Instituto Butantã anuncia 17 novas espécies de aranha


O Instituto Butantan, localizado em São Paulo, voltou a ganhar destaque internacional. Após perder 30% do acervo de aranhas em um incêndio em 2010, o centro de pesquisa anunciou 17 novas espécies, que levaram à descrição de um novo gênero de aracnídeos: Predatoroonops.

As espécies, que fazem parte da família Oonopidae, foram identificadas após seis anos de análise de aranhas coletadas na Mata Atlântica. Os pesquisadores destacaram a diferenciação da estrutura das quelíceras. "[Elas] possuem várias articulações e são totalmente diferentes das de espécies de outros gêneros", comentou ao jornal O Estado de S. Paulo, o biólogo Antonio Brescovit, um dos responsáveis pela descoberta.

O nome foi escolhido devido as articulações nas quelíceras (gancho frontal que serve para captura de alimentos e proteção), que lembram a vilã do filme Predador, de 1987. As espécies deste gênero foram batizadas com referências aos personagens da obra, a exemplo de Arnold Schwarzenegger, que interpreta o mocinho Dutch – o ator foi homenageado com os nomes Predatoroonops Schwarzenegger e Predatoroonops Dutch. Por este motivo, as espécies foram destaque durante a apresentação no boletim do Museu Americano de História Natural.

A descoberta também é considerada a maior contribuição do Brasil para o The Goblin Spider, um dos mais ambiciosos projetos mundiais já realizados para a sistematização desses artrópodes. As novas espécies serão enviadas para o Inventário Planetário de Biodiversidade (PBI), junto com os 23 tipos de aranhas identificados anteriormente pelos pesquisadores que participam da ação, que pretendem documentar todos os gêneros da família Oonopidae.

 

Hipóteses

Os cientistas ainda tentam desvendar a utilidade das quelíceras presentes apenas nos machos das novas espécies. Eles sugerem que elas sejam utilizadas na reprodução, pois liberariam feromônio (hormônio da atração sexual). Além disso, podem servir para prender a fêmea durante a cópula.

"Há também a possibilidade de serem usadas como arma durante a briga entre os machos, ainda que isso seja pouco comum em aranhas. Mas temos de coletar mais exemplares para fazer uma observação correta", declarou Brescovit.

Fonte: Instituto Carbono Brasil