Alexander Moiseyev, acrescentando que ainda não foram “batizadas”.

“Isso se deve, principalmente, é claro, às mudanças na situação do gelo”, declarou Moiseyev, que liderou a expedição, em uma entrevista coletiva em Moscou.

“Antes, eram geleiras. Achávamos que faziam parte da mesma geleira”, acrescentou, explicando que “o derretimento, o colapso e as mudanças de temperatura fizeram estas ilhas ficarem expostas”.

A perda de glaciares no Ártico entre 2015 e 2019 foi maior do que em qualquer outro período de cinco anos anterior já registrado, informou a ONU em um relatório sobre o aquecimento global do mês passado.

A Rússia instalou uma série de bases militares e científicas no Ártico nos últimos anos. O interesse é crescente, à medida que o aumento das temperaturas vai abrindo novas vias para a navegação e torna possível que sejam explorados recursos minerais até então inacessíveis.

Cerca de 60 pessoas participaram de uma expedição neste verão aos arquipélagos Terra de Francisco José e Nova Zembla, incluindo civis da Sociedade Geográfica russa. Foi a primeira em que se usou um rebocador de resgate, no lugar de um quebra-gelo.

Durante a expedição, o Ministério da Defesa anunciou que encontrou cinco novas ilhas na baía de Vize, frente a Nova Zembla, um grande arquipélago montanhoso com duas ilhas principais.

Estas ilhas já haviam sido detectadas por satélite, mas a expedição foi a primeira a avistá-las.

Além disso, a instituição confirmou a existência de uma ilha que previamente havia sido cartografada como uma península de Hall Island, parte do arquipélago da Terra de Francisco José, ao oeste de Nova Zembla.

AFP