Designer cria abrigo sustentável para moradores de rua


                  

No Brasil o número de pessoas que mora nas ruas é absurdo. Não é uma questão fácil de resolver, nem pode ser banalizada, pois se trata de outra conseqüência da desenfreada desigualdade social da sociedade atual. Enquanto discutimos obras que não são convenientes ao meio ambiente e tecnologias sustentáveis que nos ajudam no processo de conservação do planeta, há pessoas que não possuem nem mesmo um lugar seguro para se protegerem da chuva. Mesmo sendo uma realidade perturbante, a sociedade entrega essa questão aos políticos, que nunca pensam nos moradores de rua, que além de se multiplicarem rápido, ficam largados a própria sorte. Muitos prontamente julgam a condição de vida dessas pessoas alegando que fora sua própria escolha.

Mas como se atrevem a adivinhar e a julgar a vida dessas pessoas? Não sabem que sem moradia fixa, documentos e educação básica e pelo menos um suporte é impossível de se arrumar um emprego e mudar de vida? Como podem questionar as prioridades de uma alma sem aparo e faminta?

Dizem que estamos numa nova hora de restauração e confraternização, onde supostamente devíamos largar as tradições opressoras e sair do comodismo, assumindo finalmente nossas responsabilidades e fazendo a mudança no mundo com nossas próprias mãos. E é para isso que temos acesso a tanta tecnologia nos tempos atuais, para facilitar o compartilhamento de idéias e acelerar os planos, as mudanças! Sem esperar nem criar expectativas que um político vá cumprir suas promessas.

A designer americana Tina Hovsepian nos mostrou que uma pequena e criativa iniciativa pode fazer uma grande diferença. Além disso, ela provou como é fácil, mesmo que estejamos sozinhos, achar soluções progressistas e sustentáveis. Basta olhar nas condições e necessidades do mundo para se inspirar. Ela criou as casas de papelão em formato de Origamis.  A Cardborigami foi desenvolvida para servir como um abrigo temporário para pessoas que não tem onde morar e precisam de ajuda. Tina queria fazer com que sua criação servisse como solução emergencial para pessoas em situação de risco, que poderão utilizar a Cardbotigami para suprir sua necessidade mais urgente até encontrarem um lar definitivo.

As pequenas casas dobráveis feitas de papelão, pesam quase 5 quilos e sua montagem leva apenas 1 minuto, tornando-as portátil, fáceis de manipular e desempenham um importante papel para a sociedade e para o meio ambiente. O papelão é revestido com material resistente a água para proteger o interior da casa em caso de chuva e em seu kit ainda está incluso um retardador de fogo para os casos de emergência.

O Cardborigami ainda é apenas um protótipo, mas poderá mudar a vida de muita gente. Hoje, Tina busca investidores para conseguir produzir as casa de papelão no site de financiamento colaborativo GoFundMe. Mas o projeto não termina aí. O próximo passo é criar um centro de abrigo para esses moradores de rua, onde eles aprenderão a utilizar a casa origami e contarão com ajuda para encontrar seu novo lar. Se você gostou da ideia basta acessar o site e ajudar.

                                                 

Fonte: Arquitetura Sustentável

Laísa Mangelli

 

Brasil aparece em 77º em ranking de desempenho ambiental


Índice avaliou 178 países em diversas categorias, sendo que o Brasil se destaca negativamente principalmente na questão do saneamento básico, no desmatamento e na tendência de aumento da intensidade de carbono na economia

 

Pesquisadores das Universidades de Yale e Colúmbia, ambas nos Estados Unidos, em parceria com o Fórum Econômico Mundial, divulgaram nesta semana o Environmental Performance Index 2014 (EPI), classificando 178 países de acordo com dois grandes temas: “Proteção da saúde humana das ameaças da natureza”, que inclui questões como saneamento básico e impactos da poluição do ar e da água; e “Vitalidade dos ecossistemas”, que engloba, entre outros fatores, leis de proteção da biodiversidade e impactos da matriz energética no meio ambiente.

Considerando todos os critérios, a Suíça aparece como o líder do ranking, seguida por Luxemburgo, Austrália, Singapura e República Tcheca.

“Muitos dos países que figuram no topo neste ano são os mesmos de edições passadas. Isso demonstra como um bom desempenho ambiental está relacionado com políticas de longo prazo que priorizem a proteção dos ecossistemas e que comprometam investimentos neste sentido”, afirmou Angel Hsu, principal autor do índice.

Entre as grandes potências, a Alemanha é a melhor classificada, em sexto lugar. O Reino Unido está em 12º, o Japão, em 26º, a França, em 27º, e os Estados Unidos, em 33º. 

Já os países emergentes apresentaram modestas melhoras no ranking, mas ainda ocupam baixas posições, devido principalmente à sua urbanização desordenada, crescimento acelerado – movido muitas vezes pela destruição de ecossistemas – e pela ausência de leis de proteção ambiental.

A África do Sul está em 72º, a Rússia, em 73º, o Brasil, em 77º, a China, em 118º e a Índia aparece bem ao fim da lista, em 155º.

A posição ruim do Brasil se justifica pelo seu péssimo desempenho em alguns dos critérios. Em mortalidade infantil, por exemplo, apesar dos avanços dos últimos anos, o país ainda é o 95º no ranking. Em acesso a saneamento básico, que também resulta na alta mortalidade infantil, é o 98º.

 Em “tendência para o aumento de intensidade de carbono”, o Brasil está em 93º, um sinal de que a economia e o setor de energia estão seguindo um caminho de mais emissões de gases do efeito estufa, algo que é facilmente constatado pelo maior uso de termoelétricas e pelas promessas do governo de mais investimentos em carvão.

Mas a pior classificação do país é em “mudança de cobertura florestal”, 105º, destacando o aumento do desmatamento no ano passado, que pode estar relacionado com o enfraquecimento do Código Florestal, alterado em 2012.

No entanto, nem tudo é ruim para o Brasil; aparecemos em primeiro no item “poluição do ar – exposição a particulados (PM 2,5)”. Isso se deve ao grande número de habitantes do país que não vive metrópoles, e que, portanto, não está exposto a tanta poluição de automóveis e fábricas. A nossa atual matriz energética baseada em hidroeletricidade também explica o bom resultado.

Todas as cinco piores nações do ranking, Somália, Mali, Haiti, Lesoto e Afeganistão, estão envolvidas em conflitos civis ou em caos social devido a catástrofes naturais. É o caso do Haiti, que ainda está buscando se recuperar do terremoto de 2010, um reflexo de que, sem estabilidade política e institucional, não há proteção do meio ambiente, afirma o EPI.

“O nosso índice pode ajudar a direcionar os esforços internacionais na busca por cumprir as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Porém, ainda vemos que existe uma falta de estrutura política para que se acelere a transformação necessária para um modelo econômico e social realmente sustentável”, concluiu Hsu.

Imagem: Crianças brincam perto de esgoto a céu aberto em Brasília / Valter Campanato / AgenciaBrasil   
               O desmatamento voltou a crescer no Brasil em 2013 / Wikimedia Commons 

Fonte: Instituto Carbono Brasil