Desperdício de água na mira do Ministério Público


Promotores investigam descontos dados pela Sabesp aos grandes consumidores e seu impacto na crise hídrica

 

Ativistas do Greenpeace protestam diante do Banco Safra pelo fim dos descontos na conta de água dados pela Sabesp aos grandes consumidores de São Paulo. (©Greenpeace)

O Ministério Público Estadual está analisando os contratos de demanda firme realizados entre Sabesp e grandes consumidores, de acordo com reportagem publicada nesta quarta no El País Brasil.

Esses contratos dão descontos na tarifa de água para 537 empresas e organizações, entre elas, Nestlé, Bovespa, Shopping Iguatemi, Banco Safra, HSBC, Hoteis Hilton, Colgate, Vigor e Viscofan. Em resumo, quanto mais essas empresas consomem de água, menos elas pagam em sua conta.

O Greenpeace iniciou no começo do ano uma campanha contra os descontos concedidos para grandes empresas. Em meio à crise hídrica e energética que o país enfrenta, é inconcebível que os que mais gastam água paguem menos por ela. Apesar de as tarifas do setor serem diferenciadas por nível de consumo, a Sabesp deixa de receber 140 milhões de reais que poderiam ser revertidos em ações para driblar a crise.

O MP investiga o impacto dos contratos no estado e mesmo sobre a crise hídrica. O Greenpeace considera os descontos uma inversão de prioridades da Sabesp e Governo de São Paulo, que aumentam a tarifa de água acima da inflação (último aumento de 15,24%), enquanto continuam cobrando menos de grandes empresas.

Os contratos entre Sabesp e consumidores que gastam mais de 500 mil litros de água por mês estão com o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), grupo do MP que investiga a crise hídrica do Estado de São Paulo. A abertura dos documentos para o MP é importante, já que a Sabesp, de início, se recusou a tornar público os documentos, que apenas vieram à tona após pedidos da Agência Pública de Jornalismo Investigativo, por meio da Lei de Acesso à Informação, mesmo assim, de forma parcial. É a primeira vez que o MP terá acesso aos documentos detalhados. As informações completas dos contratos não são abertas ao público. A última ação ganha pelo MP fez com que a Sabesp informasse, em seu site, o real volume dos reservatórios paulistas que utilizam o volume morto.

O Greenpeace apoia a iniciativa do Ministério Público, que demonstra a necessidade de se questionar o planejamento hídrico da Sabesp. Assinem pelo fim dos descontos para grandes consumidores em nossa página www.aguaparaquem.org.br.

Fonte: Greenpeace