Preservação de nascentes é solução para conservar o Pantanal


                              

Para avaliar o conhecimento dos brasileiros sobre o Pantanal, o WWF-Brasil e o HSBC solicitaram ao Ibope uma pesquisa inédita sobre a região. Realizada em duas etapas, nacional e regional, o levantamento tem por objetivo orientar as iniciativas locais da ONG e de seus parceiros. Na pesquisa regional, a maioria dos entrevistados apontou a preservação das nascentes e a união de esforços são as soluções para combater os problemas do Pantanal.

O estudo nacional ouviu 2.002 pessoas em 26 estados brasileiros. Já a pesquisa regional, 504 moradores de municípios do Mato Grosso, onde grande parte das nascentes do Pantanal está localizada.

Os dados coletados na pesquisa nacional evidenciam que a população já ouviu falar do Pantanal (93%), embora desconheça suas características naturais e localização, já que 66% das pessoas – dois em cada três – não sabem apontar em qual região do Brasil o bioma se encontra.

Os problemas ambientais do Pantanal, identificados no estudo “Análise de risco ecológico da Bacia do Paraguai” publicado pelo WWF-Brasil e parceiros em 2012, são reconhecidos pela população, que aponta a degradação de nascentes (49%) e o assoreamento (47%) entre as principais causas na pesquisa regional. Porém, fica claro que os habitantes do Pantanal não tem a real dimensão do tamanho do problema: 40% dos que responderam a pesquisa não sabem que o Pantanal é uma área de risco ambiental. No entanto, os entrevistados consideram o desmatamento (73%) como a principal causa.

                       

Já o entendimento sobre os rios da região é difuso: o número de pessoas que acreditam que as nascentes do Pantanal vêm do Cerrado é de apenas 39% – ainda assim mais que o dobro dos 18% revelados na pesquisa nacional. Por outro lado, 65% dos entrevistados afirmam, corretamente, que o Pantanal é a maior fonte de água doce do mundo.

                         

Uma informação importante revelada pela pesquisa é que há espaço e necessidade para ações de educação ambiental, com o foco na valorização desse patrimônio natural pelas pessoas que ali vivem. Mais da metade dos entrevistados (57%) nunca visitou o Pantanal, apesar de viver próximo às nascentes. Aqueles que viajam ao Pantanal não têm como interesse principal saber mais sobre preservação, mas sim praticar atividades de lazer, como a pesca esportiva (78%).

Desenvolvimento sustentável é desafio

A pesquisa regional apontou ainda que 55% dos entrevistados perceberam uma melhora na qualidade de vida associada às condições financeiras das famílias e acesso a bens de consumo industrializados.

Por outro lado, houve uma percepção clara dos prejuízos causados ao meio ambiente devido ao desenvolvimento econômico: 51% da população regional indicou que piorou a condição dos rios, nascentes e córregos; e 63% apontou redução da quantidade de peixes.

                      

A união faz a força

Na opinião de 92% dos entrevistados, a melhor forma de garantir a preservação do bioma é a união de esforços de governos, empresas e sociedade civil. A pesquisa aponta que 93% das pessoas acham importante a construção de um Pacto em defesa das cabeceiras do Pantanal. “Para isso, é preciso que a população tenha conhecimento das iniciativas em andamento. A união de esforços entre governos, empresas e sociedade é a forma mais adequada de preservação do Pantanal, na opinião de 76% dos entrevistados. Esse é justamente o conceito do Pacto pelas Cabeceiras”, destaca Glauco Kimura de Freitas, coordenador do Programa Água para a Vida do WWF-Brasil.

No entanto, as iniciativas existentes para a conservação do Pantanal são desconhecidas pela maioria da população. No total de entrevistados, 88% nunca ouviu falar da politica estadual de recursos hídricos; e 82% deles desconhecem totalmente os comitês de bacia na região.

“É preciso uma ampla divulgação dessas instituições, bem como seu papel na preservação das nascentes e águas”, reforça Glauco Kimura de Freitas. “Essa agenda é estratégica e deve ser priorizada; caso contrário, as pessoas não irão se engajar e se mobilizar em prol de ações de conservação”, finaliza.

