Amigos da esperança: a importância dos cães em Brumadinho


Binômio – nome dado a cada dupla formada por bombeiro e animal – em trabalho de busca. Foto (Corpo de Bombeiros/ Divulgação)

Por Cássia Maia
Enviada especial a Brumadinho (MG)

“O cão é o melhor amigo do homem” é uma frase mundialmente conhecida. Mas a dedicação deles vai além da amizade. Há anos, eles são treinados e utilizados como animais de trabalho nas mais diversas situações pelo Corpo de Bombeiros. Em Brumadinho, na Grande BH, após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, dia 25 de janeiro, os cães estão sendo essenciais na busca por corpos.

Para o comandante do Pelotão de Busca e Salvamento com Cães (PBUSCA), tenente Lucas Costa, em um desastre dessa dimensão o cão é fundamental. “Até agora com os cães foram encontrados 28 corpos”, diz o tenente. O trabalho dos cães em conjunto com as equipes humanas ajuda a diminuir o tempo de localização dos corpos. “A olho nu, as equipes de busca não conseguem visualizar os restos mortais. Os cães, pelo olfato – sentido mais aguçado do cão -, conseguem detectar aquelas partículas de odor e indicar para o condutor o local exato onde se encontra o corpo”.

O capitão João Emiliano de Moura Miranda, do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina (CBMSC), que ajuda no trabalho em Brumadinho, também destaca a importância dos cães. A utilização deles é de extrema importância para a localização dos corpos das vítimas ou dos segmentos dos corpos.

“A gente acredita que aqueles corpos que estavam na superfície já foram todos localizados. Então, basicamente, o trabalho de busca dessas vítimas está acontecendo com as escavadeiras revirando a terra e com a utilização dos cães. Uma equipe utiliza uma haste para perfurar o terreno e permitir que o odor saia, e a gente utiliza os cães pela área para sinalizar o odor da decomposição humana. Eles são treinados especificamente para isso e, através dessa indicação, a gente consegue fazer um trabalho para eliminar a escavação e, se for o caso, utilizamos as escavadeiras para fazer a retirada da vítima”, explica o capitão.

Cuidados com a saúde

Desde o primeiro dia, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais montou um posto médico em Brumadinho. Segundo o tenente Lucas, qualquer problema que algum militar tenha – seja do bombeiro de Minas, da Polícia Militar ou de outra corporação – é encaminhado imediatamente ao posto médico.

Com os cães não é diferente. “A gente está tendo um acompanhamento específico de veterinários. Todos os dias é feito um trabalho de cuidado preventivo com os cães para que eles não tenham lesão ou qualquer doença após a ocorrência”, afirma Lucas.

Segundo o capitão Moura, os cães que estão na ocorrência de Brumadinho já estão há bastante tempo em atuação. “Eles têm um acompanhamento praticamente diário em relação à saúde. Nós consideramos eles também como bombeiros e aqui a preocupação é a mesma. A mesma preocupação que a gente dá ao nosso bombeiro militar é a que nós temos com os cães na parte de limpeza, descontaminação e descanso”.

Perfil

O cão de busca e salvamento,  empregado pra achar tanto pessoas vivas ou mortas, seja em escombro, mata ou soterramento, tem que ter algumas aptidões específicas. “Basicamente tem que gostar bastante de brincadeiras, porque todo trabalho que o cão fizer corretamente – sinalizando o encontro de um corpo latindo – ele vai ganhar uma bolinha”, afirma Lucas. Não existe uma raça específica, porém algumas têm mais aptidão. “Cães de médio a grande porte, como por exemplo, Border Collie, Pastor Belga de Malinois, Pastor Alemão e Labrador são raças que têm mais aptidão para esse tipo de serviço”.

Confira o vídeo do momento que o Bolt, da raça Border Collie, late sinalizando que encontrou uma vítima:


Balanço

De acordo com o último balanço da Defesa Civil de Minas Gerais, 165 mortes já foram confirmadas e 155 pessoas seguem desaparecidas.

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