Natal europeu tem clima incomum em 2012


Moscou com 25 graus negativos e o sudoeste da França com temperaturas superiores a 24 graus em pleno inverno: o clima parece ter perdido o padrão neste Natal na Europa.

 

Os termômetros marcavam 24,3° nesta segunda-feira em Biarritz, segundo o serviço meteorológico francês, uma temperatura 12 graus acima do normal para esta época do ano.

 

Verão no inverno? Os turistas estão de camiseta, short e calção de banho no sudoeste da França, quando deveriam estar de casaco e botas.

 

O sudoeste da França está sob um fluxo de ar temperado, um fenômeno amplificado pelo "efeito de foehn (vento quente e forte), muito comum nesta região", explicou à AFP o especialista Patrick Galois. A massa de ar que vem do sul se aquece na descendente dos Pirineus e torna a costa francesa mais quente que a costa espanhola.

 

O sul da Itália também enfrenta uma temperatura excepcionalmente mais elevada, em torno dos 22 graus nas praias de Catânia, na Sicília, neste Natal.

 

As temperaturas estão igualmente elevadas para esta época do ano no norte da França e na Áustria, onde desde a Segunda Guerra Mundial não se registrava 17,7 graus em Brand, a mais de 1.000 metros de altitude, em um 24 de dezembro.

 

Na Alemanha, foi verificada a temperatura recorde de 18°9 graus na Floresta Negra, e em Munique, o clima é de primavera.

 

Fortes chuvas castigam o País de Gales, a Escócia e o sudoeste da Inglaterra, transbordando rios e provocando inundações em diversas cidades.

 

Na Rússia, Moscou enfrenta 25 graus negativos, com as autoridades determinando a suspensão das aulas, e o leste da Sibéria está sob um frio de menos 50 graus, com consequências dramáticas.

 

Desde meados de dezembro, 90 pessoas já morreram de frio na Rússia, segundo fontes médicas citadas nesta segunda-feira pela agência estatal Ria-Novosti. Na Ucrânia, foram 83 óbitos.

 

Esta onda de "frio extremo" é provavelmente "a mais rigorosa dos últimos 70 anos", segundo Régis Crépet, especialista da Météo-Consult, entrevistado pela France-Info.

 

Para o professor de física climática da Universidade de Oxford Tim Palmer, estes eventos meteorológicos extremos se explicam pelo jet-stream, fluxo de ar que circula entre 6 e 15 km de altitude, com ondulação particularmente forte neste momento.

 

Isto significa que rebate o ar frio do norte sobre a Rússia e mantém o ar quente sobre o sul da França e países vizinhos.

 

"A questão é: será que esta flutuação e configuração incomum do jet stream é resultado da mudança climática"? "Não sabemos. Os modelos ainda não são suficientemente bons para nos dizer".

Fonte: AFP