                       

Fonte: Mercado Ético

Falta seriedade no planejamento energético brasileiro


                               

Parece jogo dos sete erros, mas, infelizmente, o planejamento do setor elétrico brasileiro para os próximos dez anos não é brincadeira. Em iminente risco de apagão e no atual cenário de crise energética, o governo afirma que, após esgotar o potencial das hidrelétricas de grande porte, o abastecimento de energia para a população virá de termelétricas movidas a gás, carvão e nuclear.

O uso de térmicas é um erro que vai custar caro ao país. Como elas funcionam queimando combustíveis fósseis, temos como consequência alta emissão de poluentes e gases do efeito estufa, além do elevado custo dos insumos. Somente este ano o prejuízo com o uso das térmicas chega a R$ 18 bilhões — que serão cobrados do consumidor, uma vez que as contas de luz serão reajustadas para 2015.

Já para energia nuclear, o cenário é de descontrole de gastos e insegurança. A usina de Angra 3, projetada para custar inicialmente R$ 7 bi já teve seu valor de construção atualizado para R$13 bi, tudo isso para, quem sabe, começar a operar em 2018, se as obras não atrasarem mais uma vez. O futuro de Angra 1 e Angra 2 também não é lá muito promissor: as usinas correm o risco de serem desligadas porque seus depósitos estão quase completamente saturados de lixo radioativo, segundo reportagem publicada no GLOBO.

É trágico como a incompetência do governo em lidar com o setor elétrico passa a ser atribuída aos ambientalistas. Estes são acusados de serem os responsáveis por sujar a matriz do país, por simplesmente apontarem o reconhecido esgotamento do potencial para a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia.

Isso só ajuda aos que lucram com a situação e impede que a sociedade saiba que o Brasil poderia diversificar sua matriz energética e alcançar a segurança do setor se investisse com seriedade nas novas renováveis. Para se ter um exemplo, toda a demanda do Estado do Rio poderia ser atendida se apenas 5% de sua área urbanizada fosse coberta por painéis solares.

Falta coragem para dizer que a crise do setor elétrico no governo Dilma é resultado não só da baixa geração das hidrelétricas, mas também das falhas na transmissão e distribuição. Há usinas eólicas prontas, aptas a suprirem a demanda energética da cidade de Salvador, mas que não estão conectadas ao sistema interligado, em função de atrasos na conclusão das linhas de distribuição.

É preciso enxergar que o apagão na verdade é de políticas públicas que garantam que o país contará com fontes limpas e renováveis de energia. O Brasil deve aprender a lição de que somente com um planejamento sério e competente do setor elétrico será capaz de atrair os investimentos que precisa e garantir a segurança energética que tanto a economia quanto a população têm sentido falta.

 

Por:

Barbara Rubim, integrante da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil

Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace Brasil


Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/falta-seriedade-12752966#ixzz34GzvtQ42

Rio Grande do Sul recebe mais 10 Parques Eólicos


         

Em meio ao caos e desordem que assolam o nosso meio ambiente, qualquer notícia de progresso é bem vinda e comemorada. Promover bons resultados e ações que valorizam a natureza e desprezam o desperdício e a poluição é música para os ouvidos de nós, ambientalistas, ativistas e bichos-grilos que amam e trabalham em defesa de um meio ambiente em equilíbrio.  

Eis a boa nova: no dia 9 de Outubro os jornais do país noticiaram que o Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento de R$ 603,9 bilhões para construção de 10 parques eólicos para a empresa Eletrosul Centrais Elétricas S.A no Rio Grande do Sul.

Com o apoio do BNDS, o grupo terá o investimento de R$ 956,5 milhões, correspondendo a 63,7% do total necessário. Os parques eólicos foram concedidos durante um leilão que ocorreu em agosto de 2011. O Rio Grande do Sul está entre os estados brasileiros que mais cresceram e investiram em energia limpa. As condições geográficas propícias e os trabalhos de incentivo resultaram nos 15 parques eólicos já em funcionamento. A previsão é que a operação destes dez novos parques inicie no fim de 2014.

No que se refere ao fator socioambiental, em um contexto de economia de baixo carbono, a energia eólica é a opção mais limpa para a produção de energia disponível comercialmente hoje no Brasil, com baixo impacto ambiental, visto que não gera poluentes, nem demanda a utilização de água para resfriamento ou para limpeza do processo. O potencial eólico brasileiro é estimado em 300GW, possuindo alta relevância face à necessidade de aumento da capacidade instalada nacional. O País contrata, por ano, cerca de 6 GW de potência nos leilões de energia nova e o potencial eólico disponível deve ser explorado para atender esta demanda.

