Onde abundam alternativas, vigora o desperdício


“A Amazônia possui um potencial de bioeletricidade que é completamente desperdiçado. Vira fumaça nas madeireiras o que poderia virar energia. Além disso, o Brasil é o país do sol e do vento, principalmente na região nordeste. Outro exemplo são os lixões a céu aberto. Temos mais de 20 milhões de habitantes na Amazônia que poderiam ser beneficiados com o aproveitamento dos lixões para produção de energia, também com geração de crédito de carbono. Mas o governo não conseguiu ainda transformar isso em política pública”, afirmou.

 

Segundo estudo da Agência Internacional de Energia, citado no Seminário, o Brasil possui o segundo pior desempenho em termos de economia de energia dos países do G-20, ficando à frente apenas da Arábia Saudita. O país conquistou tal colocação, pois reduziu apenas 22,7% a sua intensidade energética. Em comparação, a China, primeira colocada no ranking, teve uma redução de 66%.

 

“As prioridades do Plano Energético vão para onde se investe o dinheiro. E o dinheiro vai para o petróleo. Mas que política é essa que o governo não consegue dizer se é viável, se vai dar retorno? Vamos gastar 730 bilhões no pré-sal. Estamos destinando todo o recurso do país para investir num combustível do passado, enquanto o país tem alternativas possíveis. Mas novos paradigmas não são considerados. Vamos discutir se ferrovia é uma alternativa viável? Não, isso não interessa”, contestou Sérgio Leitão.

 

Outro ponto criticado foi a flexibilização, por parte do governo federal, das normas de licenciamento para liberação de empreendimentos de infraestrutura. De acordo com o diretor do Greenpeace, o Plano Decenal de Energia do Ministério das Minas e Energia para o período de 2011 a 2021 prevê que uma área de 6.456km2 será inundada para viabilizar o fornecimento de energia para as 34 novas usinas hidrelétricas no país. Segundo ele, isso equivale ao somatório dos territórios de dez capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Maceió.

 

“Grandes reservatórios inundam as terras onde vivem milhares de pessoas, destruindo suas vidas, seus projetos de futuro. O Brasil vive um paradoxo. É na democracia que se destrói a lei, porque não se tem a capacidade para fazê-la ser cumprida. Assim foi com o Código Florestal, e assim será com o licenciamento de grandes empreendimentos”, completou Sérgio Leitão.

Fonte: Greenpeace