Movimento EcoDom realiza último encontro de formação com bolsistas


Após um ano de muito empenho e dedicação, está chegando a hora de encerrar os trabalhos com a Caminhada Ecológica 2019. E, para que saia tudo bem, o movimento conta com a colaboração dos bolsistas junto às escolas parceiras. Nos dias 4 e 5 de novembro, foram realizados os últimos encontros de formação deste ano, especificamente para deliberações sobre a caminhada.

Os encontros contaram com a presença dos nucleadores, cada um no seu dia, e de um convidado especial: Marco Piquini, responsável pela comunicação externa do EcoDom. O convidado levou algumas palavras de motivação aos bolsistas, que muito têm a aprender com o trabalho realizado no projeto.

Vale lembrar que o bolsista, aluno da Dom Helder Escola de Direito ou Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE), é a peça-chave que liga o movimento às escolas. É com a colaboração deles que as equipes conseguem elaborar seus trabalhos, tarefas e atividades relacionadas ao EcoDom. Sem a presença destes alunos nas escolas, com certeza o projeto não seria o mesmo.

É por este motivo que a última formação foi dedicada à capacitação dos bolsistas para com a caminhada. Eles devem estar informados e preparados para ajudar as escolas antes, durante e depois do evento, não os deixando na mão. Dessa maneira, repassar informações e realizar os itens necessários para a participação da escola na caminhada é essencial. (Veja o edital e a tarefa da Caminhada Ecológica na plataforma do Movimento EcoDom).

Além disso, a participação efetiva do bolsista no projeto garante a ele a permanência da sua bolsa de estudos na Dom Helder e EMGE, bem como um grande aprendizado sobre a relação com o outro, uma vez que nos dias de hoje, cada vez mais automatizado, as relações humanas estão sendo um diferencial.

Portanto, após muito trabalho, o Movimento EcoDom agradece a colaboração dos bolsistas e deseja que todos permaneçam no projeto em 2020. A Caminhada Ecológica encerra o ano premiando todos que se destacaram no movimento com ajuda destes estudantes.

A caminhada acontece no dia 22 de novembro, às 9h, com concentração a partir das 7h30 na Praça Raul Soares. O cortejo sairá da praça e irá percorrer a Av. Olegário Maciel até a Praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde acontecerão as finais do Projeto Socioambiental, Pegada Ambiental, Concurso de Fotografia Garota e Garoto EcoDom e Festival de Dança EcoDom.

Bárbara Teixeira – Equipe EcoDom

Não podemos demonizar o agronegócio, defende especialista


Lavouras devem faturar R$ 391,8 bilhões em 2019. (Reuters)

Patrícia Azevedo

Responsável por 22% das riquezas geradas por ano no país, o agronegócio deve alcançar neste ano um faturamento de R$ 391,8 bilhões na área de lavouras e de R$ 186,3 bilhões em pecuária, segundo dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os números são semelhantes aos de 2018, quando o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou a R$ 578,2 bilhões, reforçando a importância do segmento para a economia brasileira. Ao mesmo tempo, muitas empresas ainda desrespeitam a legislação e exploram o meio ambiente de forma predatória, agravando problemas como o desmatamento, a perda da biodiversidade e a contaminação do solo, inclusive em áreas de preservação, como a Amazônia.

“Nós temos uma visão negativa do agronegócio pela forma como ele é realizado atualmente – em larga escala, com muitos agrotóxicos. Mas não precisa ser assim. Se você coloca regras e estabelece formas para trabalhar, quem garante que ele não vai cumprir a perspectiva do bem viver? Ou mesmo contribuir para a economia solidária”, apontou Maraluce Maria Custódio, da Dom Helder Escola de Direito. Na terça-feira (29), a professora coordenou a apresentação de trabalhos científicos sobre o tema na 4ª Semana de Estudos Amazônicos (Semea), que prossegue até sexta-feira (1º), em Belo Horizonte.

Para mudar o atual cenário, Maraluce defendeu a criação de políticas públicas e um pensamento social sobre a atividade. Como exemplo, citou a defesa do bem-estar dos animais de produção e interesse econômico, prevista pela Lei de Política Agrícola, pelo Decreto 9.013/2017 e por uma série de Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “São regulamentações muito pesadas nesse sentido”, avaliou. A professora citou também o uso de agrotóxicos, previsto pela Lei 7.802/1989. “O texto não estabelece quantidade de agrotóxicos, mas fala como eles devem ser utilizados. Não é qualquer um, de qualquer forma. Por mais que novos agrotóxicos sejam liberados, há uma preocupação em relação a isso. Mas obviamente faltam políticas públicas”, ponderou Maraluce.

Alerta

As próprias associações e entidades do agronegócio começam a perceber que o futuro da atividade depende da preservação do meio ambiente no Brasil. Em setembro deste ano, 11 entidades brasileiras, entre elas o grupo do setor de carne bovina Abiec, assinaram uma campanha para pedir o fim do desmatamento em terras públicas. O texto também exige a proteção de áreas de conservação no país e a criação de uma força-tarefa do Ministério da Justiça para resolver conflitos por terras públicas de floresta.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a destruição da vegetação nativa e as mudanças climáticas têm potencial para prejudicar o agronegócio porque afetam diversos fatores ambientais de grande influência sobre a atividade agrícola. O principal deles é o regime de distribuição das chuvas – apenas 10% das lavouras brasileiras são irrigadas. Com o desmatamento e o aumento das temperaturas, fatores como umidade, qualidade do solo, polinizadores e pragas serão afetados.