O Brasil é destaque com geração de energia elétrica limpa e renovável, preponderantemente, hídrica, onde a eólica é complementar. Quarenta e cinco por cento da matriz energética provêm de fontes que não emitem CO2, contra menos de 20% da média mundial. Adicionalmente, o País dispõe de diversas opções de geração de energia limpa e competitiva para sua expansão, incluindo a hidroeletricidade, a co-geração, a biomassa e a energia eólica.
Os próximos anos serão fundamentais para a sustentabilidade do setor, consolidando a indústria e assegurando o domínio tecnológico desta fonte de geração de energia. O crescimento da indústria de energia eólica brasileira traz também muitos desafios associados, como a logística do transporte interno de equipamentos e de transmissão, a escassez de mão de obra e aspectos ambientais.

Fonte: abeeolica.org.br e eolicastrairi.com.br

Laísa Mangelli

Santuário de Elefantes do Brasil no Mato Grosso aguarda nova hóspede do Chile


Ramba tem 53 anos, pesa quase 4 toneladas e é conhecida como a última elefanta de circo do Chile. (Santuário de Elefantes)

A nova hóspede do Santuário de Elefantes Brasil já está a caminho de Mato Grosso. Ramba, ou Rambita, como é carinhosamente chamada, desembarcou hoje (16) no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, vinda do Chile e já está na estrada para o Santuário, que fica na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.

Ela é a última elefanta de circo do Chile e foi resgatada pela organização não governamental (ONG) Elefantes Brasil depois de sofrer anos de maus-tratos.

A elefanta saiu do Chile hoje por volta das 3h, desembarcou em São Paulo pela manhã e deve chegar à Chapada na sexta-feira (18), por conta das paradas. São aproximadamente 1,5 mil quilômetros de Viracopos até o santuário.

Algumas fazendas foram contatadas em pontos estratégicos do percurso, para eventual abertura da caixa onde a elefanta está. Médicos veterinários e policiais rodoviários federais acompanham o percurso.

Ramba tem 53 anos, pesa quase 4 toneladas e é conhecida como a última elefanta de circo do Chile. Ela foi comprada na Ásia e levada para a Argentina, onde trabalhou em diversos circos até que em 1995 chegou ao Chile para apresentações no Los Tachuelas, o circo mais famoso do país.

Mas, foi somente em 1997, após denúncias de maus-tratos e posse ilegal de animais, que Ramba foi confiscada pelo Serviço Agrícola e Pecuário do Chile e proibida de fazer apresentações apesar de o circo continuar como seu depositário.

Seu resgate aconteceu em 2011, após decisão judicial conseguida pela ONG chilena Ecópolis. Ela foi levada ao Parque Safári do Chile, localizado em Rancágua. O local fica a cerca de 97 quilômetros de Santiago do Chile.

No entanto, por causa da localização do parque, atrás da Cordilheira dos Andes, a elefanta sofria com os invernos rigorosos.

Ramba tem inúmeras cicatrizes devido ao uso de correntes e sofre de problemas renais crônicos, devido à falta de água potável – herança da época de circo.

Agência Brasil

Dia Mundial da Biodiversidade é comemorado nesta quinta (22)


Em 1992, a ONU instituiu o dia 22 de maio para celebrar a data. Tema deste ano é a proteção da fauna brasileira

 

Nesta quinta-feira (22), o mundo todo irá celebrar mais um Dia Internacional da Biodiversidade. A data foi instituída em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar as pessoas sobre a necessidade de se conservar e proteger a diversidade de vida no planeta.  O tema deste ano é a proteção da fauna brasileira.

Segundo informações do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), o Brasil possui mais de 120 mil espécies de animais e 40 mil de plantas. Entre os vertebrados, são 713 espécies de mamíferos, 1.900 de aves, 738 de répteis, 934 de anfíbios, 4.774 de peixes e outras 100 mil de animais invertebrados e o ICMBio é o órgão do Governo Federal responsável por cuidar da biodiversidade no Brasil.

