Modelo de sustentabilidade


Modelo de sustentabilidade, restaurante de Belo Horizonte produz energia solar e eólica

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O negócio nasceu de um ambiente familiar que já valorizava os princípios da sustentabilidade
Fotos: Divulgação/Expresso 500

Quem visita o restaurante, cuja fachada aponta o número do estabelecimento – 500 – logo descobre um ambiente aconchegante, repleto de histórias de tradição e família. A empresa não estava nos planos há alguns anos atrás. Nascido em uma família de pai e irmão contadores, Bruno Guimarães resolveu seguir uma paixão diferente: a gastronomia. Já ao longo do curso, ele elaborou um projeto em parceria com o irmão Igor, que resultou na marca Expresso 500. "O nome ficou tão bacana que resolvemos aproveitá-lo", conta Bruno.

A casa gastronômica foi aberta aproveitando o terraço da residência, área adaptada para atender cerca de 80 pessoas. Inicialmente, os empresários decidiram atender apenas eventos sob demanda, com objetivo de verificar mercado, fazer testes de cardápio e chegar à qualidade desejada.

O ambiente é estratégico para transmitir o conceito desejado: um local capaz de criar um momento de serenidade e bem estar. "Desde o princípio, este foi um negócio planejado com o coração. Nosso objetivo é preservar a hospitalidade mineira, que o cliente venha, tenha a sensação de estar em casa e que, ao sair, leve com ele estas boas sensações", explica Edmar Guimarães, pai de Bruno e Igor, e sócio na empresa.

O sistema híbrido consegue abastecer toda a iluminação do restaurante no período de quatro a seis horas

Hoje, a casa é aberta ao público uma vez por semana, às quintas feiras, apenas com atendimento agendado. "A ideia é manter a exclusividade, criar expectativa", explica Igor. Além disso, eles ainda disponibilizam o espaço para eventos particulares nos outros dias.

Sustentabilidade começa em casa
O negócio nasceu de um ambiente familiar que já valorizava os princípios da sustentabilidade. Edmar relata que o despertar para hábitos mais conscientes aconteceu observando os desperdícios. "Me incomodava muito ver uma quantidade grande de água limpa indo embora ao lavar a calçada, por exemplo. Então fomos buscando formas de driblar isso", relembra o empresário.

A primeira atitude foi a captação da água, há cerca de seis anos. O sistema foi instalado com capacidade para tratamento e armazenagem de 20 mil litros de água, com reuso em bacias sanitárias, lavanderia e lavagem das áreas comuns. Além disso, a água é utilizada em um sistema de resfriamento do restaurante: em dias mais quentes, a cobertura da área externa recebe jatos de água e ameniza a temperatura interior, sendo que o excedente é novamente captado, armazenado e reutilizado.

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As placas fotovoltaicas foram instaladas cerca de dois anos depois. A princípio foram quatro placas, com um total de 540W de potência, e pouco tempo depois uma turbina eólica também foi instalada no local, com 160W. A energia produzida ao longo do dia é armazenada para utilização durante as atividades. Hoje, o sistema híbrido consegue abastecer toda a iluminação do restaurante no período de quatro a seis horas. O contrato para repasse de excedente à companhia elétrica já está assinado e em fase de implantação. Para isto, foram instalados mais dois módulos fotovoltaicos, com 470W, conectados a rede.

Pequeno negócio realiza a captação e armazenamento de 20 mil litros de água da chuva

Todo o sistema de produção de energia, desde a instalação da primeira placa, há cerca de quatro anos, até esta última etapa, demandou investimento de cerca de 30 mil reais. Agora, os empresários buscam a certificação BH Sustentável.

Outras práticas adotadas pelo estabelecimento são a coleta seletiva e compostagem. O húmus produzido na composteira é destinado à horta orgânica, que atualmente abastece 100% das ervas e flores comestíveis presentes no cardápio. Além disso, todos os produtos de limpeza utilizados são biodegradáveis.

A adoção de práticas sustentáveis gerou economia, mas Igor relembra o principal foco da empresa. Para ele, “a sustentabilidade não pode ser só marketing, como muitas empresas pensam. É interessante ver a redução na conta, mas nosso principal foco não é especificamente o lucro com estas atitudes, e sim fazer a nossa parte”, ressalta.

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Valorização da cultura local
O ambiente do restaurante é um resgate da tradição mineira. “Nosso objetivo é valorizar a arte e cultura de Minas, representar a nossa história”, ressalta Igor. As mesas são de madeira de demolição. Todas as peças de decoração foram escolhidas com carinho e possuem uma história. Apesar de algumas terem mais de 250 anos, estão em perfeito funcionamento: são rádios, brinquedos, bicicleta, engradados com garrafas, um contador de passageiros de bonde de 110 anos, uma lanterna de ferrovia de 100 anos e um jogo de talheres de 250 anos.

Além disso, o local abriga uma coleção pessoal de mais de 1.400 cachaças. No cardápio, apenas cervejas e cachaças artesanais e mineiras: são cerca de 20 rótulos de cervejas e 20 de cachaças. As industriais não estão disponíveis – uma forma de valorizar o que é produzido no estado. No local, também pode ser encontrada uma cachaça de fabricação própria, cujo nome é uma homenagem ao time de futebol fundado na década de 40 pelo avô de Igor e Bruno: Pinga Pura.

Para Edmar, o diferencial do negócio é o carinho e atendimento personalizado, e eles fazem questão de manter o ambiente familiar. "Qualquer negócio, para sobreviver precisa de um compromisso com a natureza e com o ser humano. Tratar bem o ser humano. Hoje, o que é uma obrigação passa a ser diferencial: a atenção e o carinho ao conversar com o cliente, independente da atividade. Mais do que nunca, com a vida estressante, pressão, cobrança, é preciso uma contrapartida. E é isso que buscamos oferecer, um ambiente para descansar, relaxar, desligar a mente", ressalta o empresário.