Professora Maraluce Maria Custódio, da Dom Helder.
Professora Maraluce Maria Custódio, da Dom Helder

“O problema é: nós achamos que proteção do meio ambiente e o desenvolvimento social são incompatíveis com o desenvolvimento econômico. E entre os três, o Brasil tem optado só pelo último, esquecendo os outros”, apontou Maraluce. A professora é especialista em Direito Ambiental e Geografia e concedeu entrevista ao Dom Total durante o Semea. Confira:

Como podemos conciliar o agronegócio com a economia solidária e o bem viver?

Nós não temos uma noção real de desenvolvimento sustentável no Brasil, nunca tivemos. Nós desenvolvemos essa mentalidade dentro do Direito e da academia, as comunidades têm tentado construir uma economia solidária, mas não conseguimos ainda enxergar isso como uma forma de negócio. Esse é o problema.

Há comunidades inteiras que vivem de forma solidária. Eu me lembro, quando morava na França, uma coisa muito interessante: você tinha um corredor do supermercado que era para produtos da economia solidária. Eu achava bastante louco. Quando eu entrava lá, tinha café do Brasil. Café de uma região de Minas Gerais que eu nunca tinha ouvido falar, e eles exportavam para a França. Isso também é agronegócio, só que feito pela comunidade.

Precisamos trazer a questão do desenvolvimento sustentável e pensar as três dimensões: a econômica, a social e a ambiental. Sempre falo: o problema é que as pessoas confundem as coisas. A mineração, por exemplo. Ela é necessária, regulamentada, eu tenho como prever e diminuir todos os danos. Um desastre ambiental é outra coisa. O mesmo ocorre com o agronegócio. Não conseguimos viver sem. Só precisamos trazer essas atividades para o desenvolvimento sustentável, não ignorá-las.

O defensor público Johny Fernandes Giffoni, também palestrante da Semea, apontou que o atual governo tem deslegitimado as ações dos órgãos de controle socioambiental. Lembrou também a diminuição do orçamento da Funai, Ibama e ICMBio, entre outros. As ameaças ao desenvolvimento sustentável aumentaram?

O uso de agrotóxicos, por exemplo, não é uma política que vem de agora. Foi o governo Lula que liberou os transgênicos, por uma medida provisória, sem nem ouvir a sociedade. Nós temos uma política de ocupação da Amazônia pela agricultura completamente louca, que vem desde o regime militar. Então não é problema do governo atual. Ele tem demonstrado mais claramente essa política, mas ela já existia antes. E caminha dentro da perspectiva de como nós pensamos a construção do Brasil.

Vamos analisar: os índices de pobreza. Não é que eles aumentaram, eles apareceram de forma mais clara. Estão bem mais exacerbados e chocantes, por causa da crise econômica. A questão do meio ambiente. O desenvolvimento do agronegócio no Mato Grosso vem acontecendo há muito tempo e ninguém se importa. O uso de fazendas na Amazônia, bem como a mudança do Código Florestal, no governo anterior, também aconteceram nessa perspectiva. O problema é a forma como nós pensamos.

Sem um sólido desenvolvimento social, a economia não serve para nada. Se não protegermos o meio ambiente – é isso que estamos vivendo, agora. Em Belo Horizonte, os ventos chegaram a uma velocidade de furação no último sábado (26), isso não tem lógica! Em uma cidade como essa, tamanho calor. Tudo está relacionado. Aquela nuvem que veio do Amazonas e que chegou em São Paulo, aquela chuva negra. Precisamos parar de fingir que essas coisas não existem.

Sempre falo: eu não sou hipócrita. Acho que a mineração tem que existir, o agronegócio é possível. Só que é necessário colocar regras e fiscalização. Hoje não mexemos, porque eles garantem desenvolvimento econômico. Temos que para com isso.

Como promover essa mudança?

Temos que colocar em mente que os políticos são trabalhadores. São nossos representantes, funcionários do povo. Parar com isso de todo poderosos. Se nós não damos um direcionamento adequado, claro que a situação não vai mudar. Só que isso ainda é bastante complexo. Nós temos problemas econômicos muito sérios.

Sempre digo aos meus alunos: é muito complexo pensar o mundo quando você está com fome. Quando o seu filho está com fome. Como é que eu vou chegar para o cara que está debaixo da ponte e falar: olha, está ocorrendo uma audiência pública ali, participa! Nós temos que entender que o desenvolvimento social é sim muito importante. Isso não é socialismo. Isso é a economia liberal. Sem mercado, eu não tenho como desenvolver a economia. E sem classe média um país não existe.

Eu estive na Venezuela ainda no estágio anterior a essa confusão, eles já tinham eliminado a classe média. Eles estavam com classe pobre e classe rica. É uma loucura, e por isso chegou a esse colapso. A classe média é importante. As pessoas têm que ser valorizadas, o trabalho também. Reconhecer os sujeitos na sociedade. Isso quem tem que fazer somos nós. Enquanto nós não nos organizarmos, a situação continuará. A academia também tem um papel importante, de se inserir na comunidade como fornecedor de informações confiáveis, do conhecimento científico. Repito: precisamos discutir essas questões, elas fazem parte da nossa vida.