Para proteger a fauna do Brasil, o governo federal assumiu, no âmbito da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), o compromisso de adotar medidas para prevenir a extinção de espécies por meio da Meta 12 de Aichi, relatório de preservação da biodiversidade que estabelece objetivos para o desenvolvimento sustentável. O objetivo é que até 2020 o risco de extinção de espécies ameaçadas chegue próximo a zero, com melhoras significativas na situação de conservação daquelas que estão em declínio ou em alguma categoria de risco.

Com o objetivo de manter este patrimônio natural, o Brasil vai criar gestão de Unidades de Conservação (UCs), proteger as espécies e reforçar o combate aos crimes ambientais. Este esforço é realizado no âmbito do Programa Pró-espécies, instituído pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em Janeiro de 2014, por meio da Portaria 43/2014.

Evento em Brasília

Para celebrar o Dia Internacional da Biodiversidade, ICMBio e Ministério do Meio Ambiente promoveu, nesta quinta-feira (22), um evento no Espaço Israel Pinheiro, na Praça dos Três Poderes em Brasília. Na ocasião, foram anunciadas as medidas de ampliação e incentivos adotados pelo Estado para a conservação das espécies da fauna brasileira.

Fonte:  Portal Brasil com informações do ICMBio

Por que o Brasil não consegue determinar o lugar do indígena na sociedade


                                 

No imaginário do nosso Brasil brasileiro, índio fica bem numa foto exótica na Floresta Amazônica ou num livro romântico de José de Alencar.

A reportagem é de Léticia Duarte, publicada originalmente pelo jornal Zero Hora e reproduzida por CombateRacismoAmbiental, 18-05-2014.

Mas os conflitos recentes no norte gaúcho, que culminaram na morte de dois agricultores em uma área de disputa por terras com caingangues, voltaram a expor o dilema mais real e perverso de um país que há mais de 500 anos ainda tenta descobrir qual é o lugar dos povos indígenas nesta pátria nem tão gentil.

A realidade ecoou crua, com tiros, pedradas e pauladas. Dois irmãos abatidos no fim de abril ao tentarem furar o bloqueio de uma estrada em que indígenas protestavam pela demarcação de terras, na conflagrada Faxinalzinho, de 2,5 mil habitantes. Foi mais um capítulo em um cotidiano de tensão histórico, acirrado pelas oscilações do poder público na política de demarcação de terras em todo o território nacional.

Somente no norte do Rio Grande do Sul, são 14 focos de tensão por disputas territoriais, segundo estimativa doConselho Indigenista Missionário (CIMI) – e em pelo menos 10 Estados do país a situação é crítica. Em Mato Grosso do Sul, o mais violento foco de conflitos com o agronegócio da soja e da cana-de-açúcar, o número de mortes de indígenas já passa de 300 desde 2004.

Para o historiador da Faculdade Meridional (IMED) Henrique Kujawa, um dos autores do livro Conflitos Agrários no Norte Gaúcho: Índios, Negros e Colonos (Imed, 2013), as razões do tensionamento crescente recaem sobre nossa política indígena, historicamente contraditória.

No início do século 20, inspirado pela lógica positivista, o governo de Borges de Medeiros foi pioneiro na demarcação de reservas, instituindo 11 áreas indígenas no norte do Rio Grande do Sul. A partir dos anos 1960, no governo Brizola, as mesmas reservas foram partidas em lotes e vendidas para agricultores. A partir de 1988, a Constituição Federaldevolveu todas as áreas originárias aos indígenas, estipulando prazo de cinco anos para a regularização.

No Rio Grande do Sul, durante a década de 1990 foram restabelecidos os limites das áreas indígenas historicamente demarcadas, e os agricultores tiveram que sair das terras que haviam comprado nos anos 1960. Na última década, os indígenas passaram a reivindicar as terras ocupadas por agricultores no início do século 20.

– Tanto indígenas como agricultores ficam como ioiôs, jogados de um lado para o outro. É todo um conjunto de conflito pela posse das terras – observa Kujawa.

Por trás da hesitação dos governos em devolver terras hoje produtivas aos indígenas reside outro imbróglio: o embate entre o modelo desenvolvimentista e uma cultura ancestral que escapa a essa lógica. Assim, no Brasil com pretensões modernas, prevaleceu durante muito tempo a ideia de que o índio deveria ser eliminado ou incorporado à civilização.

