Área de mineração na Amazônia peruana cresceu 400% em 13 anos


A mineração de ouro cresceu rapidamente nos últimos 13 anos na região de Madre de Dios, na porção peruana da Amazônia, que faz fronteira com Brasil e Bolívia. Segundo estudo da Carnegie Institution for Science da Universidade de Stanford e do Ministério do Meio Ambiente do Peru, a extensão territorial ocupada por esta atividade saltou de 10 mil hectares em 1999 para mais de 50 mil hectares em 2012. O crescimento foi de 400%, muito acima das estimativas do governo da região.

A média anual da expansão territorial triplicou para 6.145 hectares por ano desde 2008, ano em que a crise econômica mundial provocou rápido aumento dos preços do ouro e, também, o crescimento de operações ilegais de mineração de ouro no sul de Madre de Dios.

Hoje a atividade mineradora é a principal causa do desmatamento na região, superando o impacto da pecuária, agricultura e exploração madeireira.

O estudo, que foi publicado na “Proceedings of the National Academy of Sciences”, combinou imagens de satélite de alta resolução, com pesquisas de campo e mapeamento aéreo.

Segundo os pesquisadores, o software usado pelos pesquisadores tem uma resolução que permite detectar distúrbios de pequena escala, que não seriam mapeados por métodos tradicionais de sensoriamento remoto. Os autores identificaram que 94% dos garimpos instalados entre 2009 e 2011, detectados pelo satélite de alta resolução, foram confirmados por observações de campo e dados do Observatório do Instituo Carnegie.

De acordo com os pesquisadores, o impacto geográfico dos ciclos de exploração de ouro em Madre de Diós nunca tinha sido bem documentado. Até então, estudo feito com satélite Landsat, com resolução de 30 metros, havia detectado desmatamento de 15.500 hectares de floresta primária em 2009. Este estudo foi feito para mapear as três grandes mineradoras da região: Huepetuhe, no pé dos Andes; Guacamayo, perto do Rio Inambari, e Delta -1, entre os Rios Colorado e Puquiri. Mas a ocupação das milhares de pequenas mineradoras novas nunca tinha sido medida, por conta do caráter clandestino dessas operações e pelo desafio de mapeá-las com sensores de satélites.

Em 2012, as pequenas operações de mineração corresponderam a 51% de toda atividade de extração de ouro da região, parte semelhante às três grandes mineradoras juntas.

Segundo o estudo, o impacto ambiental que tal crescimento trouxe para a biodiversidade local ainda é subestimado e pouco conhecido. O documento aponta que 1 hectare da região contém mais de 300 espécies de árvores, além do restante da flora e da fauna, e que a região é conhecida por abrigar uma das mais altas densidades de predadores, como onças e primatas de grande porte.

Outros problemas indicados são a poluição do ar e das águas por mercúrio, que pode contaminar a cadeia alimentar local, e outros sedimentos da mineração. “Neste momento não temos dados suficientes sobre as distâncias afetadas negativamente por cargas de sedimentos pesados ​​de mineração, mas as nossas estimativas visuais de aeronaves sugerem que os efeitos persistem por centenas de quilômetros, inclusive no Brasil”, afirma o estudo.

Fonte: Ambiente Brasil