Dom Total

Cooperação internacional para uma cidade sustentável


                                          

Encerrando as atividades internacionais do aniversário de BH, entre os dia 11 e 13 de dezembro, no Espaço Municipal, acontece o encontro do projeto Aliança de Autoridades Locais Latinoamericanas para a internacionalização e Cooperação Descentralizada – AL-LAs. O AL-LAs foi proposto, junto a União Europeia, pelo Governo da Cidade do México, com a finalidade de fortalecer a ação coletiva das autoridades da América Latina, suas redes e associações, para melhorar a qualidade das políticas públicas dos entes envolvidos e seu desenvolvimento territorial. Dentre os principais objetivos do AL-LAs está o acompanhamento de projetos de cooperação descentralizada sobre três temas: sustentabilidade, inclusão social e atividade territorial.

A cidade de Belo Horizonte foi encarregada do tema sustentabilidade, por seu protagonismo na América Latina em tal assunto. BH realizou o Congresso Mundial do Iclei, conhecido como a Rio+20 das cidades, que reuniu na capital mineira, em junho de 2012, mais de 1.400 participantes de cerca de 80 países. Na ocasião os prefeitos e autoridades presentes assinaram uma carta solicitando aos chefes de estado o reconhecimento da representação e influência dos governos locais nos processos de desenvolvimento da cooperação internacional.

Em Belo Horizonte será realizada uma oficina de formação e intercambio para o fortalecimento institucional e que terá como consequência a Publicação de Cadernos sobre a Internacionalização das Cidades da América Latina – Tema Sustentabilidade.

São membros do projeto, junto a Prefeitura de Belo Horizonte, único governo brasileiro, a Cidade do México (México), o Município de Lima (Peru), Município do Distrito Metropolitano de Quito (Equador), Município de Medellín (Colômbia), Intendência de Montevidéu (Uruguai), Município de Morón (Argentina), Fundo Andaluz de Municípios para a Solidariedade Internacional – FAMSI (Espanha) e Cidades Unidas da França.

SERVIÇO:

Abertura e Palestras/Sessões de Debate
Data/Horário: 11 de dezembro (quarta-feira) – 9h às 18h
Local: Espaço Municipal (Av. Afonso Pena, 1212 – entrada pela Rua Goiás s/nº)

Palestras/Sessões de Debate
Data/Horário: 12 de dezembro (quinta-feira) – 9h às 18h
Local: Espaço Municipal (Av. Afonso Pena, 1212 – entrada pela Rua Goiás s/nº)

Palestra de Encerramento
Data/Horário: 13 de dezembro (sexta-feira) – 10h às 12h
Local: Inhotim (Rua B, 20, Brumadinho, MG)

Mais informações no site https://www.proyectoallas.net/

Obter, usar, compartilhar


Prática foi eleita uma das dez ideias que vão mudar o mundo

     

A psicóloga Alcione Kolanscki ficou surpresa quando, durante uma das edições belo-horizontinas da Feira Grátis da Gratidão, a qual ela ajuda a organizar, um homem se aproximou seção de brinquedos – que, a princípio, deveria atrair crianças –, pegou uma bonequinha e foi embora, segundo ela, feliz da vida. Dias depois, pelo grupo de Facebook da feira, ela descobriu que o moço reformou a boneca, fez uma nova roupinha e deu de presente para a mãe.

O evento em questão é uma versão da “gratiferia”, proposta idealizada pelo argentino Ariel Rodríguez Bosio em 2011, que de lá pra cá se espalhou e já foi realizada em países como Uruguai, Espanha e França, além de várias partes do Brasil. Seu lema é “traga o que quiser (ou nada) e leve o que quiser (ou nada)” e, dessa forma, acabam aparecendo o que as pessoas imaginam que possa fazer algum bem ao outro – de roupas a abraços, passando por brigadeiros e até massagens – tudo sem o envolvimento de dinheiro. A proposta, que já chegou a reunir cerca de 800 pessoas, é ajudar as pessoas a se livrarem do acúmulo excessivo de coisas e exercitar o desapego, seguindo a linha do chamado consumo colaborativo.

Eleita pela revista “Time” uma das dez ideias que vão mudar o mundo, a prática do consumo colaborativo, bastante difundida na Europa e nos EUA, vem ganhando corpo no Brasil e viabiliza a economia de dinheiro, espaço e tempo, além do surgimento de novas amizades por meio de ações como compartilhamento, escambo, empréstimo, negociação, locação, doação e troca. Segundo Rachel Botsman e Roo Rogers, autores do livro “O Que É Meu É Seu: Como o Consumo Colaborativo Vai Mudar o Nosso Mundo” (Bookman, 2011), em trecho do livro, “estes sistemas fornecem benefícios ambientais significativos ao aumentar a eficiência do uso, ao reduzir o desperdício, ao incentivar o desenvolvimento de produtos melhores e ao absorver o excedente criado pelo excesso de produção e de consumo”. (Leia mais sobre o consumo colaborativo nesta notícia do IS Dom Helder).

Inspirada pela movimentação de troca de figurinhas que já é tradicional na praça República do Líbano, no bairro São Bento, a especialista em educação ambiental e comunicação Maristela Rodrigues também idealizou uma feira que se enquadra na proposta. Chamada de “Projeto Seumeunosso”, propõe trocas de livros de literatura, que acontecem no primeiro e terceiro domingo de cada mês na praça JK, no Sion. “Eu fui procurando apoio de pessoas da vizinhança para viabilizar uma ideia que é muito simples: com uma tenda, mesas e cadeiras, as pessoas vêm, trazem o material que já não usam, levam outros e criam laços umas com as outras”.

