Pantanal pode desaparecer com aumento da temperatura do planeta


 

Assessoria – Nessa quarta-feira (16), é comemorado o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. A data nos leva a uma reflexão diante das ações antrópicas que têm intensificado alterações no clima em todo Planeta, principalmente pelo aumento da emissão de gases de efeito estufa, causados majoritariamente pela queima de combustíveis fósseis  ou pelo desmatamento. A falta de áreas verdes e a poluição tem afetado diretamente a qualidade de vida das pessoas.

De acordo com as projeções mais pessimistas do Painel Mundial sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), poderá ocorrer, nos próximos 110 anos, um aumento na temperatura global de até 4°C, podendo ocasionar o desaparecimento de 85% das águas alagáveis do planeta, incluindo o Pantanal. Sensibilizar a população sobre os perigos do aquecimento global é uma tarefa árdua e depende de ações.

O Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), desde 2002, vem realizando ações voltadas para a conservação ambiental, desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, proteção da biodiversidade e educação ambiental da população. Com o aquecimento, cientistas alertam que entre 38% a 45% das plantas do cerrado correm o risco de extinção.

Nos últimos anos, é possível constatar a elevação do nível do mar, derretimento de geleiras, intensificação de tempestades, dos períodos chuvosos e de secas, entre outros fenômenos, que já vêm afetando a vida de milhares de pessoas no mundo. Em novembro do ano passado, a UFMT sediou o Fórum “Áreas Úmidas e Escassez Hídrica”, promovido pelo CPP, onde reuniram-se especialistas, tomadores de decisão, representantes de ONGs e da sociedade civil para debater o assunto. Em seguida, o mesmo tema foi intensamente discutido pelos líderes de países mundiais, durante reunião da COP21 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), realizada em Paris. 

O professor da UFMT, Dr Paulo Teixeira de Sousa Jr, ressalta que as áreas úmidas, dentro as quais se encontram o Pantanal, o Guaporé, o Araguaia e as veredas, além de outras, ocupam aproximadamente 20% do território nacional e estão fortemente ameaçadas pelas mudanças climáticas. Em alguns municípios, os pantaneiros já estão percebendo que a seca está mais longa e mais severa. Os cientistas alertam que nesse cenário de crise hídrica, o número de ninhos de jacarés sofrerá redução, assim como os das aves. Ainda é possível prever a extinção de peixes, isso poderá acarretar reações em cadeia, já que são a base de alimentação de muitas espécies de animais do Pantanal.

Nesse sentido, o CPP tem muito a contribuir para evitar esse colapso ambiental na maior planície alagável do Mundo. Os cientistas que integram a organização vem, há 14 anos, desenvolvendo estudos aprofundados sobre áreas úmidas, cuja preservação contribui para a estocagem de carbono, além da purificação e regulação do ciclo das águas. “As áreas úmidas estão em todos os lugares e sua dinâmica ajuda a garantir o acesso a água limpa, que serve tanto para consumo quanto para a produção de alimentos. Elas tem valor inestimável também para a produção  de medicamentos e a manutenção da biodiversidade”, explica a pesquisadora da UFMT-CPP, Dra Cátia Nunes. Ela integra o grupo de cientistas do INAU/CPP, e foi uma das responsáveis pela produção do livro que sintetiza o conhecimento existe sobre a classificação e o delineamento de áreas úmidas.

A publicação oferece aos gestores públicos base científica para uma nova política de proteção e manejo sustentável. Os estudos já resultaram inclusive em Audiência Pública no Congresso Nacional, em Brasília. Na oportunidade, os parlamentares pediram propostas para melhorar a legislação ambiental. A mesma pesquisa tem sido inspiração para elaboração de políticas públicas em países da América do Sul, como por exemplo, Colômbia, Venezuela e Argentina.  Já aqui em Mato Grosso, esses pesquisadores estão dando suporte à Secretaria de Estado de Meio Ambiente na discussão da Lei do Pantanal. Ou seja, Mato Grosso vem sendo protagonista nacional e até mesmo  internacional, de ações que possam ajudar no  atual cenário de  aquecimento global.

Fonte: Pauta Sociambiental