– O índio que vive na oca é um espetáculo. Mas na medida em que chega perto, que começa a disputar espaço, vira um obstáculo que atrapalha. O Brasil tem essa obsessão desenvolvimentista que passa por isso, ver índio como atraso. Se chegar no Tocantins, por exemplo, e perguntar se ali tem índio, são capazes de dizer que não. Só diz que tem se não puder esconder – analisa o antropólogo Roberto DaMatta.

No confronto entre essas diferentes visões, o brasileiro se divide entre dois extremos. Em sua dissertação de mestrado em história pela Universidade Federal de Pernambuco, intitulada O Lugar do Índio: Conflitos, Esbulhos de Terras e Resistência Indígena no Século XIX: o caso de Escada-PE (1860-1880), o historiador Edson Silva lembra que, na época pós-independência, a imagem do índio foi utilizada como símbolo da nacionalidade deste Brasil emergente à procura de identidade, que tentava se libertar da imagem dos colonizadores portugueses, ganhando impulso épico com a literatura romântica.

Já a partir de meados do século XIX, com o afã progressista, propagou-se o discurso de que era preciso converter os “bárbaros” índios em “homens civilizados” – e seu não ajustamento à lógica capitalista teria levado os indígenas a serem tachados de preguiçosos, vagabundos. Hoje, o impasse permanece.

– O índio continua com uma representação folclórica e distorcida, que leva a muito preconceito. Temos uma relação esquizofrênica com os índios: se ele está na floresta, é selvagem, provoca medo. Se está no nosso mundo, não são índios. Hoje, segundo estimativas oficiais, 40% dos índios estão urbanizados, e isso significa repensar o lugar do índio na nossa sociedade. Mas ainda existe um não-lugar – analisa Edson.

À medida que o índio deixa de se enquadrar no estereótipo idílico, aumenta o discurso de culpabilização por estarem “aculturados”, como se, por usarem telefone celular ou energia elétrica, deixassem de ser índios. O que é considerado preconceito por estudiosos da cultura indígena.

– Ser índio é bem mais do que usar um cocar, é uma forma de entender o mundo. A gente come comida japonesa e não deixa de ser ocidental. Esse argumento de que eles não são mais índios serve para invalidar as reivindicações por terra, porque não seria culturalmente válido, e isso tem um fundo perverso, que anula a identidade do outro. NaConstituição está garantido que eles têm direito a terras, mas como se descaracteriza isso? Dizendo que não são mais índios – critica a professora Paula Caleffi, doutora em história pela Universidad Complutense de Madrid com tese sobre os índios guaranis.

Ao vincular os indígenas a uma ideia de passado, o país deixaria de enfrentar o tema como parte do presente e do futuro do país. Presos a chavões como a ideia de que o país dispõe de “muita terra para pouco índio”, por exemplo, perderíamos a oportunidade de discutir a distribuição da terra.

O pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da USP Spency Pimentel, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), observa que 98,5% das terras destinadas para indígenas estão na Amazônia, enquanto 52% da população indígena vive fora dela – em 1,5% das áreas restantes.

– O país fez reforma agrária em terras indígenas, os povos não foram consultados. Existe esse problema político na democracia brasileira. Ainda hoje muitas políticas são impostas, não passam por diálogo com eles. É preciso criar esses esses espaços de diálogo – defende.

Em meio a tantas teses, quem ouve o que representantes indígenas têm a dizer pode se surpreender. Indígena munduruku e conselheiro-executivo do Museu do Índio do Rio de Janeiro, o escritor Daniel Munduruku, que tem mestrado em antropologia social e doutorado em educação pela USP, chega a questionar a própria definição de índio:

– Chamar alguém de índio é desqualificar seu pertencimento a uma humanidade que foi sendo construída ao longo de milhares de anos. Este é um termo que diminui, que vem sendo usado pelo sistema econômico para facilitar o estereótipo e assim construir uma imagem negativa da cultura indígena.

Creio que o grande papel dos indígenas na sociedade brasileira é manterem-se vivos para poder questionar o status quo que os quer destituídos de seus direitos básicos. O grande papel é mostrar que se pode ter tudo, sem deixar de ser o que se é.