Catalisador

Naquele mesmo grupo do Facebook em que Alcione soube o desfecho de uma história que começou na Feira Grátis da Gratidão, o evento é articulado. “A organização é horizontal e nós fazemos enquetes para decidir local, data e horário. Já tivemos edições nas praças Duque de Caxias, Floriano Peixoto e da Liberdade”, diz. O potencial de criação de vínculos que a internet proporciona é algo fundamental para a difusão do consumo colaborativo.

As redes sociais e tecnologias em tempo real contribuem diretamente para a superação de hábitos de hiperconsumo e são o grande trunfo do que acontece agora, se comparado a iniciativas análogas em outros momentos da história, de acordo com a pesquisadora e professora universitária Uiara Gonçalves de Menezes. “Iniciativas como as vendas de garagem norte-americanas ou o próprio movimento hippie já continham essa ideia contrária ao consumo excessivo. Porém, a internet as traz para um ambiente mais dinâmico e é capaz de pulverizar essas práticas, espalhando-as em proporções maiores”.

De várias maneiras

Desde a adolescência, a jornalista Gabriela Garcia, 24, é frequentadora de brechós. Para ela, sempre foi mais atraente a ideia de poder encontrar peças singulares, diferentes e, ainda por cima, com preços mais em conta. Quando se casou, no ano passado, buscou a mobília de sua casa em “topa-tudos” e antiquários. “Me interessava poder comprar barato e reformar. Isso acabou se tornando passeio de sábado com meu marido: sair em busca das peças, depois comprar tinta e outros materiais para ‘brincar de casinha’ e deixar as coisas com a nossa cara. Tudo aprendido com tutoriais da internet e muitos erros antes de acertar”, conta.

Quando veio a gravidez de Cora, hoje com dois meses, e a necessidade de ir para um apartamento maior, começou tudo outra vez, só que agora com enxoval da filha no pacote: comprar coisas novas, só em último caso. Coincidência ou não, um amigo um pouco mais velho, a apresentou a um grupo de compartilhamento de roupas de bebê. “Eles estão naquela idade em que todo mundo começa a ter neném mais ou menos simultaneamente, e como são coisas que perdem o uso muito fácil, decidiram ir passando uns pros outros. Eu recebi uma sacola cheia e a única condição para isso foi que eu passasse pra outra pessoa depois”, explica.

Além disso, Gabriela faz parte de dois grupos virtuais de estímulo ao consumo colaborativo: o “Reciclistas”, de doações e o “Enjoei Desapega”, um tipo de brechó online. “Para mim, acabou virando uma espécie de prazer ir descobrindo coisas pra trocar e doar. A ideia é essa, não ficar com nada parado. Não é uma forma de ganhar dinheiro, porque ninguém cobra demais. E cria uma certa confiança, já peguei indicações de diarista, maquiadora, tudo nesses grupos. E participei de encontros presenciais também. A gente cria laços”.

A troca vai além do material

Situado no coração de Belo Horizonte, o Guajajaras era, até poucos meses atrás, só mais um entre os vários escritórios de advocacia do centro da cidade. Com espaço de sobra, foi repaginado e reformulou sua proposta. “Eu e meu amigo Lucas, que é arquiteto e da família a quem o imóvel pertence, tentamos encontrar uma forma de aproveitar melhor aquele lugar, que fica em um super ponto da cidade, mas estava desperdiçado”, explica o publicitário Daniel Amarilho, membro do que acabou se tornando, mais do que um ambiente de coworking, uma comunidade criativa. “Nós queríamos ir além do simples aluguel de mesas e cadeiras e proporcionar o convívio, a troca de experiências”.

De adesão flexível – as pessoas podem comprar turnos isolados ou em conjunto ou ainda fazer pacotes mais longos – o Guajajaras também recebe eventos de pequeno porte e estão previstos workshops e palestras, a partir do próximo mês. 

Sofá amigo

O servidor público Marcelo Boaventura, 24, conheceu o CouchSurfing em uma viagem ao Rio de Janeiro, em 2008. A ideia de ser anfitrião de viajantes desconhecidos lhe pareceu muito mais extraordinária do que perigosa e, de lá pra cá, já hospedou cerca de 15 pessoas. “Meus pais não moram comigo, mas quando falo sobre o programa, eles ficam meio desconfiados com a ideia de hospedar pessoas que nunca vi na vida. Mesmo explicando que existe uma verificação dos dados e que as pessoas recebem referências positivas ou negativas a partir das interações, a desconfiança não passa, mas há uma diferença ideológica muito grande entre nós, o que torna a compreensão e aceitação mais difíceis”, conta.

Além disso, sua intenção é continuar investindo em iniciativas parecidas. “Eu sou daqueles que vive mais para as experiências do que para os produtos, o consumo em si. O abstrato sempre vale mais a pena do que o materialismo puro. Você se encontrar para trocar livros, por exemplo, é uma ótima ideia. Além de conseguir os livros, você acaba tendo uma conversa com alguém, que pode ser bastante interessante”, afirma.

Mas vai pegar?

