2019 acumula recordes de temperatura no mundo


Dezenas de pessoas se refrescam nas Fontes do Trocadero de Paris em 23 de julho de 2019, em plena onda de calor na Europa. (AFP/Arquivos)

Com recordes de temperatura na Europa e no Polo Norte, o ano de 2019 se encaminha para ser um dos mais quentes da história moderna, um sinal do aquecimento climático provocado pelas atividades humanas.

Julho deste ano foi o mês mais quente no mundo desde que se começou a medir as temperaturas, um pouco acima do registrado no mesmo mês em 2016, segundo dados do serviço europeu Copernicus sobre a mudança climática.

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Segundo o Copernicus, julho de 2019 foi 0,04 grau mais quente que julho de 2016, ano do recorde anterior, marcado pela influência do fenômeno climático El Niño.

“Julho é geralmente o mês mais quente do ano no mundo, mas segundo nossos dados [o deste ano] foi o mais quente desde que se começou a fazer as medições”, declarou em um comunicado o chefe do serviço, Jean-Noël Thépaut.

“Com a continuidade das emissões de gás de efeito estufa e o impacto no aumento mundial das temperaturas, continuaremos batendo recordes”, disse Thépaut.

A temperatura registrada em julho representa quase 1,2 grau acima do nível pré-industrial, base de referência dos especialistas da ONU sobre o clima.

A diferença entre julho de 2019 e julho de 2016 é tão leve que outros organismos que coletam e analisam os dados de outra forma poderiam chegar a outra conclusão, advertiu no entanto o organismo europeu.

O serviço meteorológico (NOAA) dos Estados Unidos ainda não publicou suas conclusões sobre julho deste ano.

Recordes em série na Europa

A Europa sofreu duas ondas de calor em menos de um mês, uma primeira excepcionalmente precoce no fim de junho e uma segunda muito intensa em julho, onde vários países como Alemanha, Bélgica, Holanda e França bateram recordes.

Em 28 de junho a França bateu seu recorde de temperatura, com 46 graus registrados em Verargues, no sul. O anterior era de 44,1 graus em 2003.

Na segunda onda de calor, no fim de julho, foi Paris que bateu seu recorde histórico, com uma temperatura de 42,6 graus, contra 40,4 graus em 1947.

No pior momento desta canícula, em 25 de julho, vários países europeus registraram recordes de calor: Alemanha (42,6 graus), Bélgica (41,8 graus), Luxemburgo (40,8 graus), Holanda (40,7 graus) e Reino Unido (38,7 graus).

As ondas de calor frequentes são um sintoma inequívoco do aquecimento do planeta, mesmo que os cientistas hesitem em atribuir à mudança climática qualquer acontecimento meteorológico extremo específico.

Polo Norte

Segundo o Copernicus, as temperaturas estiveram acima do normal no Alasca, Groenlândia e partes da Sibéria, assim como na Ásia central e em algumas regiões da Antártica.

Em meados de julho, o termômetro atingiu 21 graus em Alert, o lugar habitado mais setentrional do mundo, a menos de 900 km do Polo Norte, estabelecendo um “recorde absoluto” de calor para esta base militar canadense.

Os últimos quatro anos foram os mais quentes da história moderna no mundo, segundo a ONU.

Com +1,2 grau, o ano 2016, marcado pelo El Niño, ocupa por enquanto o primeiro lugar, na frente de 2015 e 2017.

E 2019 está no caminho para se somar ao seleto grupo dos cinco anos mais quentes, segundo a organização meteorológica mundial.

AFP