Em meio às secas severas em muitas partes do mundo, a exemplo do Nordeste brasileiro e de boa parte dos Estados Unidos, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) e a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação soaram um alerta.
As entidades pediram que os países adotem políticas de gerenciamento da seca urgentemente, incluindo ações para a conservação dos recursos hídricos e redução no consumo de água.
Segundo uma declaração feita pela OMM nesta terça-feira (22), a seca está causando uma alta nos preços dos alimentos, sendo um dos casos mais graves a dos EUA, que já está afetando os mercados mundiais.
A OMM defendeu a criação de políticas fixas, ao invés de apenas ações contingenciais para gestão de desastres, pois desta forma se garante que medidas sejam tomadas independentemente da situação política.
“Precisamos sair da abordagem fragmentada, desencadeada por crises e desenvolver políticas nacionais integradas para a seca, baseadas no risco”, comentou o secretário-geral da OMM Michel Jarraud.
Mannava Sivakumar, diretor de adaptação e previsão climática da OMM ressaltou que somente a Austrália tem uma legislação específica para lidar com a seca e a desertificação.
Em fevereiro de 2008, durante um fórum ministerial, se concordou que a abordagem de agir apenas em circunstâncias excepcionais não era a mais apropriada no contexto das mudanças climáticas, explica o Departamento de Agricultura, Pesca e Florestas do governo australiano, que começou amplas análises até chegar em sua política para a seca.
"A políticas para a seca precisa ser aprimorada visando criar um ambiente de auto-dependência e preparação, além de incentivar a adoção de práticas adequadas de gestão das mudanças climáticas", enfatiza o governo.
Um encontro de alto nível foi convocado pela ONU para o mês de março de 2013 para discutir a ampliação das boas práticas na gestão da água.
Razões Múltiplas
De acordo com a OMM, 63% do território norte-americano e metade dos distritos da Índia estão sofrendo com a seca. Nos EUA, a colheita de milho foi fortemente afetada.
O meteorologista Mozar Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia, INMET, falou à Rádio ONU, de Brasília, sobre as razões das secas.
"Houve uma seca nos Estados Unidos que causou um impacto grande na agricultura, e tivemos, no Brasil, duas regiões bastante afetadas pela seca. A região Sul, que é uma região importante de produção agrícola, e também a região Nordeste. Cada região tem suas particularidades, porém alguns fatores podem ser comuns. Eu diria por exemplo o fenômeno La Niña, que já encerrou seu ciclo, e nós estamos no processo já de surgimento do El Niño. Fenômenos como esses, que ocorrem no Pacífico, têm influência em várias partes do planeta."
Fonte: Instituto Carbono Brasil