Degelo para o aquecimento é maior do que se pensava


De acordo com o Instituto Scripps de Oceanografia, da Universidade de San Diego nos Estados Unidos, a capacidade do Ártico de refletir luz e calor caiu 4% entre 1979 e 2011.

Pode parecer pouco, mas representa que a região é ainda mais importante para o aquecimento global recente do que se imaginava e também explica por que o Ártico está apresentando uma elevação de temperaturas muito mais rápida do que outras partes do planeta.

Enquanto a média global de aquecimento desde a Revolução Industrial foi de 0,8ºC, o Ártico teria registrado 2ºC de elevação apenas nos últimos 40 anos.

A reflexão de luz e calor, que é chamada albedo, estaria se reduzindo devido ao desaparecimento do gelo marinho, causado pelas altas temperaturas. É, portanto, um ciclo vicioso: sem o gelo, o Ártico absorve mais calor, o que, por sua vez, impede a formação de gelo no ano seguinte.

Desde 1970, a volume mínimo anual de gelo marinho no Ártico teria caído 40%.

“É algo intuitivo: ao se trocar o branco e a reflexão do gelo pelo azul escuro da superfície do oceano, é esperado o aumento da absorção de calor. Utilizamos medições de satélites para medir o albedo e a cobertura de gelo da região para confirmar essa noção e para quantificar quanto calor está sendo absorvido devido à perda do gelo”, afirmou Kristina Pistone, uma das autoras do estudo.

Foi a primeira vez que uma pesquisa usou dados diretos de satélites para medir as mudanças no albedo associadas à retração do gelo marinho. Estudos anteriores se baseavam em modelos computacionais.

“Considerando nossos resultados, a diminuição do albedo no Ártico é bastante grande. Se calculada em relação ao globo, vemos que é comparável a um quarto da força radioativa – o efeito do aquecimento sobre o clima – resultante das emissões de CO2 durante o mesmo período. Isso sugere que a diminuição do gelo do Ártico tem sido um importante fator no aquecimento global que observamos nas últimas décadas”, explicou o climatologista Ian Eisenman, do Scripps.

“Assim, apesar de mais trabalho ser necessário, uma implicação possível dos nossos resultados é que as mudanças no gelo do Ártico têm um impacto maior do que o esperado no aquecimento global”, concluiu.

Fonte: Instituto Carbono Brasil