Em pleno século 21, os índios ainda procuram seu quinhão na aldeia global.

Fonte: IHU – Unisinos

Pequenas centrais hidrelétricas são tema de encontro promovido pela ONU e parceiros


Ocorrerá de 29 a 31 de outubro de 2013 em Campinas (SP) um evento sobre pequenas centrais hidrelétricas, cujo tema será: “Soluções Locais para a Mudança Climática e o Desenvolvimento Sustentável”.

O evento é promovido pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas em Itajubá, Minas Gerais (CERPCH), o Centro Internacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas em Hangzhou, China (IC-SHP) e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento industrial (ONUDI), por meio do programa Observatório de Energias Renováveis para a América Latina e o Caribe.

Ocorrerão também o 6º Fórum ‘Hydro Power for Today’ e o 3º Encontro Técnico do Observatório de Energias Renováveis para América Latina e no Caribe. Todos os eventos serão realizadas ao longo do I Latin American Hydro Power and Systems Meeting.

Os encontros reunirão os principais tomadores de decisão, acadêmicos, técnicos dos setores público e privado, bem como representantes da sociedade civil no mesmo local para um diálogo global sobre o desenvolvimento e crescimento das tecnologias hidrelétricas de pequena escala.

Todos os detalhes em http://www.renenergyobservatory.org/br/noticias/6o-forum-hydro-power-for-today-e-3o-encontro-tecnico-do-observatorio-de-energias-renovaveis.html

 

Fonte: ONU-BR

A três meses do prazo, Brasil ainda tem 2 mil lixões em funcionamento


O Brasil não deveria mais ter lixões a céu aberto em funcionamento a partir de 3 de agosto, conforme determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em vigor desde 2010. Contudo, a três meses do prazo, a meta não deverá ser cumprida, pois ao menos 2 mil equipamentos desse tipo ainda recebem resíduos em todo o país, segundo estimativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

A reportagem foi publicada pelo instituto EcoD.

 

A CNM, inclusive, já pediu ao governo a prorrogação do prazo do Plano Nacional. Entre as cidades que não foram capazes de cumprir a meta nos últimos quatro anos, há três capitais: Porto Velho, Belém e o Distrito Federal. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Limpeza Públicas e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que 40% de todo o lixo produzido no Brasil têm destinação inadequada.

Como os lixões não têm tratamento ambiental, a decomposição dos resíduos sólidos contamina o solo e, consequentemente, lençóis subterrâneos de água. Além do vazamento do chorume, o lixo produz gases poluentes e facilita a reprodução de insetos transmissores de doenças.

A PNRS prevê que as cidades desenvolvam planos de gestão do lixo em que os catadores sejam incluídos de forma digna no sistema de coleta seletiva por meio de cooperativas. Prefeitos de municípios que não conseguiram se adaptar à lei federal temem entrar na mira do Ministério Público a partir de agosto. Eles podem ser processados porCrime Ambiental.

Prazo adiado?

Para evitar que isso ocorra, a CNM tem pedido para o governo federal adiar o prazo referente ao encerramento das atividades dos lixões, alegando que as cidades não tiveram tempo, nem receita suficiente para construir aterros sanitários e planos de coleta seletiva. O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, já sinalizou que não pretende mudar a data.

A situação mais crítica no país é do Lixão da Estrutural, em Brasília, o maior da América Latina, um terreno com o tamanho de 170 campos de futebol e uma montanha de lixo de 50 metros de altura onde cerca de 2 mil catadores de material reciclável trabalham 24 horas por dia.

Questão “secundária”

O governo do Distrito Federal pretende fechar o equipamento até o fim do ano, quando deve entrar em funcionamento um aterro sanitário em Samambaia, a 20 quilômetros da capital federal. Outros três aterros devem ser construídos em parceria com os governos de seis municípios vizinhos. Depois de ser fechado, o terreno terá que passar por um processo de recuperação. Duas propostas estão sendo estudadas. O custo deve variar entre R$ 300 milhões e R$ 420 milhões, em um trabalho que pode levar até 30 anos.

