
“Pensar que desenvolvimento se faz à custa do ambiente nos traz uma preocupação enorme. É uma visão muito simplista imaginar que é preciso derrubar floresta para fazer agricultura ou pecuária”. Com essa frase a pesquisadora brasileira Thelma Krug, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, com outros cientistas brasileiros que estudam as mudanças climáticas, fez um alerta sobre os riscos para o país em sair do Acordo de Paris – inclusive para o agronegócio.
“O pessoal não está entendendo que cada vez mais o vetor que vai estimular o mercado internacional deixa de ser quanto custa, mas a pegada ecológica do produto. Não vai ter mercado para o país (se o desmatamento da Amazônia aumentar), mas aí a floresta já foi”, afirma.
A pesquisadora, que é vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), não falou em nome do grupo mundial de cientistas, mas citou as conclusões do seu mais recente relatório para explicar seu ponto.
O documento, divulgado no primeiro turno da eleição, mostrou que os impactos de um mundo 2°C mais quente são muito maiores que 1,5°C e defende que se tente conter o aquecimento global à marca menor. O problema é que o mundo já corre o risco de alcançá-la em 2040. E o Brasil sentirá os efeitos, principalmente no aumento da seca no Nordeste e nos efeitos da elevação do nível do mar para as cidades costeiras.