Bairro Santa Tereza, um dos mais tradicionais de BH, é tombado


Trezentos imóveis entre casas, igrejas e praças compõem a lista. Objetivo é preservar cultura, história, tradição e influência musical.

         
 
O bairro de Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, passa a ser tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (4). De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, foi realizado um estudo, que tem mais de 100 páginas, com características do bairro. Trezentos imóveis entre casas, igrejas, restaurantes, bares e praças compõem a lista de tombamento.

Além de preservar as edificações, o objetivo é de também preservar o bairro no que diz respeito a aspectos intangíveis como cultura, história, tradição e influência musical. "Santa Tereza não tem só o patrimônio arquitetônico e ambiental. Existe um patrimônio de cultura que transcende", avalia Leônidas Oliveira, presidente da entidade.

No dossiê também há conversas com a comunidade para que o órgão pudesse ter subsídios para a realização do tombamento. Três mil famílias participaram de um abaixo-assinado, dando aval para que a prefeitura realizasse o tombamento

"Esse tombamento é muito significativo para Belo Horizonte. E nós apostamos muito nele. Nós trabalhamos dois anos com muito afinco. Fizemos um detalhamento muito grande em todas as casas, nas praças, das ruas de Santa Tereza. Os moradores também terão benefícios. Eles não pagarão mais IPTU, para conservarem as casas”, disse Oliveira, que também preside a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

A partir desta quarta-feira, se os imóveis tombados precisarem de algum tipo de restauração, reforma ou alteração na estrutura, vão precisar de uma autorização do conselho. Oliveira disse ainda que, com o tombamento, Santa Tereza deixará de ser alvo da “guerra pela verticalização” porque não somente os imóveis serão tombados, mas, sim a ambiência e todo o conjunto arquitetônico, paisagístico, urbanístico e cultural de patrimônio do bairro.

Com relação a uma possível desvalorização dos imóveis, Oliveira é claro. "Uma preocupação dos moradores é que perca o valor dos imóveis. Eu não acredito nisso. Hoje, na Europa, os centros históricos são os lugares mais valorizados da cidade. E esse processo vai acontecer no Brasil proximamente. Santa Tereza não tem só o patrimônio arquitetônico e ambiental. Existe um patrimônio de cultura que transcende”.

Com relação às festas populares feitas no bairro, como o carnaval, por exemplo, Oliveira explicou que com o tombamento não haverá limitação. Ainda segundo ele, o carnaval também faz parte do patrimônio imaterial do bairro e, por essa razão, não poderá ser retirado do local.

“O carnaval, as serestas, as manifestações de rua, o uso das praças têm que passar por um apoio maior da cidade, da Prefeitura de Belo horizonte, inclusive facilitando o acesso para a liberação do espaço para os blocos e para as pessoas”, afirmou Leônidas Oliveira.

Fonte: G1