O diretor-presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, concorda que a sociedade, em geral, está mais interessada em discutir temas relacionados à destinação adequada do lixo. Para ele, porém, os políticos demoraram a se dar conta da importância do tema: “Muitos administradores públicos têm a visão de que a questão dos resíduos sólidos é uma questão secundária.

Na visão deles, desativar um lixão e implementar a coleta seletiva não tem capital político, não traz voto, nem tira. E isso fica em segundo plano”, afirmou Silva Filho ao jornal O Globo. Ele cobra mais engajamento da sociedade. “A lei prevê avanços que devem ser conjugados entre indústrias, municípios e cidadãos. Se o cidadão produz menos lixo, separa o material, também ajuda.”

Belém, no Pará, é outra capital que chegará a agosto sem cumprir a meta da PNRS. Cerca de 1,6 mil catadores trabalham no Lixão do Aurá, que deve ter as portas fechadas dentro de um ano, segundo o secretário municipal de Saneamento, Luiz Otávio Mota Pereira: “Acho que antes da lei dos resíduos sólidos, muitos administradores estavam empurrando com a barriga e não se preocupavam com o assunto. Mas chega uma hora que temos que levar isso a sério. É o que estamos fazendo”, garantiu Pereira.

A prefeitura de Porto Velho, em Rondônia, também deve levar um ano para encerrar as atividades do Lixão da Capital, atualmente único local utilizado para destinação dos resíduos sólidos.

 

Fonte: IHU – Unisinos

Rotina de trabalho sustentável já existe em 200 instituições públicas


Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) do Ministério do Meio Ambiente comemora 15 anos de existência.

                    

Muitas instituições da administração pública já incorporam ações que permitem transformar a rotina do órgão e economizar gastos públicos. Atualmente, mais de 200 órgãos públicos, entre federais, estaduais e municipais fazem parte do programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). A iniciativa Ministério do Meio Ambiente (MMA) comemora 15 anos de existência em 2014.

A A3P pretende incorporar os princípios da responsabilidade socioambiental nas atividades da administração pública. As ações vão desde a mudança nos investimentos, compras e contratações, passando pela sensibilização e capacitação dos servidores, gestão adequada dos resíduos e recursos naturais, até a promoção da qualidade de vida no ambiente de trabalho.

Para a coordenadora do Programa de Responsabilidade Socioambiental do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ketlin Scartezini, as boas práticas no trabalho passam pela adoção dos 5R’s (reduzir, repensar, reaproveitar, reciclar e recusar consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos), assim como no investimento na melhoria contínua. O STJ é parceiro do programa A3P desde 2010.

“A gente desenvolve uma série de ações procurando sensibilizar os servidores com relação ao uso racional de recursos, ao planejamento das compras de materiais e a eficiência nos processos de trabalho”, explica. Essa tem sido a campanha atual do STJ, que está focada no consumo consciente.

Uma ação que merece destaque no órgão é a virtualização dos processos, pois o STJ foi o primeiro tribunal federal a extinguir o processo em papel e desenvolver um sistema no qual todas as fases de tramitação são feitas por meio eletrônico. Iniciativa pioneira e inovadora que garante a redução no consumo de papel. A coordenadora destaca que, nessas palestras, esse é um ponto reforçado, para que os funcionários possam estar sempre atentos a esse modelo que gera economia.

O programa possui um canal de comunicação, chamado Rede A3P, que permite a troca de experiências entre os participantes, servindo de estímulo e exemplo. São quase 500 órgãos cadastrados e 1.200 pessoas.

Conscientização

Na Agência Nacional das Águas (ANA) o consumo de papel também está sendo reduzido. Caiu de 6 mil resmas em 2008 para 3 mil em 2013. “Trabalho de conscientização e educação ambiental junto aos servidores”, justifica a coordenadora da Comissão de Gestão Ambiental da ANA, Magaly Vasconcelos. Uma das campanhas de conscientização do órgão é justamente o servidor consciente que cuida do meio ambiente. Aquele que executar bem as ações da A3P na sua estação de trabalho recebe um cartão verde e um certificado. Os que ainda merecem atenção e cuidados em alguns pontos recebem o cartão amarelo ou vermelho.

