Vale diz que Rio Paraopeba pode ser recuperado; estudo deixa dúvida


Estudo mostra elevada presença de metais pesados no Paraopeba; Vale diz que rio tem recuperação (Lucas Hallel/ASCOM/FUNAI)

A Vale informou nesta quarta-feira (5) que passados quatro meses do rompimento da sua barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, já é possível afirmar que o rio Paraopeba, atingido pela tragédia ocorrida, que matou quase 300 pessoas, começou a voltar à sua condição original. A mineradora afirma ainda que os rejeitos lançados pelo rompimento não vão atingir o rio São Francisco, o que era um grande temor de ambientalistas.

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De acordo com a Vale, cerca de 77% dos rejeitos ficarão retidos no reservatório da usina de Retiro Baixo e os outros 23% no reservatório da hidrelétrica de Três Marias. “Ambos reservatórios possuem ampla capacidade de retenção do sedimento” informou a empresa em nota.

Segundo a companhia, desde o fim de março, o Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) não detecta níveis de mercúrio e chumbo acima dos limites legais. A presença desses metais pesados foi o que levou a autarquia estadual a proibir a captação direta da água do rio. A proibição ainda se mantém como medida preventiva.

Diferentemente do que diz a Vale, estudo recente do Instituto Butantan, da Universidade Estadual Fluminense e da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que a água do Paraopeba tem 720 vezes mais mercúrio e 100 vezes mais ferro que o permitido.

Até o momento, de acordo com a Vale, foram realizados aproximadamente 1,4 milhão de análises de água, sedimentos e rejeitos, considerando 393 parâmetros.

Novas tecnologias

Nesta quarta-feira (5) foi aberto, em Belo Horizonte, o evento ‘Fornecedores de Tecnologias para gestão e manejo de rejeitos de mineração’. A ideia é apresentar  novas tecnologias voltadas à gestão e ao manejo de rejeitos minerais por 38 empresas e entidades de várias partes do país e do exterior.

“Temos que lamentar profundamente as consequências dos rompimentos de barragens que ocorreram e avaliar o que foi feito de errado e tomar providências para melhorar. Não podemos deixar que tais fatos caiam no esquecimento e devemos trabalhar para incorporar novas tecnologias, novos processos ao setor mineral para que a sociedade volte a acreditar na mineração, que é, ainda, um setor desconhecido, principalmente, sua importância para o dia a dia de todos e ao desenvolvimento do país”, disse o presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Mineração, Wilson Brumer

Agência Estado/Redação