A cultura do “egomóvel” no Brasil


Transporte melhor esbarra na mentalidade retrógrada do brasileiro. Sociólogo urbano critica fato de transporte público no Brasil ser associado a classes baixas. Maioria dos debates sobre mobilidade trata de soluções tecnológicas, quando a inovação deve ser de ordem social

O Brasil ainda mantém a tradição de privilegiar o automóvel em detrimento do transporte coletivo, e alterar esse panorama demanda não só políticas públicas, mas uma mudança na mentalidade do brasileiro. Essa é a opinião Martin Gegner, do doutor em sociologia urbana da Universidade Técnica de Berlim e professor visitante da USP.

Gegner organizou na última semana um painel com especialistas brasileiros e alemães para discutir o tema mobilidade em grandes cidades. O debate é parte do 2° Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação, evento integrante do Ano Alemanha + Brasil.

“O Brasil ainda vive a influência do ideal modernista de urbanismo, em que as cidades são planejadas em função do carro, com prédios e garagens grandes, com bairros ligados por grandes vias rodoviárias. O grande exemplo disso é Brasília”, diz Gegner, que tem origem alemã.

Para ele, esta concepção de metrópole vem sendo questionada há mais de 30 anos na Alemanha, principalmente pelos movimentos verdes. “Os jovens alemães das grandes cidades já não valorizam o carro, mas no Brasil isso ainda é muito forte. É o que chamamos de ‘egomóvel‘, porque não é funcional, é mais um símbolo de status”, defende.

O professor critica ainda a mentalidade da classe política, que, segundo ele, associa o transporte público às classes baixas, focando apenas no preço, sem oferecer qualidade no serviço.

LEIA MAIS:
Por que o Brasil tem o carro mais caro do mundo?

“Na visão dos políticos brasileiros, menos de cinco pessoas por metro quadrado significa que a linha está subutilizada. Isso é um absurdo”, protesta. Ele diz que é preciso tornar o transporte coletivo mais confortável, o que aumentaria a aceitação entre as classes altas.

Inovações sociais

Gegner acredita que a maioria dos debates sobre mobilidade trata de soluções tecnológicas, quando a inovação deve ser de ordem social. Ele cita como exemplo a bicicleta: “No Brasil ela é vista como lazer e não como transporte. Na Alemanha, as grandes cidades estão cobertas de ciclovias e as pessoas usam a bicicleta para ir trabalhar”.

Por isso, o painel no evento também discutiu a adaptação de projetos de sucesso na Alemanha, como o Car Sharing e o Call a Bike, em que é possível alugar um automóvel ou uma bicicleta por horas ou minutos. “Você procura no celular onde está o ponto mais próximo, busca o carro ou bicicleta, e devolve em outro local da cidade”, explica o professor.

Outro tema abordado no evento é a implementação do veículo leve sobre trilhos, ou VLT, uma espécie de metrô na superfície. De acordo com o especialista, este tipo de transporte é uma solução rápida e barata. “O custo do VLT é muito menor que o do metrô, porque qualquer obra subterrânea é muito cara e lenta. As pessoas associam isso ao bonde de antigamente, mas não tem nada a ver. É um transporte rápido, de massa e confortável”, assegura.

“O Brasil ainda vive a influência do ideal modernista de urbanismo, em que as cidades são planejadas em função do carro, com prédios e garagens grandes, com bairros ligados por grandes vias rodoviárias. O grande exemplo disso é Brasília”, diz Gegner, que tem origem alemã.

Para ele, esta concepção de metrópole vem sendo questionada há mais de 30 anos na Alemanha, principalmente pelos movimentos verdes. “Os jovens alemães das grandes cidades já não valorizam o carro, mas no Brasil isso ainda é muito forte. É o que chamamos de ‘egomóvel‘, porque não é funcional, é mais um símbolo de status”, defende.

O professor critica ainda a mentalidade da classe política, que, segundo ele, associa o transporte público às classes baixas, focando apenas no preço, sem oferecer qualidade no serviço.

LEIA MAIS:
Por que o Brasil tem o carro mais caro do mundo?

“Na visão dos políticos brasileiros, menos de cinco pessoas por metro quadrado significa que a linha está subutilizada. Isso é um absurdo”, protesta. Ele diz que é preciso tornar o transporte coletivo mais confortável, o que aumentaria a aceitação entre as classes altas.

Inovações sociais

Gegner acredita que a maioria dos debates sobre mobilidade trata de soluções tecnológicas, quando a inovação deve ser de ordem social. Ele cita como exemplo a bicicleta: “No Brasil ela é vista como lazer e não como transporte. Na Alemanha, as grandes cidades estão cobertas de ciclovias e as pessoas usam a bicicleta para ir trabalhar”.