Já os resíduos sólidos que são separados na agência têm destinação final adequada. Lâmpadas e cartuchos, por exemplo, são recolhidos por uma empresa. Em 2013, 21 toneladas de resíduos foram doadas para cooperativas. Está prevista, inclusive, a criação de um galpão na área central onde fica o órgão para recolhimento desses materiais. “O resíduo sólido atende bem à sustentabilidade, pois possui viés econômico, social e ambiental”, acrescentou Magaly Vasconcelos.

Reconhecimento

Em comemoração aos 15 anos do A3P, o MMA  lançou o Selo Sustentabilidade na Administração Pública. A iniciativa pretende reconhecer e divulgar práticas de gestão de órgãos, parceiros do programa, que se baseiam em conceitos de sustentabilidade.  Os selos serão concedidos aos órgãos públicos de qualquer esfera ou poder, a partir deste ano.

Os selos são divididos em três categorias independentes: Verde, Prata e Laranja. Após o processo de avaliação, as instituições que conquistarem os selos terão reconhecimento público por parte da A3P e autorização para o uso da logomarca do selo recebido. Será enviada, a cada órgão, a logomarca do selo correspondente e um diploma de outorga.

“As instituições que receberão os selos demonstrarão que estão engajadas em tornar a A3P uma referência em sustentabilidade na administração pública”, explica a coordenadora do programa, Ana Carla Almeida.

Fonte:
Ministério do Meio Ambiente

Laísa Mangelli

Apesar da busca por financiamento, Brasil não impedirá acerto sobre Acordo de Paris


Incêndio nos arredores de Porto Velho (RO), em 24 de agosto (Victor Moriyama / AFP)

O Brasil não impedirá um acerto sobre os itens finais do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas apesar da exigência do país por mais financiamentos internacionais para iniciativas ambientais domésticas, disse um diplomata brasileiro de alto escalão nessa quinta-feira (6).

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), fez da garantia por mais dinheiro para os esforços ambientais do país sua principal prioridade na cúpula climática COP25, que acontece em Madri desde segunda-feira, embora grupos ambientalistas critiquem o governo do presidente Jair Bolsonaro por não impedir a elevação no desmatamento da Amazônia.

Mas a alocação de recursos para países específicos não é parte das negociações da Organização das Nações Unidas (ONU), que são destinadas a estabelecer regras sobre como o Acordo de Paris será implementado, o que não deixa claro como a demanda de Salles será considerada nas rodadas de conversas.

“Não tem nenhuma relação entre as coisas. Sim, o ministro veio aqui com esse pleito, ele tem argumentos bem fundamentados para fazer os pleitos que ele está fazendo, mas isso não tem nenhuma relação com os outros temas em negociação aqui”, disse Marco Túlio Cabral, o segundo diplomata mais graduado do Itamaraty na cúpula.

“Ontem nós tivemos uma reunião longa e ele em nenhum momento estabeleceu esse vínculo. Essas coisas não estão ligadas. Esta negociação está acontecendo em paralelo”, disse Cabral em uma reunião de representantes brasileiros não governamentais.

Salles disse no mês passado que, nesta cúpula, ele descobriria quanto o Brasil receberá de uma quantia planejada de US$ 100 bilhões em financiamento ambiental anual que havia sido prometida a países em desenvolvimento até 2020. Ele disse separadamente à Folha de S.Paulo que o Brasil deveria receber pelo menos US$ 10 bilhões dessa verba.  O ministro é leal a Bolsonaro, que tem priorizado o desenvolvimento econômico da região Amazônica em vez de sua preservação.

Ambientalistas culpam as políticas de Bolsonaro por incentivarem especuladores, grileiros e fazendeiros que seriam os responsáveis pelo maior desmatamento da Amazônia em 11 anos. Bolsonaro diz que o Brasil tem um dos melhores registros ambientais do mundo e acusa a imprensa de demonizá-lo.

Salles tomou a medida incomum de comparecer à conferência completa de duas semanas, ao invés de participar com seus equivalentes ministeriais de outros países apenas na segunda semana.

Reuters publicou na segunda-feira que os membros da equipe de negociação brasileira que chegaram a Madri não foram informados sobre os motivos da chegada antecipada de Salles e também não sabiam quais seriam suas metas ou se ele apoiaria um acordo. Cabral disse que as negociações estão progredindo, mas que estão longe de concluídas. “Nos viemos aqui com um espírito construtivo para buscar um acordo”, disse.

Reuters