Um congresso internacional debateu nesse sábado (17), em Genebra, o endurecimento das normas do comércio de marfim, chifres de rinoceronte e de outros animais e plantas em vias de extinção, em um momento em que um milhão de espécies se encontra em perigo.
Durante 12 dias, milhares de delegados de 180 países, defensores do meio ambiente e dirigentes políticos vão debater 56 propostas para aumentar a proteção dos animais e de plantas selvagens na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES).
“Continuar como antes não é uma opção”, afirmou a secretária-geral da CITES, Ivonne Higuero, na abertura do congresso, advertindo para o “risco sem precedentes do declínio da natureza”.
Criada há 40 anos, a CITES estabelece as normas do comércio internacional de mais de 35.000 espécies de animais e plantas silvestres. Hoje, dispõe de um mecanismo para aplicar sanções aos países que não respeitarem estas regras. Sua reunião acontece a cada três anos.
Este encontro em Genebra se dá após a publicação de um relatório por parte da ONU, em maio passado, alertando sobre a ameaça à existência de cerca de um milhão de espécies.
“Meu temor é que estejamos (…) atualmente à beira do abismo”, declarou Higuero à AFP antes do início do congresso.
A expectativa – segundo ela – é que a conferência adote “importantes mudanças”.
“Estamos perdendo espécies em um ritmo nunca visto”, ressaltou Inger Andersen, que dirige o Programa da ONU para o Meio Ambiente.
Andersen disse acreditar na capacidade da CITES de instaurar novas normas que garantam a existência de espécies ameaçadas.
“Devemos encontrar um equilíbrio viável entre humanidade e natureza”, defendeu.
Nesta edição, os participantes devem tratar, em detalhes, dos grandes danos causados pelo tráfico e pela caça ilegal, assim como pelo comércio ilegal de espécies protegidas pela Internet. Também devem voltar a tratar da grave situação dos elefantes na África.
A população de elefantes passou de vários milhões, em meados do século XX, para apenas 400.000, em 2015, após décadas de caça ilegal. Há quatro anos, o comércio de marfim foi praticamente proibido.
A pauta do congresso inclui ainda o futuro dos rinocerontes brancos, também vítimas da caça ilegal, do crocodilo americano e de várias espécies de tubarões e arraias.
Pela primeira vez, os delegados vão enfrentar o caso das girafas, cuja população declinou 40% nas últimas três décadas.
“O futuro da biodiversidade está em perigo (…) mas temos uma oportunidade única para reverter esta tendência”, afirmou Andersen.
AFP