Por isso, o painel no evento também discutiu a adaptação de projetos de sucesso na Alemanha, como o Car Sharing e o Call a Bike, em que é possível alugar um automóvel ou uma bicicleta por horas ou minutos. “Você procura no celular onde está o ponto mais próximo, busca o carro ou bicicleta, e devolve em outro local da cidade”, explica o professor.

Outro tema abordado no evento é a implementação do veículo leve sobre trilhos, ou VLT, uma espécie de metrô na superfície. De acordo com o especialista, este tipo de transporte é uma solução rápida e barata. “O custo do VLT é muito menor que o do metrô, porque qualquer obra subterrânea é muito cara e lenta. As pessoas associam isso ao bonde de antigamente, mas não tem nada a ver. É um transporte rápido, de massa e confortável”, assegura.

Fonte: Pragmatismo Politico

Quatro grandes cidades afirmam que vão proibir veículos a diesel até 2025


Os líderes de quatro grandes cidades da Europa e da América se comprometeram a proibir a circulação de carros e caminhões a diesel até meados da próxima década.

Os prefeitos de Paris, Cidade do México, Madri e Atenas dizem que estão implementando a proibição para melhorar a qualidade do ar, e vão incentivar o uso de veículos alternativos, bem como o ciclismo.

As afirmações foram feitas no México em uma reunião bienal de líderes municipais.

Problema de saúde

O uso de diesel nos transportes foi objeto de estudo crescente nos últimos anos, uma vez que as preocupações com o seu impacto na qualidade do ar aumentaram.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que cerca de três milhões de mortes por ano estão ligadas à exposição à poluição do ar.

Os motores a diesel contribuem para o problema de duas maneiras principais – através da produção de partículas (PM) e óxidos de nitrogênio (NOx). A fuligem PM pode penetrar nos pulmões e contribuir para doenças cardiovasculares e morte. Já os óxidos de nitrogênio podem ajudar a formar ozônio no nível do solo e exacerbar dificuldades respiratórias, mesmo para pessoas sem histórico de problemas respiratórios.

À medida que a evidência cresce, os grupos ambientais tentam impor normas e regulamentos que melhorem a qualidade do ar. No Reino Unido, os ativistas recentemente tiveram sucesso em forçar o governo a agir mais rapidamente. Agora, os prefeitos de uma série de grandes cidades decidiram reprimir o uso de diesel.

Forçando a melhora

A proibição do diesel nessas capitais é extremamente significativa. Os fabricantes de veículos perceberão que é apenas uma questão de tempo até que outras cidades sigam esse exemplo.

A história da fabricação de veículos mostra que as empresas que não acompanham as melhorias ambientais falham em um mercado global. Os maiores formadores de design automotivo não são as companhias, mas sim as autoridades que fazem leis.

Já existe uma corrida para melhorar carros elétricos e híbridos. Isso agora se tornará uma demanda.

Os quatro prefeitos declararam que farão tudo o que estiver ao seu alcance para incentivar o uso de veículos elétricos e híbridos.

Ações

Paris já tomou uma série de medidas para reduzir o impacto de carros e caminhões a diesel. Os veículos registrados antes de 1997 já foram proibidos de entrar na cidade, com restrições que aumentam a cada ano até 2020.

Além disso, uma vez por mês, a avenida Champs-Élysées é fechada ao trânsito, enquanto recentemente uma seção de 3 km da margem direita do rio Sena, que já foi uma autoestrada de duas faixas, se tornou uma faixa para pedestres.

A Cidade do México também está investindo em mudanças de infraestrutura urbana.

“Não é segredo que na Cidade do México enfrentamos problemas com poluição do ar e tráfego”, disse o prefeito da cidade, Miguel Ángel Mancera. “Ao expandir opções de transporte alternativas, como o Bus Rapid Transport e os sistemas de metrô, ao mesmo tempo em que investimos em infraestrutura de ciclismo, estamos trabalhando para aliviar o congestionamento de nossas rodovias e de nossos pulmões”.

Contra o aquecimento global

Muitas das medidas propostas para reduzir a poluição do ar têm a vantagem de também conter as emissões que exacerbam o aquecimento global.

“A qualidade do ar que respiramos em nossas cidades está diretamente ligada à luta contra as mudanças climáticas”, disse a prefeita de Madri, Manuela Carmena. “À medida que reduzimos as emissões de gases de efeito estufa geradas em nossas cidades, nosso ar ficará mais limpo e nossos filhos, nossos avós e nossos vizinhos serão mais saudáveis”.

Muitos dos planos delineados pelos prefeitos reunidos no México já estão tendo um impacto positivo.

Em Barcelona, bicicletas publicamente disponíveis reduziram as emissões de CO2 em mais de 9.000 toneladas, o equivalente a mais de 33 milhões de quilômetros conduzidos por um veículo médio. [BBC]

Fonte: hype science