Desmatamento até não ter o que desmatar


Não por coincidência, os Municípios da Amazônia que elegeram Bolsonaro no 1º turno foram os que mais desmataram nos últimos 17 anos. (Pixabay)

Por Ricardo Soares*

Reportagem do Greenpeace reproduzida aqui neste DOM TOTAL deu conta que o Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou os primeiros dados de 2019 de seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e o boletim aponta que o desmatamento na Amazônia Legal aumentou 54% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. É pior do que a gente pensava e levando em conta o nenhum apreço que o atual desgoverno tem com o tema vamos muito mal. Chegará infelizmente o dia em que não haverá mais notícia sobre desmatamento porque não haverá o que desmatar. Estarrecedor.

Não por coincidência, os Municípios da Amazônia que elegeram Bolsonaro no 1º turno foram os que mais desmataram nos últimos 17 anos. É um enredo trágico onde, no total, foram detectados 108 km² de desmatamento na Amazônia Legal com o Pará seguindo à frente  com 37% do total, seguido de Mato Grosso (32%), Roraima (16%), Rondônia (8%), Amazonas (6%) e Acre (1%). Como a maior parte  deste desmatamento ocorreu em áreas privadas há um dado que preocupa pois sinaliza que o desgoverno vai afrouxar a fiscalização e paralisar demarcações de terras indígenas o que já era uma lamentável promessa de campanha dessa criatura abjeta que desgoverna o país. Na prática um incentivador do desmatamento que já no primeiro dia de mandato, transferiu, através da MP 870, a responsabilidade pela identificação, a delimitação, reconhecimento e demarcação de Terras Indígenas (TIs) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), comandado pela ministra Tereza Cristina, líder da bancada ruralista. A  Funai saiu do Ministério da Justiça e foi parar no “novo” Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos comandado por essa clown chamada Damares.

Se realmente esse patético desgoverno quisesse inserir nosso país num mapa relevante da geopolítica mundial não deveria estar brincando de “arminha” e vociferando contra a Venezuela pra agradar o Trump e sim liderando uma frente transnacional de proteção à Amazônia , região da qual  deveríamos ser os principais guardiões. O problema é que como resguardar a Amazônia diante de um desgoverno do qual todos nós precisaríamos ser resguardados ? Se não fizermos efetivamente ações coletivas que impeçam esse massacre de desmatamento em breve essa gente odiosa terá transformado tudo em azulejo. Na melhor das hipóteses.

Ricardo Soares é diretor de tv, roteirista,escritor e jornalista. Publicou 8 livros, dirigiu 12 documentários.

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