Diretor do Igam fala sobre o Rio Paraopeba após rompimento da barragem de Brumadinho


“É necessária a retirada de todo o rejeito que se encontra na bacia do ribeirão Ferro-Carvão, cessando o aporte para o rio e controlar o transporte dos sedimentos que se encontra na calha do rio Paraopeba”, diz o diretor. (REUTERS/Washington Alves/Direitos Reservados)

O rompimento da barragem de rejeitos da mina do Córrego do Feijão, pertencente à mineradora Vale, em Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano, trouxe outra perspectiva para o Plano de Ações do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba. O desastre causou a morte de mais de 300 pessoas, sendo ao menos 203 confirmadas e 105 desaparecidas, até o fim de fevereiro. Até a mesma data, a pluma de rejeitos já havia percorrido mais de 250 quilômetros e afetado o abastecimento de 16 municípios onde moram mais de 850 mil pessoas.

Em entrevista, o diretor de Planejamento e Regulação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Thiago Figueiredo Santana, apresenta um novo cenário após o rompimento da barragem.

Para além da tragédia humana imediata, as consequências de um desastre ambiental, como o que ocorreu, precisam de décadas para serem superadas, e é preciso planejamento para tal. Por isso, está sendo avaliada a prorrogação do plano de trabalho para que novas estratégias sejam discutidas.

O plano permanece o mesmo, porém, em função do desastre, será priorizada nova abordagem no “Plano de Ação”, visando a alteração das propostas, de modo a orientar a minimização dos impactos na bacia do Rio Paraopeba provocado pelo rompimento da barragem I, da Vale.

Confira a entrevista.

Quais impactos na calha do Rio Paraopeba já podemos mensurar, em função do rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão?

Na calha do Rio Paraopeba é possível constatar, no trecho da confluência entre o Ferro Carvão/Paraopeba e a Térmica de Igarapé, a deposição de sedimentos, o que provoca o assoreamento do curso hídrico. Também é possível constatar alterações físico-químicas na água e mortandade de peixes.

Neste novo cenário, o Plano Diretor de Recursos Hídricos (PDRH) do Rio Paraopeba, que estava em fase de finalização, deve ser modificado? Se sim, como?

O desenvolvimento do Plano da Bacia do Rio Paraopeba encontra-se na fase final, com a construção e elaboração de propostas para o produto “Plano de Ação e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos”. Contudo, após o Desastre de Brumadinho, em decisão aprovada pelo Grupo de Acompanhamento Técnico (GAT), o produto citado terá uma alteração de propostas de ações com vistas a orientar a minimização dos impactos na bacia provocados pelo rompimento da Barragem 1, da Vale. Dessa forma, devido à magnitude do desastre e o estágio recente de sua ocorrência, como não houve ainda a mensuração definitiva dos impactos causados, serão exigidos estudos e trabalhos futuros mais detalhados na região para a definição de ações amplas e efetivas para a correção da área impactada na bacia.

O que temos de aprendizado em situações como essa, quando falamos de proteção e gestão de recursos hídricos?

É necessário fortalecer os instrumentos de gestão, utilizando os Planos Estadual e Diretor como instrumento de política de Estado, além de um engajamento da sociedade na gestão participativa a fim de cobrar das autoridades a efetiva aplicação de políticas preventivas e investimentos na área de segurança de barragens.

O que precisa ser feito para recuperar o Rio Paraopeba?

Como ainda não há mensuração no impacto total, é prematuro afirmar como se dará o processo de recuperação do rio. É necessária a retirada de todo o rejeito que se encontra na Bacia do Ribeirão Ferro-Carvão, cessando o aporte para o rio e controlar o transporte dos sedimentos que se encontra na calha do Rio Paraopeba.

O cronograma do PDRH Rio Paraopeba será modificado? Se sim, qual o novo cronograma?

Sim, o cronograma será reformulado. A previsão de entrega do produto final pela empresa é para setembro.

Confira o Boletim PDRH.

PDRH Rio Paraopeba