Seca nos EUA pode provocar crise global de alimentos


O governo do presidente Barack Obama preveniu que o abastecimento alimentar estava ameaçado pelo agravamento da seca que aflige mais da metade do país e pediu para o Congresso reativar programas extintos de ajuda em situações calamitosas.

Obama reavaliou a situação com o secretário da Agricultura, Tom Vilsack, que a chamou de "situação mais séria" em cerca de 25 anos e acrescentou que estava rezando para chover. "Eu me ajoelho todos os dias, e faço uma oração extra", disse Vilsack aos jornalistas na Casa Branca, depois de discutir a situação com o presidente. "Se soubesse uma oração da chuva ou uma dança da chuva, eu poderia fazê-la", afirmou.

Vilsack disse que 1.297 condados, aproximadamente um terços dos condados do país, foram classificados como áreas de desastre. Ele disse também que outros 39 foram incluídos na conta nesta semana.

Mais de três quartos da safra de milho e soja do país estão em áreas atingidas pela seca, e mais de um terço dessas safras estão agora classificadas como muito fracas, disse o secretário. O preço do milho subiu 38% nas últimas semanas, e o da soja, 24%. O país ainda poderá ter a terceira maior safra de milho da história porque o tempo bom anterior encorajou o plantio, mas Vilsack disse que a seca faria aumentar os preços dos alimentos em 2013.

O custo da carne bovina, suína e de aves poderá cair no curto prazo porque os rebanhos estão sendo liquidados, levando mais carne ao mercado, disse ele. Mas esses preços provavelmente subirão mais para o fim deste ano ou no começo do próximo.

Ele não quis especular sobre a possibilidade de a seca estar relacionada à mudança climática.

"Tudo que sabemos é que nesse momento há muitos agricultores e criadores em dificuldade", disse Vilsack, acrescentando que a prioridade deve ser "o que nós podemos fazer para ajudá-los".
 


O governo baixou a taxa de juro para empréstimos de emergência e tem trabalhado para acelerar programas de ajuda. Vilsack disse que o Congresso poderia ajudar recuperando programas para desastres que expiraram no ano passado ou fornecendo outra ajuda via o Food, Farm and Jobs Act, uma reforma pendente do programa de agricultura e nutrição do país.

Fonte: The New York Times/O Estado de S. Paulo