Como o consumo em massa, experimentado pelos Estados Unidos no lá pós-Segunda Guerra, só vem sendo realidade no Brasil há cerca de dez anos, o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, Eduardo Rios Neto, acredita que pode demorar muito tempo até que isso se torne realmente uma tendência no país. “Precisamos ser materialistas primeiro, antes de partirmos para o pós-materialismo”, frisa.

No entanto, Uiara Gonçalves de Menezes, pesquisadora e professora de administração, aposta em outros motivos para a adesão dos brasileiros. “Entre as razões de proliferação podem estar a reação aos impactos ambientais do consumismo, o poder de influência das relações mediadas pela web ou mesmo pode ser uma forma de boicote a abusos de determinadas marcas”, cita.

Um estudo realizado pela Inventta Consultoria, empresa de gestão da inovação, diagnosticou que o consumo colaborativo vai se consolidar cada vez mais por aqui. O que não dá para mensurar é velocidade com que isso vai acontecer. “Vai depender de incentivos tanto da iniciativa privada, quanto de políticas públicas”, pondera Renato Silva, analista em projetos envolvido com a pesquisa.

Conheça algumas ferramentas:

Facebook: Existem vários grupos de troca e venda de produtos usados no Facebook, jogue na busca: Reciclistas; ESCAMBO BH; Troco ou dôo; fique atento aos grupos relacionados para encontrar outros que te atendam;

Bondsy: Aplicativo (para iOS) criado por um brasileiro que, ao se mudar para Nova York, resolveu levar o mínimo de coisas. A ferramenta permite trocar tudo por tudo (inclusive dinheiro, ou um jantar), mas só entre pessoas previamente conectadas;

Enjoei: Criado em 2010, o site enjoei.com.br tem curadoria, ou seja, os itens passam por uma seleção antes de serem disponibilizados para compra. Além disso, existe uma seção só de atendimento ao cliente e uma equipe encarregada de produzir os textos bem humorados para cada produto;

Trânsito: Os serviços de compartilhamento de carros são cada vez mais populares no mundo. Em terras brasileiras, ainda estão restritos a São Paulo e funcionam da seguinte forma: os carros ficam espalhados por vários pontos da cidade (principal diferença entre as locadoras tradicionais) e os usuários podem usá-los por pequenos períodos (a partir de 1h)

 

Fonte: O Tempo – Pampulha

São as águas de março fechando o verão…


Participantes do Movimento Ecos durante a Caminhada Ecológica de 2019. (Foto: Bárbara Teixeira)

Por Helen Almeida

Março mal chegou e com ele, veio mais chuva. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o acumulado de chuvas nos dois primeiros dias do mês em Belo Horizonte e na região metropolitana gira em torno de 80 mm.

Ainda que as precipitações estejam menos intensas, a constância delas e o consequente acúmulo de água no solo mantém o alerta para o risco geológico, com queda de muros, deslizamentos e desabamentos.

Considerando que viemos de um janeiro com índices pluviométricos históricos, cujo volume de chuvas superou o de todo o ano de 2019 e de um mês de fevereiro com uma média acumulada de aproximadamente 400 mm, março vai fechar o verão repetindo o feito de seus meses antecessores, a expectativa é de chuvas acima da média.

Vimos então, ao longo dos dois últimos meses, as consequências que o excesso das chuvas provocou em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Tais eventos não são novos, já que Belo Horizonte foi edificada sobre uma extensa malha fluvial canalizada, o Ribeirão Arrudas, sabendo-se que há relatos históricos de tragédias resultantes das chuvas no passado.

De tanto caos, emergiu de forma mais intensa o debate sobre a necessidade de mudanças estruturais, de políticas públicas direcionadas não mais apenas à canalização, mas à reabilitação dos cursos d’agua na região, com estratégias que promovam o resgate de áreas verdes e matas ciliares, sistema natural de drenagem e escoamento das águas. Os especialistas afirmam: a alternativa é imitar a natureza e resgatar o máximo possível as características naturais perdidas durante o processo de urbanização e canalização das águas.

Para além de tantas mudanças grandiosas e estruturais, que demandam ações coordenadas de diversos setores públicos, nós também podemos contribuir. O Movimento Ecos vem, desde 2011, em parceria com as escolas da rede pública do Estado de Minas Gerais, buscando desenvolver estratégias que impactem positivamente na formação de consciência ambiental, nos âmbitos comunitário, social e individual.

Pensar globalmente e agir localmente! O Movimento Ecos acredita que juntos, podemos! Incentivar o debate para a conscientização sobre grandes problemas ambientais, identificando causas e ações que possam reduzir grandes impactos a partir de ações locais e viáveis, tais como, redução do consumo de água, papel, energia, gestão de resíduos, implantação de hortas e manejo de áreas verdes, como soluções alternativas para prevenção de danos e a recuperação ambiental.

O movimento trabalha em parceria com a sociedade civil para implementar mudanças e prevenir grandes catástrofes, para que as águas de março, que fecham o verão, sejam promessa de vida.

Edição – Bárbara Teixeira – NECOM

Prefeitura de Belo Horizonte incentiva a adoção de áreas verdes


O município tem disponíveis 40 áreas dentro de parques, praças e canteiros para adoção.

 Através do projeto “Adote o Verde”, a prefeitura de Belo Horizonte tem engajado representantes da sociedade civil na capital e empresas privadas com o intuito de preservar a biodiversidade mineira. O município tem disponíveis 40 áreas dentro de parques, praças e canteiros que podem ser adotadas por voluntários.

