Voar pode ficar mais verde


Durou anos a queda de braço entre a União Européia (UE) e praticamente o resto do mundo sobre um teto de emissões da indústria de aviação. A UE desejava que aviões chegando a seu espaço aéreo ou partindo deles pagassem pelo carbono que jogam na atmosfera. Países como a China alegaram que isto significava uma guerra mundial. Não havia acordo.

    

Este acordo, agora global, foi anunciado pelas Nações Unidas na semana passada e, segundo ele, as empresas aéreas terão de cortar suas emissões a partir de 2020. Elas respondem por cerca de 2% de todos os gases de efeito estufa jogados na atmosfera por ano. O que ainda não se sabe é que força real estes controles vão ter.

A concordância, divulgada no dia 4, foi negociada pela Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, em inglês), um braço da ONU que regula viagens aéreas internacionais. E é “um marco histórico para o transporte aéreo,” acredita Roberto Kobeh González, presidente do conselho da organização. “Finalmente determinamos um caminho verde à frente”.

Todos os 191 estados-membros assinaram o plano, que estabelece um esquema de comércio de emissões. Elas terão um teto a partir de um nível específico e as empresas poderão comprar ou vender permissões de emissões. As que as cortarem realizarão lucros comercializando excedentes.

Os detalhes serão finalizados no próximo grande encontro da ICAO, em 2016. Apenas vôos internacionais serão afetados. Cada país continua responsável por seus voos domésticos.

Há duas incertezas, porém, que podem colocar o esquema em xeque. Os países com poucos vôos internacionais pediram para ficar fora do acordo. São empresas pequenas, mas há muitas delas. Se ficarem de fora, 25% das emissões mundiais do setor não serão reguladas.

E, o que é muito importante, não se sabe quanto CO2 o setor poderá emitir. Se as empresas aéreas tiverem uma grande quota de emissões no orçamento de carbono, o esquema de comércio não fará muito sentido. As emissões serão cortadas apenas se o teto for rígido.

Foto: caribb/Creative Commons

Fonte: Planeta Sustentável