COP21: o que já está dando certo e o que não está


COP21: o que já está dando certo e o que não está, artigo de Laís Vitória Cunha de Aguiar

 

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[EcoDebate] O rascunho do texto da Conferência realizada em Bonn pelos negociadores foi criticada de forma construtiva até mesmo pelo órgão das Nações Unidas, UNFCCC, mais precisamente por Christiana Figueres, Secretária Executiva do UNFCC (United Nations Framework on Climate Change). Segundo ela o texto está claro, conciso, concreto, porém ainda não está abrangente.

Por que não está abrangente? Segundo Yassen Tcholakov, do Grupo Jovem Consultivo Canadense da UNESCO, ‘no rascunho do texto estavam faltando muitas partes que foram classificadas como essenciais previamente pelas Partes (países)’.

Uma falha foi a não inclusão do AF (Fundo de Adaptação), como instrumento do Mecanismo Financeiro. O lado positivo é que isso já foi consertado nas últimas inserções. Eu não consegui mais informações a respeito da falta de abrangência do último rascunho, porém encontrei uma nova informação positiva e outra negativa.

O Fundo de Adaptação é um dos meios para auxiliar no combate ao aquecimento global que mais tem progredido. Tem financiado 50 projetos de pequena escala para adaptação, autorizou a implementação de 20 entidades nacionais e está ajudando a formar pessoas capacitadas na área.

Mesmo na atual crise global o Fundo recebeu 15 propostas de auxílio no último encontro, um número nunca visto antes para esse Fundo. O projeto, porém, tem como objetivo arrecadar 100 milhões de dólares até a COP21, o que eu creio estar longe de alcançar.

Apesar dos resultados positivos serem significativos, a COP21 será financiada por grandes e poluidoras corporações. Não deveria ser assim, mas é, e isso é um impasse para qualquer bom negociador: como lutar contra alguém que financia tudo o que você está fazendo? Um golpe de mestre por parte das corporações. Maquiavel iria adorar a estratégia.

Quais empresas estão financiando e são poluidoras em alto grau? Électricité de France e as operações de Engie em relação ao carvão contam aproximadamente por ‘somente’ metade das emissões energéticas francesas.

Acredito que a pressão popular seja de fato a única arma que possui verdadeiramente o poder de mudar o jogo, ainda mais em um país como a França, reconhecido por sua histórica luta por direitos. Será que precisaremos de um novo Robespierre? Realmente desejo que não cheguemos a esse dramático ponto.

Laís Vitória Cunha de Aguiar, 19, é ativista ambiental, estudante de Ecologia da UFPB e comunicadora popular pela Adopt a Negotiator, uma organização mundial que engloba jovens de diversos países com objetivo de divulgar o que ocorre nas negociações climáticas.

 

in EcoDebate, 09/11/2015