A indústria aeronáutica reafirmou nessa terça-feira (18), no segundo dia do Salão de Le Bourget, seu compromisso em relação a um futuro avião ‘limpo’ e apresentou vários alternativas a seguir, cujo desenvolvimento levará tempo. “A demanda de transporte aéreo cresce duas vezes mais rápido que a economia”, resumiu Grazia Vittadini, a diretora de inovação da Airbus. “Talvez tenhamos o dobro de aviões dentro de 20 anos”, o que representa 50.000 aparelhos no céu, e portanto o “dobro” de emissões de CO2.
“Nosso maior desafio comum é controlar este impacto. É uma necessidade social”, acrescentou. Sete dos maiores atores da indústria mundial do setor afirmaram em uma coletiva de imprensa conjunta seu compromisso de fazer todo o possível para manter a promessa de reduzir pela metade suas emissões de CO2 até 2050, em relação ao nível de 2005, embora o transporte aéreo dobre a cada 15 ou 20 anos.
A indústria está no ponto de mira há vários anos por seu impacto no clima: a aviação representa atualmente 2% das emissões globais de CO2 e 14% das emissões do setor dos transportes. A conferência reuniu Airbus, Boeing, Dassault, General Electric, Rolls-Royce e Safran, assim como o americano UTC, dono da empresa de motores Pratt & Withney.
Táxis voadores
“Alguns dos problemas que nossa indústria tem que enfrentar são tão grandes que temos que fazer isso juntos”, explicou Greg Hyslop, diretor técnico da Boeing. Mas a indústria aeronáutica sempre foi impulsada pela concorrência e pela inovação, e é graças a esta última que estes objetivos poderão ser alcançados, aponta.
Segundo ele, cada nova geração de aviões permite reduzir em duas cifras o consumo de combustível. O “Dreamliner”, o Boeing 787, levou à economia de 33 bilhões de toneladas de combustível desde sua entrada em serviço, em 2011. Mas as estruturas atuais dos aviões e seus motores não são suficientes para resolver a equação e será necessário encontrar outras soluções inovadoras.
Segundo Paul Stein, diretor técnico do fabricante de motores Rolls-Royce, serão necessários materiais mais leves e resistentes às altas temperaturas, novos designs de aviões e de motores mais integrados na fuselagem, e, sobretudo, aparelhos e reatores com um funcionamento mais elétrico.
Além da eletricidade, a indústria está focando no hidrogênio, explicou Bruno Soufflet, diretor técnico da Dassault Aviation, já que este possui várias vantagens, entre elas o fato de que a molécula pode ser criada graças à água e ao sol. “O hidrogênio poderia ser uma solução low-cost”, considerou, contanto que sua distribuição seja feita a baixo custo. Mas antes de estar presente nos aviões, o hidrogênio deverá ser certificado e a legislação terá que se adaptar.
A curto prazo, são os táxis voadores elétricos ou VTOL (Vertical Take-off and Landing aircraft) que voarão perto das grandes cidades. A Airbus já está presente neste segmento com dois aparelhos de demonstração 100% elétricos, City Airbus e Vahana, exposto em Le Bourget. Trata-se de bancos de testes para o construtor, com vistas a um esperado avião comercial de “zero emissões”.
Estes táxis voadores são para a Airbus uma forma de “aprender a controlar as tecnologias em objetos de dimensões relativamente pequenas, que podemos desenvolver rapidamente assumindo poucos riscos (…) antes de implementá-los” no transporte regional, explicou o presidente executivo da Airbus, Guillaume Faury.
AFP