OMS promove Primeira Conferência Global sobre Poluição do Ar e Saúde


As comunidades mais pobres são as mais afetadas, com mais de 90% das mortes por poluição do ar ocorrendo em países de baixa e média renda, principalmente na Ásia e na África
Foto: Pius Utomi Ekpei/AFP/Getty Images

Primeira Conferência Global da Organização Mundial de Saúde sobre Poluição do Ar e Saúde será realizada de 30 de outubro a 1º de novembro em Genebra, na Suíça. Ela terá por tema “Melhoria da Qualidade do Ar, Combate às Mudanças Climáticas”, concentrando-se na necessidade de cooperação internacional para combater o impacto mortal da poluição do ar.

Na véspera da conferência, a OMS lançará um relatório sobre Poluição do Ar e Saúde Infantil: Prescrição de Ar Limpo, que examinará o grande impacto sobre as crianças da poluição do ar em ambientes externos e internos. O relatório trará as estatísticas globais mais recentes sobre a exposição das crianças à poluição do ar e as mortes e doenças que ela causa.

Dados divulgados em relatórios anteriores da OMS comprovam que a poluição do ar é hoje uma das principais causas de morte em todo o mundo. De acordo com a organização, 7 milhões de pessoas morrem todos os anos em função da poluição do ar. Idosos e crianças são os mais afetados. Em todo o mundo, nove entre dez pessoas no planeta respiram ar com altos níveis de poluentes.

A poluição do ar afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas há uma divisão clara – ou ‘desigualdade de poluição’ – na forma como esses países são afetados

No Brasil, cerca de 50 mil pessoas morrem de doenças relacionadas à poluição do ar no Brasil, segundo a OMS. Estima-se que as mortes causadas pela poluição do ar em 29 capitais brasileiras custem ao país US $ 1,7 bilhão ao ano. Cerca de 40% das pessoas que vivem no País respiram ar (PM2,5), mais poluído do que as diretrizes da OMS. Quase 10% da população do país (19 milhões) ainda queima madeira para cozinhar, contribuindo para a poluição do ar que é cerca de vezes maior do que em cidades e municípios. No caso de São Paulo, os dados são alarmantes: segundo o Instituto Saúde e Sustentabilidade, morrem, ao ano, em torno de 5 mil pessoas por conta da poluição na cidade. Na região metropolitana de São Paulo, são 8 mil pessoas. No Estado, são mais de 17 mil, uma gravíssima situação de saúde pública.

Problemas sérios
A poluição do ar causa inúmeros problemas sérios de saúde, incluindo derrames, doenças cardíacas, bronquite, câncer de pulmão, asma e baixo peso ao nascer em bebês. Idosos, crianças e pessoas que já têm condições de saúde debilitadas correm maior risco. A poluição do ar pode, em alguns casos, até piorar as condições de saúde mental.

A poluição do ar afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas há uma divisão clara – ou ‘desigualdade de poluição’ – na forma como esses países são afetados. As comunidades mais pobres são as mais afetadas, com mais de 90% das mortes por poluição do ar ocorrendo em países de baixa e média renda, principalmente na Ásia e na África. As tendências não são animadoras – enquanto a qualidade do ar melhorou na Europa e nas Américas entre 2010 e 2016, a qualidade do ar no Sul e no Sudeste Asiático diminuiu.

Mais vulneráveis
Populações pobres são mais propensas a sofrer com a poluição do ar em ambientes fechados, pois dependem da queima de madeira, carvão e querosene para cozinhar e se aquecer. As comunidades mais pobres também são mais vulneráveis ​​a alguns dos efeitos secundários da poluição do ar, como a diminuição da produtividade agrícola.

Poluentes atmosféricos são emitidos por fontes naturais e artificiais e incluem partículas e gases nocivos como o dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx). Diversas atividades humanas contribuem para a poluição do ar e intensificam os impactos negativos na saúde, na produção de alimentos e nos ambientes naturais e construídos. Estes incluem o uso de carvão nos setores energético e industrial, fertilizantes agrícolas, motores a combustão e uso de combustíveis sujos para aquecimento doméstico e para cozinhar.

Mudanças climáticas
As mudanças climáticas e a poluição do ar interagem de várias maneiras. Muitos emissores de poluição do ar são também gases de efeito estufa, causando mudanças climáticas. Poluentes climáticos de curta duração (SLCPs) são poluentes do ar que contribuem diretamente para a mudança climática, alterando a quantidade de luz solar que é refletida ou absorvida pela atmosfera. Entre eles estão os aerossóis de metano, o carbono negro, o ozônio e o sulfato. A mudança climática também pode piorar a poluição do ar, levando, em alguns casos, a mais poluentes, enfraquecendo os padrões climáticos que podem eliminar a poluição do ar ou criando novas condições climáticas que prendam o ar sujo.

Há muitas medidas que podem reduzir a poluição do ar e ajudar a diminuir o ritmo das mudanças climáticas. A promoção de fogões e combustíveis de cozinha limpos e eficientes, juntamente com fontes de energia mais limpas, poderia melhorar significativamente a saúde das populações globais de famílias de baixa renda. Reduzir as emissões dos veículos, impondo regulamentos mais rigorosos, como padrões mais rigorosos de combustível, poderia ajudar a reduzir a quantidade de poluentes atmosféricos na atmosfera. Melhores estratégias de desenvolvimento urbano poderiam melhorar os padrões de qualidade do ar, favorecendo a saúde humana. Todas essas coisas também são abordagens inteligentes para lidar com as mudanças climáticas. Ao migrar para fontes de energia renováveis, eletrificar os transportes e minimizar as emissões industriais, a qualidade do ar em áreas urbanas poderia melhorar significativamente, trazendo múltiplos benefícios à saúde humana, ao meio ambiente e à economia.

EcoD