Rede Brasil do Pacto Global levanta fundos para reflorestamento em evento pelo clima


Os fundos arrecadados serão usados em projetos de restauração, reflorestamento e regeneração natural de terras desmatadas e degradadas. Foto: IBAMA

Com o apoio de celebridades como as modelos Fernanda Liz e Lais Ribeiro, a Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas lança na quinta-feira (26), em Nova Iorque, uma iniciativa de levantamento de fundos para reflorestamento.

Uma obra dos artistas plásticos e grafiteiros brasileiros Os Gêmeos será leiloada em evento paralelo à Assembleia Geral da ONU, como parte da frente de atuação de resposta às mudanças climáticas.

Os fundos arrecadados serão usados em projetos de restauração, reflorestamento e regeneração natural de terras desmatadas e degradadas. O Brasil se comprometeu com o Acordo de Paris a reduzir em 37% suas emissões de gases de efeito estufa até 2025, e em 43% até 2030. Para isso, precisa recuperar 12 milhões de hectares de terras. A Rede Brasil trabalha no engajamento do setor privado para que a restauração ganhe escala.

O evento com arrecadação de fundos e engajamento de celebridades em Nova Iorque faz parte da iniciativa Action4Climate, lançada pela Rede Brasil do Pacto Global para promover ações climáticas baseadas em metas definidas pela ciência.

Essas ações envolvem três frentes: mitigação, ou redução dos efeitos da mudança do clima; meios de implementação, ou seja, formas de garantir o financiamento e execução das ações; e adaptação, que corresponde a projetos para ajudar as empresas a lidar com mudanças previstas ou em andamento.

No contexto da Action4Climate, a Rede Brasil está envolvendo as empresas em uma campanha mundial do Pacto Global para limitar o aumento da temperatura global a 1.5°C acima de níveis pré-industriais e chegar ao objetivo de zero emissão de gases de efeito estufa antes de 2050.

No Brasil, as empresas Malwee, Natura e Klabin assumiram compromisso público com as metas baseadas na ciência e definidas pelo Science Based Targets Initiative (SBTi), instituição independente que avalia a redução de emissões de gases das indústrias e que é resultado de parceria entre CDP, Pacto Global, WRI e WWF. Outras 87 empresas em todo o mundo estão envolvidas.

Para as empresas que ainda não se sentem confortáveis com a meta de 1,5°C, a Rede Brasil lançará durante a COP25, que ocorre em dezembro no Chile, um guia de implementação para a adaptação gradual ao tema e o compromisso de assumir a meta em um futuro próximo. A Rede também está promovendo capacitações em precificação de carbono para gerar mais conhecimento sobre iniciativas de mitigação das mudanças do clima.

Precificar carbono significa atribuir um preço às emissões de gases causadores do efeito estufa, cuja concentração elevada colabora para a mudança do clima. Apesar de contarmos com fatores que nos diferenciam dos demais países, como uma matriz energética mais limpa, a nossa média de emissão per capita está acima da mundial, de 8,5 toneladas por habitante, contra 7,5 toneladas por habitante no mundo.

De acordo com dados do Banco Mundial, 57 ações de precificação de carbono já foram implementadas ou estão em fase de implementação no mundo. Em 2018, a receita decorrente da precificação chegou a 66,6 bilhão de dólares, embora as iniciativas existentes cubram apenas 20% das emissões globais. No Brasil, o setor tem potencial para crescer nos próximos anos. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a receita decorrente da precificação de carbono pode ser responsável por mais de 1% do PIB brasileiro em 2030.

Mobilização global

Subiu para 87 o número de grandes empresas globais – com um valor de mercado somado equivalente a mais de 2,3 trilhões de dólares anuais e emissões de gases de efeito estufa equivalentes a 73 usinas de carvão – que estão agindo para alinhar seus negócios às Metas Baseadas em Ciência e, assim, limitar os piores impactos da mudança do clima.

Em resposta a uma campanha criada em junho por um grupo de empresários, sociedade civil e líderes das Nações Unidas, as companhias signatárias representam mais de 4,2 milhões de trabalhadores de 28 setores diferentes, localizadas em pelo menos 27 países. Elas prometem implementar metas climáticas em suas operações com o objetivo de limitar a temperatura média global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

“É encorajador ver os pioneiros do setor privado se alinharem com a sociedade civil e com governos ambiciosos, intensificando o apoio a um futuro de 1,5°C (de aquecimento)”, disse Guterres. “Agora precisamos de mais empresas para participar do movimento, enviando um sinal claro de que os mercados estão mudando.”

ONU News