O trabalho é feito juntamente com a Fundação Parques Municipais, responsável por conectar os padrinhos e instruí-los sobre os cuidados necessários para preservar o local escolhido. O projeto abrange diversos tipos de ações, entre elas: recuperação de áreas verdes já implantadas, conservação e manutenção de gramados e canteiros, conservação de manutenção de equipamentos mobiliários, serviços de reparo em edificações, entre outras coisas.

Qualquer pessoa física, jurídica, ONGs, instituições e escolas pode participar do programa. Para isso, é necessário entrar em contato direto com a Fundação de Parques Municipais e informar qual o tipo de serviço que tem interesse em oferecer e a localidade. O órgão se responsabiliza pela orientação e garantia de que o compromisso será levado adiante. Ao apadrinhar uma área, o colaborador pode escolher o local e o tipo de serviço de acordo com as suas próprias possibilidades

Além de contribuir para a preservação ambiental, a prática gera retorno em visibilidade aos participantes. As áreas adotadas recebem uma placa, informando quem cuida do espaço, e a ação também ganha espaço em informativos e serviços diversos de divulgação produzidos pela prefeitura.

Serviço:

Prefeitura de Belo Horizonte

Fundação de Parques Municipais: (31) 3277-5399

Fonte: Ciclo Vivo 

Laísa Mangelli

Movimento Ecos 2020: aprimoramento e educação ambiental para todos


Por Elmo Júlio de Miranda, desde fevereiro de 2011 no Movimento Ecos

Após a pausa do recesso letivo, o Movimento Ecos retorna com suas atividades de educação ambiental. Fevereiro iniciou-se com várias reuniões entre profissionais, professores, nucleadores, estudantes e coordenação geral para sistematizar as diretrizes, regulamento e editais que definem as estratégias do Movimento.

Promovido pela Dom Helder Escola de Direito e pela Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE), o Ecos está com novas propostas que interiorizam o projeto em busca de maior dinamismo em suas atividades. Uma das transformações é a implantação de elementos facilitadores para melhorar as condições de desenvolvimento das escolas de Belo Horizonte e região metropolitana. Dessa maneira, pretende-se levar mais qualidade para os projetos.

Novas estratégias

Para 2020, o Movimento Ecos ampliou grupos de pesquisas, capacitando seus integrantes para que possam levar maior conhecimento e nível técnico às equipes. O objetivo é suprir as necessidades que giram em torno do descarte de materiais, resíduos, água, energia, melhorias dos espaços das escola e entorno, além de outras categorias que possam colaborar com melhores resultados nas relações das equipes com os espaços físicos-naturais. A proposta é que o Ecos possa ser, cada vez mais, uma ferramenta que possibilite mudanças de posturas em um plano coerente, pedagógico e multiplicador para todas essas comunidades.

A relevância do Projeto Socioambiental para a educação mineira

Espera-se, para 2020, a ampliação e a participação de novos centros de ensino técnicos, ligados à indústria, para a dinamização do Movimento. O Ecos atenderá novas escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, tais como Ibirité, Lagoa Santa, Nova Lima, Santa Luzia, Vespasiano e ampliará o número de instituições em Contagem, Ribeirão das Neves e Sabará.
A importância do Movimento nessas escolas vem sendo observada e muito valorizada pela rede de ensino público, visto que o Projeto Socioambiental está legitimamente conveniado à Secretaria de Estado da Educação (SEE-MG), obtendo total reconhecimento institucional entre as partes.

A experiência crescente do projeto

A cada ano, o projeto vem sendo reconhecido pelo estado e pela federação, através de premiações e no aumento de escolas participantes. Tal fato é fruto do trabalho e profissionalismo dos parceiros do projeto que buscam, com detalhes, a dinamização e melhorias estruturais para o Ecos.

Ainda temos “a questão multiplicadora” que possibilita que as famílias, comunidade e todo o entorno das escolas recebam parte dessa educação ambiental, modificando atitudes, repensando ações e adequando suas relações em prol de um ambiente mais equilibrado e harmonioso.

Afinal, o Movimento Ecos, inicia sua décima edição nas escolas…

O Ecos começou seu trabalho com as escolas em 2011, com meia dúzia de instituições participantes. A cada ano esse número aumentou devido ao valor ambiental que o movimento carrega e o seu papel como obra social na educação pública.

Todos nós aprendemos, todos nós reconhecemos e todos nós agradecemos!

Edição – NECOM

Dom Helder e EMGE recebem doações para vítimas das chuvas


A Dom Helder Escola de Direito e a Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE) receberão doações de produtos de limpeza e de higiene, água mineral e alimentos não perecíveis para as vítimas das chuvas em Minas Gerais.

O posto de coleta funcionará a partir desta quinta-feira (30), de 8h às 18h, na sede das instituições (Rua Álvares Maciel, 628, Santa Efigênia, Belo Horizonte). Os materiais arrecadados serão encaminhados para o Serviço Social Autônomo (Servas), para a Cruz Vermelha e outras entidades.

De acordo com o novo balanço divulgado pela Defesa Civil, o estado tem 101 municípios em situação de emergência, 38.703 pessoas desalojadas e 8.157 desabrigados. Além de receber as contribuições da comunidade acadêmica, a Dom Helder e a EMGE doarão os móveis que foram substituídos na última reforma dos prédios.

