Milhares de ambientalistas marcharam em Frankfurt para expressar seu repúdio ao renomado Salão do Automóvel alemão que começou para o grande público na última quinta-feira (12) e vai até o dia 22. Entre 15 mil e 25 mil manifestantes, segundo a polícia e os organizadores, pediram uma “revolução dos transportes”, ponto culminante deste protesto de magnitude inédita.
A maioria chegou ao local de bicicleta, saindo de várias cidades da região, usando os trechos de autoestradas fechados para a ocasião.
“O salão do automóvel representa o século passado”, disse Christoph Bautz, diretor do grupo Campact, que co-organizou a manifestação. “Queremos que o futuro seja dos ônibus, dos trens e das bicicletas. Não queremos mais caminhonetes grandes e carros que consomem muito!”.
“Queremos uma revolução dos meios de transporte”, revindicou Tina Velo, dando um pseudônimo, porta-voz do coletivo “Sand im Getriebe”.
Tina Velo representa o braço mais radical do movimento ambientalista alemão, aqueles dispostos a empreender ações ilegais para chamar a atenção.
Esta combinação de atos legais e ilegais é o modus operandi do movimento de defesa do clima, em pleno auge na Europa e que agora ataca uma indústria intocável durante muito tempo devido à sua importância para a economia alemã.
O setor se debilitou desde o escândalo, em 2015, dos motores a diesel da Volkswagen, equipados com um programa que fraudava as medições de poluentes.
Mobilização ecologista
Os temas relacionados às mudanças climáticas suscitam grande interesse da opinião pública e os ecologistas aproveitam os ventos favoráveis.
Na terça-feira (10), assim que foram abertas as portas do evento à imprensa, começaram os protestos no Salão de Frankfurt. Vinte ativistas do Greenpeace, vestindo jaquetas verdes, encheram um balão preto gigante com a inscrição “CO2”.
“A indústria automobilística continua sem entender a crise do clima. Ao invés de aplaudir aqui os SUV (4×4) que consomem muito combustível, os construtores devem acabar com esses tanques urbanos e com os motores a combustão”, declarou Benjamin Stephan, ativista da ONG.
O grupo também se manifestou na quinta-feira (12) no estande da Volkswagen e da BMW durante visita da chanceler alemã, Angela Merkel, à feira. Vários manifestantes subiram em veículos SUV e exibiram cartazes com a frase “Assassinos do clima”.
Na Alemanha ergueram-se vozes pedindo a proibição destes veículos no centro das cidades depois que um deles subiu em uma calçada na semana passada, matando quatro pedestres.
“É preciso deixar a gasolina e o diesel, abandonar o motor de combustão e reduzir o número de carros”, enumera Neubauer.
“Abandonar o carro”
Na Europa se propagam como rastilho de pólvora iniciativas como a do coletivo “Fridays for Future” (Sextas para o Futuro) e a rede europeia Extinction Rebellion (Rebelião contra a Extinção). Costumam bloquear um lugar por algum tempo. Na Alemanha, o grupo “Ende Gelände” conseguiu em junho ocupar e interditar temporariamente uma mina de carvão.
“A indústria do automóvel está sob pressão, já não tem o apoio da sociedade como anos atrás”, conclui Tina Velo.
AFP