Informações: (31) 2125-8800

Em BH, coleta seletiva engatinha


Serviço é oferecido há sete anos e passou de 30 para 35 bairros atendidos nesse período

      

“Viemos pela fome, depois descobrimos o meio ambiente. Hoje eu sei que 50 kg de papel reciclado substitui uma árvore”, afirmou a catadora de material reciclável, Maria das Graças Marçal, 64, que trabalha no ramo há mais de 50 anos. A consciência ambiental que a humilde Dona Geralda (como ficou conhecida) tem ainda não atinge a população belo-horizontina, já que os tímidos investimentos da prefeitura em coleta seletiva não surtem efeito. O serviço foi implantado há sete anos em 30 bairros da cidade. Atualmente, são 35 – crescimento de 16% –, mas não representa 10% da capital.

O material recolhido nos 35 bairros da cidade é levado para 11 cooperativas de catadores que faz a separação e vendem para indústrias. Graças a isso, os resíduos são transformados em matéria-prima para produzir novos produtos. Dona Geralda é presidente da Associação dos Catadores de Material Reciclável (Asmare) e criou 12 filhos nessa atividade. Ela acredita que falta incentivo da prefeitura para que a coleta seja ampliada e as cooperativas cresçam. “As pessoas pensam em criar as embalagens, mas não se preocupam com o destino que elas vão ter. O que a gente faz aqui era para ser responsabilidade dos prefeitos”, afirma Geralda.

Em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, 22 catadores tiram seu sustento se arriscando diariamente no lixão. O sonho deles é poder ir para um galpão e fazer a separação do material reciclável como acontece na capital, mesmo que de forma tímida. “Isso, sim, é coisa de Primeiro Mundo. Mas até lá eu fico aqui catando o que o povo joga fora e ajudando o meio ambiente. Muitos não têm coragem de fazer o que eu faço há 20 anos”, contou a catadora Kátia Aparecida dos Santos, 44.

Em média, os catadores de Esmeraldas retiram 30% do lixo que é enviado para o local e dão outro destino aos resíduos. Eles contam que, hoje, as pessoas começaram a reconhecer o trabalho deles na cidade. “Se não fosse a gente, esse lixão estaria transbordando. Algumas pessoas já mandam o material reciclável numa sacolinha separada, e outras até entregam aqui. Era para todo mundo fazer isso, né?”, indaga Kátia.

Atrasado. Na capital mineira, menos de 1% do lixo produzido é reciclado. Cerca de 3.000 toneladas (peso equivalente a 2.700 carros populares) são enviadas diariamente ao aterro sanitário de Sabará, na região metropolitana. Enquanto o catador vende cada tonelada de material reciclável por cerca de R$ 30, a prefeitura paga o mesmo valor para aterrar na cidade vizinha.

Para Cláudio Cançado, engenheiro sanitarista, o próprio aterro sanitário, que é visto como solução no Brasil já é algo ultrapassado em países desenvolvidos. “O aterro tem data para acabar, é uma solução a curto prazo. Não dá para continuar aterrando tudo sem pensar em reciclar e reduzir o lixo”. Segundo ele, o ideal é trabalhar com soluções integradas: reciclagem, incineração e compostagem do lixo orgânico.

 

COLETA PORTA-A-PORTA

Veja (ordem alfabética) os bairros que possuem o serviço de coleta seletiva na porta e o dia da semana:

Alto Barroca – segunda-feira   
Anchieta – terça e sexta-feira   
Barreiro (parte) – quinta-feira    
Barroca (parte) – segunda-feira
Betânia – sábado       
Belvedere – quinta-feira
Buritis – quinta e sexta-feira     
Carmo – terça e sexta-feira      
Cidade Jardim – quarta-feira    
Cidade Nova – terça-feira        
Cinquentenário  – sábado       
Comiteco – sábado     
Coração de Jesus (parte) – quarta-feira
Cruzeiro – terça e sexta-feira    
Estoril (parte) – quarta-feira     
Grajaú (parte) – sábado e segunda-feira
Gutierrez – sábado      
Indústrias II – sábado  
Lourdes (parte) – sexta-feira    
Luxemburgo (parte) – quarta-feira        
Mangabeiras – sexta-feira        
Olhos D`água – quarta-feira     
Região da Boa Viagem – quinta-feira   
Santa Lúcia – quarta e sábado 
Santo Antônio – quarta e sexta-feira    
São José – quarta-feira
São Lucas (parte) – terça-feira 
São Luiz (parte) – quinta-feira  
São Bento – sábado   
São Pedro – sexta-feira
Savassi – quinta-feira e sexta-feira      
Serra – terça-feira        
Sion – quinta-feira       
Sion (próximo à Igreja do Carmo) – sexta-feira 
Vila Paris – quarta-feira 

Fonte: O Tempo

As bicicletas compartilhadas chegaram a BH. E agora?


Belo Horizonte inaugura sistema de aluguel de bicicletas (Foto: Flávio Tavares/Hoje em Dia)

No último sábado (07), o sistema de bicicletas compartilhadas de Belo Horizonte foi inaugurado. Neste primeiro momento, entraram em funcionamento quatro estações, mas a previsão é de elevar esse número para 40 estações espalhadas pela Pampulha e pelo anel interno da Contorno.

 

Comparado a outros mundo afora, o sistema de BH é pequeno, mas me parece que, ainda assim, ele é um bom instrumento para pressionar o poder público a adequar estruturalmente a cidade para receber mais pessoas que optarem por fazerem seus deslocamentos através da bicicleta, seja nas compartilhadas ou em suas particulares.

 

Nesta primeira fase, quatro estações foram instaladas (Foto: Guilherme Tampieri/Bike é Legal)

 

Alguns cidadãos de Belo Horizonte, em duas ações conjuntas e intersetoriais, se juntaram para pensar as rotas da região central da cidade que mais interessavam aos que já pedalavam e as pretendidas por quem não utilizava a bicicleta, mas gostaria de fazê-lo. Esse processo teve dois produtos, além da mobilização intersetorial entre instituições que promovem o uso da bicicleta na cidade:

 

1) o apontamento de várias rotas que precisam, num primeiro momento, de ciclovias e ciclofaixas, e a identificação de outras que poderiam ter a implantação de zonas 30 ou outros possíveis tratamentos viários para acalmar o tráfego. A partir daí, a BHTrans contratará uma consultoria especializada para indicar por quais tratamentos essas rotas deveriam passar para garantir a segurança aos ciclistas.

 

2) a indicação de quais seriam os locais para as 40 estações, tendo como base os pontos que a empresa Serttel identificou inicialmente. Os presentes fizeram alterações com relação a esses pontos e entregaram à BHTrans, que esteve presente nas duas oficinas, um mapa com a localização das 10 estações da Pampulha e as 30 na área central.

 

Depois de alguns processos, o cenário final do sistema de bicicletas compartilhadas será: seis (6) estações na Pampulha, formando uma nano rede, e 34 na área interna da Avenida do Contorno, criando uma rede que fará ligação com o transporte coletivo (metrô e BRT), espaços culturais e áreas com oferta de bens e serviços.

 

Em Belo Horizonte, são cerca de 26.500 viagens de bicicleta por dia, segundo a pesquisa Origem/Destino de 2012. Esse número equivale a 0,4% do total de viagens feitas na cidade. A meta estabelecida pela BHTrans é que esse número seja de 6% até 2020. Para alcançá-la, a prefeitura terá que investir bastante em infraestrutura, projetos e campanhas de fomento e promoção ao uso da bicicleta.

 

Por si só, o sistema de bicicletas compartilhadas terá, se bem administrado e promovido, a capacidade de aumentar o número de viagens para, aproximadamente, 30.000 viagens/dia (mundo afora, cada bicicleta faz, em média, oito viagens/dia. 400 bicicletas x 8 viagens/dia = 3.200 viagens/dia). Para alguns, esses números podem parecer insignificantes, mas, na prática, ele significará mais de 10% de novas viagens feitas de bicicleta na cidade.

 

Excluindo Curitiba, BH tem a maior taxa de motorização do Brasil (mais que São Paulo!!!): 63 automóveis para cada 100 habitantes. A densidade veicular na cidade também é a segunda maior do país, perdendo apenas para São Paulo: 5381 automóveis para cada km². O que as novas bicicletas têm a ver com isso? Muita coisa. Segundo pesquisa do Itaú (patrocinador do sistema Bike Sampa e Bike BH), 74% das viagens feitas nas bicicletas compartilhadas em São Paulo são por pessoas que não usam outra bicicleta (novos ciclistas!!!).

 

 

Hoje, Belo Horizonte registra em média 26,5 mil viagens de bicicleta por dia (Foto: Guilherme Tampieri/Bike é Legal)

 

O número de carros é visivelmente maior na cidade a cada ano e, pelo seu tamanho desproporcional à escala humana, todos percebemos. A quantidade de bicicletas nas ruas da cidade também cresce anualmente, mas são poucos os cidadãos capazes de identificar isso (normalmente ciclistas têm essa percepção).

 

Pelo seu curto prazo (quatro/cinco meses), esse incremento significativo de viagens/dia por bicicletas significará que os motoristas dos 1.6 milhões de carros da cidade enxergarão 400 bicicletas a mais nas ruas de Belo Horizonte (isso sem falar da cor laranja das bicicletas!). Pesquisas do mundo todo mostram que quanto maior a quantidade de ciclistas nas ruas, mais segurança as pessoas têm para pedalar. Creio que Belo Horizonte não será uma exceção a essa regra. Mais seguros estaremos a partir de agora!!!

 

A possibilidade de integração com os sistemas de transporte coletivo também despertará em cidadãos belo-horizontinos o desejo de utilizar o novo sistema, que custará R$ 60,00/ano (R$ 9,00/mês e R$ 3,00/dia). Em BH, chamamos de “rôia” o ciclista novato. Agora, nós, que já pedalamos na cidade, veremos, na região central, mais milhares de rôias durante nossos trajetos.

 

E se colaborássemos com eles (e elas!)? Podemos mostrar a eles como se portar diante dessa ou daquela situação, trocar um olhar, um sorriso, um gesto, um aceno, experiência, vivência, a cidade. Podemos lhes apresentar a Belo Horizonte que vemos de cima de nossos selins. Mostrar quantas iniciativas incríveis vêm rolando em BH para promover o uso da bicicleta! Mostrar que, mesmo com pouca estrutura, BH Pedala!

Acesse o site do Bike BH e saiba mais sobre o sistema. Para saber mais sobre a implantação de sistemas de bicicletas compartilhadas veja o Guia do ITDP.

 

Este post foi originalmente publicado por Guilherme Tampieri no blog Bike é Legal, da ESPN.

Fonte: The City Fix